680 likes | 1.25k Views
Encontro Semestral do Núcleo da Infância e da Adolescência da SPPA. As pioneiras da psicanálise da infância e adolescência. Klein. sua teoria. Porto Alegre, 17 de junho de 2010. Maria Lucrécia Scherer Zavaschi - SPPA. Melanie Klein aos 17 anos, quando se tornou noiva Arthur Klein.
E N D
Encontro Semestral do Núcleo da Infância e da Adolescência da SPPA As pioneiras da psicanálise da infância e adolescência Klein sua teoria Porto Alegre, 17 de junho de 2010 Maria Lucrécia Scherer Zavaschi - SPPA
Melanie Klein aos 17 anos, quando se tornou noiva Arthur Klein
foi a maior estudiosa e colaboradora de Melanie Klein1964 “Introdução ao pensamento de Melanie Klein”1979 “Teorias e técnicas da pioneira da análise de crianças” Hanna Segal
estudioso contemporâneo de Melanie Klein2001 “Melanie Klein I” Primeiras descobertas e primeiro sistema 1919-19322003 “Melanie Klein II” O Ego e o bom objeto 1932-1960 Jean-Michel Petot
1992 “Dicionário do pensamento kleiniano” Robert D. Hinshelwood Phyllis Grosskurth 1992 “O mundo e a obra de Melanie Klein”
“On de development of the child” concluindo com “The psychoanalysis if the children em 1932”. Estabeleceu fundamentos da psicanálise de crianças, complexo de Édipo, superego e raízes primitivas de seu desenvolvimento.2. “The contribution of the psychogenesis of Manic Depressive States” (1934) e “Morning and its relation to Manic Depressive States” (1940). Estabeleceu o conceito de posição depressiva e mecanismos de defesa maníaca 3. ”Notes of some Schizoid Mechanisms (1946) e Envy and Gratitude (1957). Quando ocupou-se do estágio mais primitivo, que chamou de posição esquizo-paranóide. A obra de Klein se divide em três períodos Hanna Segall
Klein iniciou suas descobertas pelo caminho inverso ao da clássica trajetória de Freud • começou observando seus filhos, sendo que Erich foi um de seus primeiros, senão seu primeiro analisando. • supõe-se que esta análise tenha iniciado em 1919 e concluída em 1920; e que corresponderia ao caso “Fritz”, cujo objetivo era pedagógico e preventivo Erich, filho mais jovem de Klein
Técnica do Brinquedo • sua inicial inspiração foi o trabalho de Freud (1920) sobre o menino do carretel, compreendendo que o brincar da criança poderia representar simbolicamente suas ansiedades e fantasias
Técnica do Brinquedo • o brinquedo corresponderia a expressões simbólicas de conflitos inconscientes • descobriu o rico mundo de fantasias e das relações objetais das crianças • suas observações confirmaram as hipóteses de Freud sobre a sexualidade infantil • porém, muitos outros aspectos foram observados, tornando-a pioneira sobre novos entendimentos sobre a mente da criança
Técnica do Brinquedo novos entendimentos • descoberta de que o complexo de Édipo teria início bem antes dos três ou quatro anos de vida • crianças de dois anos e seis meses já apresentavam fantasias e ansiedades de caráter edípico • identificou tendências pré-genitais e genitais envolvidas nessas fantasias • em crianças maiores vivenciando, o complexo de Édipo, apareciam tendências de cunho pré-genital, contribuindo para a exacerbação das ansiedades edípicas
Técnica do Brinquedo novos entendimentos • o superego apareceu muito mais cedo e apresentava aspectos cruéis e selvagens, de cunho oral, uretral e anal • a criança se sentia ameaçada por uma mãe e um pai que morderiam seus genitais, e destruiriam seus bebês. O medo dessas imagos parentais perturbavam suas atividades e seu brincar (Rita: 2 anos e 9 meses – terror noturno)
