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PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO. O jovem como sujeito do Ensino Médio Profª Maria Sandreana Salvador Lizzi UNIOESTE – CASCAVEL

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PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO

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  1. PACTO NACIONAL PELO FORTALECIMENTO DO ENSINO MÉDIO O jovem como sujeito do Ensino Médio Profª Maria Sandreana Salvador Lizzi UNIOESTE – CASCAVEL * Material produzido a partir de trabalho realizado pela professora Suely Aparecida Martins em julho de 2014 e do material disponibilizado pela mesma.

  2. Leitura do caderno II • Pressupostos teóricos • Texto escrito por vários autores • Poucas referências no corpo do texto • Possibilidade de inúmeras interpretações • Algumas discussões apresentadas, mas pouco problematizadas (tecnologia, indisciplina, mundo do trabalho ) • Necessidade de outras fontes para compreensão do texto • Apresenta questões significativas para pensar o jovem como sujeito

  3. Questões presentes no Caderno II • Crise na escola - relação jovens x professores/escola - política de responsabilização ora do professor, ora dos jovens não leva a busca de soluções para o conflito... • Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio: jovens como sujeitosdo processo educativo • Reconhecimento da diversidade da condição juvenil – “não existe uma juventude, mas juventudes”. • Necessidade de conhecermos quem são os jovens presentes nas nossas escolas. • Juventude: tempo de escolhas.

  4. “ ser jovem e ser aluno não são a mesma coisa, ainda que muitas vezes essas condições estejam entrelaçadas. A condição de aluno é uma possibilidade a ser assumida (ou não) pelo jovem (Dayrell, 2007) e depende de suas pretensões presentes e futuras. Essas pretensões estão diretamente relacionadas ao sentidos que os jovens atribuem a experiência escolar, comportando possibilidades que vão da obrigatoriedade de suportar a escola à possibilidade de atribuir a ela o significado de ser portadora e veículo de projeção social (Steimbach, 2012)”. (SILVA,2013, p. 67-68). • Patto – A produção do fracasso escolar

  5. I. Construindo uma noção de juventude • “Vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério O jovem no Brasil nunca é levado a sério [...] Sempre quis falar, nunca tive chance Tudo que eu queria estava fora do meu alcance” (Charlie Brown Jr. – “Não é sério”) O que eles falam – existe uma representação social sobre a juventude constituída ao longo do tempo que se cristalizou no imaginário social. Esta representação ora endeusa qualidades próprias dos jovens, ora endemoniza a juventude como causadora de todos os males sociais. Sempre quis falar, nunca tive chance – dificuldade de participação dos jovens Fora do meu alcance: o que está fora do alcance dos jovens?

  6. Concepções de juventude • Perspectiva dominante no século XX –juventude como fase etária, “fase da vida”, “fase de transição” entre a infância e a idade adulta... • Estudos se concentraram em entender os processos que levavam a integração dos jovens a sociedade ou ainda a tentar compreender os comportamentos desviantes da juventude na sociedade moderna e seu perigo para a continuidade social.

  7. enxerga a juventude em sua condição de transitoriedade, na qual o jovem é um “vir a ser”, tendo, no futuro, na passagem para a vida adulta, a confirmação do sentido das suas ações no presente. • Sob essa ótica, há uma tendência de encarar a juventude na sua negatividade, o que ainda não se chegou a ser (Salem, 1986), negando o presente vivido. Essa concepção está muito presente na escola: em nome do “vir a ser” do aluno, traduzido no diploma e nos possíveis projetos de futuro, tende-se a negar o presente vivido do jovem como espaço válido de formação, bem como as questões existenciais que eles expõem, bem mais amplas do que apenas o futuro. (DAYRELL; CARRANO, s/d, p.2, grifos nosso).

  8. Tendências: concepção de juventude • 1) Estudos funcionalistas: grupos juvenis e seu papel para a integração/desintegração social. • Jovem deve se adaptar (organização social); • Ações da escola, família, estado e igreja visam este objetivo; • Problema social;

  9. 2) Juventude como moratória social, ou seja, período da vida em que os jovens estariam suspensos das responsabilidades, tempo em que se dedicariam aos estudos e a preparação para a vida social, havendo tolerância da sociedade em relação aos jovens. Preparação a ser realizada fora dos espaços produtivos, do mundo adulto, sendo a escola o espaço por excelência de preparação dos jovens. (Internatos) Espaço do mundo social, o espaço público: potencialmente perigoso para o jovem (ex.: a rua, a praça). Mas, de que jovens estamos falando ?

