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LINGÜÍSTICA E INTERFACES JORGE CAMPOS / PUCRS JCAMPOS@PUCRS.BR UNISUL/ 12/ 2007. FILOSOFIA DA LINGÜÍSTICA. DADA UMA DISCIPLINA X, HÁ UMA FILOSOFIA DE X A FILOSOFIA DE X PODE SER DESENHADA COMO FUNDAMENTOS DE X, HISTÓRIA DE X E METATEORIA DE X
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LINGÜÍSTICA E INTERFACESJORGE CAMPOS / PUCRSJCAMPOS@PUCRS.BRUNISUL/ 12/ 2007
FILOSOFIA DA LINGÜÍSTICA • DADA UMA DISCIPLINA X, HÁ UMA FILOSOFIA DE X • A FILOSOFIA DE X PODE SER DESENHADA COMO FUNDAMENTOS DE X, HISTÓRIA DE X E METATEORIA DE X • A LINGÜÍSTICA GERATIVA TEM COMO FUNDAMENTOS O COGNITIVISMO NATURALISTA, SURGE NO CONTEXTO DOS ANOS 50 E ASSUME A A METATEORIA MINIMALISTA EM SUA ÚLTIMA VERSÃO
INTERFACES EXTERNAS • PODE-SE DESENHAR A INTERFACE EXTERNA DA LINGÜÍSTICA EM TRÊS GRANDES DIREÇÕES : • CIÊNCIAS FORMAIS / PENSAR • CIÊNCIAS NATURAIS /CONHECER • CIÊNCIAS SOCIAIS /COMUNICAR • MONTAGUE, CHOMSKY E SAUSSURE REPRESENTAM, RESPECTIVAMENTE, AS TRÊS DIREÇÕES
INTERFACES INTERNAS PODE-SE DESENHAR AS INTERFACES INTERNAS DA LINGÜÍSTICA EM SUAS SUBTEORIAS : -FONOLOGIA -MORFOLOGIA -LEXICOLOGIA -SINTAXE -SEMÂNTICA -PRAGMÁTICA A LINGÜÍSTICA PURA ESTUDA OS FENÔMENOS TEÓRICOS
INTERFACES EXTERNAS X INTERFACES INTERNAS AS INTERFACES EXTERNAS, OU INTERDISCIPLINARES DETERMINAM AS INTERNAS OU INTRADISCIPLINARES. DADA UMA INTERFACE EXTERNA COM AS CIENCIAS NATURAIS, COGNITIVAS, POR EXEMPLO, AS RELAÇÕES INTERNAS ENTRE SINTAXE, SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA SERÃO MODELADAS EM TERMOS COGNITIVOS.
INTERFACES / UM DEBATE ILUSTRATIVO PODE-SE ILUSTRAR A QUESTÃO DAS INTERFACES A PARTIR DE UM DEBATE SOBRE O SIGNIFICADO EM LINGUAGEM NATURAL ENTRE SEMÂNTICA E PRAGMÁTICA, DE MAIS DE MEIO SÉCULO
O Debate sobre a Interface Semântica/Pragmática • 1 Há um intenso debate sobre as relações entre Semântica e Pragmática; • Origens teóricas: O debate Russell/Strawson/Grice • Referências recentes: Bach(87), Turner(99), Carston(99), Bianchi(2004), Jaszczolt(2006) • A questão central é: qual a natureza da interface?
A Concepção Clássica de Interface Semântica/Pragmática • Dadas sentenças como (A), (B) e (C) • (A) ‘João é político, mas não é corrupto’, o dito é que João é político e que ele não é corrupto; além do dito, sugere-se que político geralmente é corrupto; • (B)‘João se elegeu/A memória do eleitor é fraca’ além do dito, sugere-se que o eleitor não deveria ter votado em João; • (C) ‘Alguns acusados voltaram ao cenário político’ Sugere-se, além do explícito, que nem todos voltaram. Grice(75) chama tais inferências pragmáticas de implicaturas
A Visão Clássica Ampliada • A Pragmática não só complementa a Semântica através de implicaturas via dito; A sentença (D) ilustra o caso: (D)’Ele lidera as pesquisas para Presidente porque seu concorrente não está com o povo O dito depende de se ter a referência para ‘ele’, Lula, por exemplo; também depende de se completar o sintagma ‘Presidente do Brasil’, e de se desambiguar ‘está com o povo’ A Semântica depende da Pragmática ; a constituição do dito depende de fatores contextuais.
A Tese da Indeterminação da Semântica • Carston / Interface e Relevância • Blakemore / Explicatura • Bach / Dito, Implicatura e Implicitura • Levinson / Implicaturas Generalizadas • Recanati / Pragmática Radical O fortalecimento da tese de Strawson / da sentença para o enunciado
Argumentos Problemáticos para a Interface Semântica/Pragmática • Russel e Strawson / a questão era metodológica • A Interface interna ou intradisciplinar depende da Interface externa ou Interdisciplinar; • O objeto da Interface lingüística entre Semântica/Pragmática pode ser desenhado na fronteira com a Lógica, com as Ciências Cognitivas ou com Teorias do Discurso; O significado é aquilo que a teoria do significado assumida diz que ele é.
