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PATRICK CHARDENET Maître de conférences (Université de Franche Comté ) (UR ELLIADD- Édition Langages Littératures Informatique Arts Didactique Discours) Université de Franche Comté) Associé au SYLED/CEDISCOR (Université Paris 3 Sorbonne Nouvelle).
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PATRICK CHARDENETMaître de conférences (Université de Franche Comté) (UR ELLIADD- Édition Langages Littératures Informatique Arts Didactique Discours) Université de Franche Comté)Associé au SYLED/CEDISCOR (Université Paris 3 Sorbonne Nouvelle) Será que ainda e possível falar sobre avaliação na educação e em didática das línguas ?
Introdução: podemos ainda falar de avaliação? O conjunto dos discursos abundantes que circulam na sociedade sobre a avaliação e em nome da avaliação, a fabricação de muitas noções nessa área, contribuem para institucionalizar o fato avaliativo como um fato comprovado. Então, torna-se difícil falar de avaliação d'uma forma diferente daquelas que têm como paradigma central: falar é necessariamente limitado a melhorar as técnicas, a avaliação não pode ser questionada em seus fundamentos.
Introdução: podemos ainda falar de avaliação? Porém é importante questionar este objeto de conhecimento em suas fundações antropológicas (cognitivas e sociais). Nos advertindo contra o espontaneísmo das ideias que parecem compartilhadas nas falas sobre a avaliação e em nome da avaliação. Antes de trazer respostas à pergunta COMO avaliar, é importante dar respostas à pergunta POR QUE avaliar ?
1. Podemos ainda falar de avaliação ? Sim, mas começando por “por quê ?” O espontaneísmo das idéias, é quando nós nos perguntarmos O QUE FAZER, enquanto finalmente nós deveríamos fazer a pergunta essencial, a pergunta que permite facilitar o progresso de todas as outras: " POR QUE? ". Assim, podemos aprender uma definição da avaliação e as técnicas da avaliação (O QUE ?) a ser implementadas ("COMO ?") para propor uma lista do que às vezes chamamos "boa prática”. Reduzindo a avaliação a uma soma de atividades, estamos limitando o saber e reduzimos a avaliação a uma prática imóvel.
1. Podemos ainda falar de avaliação : sim, mas por quê? A maioria do tempo, quando falamos sobre avaliação, estamos nas representações sociais: " é necessário "", é necessário selecionar "", há bons e ruins "", é difícil "", é desagradável "", é subjetivo "", minha nota é injusta ".... Durkheim fala das pré-noções: elas são representações simplistas e sumárias. Formadas pela prática e para ela. Elas trazem um tipo de autoridade, das funções sociais que levam a cabo. Então, a base de qualquer abordagem científica é sistematicamente colocar de lado as pre-noções. Com as representações sociais, nós desabamos depressa na opinião (ponto de vista não justificado cientificamente) . Em contraste, com as matemáticas, nós estamos em fratura com a opinião (não pode opinião dentro das matemáticas, só aciocínios). Mas não significa que o paradigma do número determina a cientificidade nas ciências sociais e humanas .
1. Podemos ainda falar de avaliação: sim, mas começando com “por quê ?” Estudando os líderes que tiveram a maior influência no mundo, Simon Sinek descobriu que todos eles pensam, agem, e comunicam exatamente na mesma forma, e é absolutamente oposto aquilo que todos outros fazem. Sinek denomina esta idéia Golden Circle. Como funciona a avaliação ? vs Por quê funciona a avaliação ? Essa é a questão que gostaria de tentar responder aqui. A pergunta "como", é muito mais fácil para responder e existem centenas de livros sobre a problemática. SINEK S., 2009, Start with why : How great leaders inspire everyone to take action, Portfolio Penguin Group (USA). .
1. A atividade avaliativa existe, mas a avaliação formal nem sempre existiu e desde que existe tem sido alterada no tempo. Em inglês "assessment" provém do latim "assidere" que significa sentar-se ao lado ... Na Antiguidade a relação magister (mestre em latim)/ aluno não faz distinção formal entre aprendizagem e avaliação. Na China é a dinastia Song (960 et 1279), quem inventou os exames sob a forma de concursos para o recrutamento de funcionários públicos. O exame imperial permite a contratação de funcionários em diferentes níveis de responsabilidade. A seleção para uma posição com base no mérito provado é uma ideia antiga na China, tem existido desde a sua instalação em 605 até sua supressão em 1905.