  10. “Nessa concepção que foi se formando na modernidade, a principal função do jovem é se preparar, se educar, interiorizar as regras e disciplinas, e seu espaço ‘natural’ são as instituições formadoras, em espaços protegidos, disciplinados, com um tempo organizado, em que o jovem tem contato com adultos especializados na sua educação (como escola, clubes etc), e não o ‘mundo solto’ e conflituoso da rua, do público, de contatos e referências não controláveis” (ABRAMO,2003, p. 221).

  11. 3) Juventude como signo – como construção cultural desvinculada de condições materiais e históricas - presente nos estudos culturalistas – “cultura juvenil”; juventude como ideal de consumo/mercadoria. Percebe o jovem reduzido apenas ao campo da cultura, como se ele só expressasse a sua condição juvenil nos finais de semana ou quando envolvido em atividades culturais. Geração coca-cola ou geração Cazuza. A juventude seria um tempo de liberdade, de prazer, de expressão de comportamentos exóticos.

  12. Essas imagens convivem com outra: a juventude vista como um momento de crise, uma fase difícil, dominada por conflitos com a auto-estima e/ou personalidade. Ligado a essa idéia, existe uma tendência em considerar a juventude como um momento de distanciamento familiar, apontando para uma possível crise da família como instituição socializadora. • Cultura Juvenil ou culturas juvenis?

  13. Mito da juventude homogênea “Consiste em identificar todos os jovens com algum deles” (ABRAMO,2003,p. 14) • A manifestação dourada/moratória social; • Jovens como depositários de todos os males sociais; • A juventude pura/revolucionária; • A juventude como portadora de igualdade de oportunidades

  14. Torna-se necessário por em questão essas imagens, pois quando arraigados nesses “modelos” socialmente construídos, corremos o risco de analisar os jovens de forma negativa, enfatizando as características que lhes faltariam para corresponder a um determinado modelo de “ser jovem”. Dessa forma não conseguimos apreender os modos pelos quais os jovens reais, principalmente se forem das camadas populares, constroem a sua experiência como tais. (DAYRELL; CARRANO, s/d, p.2, grifos nosso).

  15. Definição de juventude: Juventude como categoria socialmente constituída que possui uma dimensão simbólica, mas que também deve ser analisada considerando-se os aspectos econômicos, históricos e políticos em que toda produção social se desenvolve, sem desconsiderar ainda a forma particular com que os jovens se relacionam com determinado tempo histórico (MARGULIS, URRESTI, p. 17-18, grifo nosso).

  16. Ser jovem não depende só da idade como característica biológica. Tão pouco depende somente do setor social a que se pertence (da classe social e da condição ou não de viver a moratória social). Depende também do fato geracional: “da circunstância cultural que emana de ser socializado com códigos diferentes, de incorporar novos modos de perceber e de apreciar, de ser competente em novos hábitos e destrezas, elementos que distanciam os recém chegados do mundo das gerações mais antigas” (MARGULIS, URRESTI, p. 19). • Geração remete ao tempo histórico em que se é socializado. Incorporam de maneira original a herança histórico-cultural recebida das gerações anteriores.

  17. Debate sobre as gerações • Em Ciclo de Debates UFMG sobre Juventude, CARRANO (2011) assinala que: • Não se resolve teórica e metodologicamente a discussão sobre juventude se não enfrentarmos o debate das gerações; • “ O conceito geração é o mais importante para compreendermos o conceito de juventude.” • Bourdieu – Juventude é mais do que uma palavra – denuncia o aspecto relacional • Compreender a criança e compreender a velhice, para compreender a juventude. • Geração Cazuza – mito, senso comum – construir quadros empíricos

  18. Juventude – período de moratória vital – um excedente temporal, um capital temporal/energético em relação aos mais velhos; • Sentimento de invulnerabilidade, de imortalidade, sensação de segurança frente a morte • Juventude como moratória vital (e não só social) é algo que depende da idade (crítica a noção culturalista). • Existem juventudes (diversidade da condição juvenil – modos de ser jovem), mas os jovens apresentam também certa homogeneidade.

