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CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO E DECISÃO EM PESSOAS COM USO NOCIVO E DEPENDÊNCIA DE DROGAS G uilherme Messas. PERSPECTIVA HISTÓRICA. TRÊS MODELOS EPISTEMOLÓGICOS CLÁSSICO ILUMINISTA-POSITIVISTA HUMANISTA DO SÉCULO XX. MODELO CLÁSSICO. HIPÓCRATES – ARISTÓTELES – GALENO
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CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO E DECISÃO EM PESSOAS COM USO NOCIVO E DEPENDÊNCIA DE DROGASGuilherme Messas
PERSPECTIVA HISTÓRICA TRÊS MODELOS EPISTEMOLÓGICOS CLÁSSICO ILUMINISTA-POSITIVISTA HUMANISTA DO SÉCULO XX
MODELO CLÁSSICO HIPÓCRATES – ARISTÓTELES – GALENO “Etica Nichomachea” e “Problemas Físicos” Binômio finalismo-causalidade CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS insuficiência mecanicista finalismo (e, por conseguinte, a filosofia) tem a primazia em relação ao causalismo (terreno ao qual se limitou a medicina clássica)
MODELO CLÁSSICO ARTICULAÇÃO ENTRE CAUSALIDADE E FINALIDADE: A CONSCIÊNCIA CONSCIÊNCIA UNIVERSAL, apesar dos apelos à particularização. A RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL DIANTE DA COLETIVIDADE – A ÉTICA A DELIBERAÇÃO COMO AÇÃO LIVRE E RESPONSÁVEL
MODELO ILUMINISTA-POSITIVISTA FINS DO SÉC. XVIII E INÍCIO DO XIX SEGUNDA METADE DO SÉC. XIX (MAGNUS HUSS) CARACTERÍSTICAS: A supressão integral do finalismo e o coroamento do causalismo como ponto de reparo único a fundamentar o entendimento da embriaguez continuada (ABSOLUTISMO MECANICISTA)
MODELO ILUMINISTA-POSITIVISTA A SIMPLIFICAÇÃO DA CONSCIÊNCIA MOMENTO INICIAL : o detalhismo romântico em busca das marcas da patologia MOMENTO DE MATURAÇÃO: o funcionalismo psicológico, as funções psicológicas individualizadas, separadas do todo instantâneo da consciência, prescindindo da empatia
MODELO ILUMINISTA-POSITIVISTA Uma simples avaliação das funções cognitivas (como juízo ou crítica) possa dar ocasião a um veredito acerca da capacidade de discernimento de um sujeito e, consequentemente, se inexistente, permitir sobre ele agirmos com confiança científica. LIBERDADE DECISÓRIA TRANSFORMA-SE EM FUNÇÃO PSÍQUICA ISOLADA (SUPRESSÃO DA VONTADE) Os abusos da presunção do cientificismo
MODELO HUMANISTA Retoma o gosto clássico pela particularidade, mas inovando-o com o acréscimo de uma “ vivissecção” da consciência, revelando-a nas suas condições únicas, particulares e específicas. Investigação da causalidade a partir da situação existencial integral da consciência vivida. Necessidade da presença empática
MODELO HUMANISTA A CAPACIDADE DE DISCERNIMENTO E DECISÃO a partir da análise da totalidade na qual emerge - as condições de consciência nas quais a deliberação do indivíduo teve de ser executada - a necessidade de decisão livre no interior de um círculo restrito de liberdades
MODELO HUMANISTA BINDER Princípio: Perfil habitual da historicidade individual e da presença do mundo Quatro níveis
EMBRIAGUEZ SIMPLES Manutenção das relações habituais de sentido da personalidade e da estabilidade do mundo. O ato de embriaguez pode acarretar uma reproporção dos componentes da vivência – em geral via elevação da porção instintual-apetitiva -, insuficiente, porém, para que a consciência reconheça nela mesma e no real signos de heterogeneidade. Neste ponto, não há dúvidas a respeito da liberdade decisória.
EMBRIAGUEZ COMPLICADA Perfis estranhos em relação à história da personalidade prévia Os fundamentos lógicos das relações com a realidade e mesmo com os valores se mantêm íntegros, no entanto, para o sujeito, trata-se de uma condição inabitual, estranha, sobre a qual não se sente integralmente preparado para agir O observador é capaz de estabelecer as relações compreensíveis reguladoras da experiência vivida
EMBRIAGUEZ COMPLICADA CASOS TÍPICOS - ideias referentes ou delirantes (cocainismo ou alcoolismo) Avaliação de capacidade decisória e deliberativa depende da interpretação por parte do observador. Ou seja, é realizada apenas por um ato de empatia
FORMAS PATOLÓGICAS DA EMBRIAGUEZ Definem-se pela perda completa não apenas das relações de sentido históricas da personalidade e dos perfis do mundo como também pela perda da capacidade de compreensão empática por parte do examinador DOIS NÍVEIS
PRIMEIRO NÍVEL A história de vida sobre a qual se assenta a consciência não mais deixa traços de sua presença (perda das referências valorativas), embora a noção de lógica mantenha-se operante (por exemplo, o indivíduo é capaz de organizar seu comportamento para perpetrar o ato delituoso)
PRIMEIRO NÍVEL Temos neste caso um complexo paradoxo, no qual a deliberação é capaz de atuar do ponto de vista lógico mas não mais do ponto de vista histórico-valorativo e, em geral, da habitualidade do mundo. Clinicamente, são ações comandadas ou por delírios fantasmagóricos ou por impulsos incoercíveis e totalmente “cegos” em relação a seus objetos (não são, portanto, os casos de delírios de ciúmes nos quais os objetos biográficos mantêm-se preservados). Há um resíduo de deliberação e potência decisória, mas este age sobre uma realidade completamente desfigurada.
SEGUNDO NÍVEL Mesmo as relações de sentido sobre as quais qualquer geração de deliberação pode ser entendida se desagregam, anulando-se completamente a deliberação. Clinicamente, são quadros matizados por fragmentação da consciência e do real, com predomínio de alucinações sensoriais desprovidas de sentido e articulação temporal
Se na primeira condição a noção de deliberação é completa e na última é ausente, trata-se de um complexo ato psicopatológico o exame das condições das duas intermediárias, cuja solução sempre dependerá, em última análise, da tradição hermenêutica do investigador. De modo global interessa-nos sublinhar o fato de que a noção de deliberação na clínica da embriaguez, uso abusivo de drogas e dependência química é complexa e individualizada, bastante fadada a erros e reinterpretações, de modo a exigir do examinador muita prudência e sentido de limitação de seu poderio cognitivo.
CONCLUSÃO A NOÇÃO DE DELIBERAÇÃO E DECISÃO DEPENDE DO PARADIGMA ORIENTADOR DA SUA INTERPRETAÇÃO
GRATO PELA ATENÇÃO messas@fenomenoestrutural.com.br