O Conetivo ‘E’ na Interface Semântica/Pragmática • Considere-se as sentenças (E)e (F) abaixo: (E) Ele pegou o dinheiro e foi ao Banco’ (F) Ele foi ao Banco e pegou o dinheiro’ • A primeira pode ser interpretada como ele tendo depositado o dinheiro e a segunda, como ele tendo retirado o dinheiro. • Aceita tal interpretação, as condições de verdade são diferentes para (E) e (F). • Assumindo-se essa interpretação, fatores pragmáticos, como a ordem, determinam as condições de verdade, sendo a Semântica não suficientemente determinada.
O Conetivo ‘E’ na Interface Semântica/Pragmática • Nessa perspectiva, tudo ficaria esclarecido se (E) e (F) fossem completadas como (E’) e (F’). (E’) Ele pegou o dinheiro e foi ao banco depositá-lo. (F’) Ele foi ao banco e pegou o dinheiro retirado. • Tais condições de complementação informativa reforçariam a tese da indeterminação semântica. • Consideradas essas condições, elas certamente podem ser expandidas para referências de nomes , descrições definidas, dêiticos, desambiguação, implícitos em geral, etc.. • Mas isso levaria a uma trivialização pragmática.
Problemas Adicionais para a Tese da Indeterminação da Semântica • Como determinar o conjunto de informações necessárias e suficientes para estabelecer as condições-de-verdade, ou condições-de- compreensão? • Ele comeu no restaurante do centro com amigos • Ele quem?, comeu o quê? Qual restaurante?, centro de onde? Quais amigos? Quando? Quem disse isso? Onde e quando? ... • Como evitar a trivialização da tese de que qualquer proposição pode ser complementada pragmaticamente?
Confusão de Interfaces • A nossa hipótese é a de que as interfaces externas (IE), ou interdisciplinares, são compromissos metodológicos primeiros que determinam as interfaces internas (II), ou intradisciplinares. • Por exemplo, uma IE pode ser caracterizada a partir da relação Lingüística/Lógica, ou Lingüística/Psicologia, etc. • Uma II pode ser ilustrada, por exemplo, pela relação Sintaxe/Semântica, Semântica/Pragmática, etc.
Interfaces Externas • Interface Formal : o objeto é o argumento dedutivo e sua expressão em linguagem natural; • Interface Comunicativa : o objeto é intenção comunicativa, informativa e a compreensão; • Interface Cognitiva : o objeto é o modelo cognitivo para a relação causa e efeito, por exemplo.
Interfaces Internas • Constituídas a partir das subteorias lingüísticas. • Fonologia/Morfologia/Lexicologia/Sintaxe/ Semântica/Pragmática • Nessa direção, uma opção metodológica Lingüística/Lógica vai determinar a perspectiva de uma Semântica/Pragmática enquanto interface formal; • De maneira similar, a opção por uma IE Lingüística/Comunicação vai determinar uma II Semântica/Pragmática adequada a essa opção; • De forma análoga, a IE Lingüística/Ciência Cognitiva vai determinar uma II Semântica/Pragmática cognitiva.
Ilustração Final / Ciências Formais • Suponhamos novamente (E) e (F) (E) Ele pegou o dinheiro e foi ao Banco’ (F) Ele foi ao Banco e pegou o dinheiro’ • De um ponto de vista formal, se o argumento dedutivo válido é o ponto, P & Q e Q & P são equivalentes à medida que determinam inferências necessárias equivalentes, ou monotônicas; • As inferências de depositar/retirar são canceláveis, ou não-monotônicas. • Tais diferenças inferenciais podem ser relevantes para o exame de uma interface formal.
Ilustração Final / Ciências Sociais • Se se assume como relevante uma IE Lingüística/Comunicação, então questões como por que as pessoas entendem que P antecede temporalmente Q, ou que P leva a crer que houve depósito e que Q dá a entender que houve retirada, são relevantes para uma II Semântica/Pragmática inserida no processo comunicacional.
Ilustração Final / Ciências Naturais • Se uma IE Lingüística/Cognição é assumida, então P & Q pode ser investigada no que diz respeito à forma de processamento, à forma de aquisição de estruturas complexas com conetivos por crianças, à questão da relação estruturas lingüísticas como determinando estruturas cognitivas, hipótese Sapir-Whorf, etc.
Conclusão • Se isso é correto, seguem-se duas alternativas de conclusão : para o debate em geral e para o debate em particular, respectivamente • As alternativas intra-teóricas devem ser desenvolvidas no contexto inter-teórico • As considerações na interface sócio-comunicativa não são pertinentes para a desautorização de uma Semântica de Condições de Verdade na interface formal