Método e Narrativas: Ortodoxos e Heterodoxos no Brasil

1. Método e Narrativas:Ortodoxos e Heterodoxos no Brasil Marcos de Barros Lisboa Maio de 2019

2. Heterodoxos • Tradição interpretativa • Estrutura conceitual e narrativa para dar conta de fatos estilizados. • Raízes do Brasil, Casa Grande, Donos do Poder... • Na economia, muitas estruturas conceituais: • Os muitos Marxs; • Os muitos Keynes; • Sraffa... • A estrutura reflete visão de mundo e agenda...

3. Ortodoxos • Desde os anos 1950, outra abordagem. • Teoria: conjunto de proposições formais sem conteúdo empírico. • Em dadas circunstâncias abstratas, vale tal resultado: • Existência de equilíbrio geral e eficiência; • Teorema da impossibilidade de Arrow; • “Anythinggoes”;... • Linguagem formal (Cooperativos, não cooperativos, competitivos, não competitivos, estáticos, dinâmicos)

4. Ortodoxos Análise aplicada: Modelo teórico com implicações precisas... ... mais estratégia de identificação empírica. Modelos com as mais diversas implicações. Algumas vezes, evidência permite consolidar visão dominante (Heckman e a primeira infância). Em outros, controvérsias (em que circunstâncias expansão fiscal é benéfica, em que é prejudicial).

5. Ortodoxos e Heterodoxos Curiosamente: Discurso de autoridade não vale (apenas a verdade semântica da proposição formal, ou a robustez dos resultados aplicados no caso particular). Tradição ortodoxa valoriza a inovação! Mais do mesmo não gera publicações... Por isso, as frequentes inovações. Informação incompleta, racionalidade limitada, economia comportamental, bolhas, inviabilidade da razão social...

6. Ortodoxos e Heterodoxos Diferença de método dificulta diálogo. Ortodoxo quer testar hipóteses precisamente delimitadas (debate ocorre sobre a forma escolhida para realizar o teste). Heterodoxos partem de narrativas e os dados entram acessoriamente para corroborar argumento. Exemplo: política fiscal em 2015. Heterodoxos: enfatizam interesses conflitantes. Ortodoxos: suprimir ineficiência (conflito pertence à política, não à economia).

7. Taxa de Desemprego e Pedidos de Seguro Desemprego EUA Brasil

8. Distribuição da produtividade do trabalho Fonte: Barbosa Filho e Corrêa (2016)

9. Como confiar no que achamos que sabemos? Alguns argumentos são bastante convincentes. Um corpo mais pesado deveria cair mais rapidamente do que um corpo mais leve. Então veio Galileu... A boa teoria fornece conjecturas precisas sobre eventos que podemos observar. Problema: como saber se a conjectura, a explicação, não está errada? Afinal, tanta coisa pode estar ocorrendo ao mesmo tempo...

10. Correlação não implica causalidade! Fonte: http://tylervigen.com/spurious-correlations

11. Correlação não implica em causalidade! Fonte: http://tylervigen.com/spurious-correlations

12. Dados importam.Saber analisá-los, também. Meados do século 20: muitos economistas acreditavam que havia excesso de trabalhadores no campo. Podia-se retirar até 25% deles e levá-los para trabalhar na indústria que a produção de alimentos não cairia. Theodore Schultz e a gripe espanhola na Índia.

13. Reformas e Crédito • A melhora da qualidade das garantias reduz a assimetria de informação e leva à queda das taxas de juros e à expansão do crédito • Reforma da alienação fiduciária sobre o crédito para automóveis - Assunção, Benmelech e Silva (2012): • O spread caiu 11,5% e a probabilidade de novos empréstimos aumentou entre 22,9% e 29,1% • A renda média dos novos tomadores de empréstimos caiu 3,2% • Consignado - Funchal, Coelho e Mello (2012): • A taxa de juros caiu mais de 7,7 p.p. e o volume de crédito aumentou 150%.

14. Reformas e Crédito • Araujo, Funchal e Ferreira (2012): • queda de cerca de 40% nos pedidos de concordata depois da nova lei de falências • Funchal (2008): • custo do capital caiu, em média, 22%, enquanto o crédito aumentou 39% em geral e 79% nos financiamentos de longo prazo • Nova lei de falências utilizando a base de dados do CNJ - Ponticelli e Alencar (2016): • Nas varas judiciais que aplicaram a nova lei com maior eficiência, ocorreu um aumento significativo dos investimentos, da produtividade e dos salários