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Cultura como Resistência: Novos saberes, novos atores, novas práticas. Mônica Nunes NISAM – ISC - UFBA. Foto: Adenor Gondim.
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Cultura como Resistência: Novos saberes, novos atores, novas práticas Mônica Nunes NISAM – ISC - UFBA
“O louco, ele entrava na caixa, ele chamava a caixa de "cachorro" e depois ele dizia: 'eu penso como vocês. Eu quero ser livre. A guerra, a guerra! Bebida por todos os lados, tem um governo que não faz nada. A lama, a lama! A falta d'água, o desemprego'. Ele começa então a gritar, se entortar: 'Sai desse corpo, Quarenta e Quatro, siga ele, Jonas da farofa. Sai farofada, em nome do Senhor, saia do corpo desse pobre trabalhador. Oh, Toti, me dê folhas de quarana, arueira, espada de Ogum, pólvora, cachaça, porque eu vou despachar exu Quarenta e Quatro. E depois começam a bater os atabaques.” (Vadinho) Tela “Zumbi dos Palmares” (autor desconhecido)
Negro Fujido Foto: Adenor Gondim
“ Eles pegaram os atabaques, mas eles não prenderam os santos. ” (Mãe Baratinha) Foto: Adenor Gondim
Não se elimina uma religião quando as pessoas ainda conservam a capacidade de manter as divindades nas suas vidas...
Começo a vislumbrar as "formas infinitesimais de resistência da vida cotidiana" para as quais de Certeau (1990) nos convoca a pensar para compreender de que modo as culturas resistem às dinâmicas de poder e escalas de valores dominantes ou hegemônicas de uma sociedade. Como isso se colocaria quando o que está em questão é a experiência da loucura?
as margens da cultura como portadoras de alguma coisa da ordem da descoberta e da criação, como sendo capaz de desafiar ou questionar a ordem dominante (Corin, 1990)
Lugar da loucura • Fins do sec. XVIII: Loucura como doença mental (Foucault) • Mundo contemporâneo: alteridade desaparece como valor na economia do sujeito (Birman) • Culturas antropofágicas e culturas antropoêmicas (Lévi-Strauss)
As religiões e as artes se revelam espaços extremamente importantes na produção de dispositivos simbólicos que permitem às margens de interpelar o centro de uma cultura
a “essência da ilusão” (Winnicott)
Idiomas Culturais • inversões simbólicas (Babcock, 1978) • “espaços de jogo” • jogos identitários complexos em torno da alteridade que as margens veiculam (Nunes, 1999)
A articulação da experiência dos psicóticos através do idioma do Candomblé: • a manipulação de significantes religiosos ambíguos • a exploração da riqueza do universo imaginário do candomblé • o recurso a interpretações míticas
A articulação da experiência • a relação com os espíritos • poder mágico transmitido de forma direta sem a mediação da instituição Candomblé • “espíritos imaginados” • nomear uma experiência terrificante a partir de significantes religiosos, como o significante “Exu”, o trickster do candomblé
A reescrita do idioma do Candomblé: • abordagem idiossincrática • interlinguagem
Como ampliar e dar densidade à mudança cultural assinalada e produzida pela Reforma Psiquiátrica?
Se compartilhamos com Geertz a idéia de que “o homem é um animal amarrado a teias de significado que ele mesmo teceu e a cultura são essas teias assim como a sua análise”, quais seriam as teias de significados que vêm sendo, ou que poderiam ser tecidas no campo da saúde mental?
As culturas na transição de paradigmas asilar para o psicossocial 1) eixo da cultura político-institucional 2) eixo da cultura do movimento social organizado 3) eixo da cultura local
É só no diálogo entre esses três eixos que uma Reforma Psiquiátrica consistente pode ter efeito.
mímeses e alteridade • Até porque, em determinados momentos, parecemos tropeçar em um certo engano, um engano que depois se revela um atalho que desemboca em uma floresta – uma floresta de símbolos.
mímeses e alteridade • O certo era que, em cada uma das respostas que recebia, eu notava que se tratava de um processo mimético que permitiria a manifestação, e uma certa aceitação, da alteridade
E a loucura, que espaços de circulação estarão reservados aos loucos dessa cidade que agora possui um CAPS? Foto: “Exu” (autor desconhecido)