Técnica do Brinquedo relações de objeto na criança: grande contribuição Objeto Bom: • este termo denota um objeto parcial (cioncebido na fantasia inconsciente) que mentalmente representa a sensação de uma necessidade satisfeita. Pode haver um certo número de objetos bons. Cada um deles associado a sensação de uma satisfação particular Objeto mau: • Na vida inicial de fantasia. Contrasta com o seu oposto po – e coexistente – objeto “bom”. Corresponde a uma sensação corporal desagradável, é interpretada como derivando das intenções de um obejto mau. Nas sensações de alimentação um objeto frustrante e induzidor de fome. As concepções primitivas são indicadas pelas notações: seio bom, seio mau, mãe boa, mãe má, pai, pênis, etc Hinshelwood, 1992
Técnica do Brinquedo personificação • a personificação se constitui em um mecanismo importante nas brincadeiras da criança, através do qual inventa e designa personagens • uma das principais funções do brinquedo infantil, é proporcionar descarga de fantasias • a relação entre os personagens introduzidas no brinquedo são elementos de realização dos desejos, à semelhança dos sonhos • repete-se de forma variada Personificação no brinquedo das crianças, 1929
Técnica do Brinquedo relações de objeto na criança A partir da: • observação da simbolização • da repetição no brinquedo • das relações objetais na transferência ↓ observou que as relações de objeto da criança se prolongavam ao passado, expressando-se, sob forma de objetos parciais, como seio, pênis ↓ descobriu que as ansiedades suscitadas pelas primitivas relações de objeto podem exercer uma constante influência nas posteriores relações e complexo de Édipo
Técnica do Brinquedo relações de objeto na criança • as primitivas relações de objeto são caracterizadas pela importância das fantasias. • quanto mais nova a criança, maior a influência das fantasias onipotentes. • complexa relação recíproca entre as fantasias inconscientes da criança e sua experiência real e o modo gradual como a criança desenvolvia uma relação mais realística com seus objetos externos.
Técnica do Brinquedo agressividade x libido • mais intenso nas crianças • a ansiedade era, mais devido à agressividade, do que à libido • as defesas eram mobilizadas primariamente contra a agressividade e a ansiedade
Técnica do Brinquedo defesas primitivas • negação • divisão (splitting) • projeção • introjeção • são mais ativas antes que se organize a repressão
Técnica do Brinquedo defesas primitivas • as crianças pequenas na vigência da ansiedade, estavam constantemente tentando dividir seus objetos e seus sentimentos • tentavam reter seus bons sentimentos e seus bons objetos • expeliam seus maus sentimentos e projetavam seus maus objetos
Técnica do Brinquedo relações de objeto nas crianças “Seguindo o destino das relações de objeto da criança e a constante ação recíproca entre realidade e fantasia, divisão (splitting), projeção e introjeção, ela foi levada a ver como a criança constrói dentro de si um complexo mundo interno” (Segal, 1975)
Mundo Interno da Criança superego • era conhecido como um objeto de fantasia e ela observou como era construído na criança • viu que o que era conhecido de superego nos estágios genitais, era apenas a última forma com que este se apresentava.