  19. Os jovens como sujeitos sociais • Geralmente, a noção de sujeito social é tomada com um sentido em si mesma, sem a preocupação de defini-la, como se fosse consensual a compreensão do seu significado. (Dayrell, 2003). • Outras vezes é tomada como sinônimo de indivíduo, ou mesmo de ator social. (Dayrell, 2003). • Definição de Charlot (2000, p. 33 e 51) “o sujeito é um ser humano aberto a um mundo que possui uma historicidade; é portador de desejos, e é movido por eles, além de estar em relação com outros seres humanos, eles também sujeitos. Ao mesmo tempo, o sujeito é um ser social, com uma determinada origem familiar,que ocupa um determinado lugar social e se encontra inserido em relações sociais. Finalmente, o sujeito é um ser singular, que tem uma história, que interpreta o mundo e dá-lhe sentido, assim como dá sentido à posição que ocupa nele, às suas relações com os outros, à sua própria história e à sua singularidade.” (Dayrell, 2003, p.43,Grifo nosso)

  20. Charlot relaciona a noção de sujeito às características que definem a própria condição antropológica que constitui o ser humano, ou seja, o ser que é igual a todos como espécie, igual a alguns como parte de um determinado grupo social e diferente de todos como um ser singular. Nessa perspectiva, o ser humano não é um dado, mas uma construção. (Dayrell, 2003,p.43). • A condição humana é vista como um processo, um constante tornar-se por si mesmo, no qual o ser se constitui como sujeito à medida que se constitui como humano, com o desenvolvimento das potencialidades que o caracterizam como espécie. (Dayrell, 2003). • A essência originária do indivíduo humano não está dentro dele mesmo, mas sim fora, no mundo das relações sociais. (Dayrell, 2003). • Essência humana é antes de tudo social - o homem se constitui na relação com o outro (Dayrell, 2003, p.43)

  21. O ser humano se coloca no limite entre a natureza e a cultura: a dimensão biológica e a social influenciam-se mutuamente na produção humana. (Dayrell, 2003). • O homem se constitui como ser biológico, social e cultural, dimensões totalmente interligadas, que se desenvolvem com base nas rela relações que estabelece com o outro, no meio social concreto em que se insere. (Dayrell, 2003). • O pleno desenvolvimento ou não das potencialidades que caracterizam o ser humano vai depender da qualidade das relações sociais desse meio no qual se insere. (Dayrell, 2003). • Charlot : “todo ser humano é sujeito”. (Dayrell, 2003, p.44) • Existem várias maneiras de se construir como sujeito, e uma delas se refere aos contextos de desumanização, nos quais o ser humano é “proibido de ser”, privado de desenvolver as suas potencialidades, de viver plenamente a sua condição humana, como foi possível constatar em grande parte dos jovens . (Dayrell, 2003, p.44)

  22. Filme: Pro dia nascer feliz de João Jardim

  23. Questões para o debate • 1) O que significa ser jovem nos dias de hoje ? • 2) Como construir novos relacionamentos entre professores e jovens ? • 3) Como o professor pode se aproximar e adentrar o universo dos jovens de forma positiva ? • 4) Qual o sentido atribuído à escola e ao trabalho pelos jovens ? • 5) Como os jovens tem se expressado culturalmente ? • 6) Como fazer conexão /diálogo entre os conteúdos curriculares e a vida/realidade dos jovens ?

  24. Referências Bibliográficas • ABRAMO, Helena. Espaços de juventude. In.: FREITAS, Maria Virgínia de; PAPA, Fernanda de Carvalho (orgs.). Políticas Públicas: juventude em pauta. São Paulo: Cortez, 2003. p. 219-228. • DAYRELL ,Juarez. O jovem como sujeito social. Set /Out /Nov /Dez de 2003. N 24 • DAYRELL,Juarez; CARRANO, Paulo César R..Jovens no Brasil: difíceis travessias de fim de século e promessas de um outro mundo. Sem data. Disponível em http://www.uff.br/obsjovem/mambo/images/stories/Documentos/JOVENS_BRASIL_MEXICO.pdf • MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, SECRETARIA DE EDUCAÇÃO BÁSICA. Formação de professores do Ensino Médio: o jovem como sujeito do Ensino Médio. Curitiba: UFPR, 2013. Caderno II • MARGULIS, Mario; URRESTI, Marcelo. La juventud es más que una palabra. In.: MARGULIS, Mario (ed.) La juventud es más que una palabra. Buenos Aires: Biblos, 1996. p. 13-30. • Patto, M. H. S.  A produção do fracasso escolar. Histórias de submissão e rebeldia. São Paulo: Casa do Psicólogo,2000. • SILVA, Mônica Ribeiro. Juventudes e Ensino Médio: possibilidades diante das novas DCN . In:Reestruturação do ensino médio : pressupostos teóricos e desafios da prática / organização Jose Clovis de Azevedo, Jonas Tarcísio Reis. —1. ed. — São Paulo : Fundação Santillana, 2013.

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