Mundo Interno da Criança ego • ela observou também que não apenas o EGO mantém reações de diferentes espécies com os objetos internos • os próprios objetos internos são percebidos pela criança como tendo relações entre si • as fantasias da criança sobre a relação sexuais dos pais é introjetada e passa a fazer parte de seu mundo interno
Mundo Interno da Criança complexo de Édipo • a partir dos trabalhos com adultos e crianças formulou “The psychoanalysis of the children” • fundamenta sua teoria sobre os estágios primitivos do complexo de Édipo • relações de objeto com ênfase nas ansiedades provindas das fantasias com os objetos parciais • e posteriormente totais • bem como sobre o superego primitivo • e os mecanismos de defesa que os acompanham
Mundo Interno da Criança • fase oral-sádica: a criança ataca o seio de sua mãe e o incorpora, como destruído e destrutivo. “um seio interno primitivo e mau” ↓ • objeto parcial introjetado se constitui na raiz do superego primitivo em seus aspectos persecutórios e sádicos ↓↑ • paralelamente a essa introjeção, nos momentos de amor e gratificação a criança introjeta o seio amado e amoroso ideal ↓ • que se tornará a raiz do aspecto ego ideal do superego
Mundo Interno da Criança Pequena MÃE corpo da mãe seio damãe Mundo Interno do bebê PAI relações sexuais características orais fantasias; amor x ódio; desejo x frustração
Mundo Interno da Criança Pequena MÃE desejos libidinais frustração amor x ódio Mundo Interno do bebê corpo da mãe, cheio de riquezas pênis do pai e outros bebês
Mundo Interno da Criança Pequena • amor frustração ódio • sadismo oral - fantasias agressivas dirigidas aos objetos dentro da mãe - escavar, triturar “salada de olho” (caso Erna) • sadismo uretral - fantasias de cortar, afogar , queimar • sadismo anal - fase primitiva - tipo explosivo - fase posterior - tipo mais secreto e mais venenoso
Mundo Interno da Criança Pequena após tantos ataques o corpo da mãe se torna um lugar aterrador, cheio de objetos destruídos e vingativos, entre eles o pênis do pai
Mundo Interno da Criança Melanie Klein elucidou • a importância da fantasia e da ansiedade inconsciente na relação da criança com o mundo EXTERNO • papel da FORMAÇÃO SIMBÓLICA • no auge da ambivalência, a criança penetra em suas fantasias orais em relação ao corpo da mãe, que se torna lugar muito ansiogênico e a obriga a utilizar mecanismos de defesa
Mundo Interno da Criança mecanismos de defesa • mecanismos de dissociação (splitting) • deslocamento para um mundo externo • uma certa quantidade de ansiedade serve de estímulo para o desenvolvimento • ansiedade excessiva interrompe o processo de simbolização • Menino psicótico Dick, 1930
Mundo Interno da Criança • com o crescimento e a ampliação da percepção de que os pais são entidades separadas e têm relações sexuais; diante de frustração, apresenta raiva e ciúme • os ataques podem ser de dois tipos: - fantasia a si mesmo atacando o pai ou a mãe diretamente - ou projeta sua agressividade fantasiando ambos os pais atacando-se mutuamente, criando uma experiência terrificante de cena primária.
Mundo Interno da Criança Complexo de Édipo precoce • quanto mais sádicas as fantasias referentes aos pais, mais terrificante sua imago • nos estágios primitivos do desenvolvimento, a criança introjetaria tanto o seio bom, o pênis no corpo da mãe, o bom casal de parental, quanto os maus • procura lidar com as introjeções – que se igualam às fezes pelos mecanismos anais de controle e ejeção • o superego não só precede, mas promove o complexo de Édipo
Mundo Interno da Criança Complexo de Édipo precoce • as ansiedades produzidas pelas figuras más internalizadas fazem a criança procurar desesperadamente as figuras de pai e mãe externos • os bons objetos externos são segurança contra os maus objetos paterno e maternos terríveis introjetados
Klein x Freud sexualidade feminina - especialmente sobre a importância do estágio fálico - a menina afasta-se do seio para o corpo da mãe, como o menino - tem a fantasia de escavar e possuir todos os conteúdos do corpo da mãe - suas fantasiais também são ambivalentes - os conteúdos do corpo da mãe também são percebidos como bons ou maus - sob o impacto da frustração e da inveja primitivas, ela se volta para o pênis do pai, dentro do corpo da mãe - e depois, como um atributo externo do corpo do pai, ainda de um modo oral corporativo
Klein x Freud sexualidade feminina • observou que na menina há uma tomada de consciência primitiva da vagina • a atitude oral passiva se transfere da boca para a vagina • prepara o terreno para uma posição edipiana genital • na atitude primitiva com a mãe, há elementos heterossexuais e homossexuais • o pênis do pai pode torna-se um objeto mau e levá-la a temer as relações sexuais • a culpa e do medo em relação ao corpo da mãe podem tornar-se uma forte determinante de homossexualidade
Klein x Freud sexualidade feminina • o desejo primitivo de tomar o lugar da mãe e possuir suas riqueza • a volta para o pênis do pai como um objeto de desejo • restituição e reparação em relação à mãe interna • o desejo de suprir essa mãe interna com pênis e com bebês • tudo isso contribui para o desenvolvimento heterossexual.
Klein x Freud complexo de Édipo masculino • a relação primitiva com o seio da mãe e as fantasias sobre seu corpo, desempenham um papel no desenvolvimento do complexo de Édipo em ambos • o afastamento primitivo do seio para o pênis ocorre em ambos • estabelece os fundamentos para a posição feminina do menino • sustenta uma luta entre a posição feminina, na qual ele se afasta da mãe para o pênis paterno bom • quer identificar-se com o pai e deseja sua mãe
Klein x Freud sexualidade • em ambos os sexos houve uma tomada de conhecimento primitiva da vagina e as fantasias sobre o corpo da mãe e seus conteúdos • a sexualidade feminina apareceu como tal, não como uma versão castrada da sexualidade masculina. • a posição feminina do meninão adquire maior importância • explorou a questão do complexo de Édipo e ressaltou a importância dos estágios pré-genitais e das relações de objeto parcial no desenvolvimento tanto do Complexo de Édipo quanto do superego.
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) • “PSICANÁLISE CLÍNICA” é um livro no qual vários de seus colaboradores contribuem: • Paula Heimann • Marion Milner • Emilio Rodrigué • Herbert Rosenfeld • Bion, entre outros
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Diz que à técnica do jogo deve: • compreensão acerca do desenvolvimento precoce • dos processos inconscientes • a natureza das interpretações • através das quais se pode abordar o inconsciente
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) “O BRINQUEDO, e a resposta às intepretações com uma nova brincadeira, consistentes com a interpretação, corresponde ao enfoque do princípio fundamental da psicanálise: a associação livre!”
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) “Ao interpretar, não só as palavras, mas também suas atividades nos jogos, apliquei esse princípio básico da mente da criança, cujo brinquedo e ações, - de fato - toda sua conduta, são meios de expressar o que o adulto manifesta predominantemente pela palavra.”
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Análise da transferência Menina com fobia escolar, elegeu dois bonecos: um era ela e o outro, um coleginha. Deitavam-se e a dramatização acabava de forma catastrófica. A analista pensou que algo sexual proibido havia acontecido, que a levava temer ser descoberta pela professora, pela mãe e pela analista. A interpretação da transferência negativa - medo que a analista descobrisse - deu lugar ao alívio e consequente esbatimento dos sintomas na família e na escola.
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Análise da transferência • a sala de análise deve conter uma variedade de brinquedos pequenos e simples, oferecendo a possibilidade de projeção de fantasias e experiências e facultando ao analista acesso coerente aos processos mentais da criança
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Análise da transferência • Os brinquedos: • são guardados em gavetas individuais e a criança sabe que só ela e o analista os conhecem • são representantes das associações livres do adulto e da intimidade e privacidade que se desenvolve entre paciente e analista, sendo que só ambos têm acesso ao seu mundo interno
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Análise da transferência • O setting analítico é representado por um cenário de batalhas, nos quais os pequenos personagens dramatizam as mais variadas: • descargas de agressividade, permitidas pela analista • ressentimentos • sadismo oral, uretral e anal • desejos e fantasias amorosas
Técnica psicanalítica do brinquedo: sua história e seu significado (1953) Análise da transferência • naturalmente, a criança fica sempre no papel do pai, mãe, professor • para nós analistas, resta o papel da pobre criança vítima de adultos insensíveis, sádicos e cruéis