1. A atividade avaliativa existe, mas a avaliação formal nem sempre existiu e desde que existe tem sido alterada no tempo. No século XIX, com a industrialização é o modelo de escola que mudou na Europa: massificação progressiva até ao século XX, ensino frontal e coletivo, invenção de manuais. O dispositivo de avaliação é representado por uma comissão um dia de visita anual da escola. A invenção dos pontos e a classificação inaugurou um modo quantitativo e hierarquizado até a organização no século XX, de exames nacionais.
1. A avaliação formal hoje Já não estamos no século XIX, nem no século XX, mas em pleno século XXI com a globalização, as tecnologias da comunicação e um conhecimento pedagógico e didático muito mais desenvolvido. E, no entanto, o sistema mantém-se praticamente o mesmo do século XIX : tabelas de referências NORMATIVAS ( referências únicas e fixas). procedimentos somativos dominantes institucionais (exames, certificações, testes) descontentam avaliadores e avaliados.
1. Um contexto ideológico poderoso : FINALIDADES DA SOCIEDADE LIBERAL Extensão dos valores da competição e da concorrência nas atividades humanas CONSEQUÊNCIAS : Extensão dos avaliativos Limitesde performances extremas
1. Um contexto ideológico poderoso : o complexo de Kane O filme de Orson Welles, Cidadão Kane (1941) conta a história de Charles Foster Kane, um menino pobre que acaba se tornando um dos homens mais ricos do mundo. Esse complexo sobredetermina as tabelas de referência de avaliação como se fosse uma meta-tabela.
1. Como fazer com que um jovem trader de Wall Street que só sonha com bonus financeiros goste de línguas ? Se os saberes escolares e universitários permitem para alguns alcançar um nível de excelência que pode garantir talvez ganhos materiais, não aprendemos as línguas para se distinguir socialmente (quando fazemos isto, é com objetivos específicos). As línguas estrangeiras (LE) têm funções socias mais alargadas que a integração econômica. Em um mundo globalizado, elas contribuem para a integração de todos para o mundo. Como a língua primeira, a LE contribui para a integração na sociedade. Se alguns precisam de validação por certificação, para a grande maioria, o processo qualificante se limita em uma auto-avaliação pela prática real. Um trader explicou na BBC que ele espera impacientemente pelo colapso da Eurozone, que seria uma grande oportunidade para pessoas como ele, e que Goldman Sachs são os mestres do mundo. http://www.youtube.com/watch?v=Bp-MQhssCqI&feature=player_embedded
2.Tendo feito a pergunta POR QUÊ, nós podemos chegar à pergunta COMO. Entender o funcionando da avaliação como atividade. No campo das ciências da educação e na didática das línguas, nunca nos perguntamos realmente sobre como funciona a atividade avaliativa. A atividade avaliativa é o processo cognitivo-linguístico que permite ao ser humano poder categorizar os objetos do mundo (reais ou simbólicos). É uma atividade "natural", por oposição ao ato formal de avaliação. Sabemos muitas coisas sobre o funcionamento cognitivo. A memória de trabalho (ou memória a curto prazo) permite raciocinar, tratar uma parte de um problema prestando atenção em uma outra; decodificar as palavras de um texto mantendo o senso dessa leitura; fazer mentalmente operações matemáticas sem esquecer de pedir emprestado. Em resumo, essa memória a curto prazo é a ferramenta que administra as atividades cognitivas mais altas da espécie humana, ser que pensa). Mas sabemos poucas coisas da atividade avaliativa.
2. COMO? Através da atividade avaliativa Em 1999, coloquei o problema de uma distinção entre: Atividade avaliativa (na base da qual funcionam os atos de avaliação) Os atos de avaliação (do menos formal ao mais formal) Hoje, outros pesquisadores desenvolveram essa noção : Anne Jorro AJ que tenta a modelizar a noção do ponto de vista da avaliação como o conhecimento profissional
COMO? Tratamento da noção de atividade avaliativa A noção de atividade avaliativa : - 1979, les travaux du Center for the Study of Evaluation de l'Université de Californie (Alkin, Marvin C.; Ellett, Frederick, Jr., 1979), visaient la théorisation de l'évaluation comme activité humaine régie par de certains stratégies et principes. - 1999, De l'activité évaluative à l'acte d'évaluation, (Chardenet, P.), tente d'isoler les supports cognitifs et langagiers du fonctionnement du jugement à travers les discours d'évaluation, et montre que si l'activité évaluative (qui fonctionne grâce à un ensemble d'outils d'approximation du réel par la subjectivité du langage du jugement) est fondatrice de l'acte d'évaluation, la recherche de l'objectivité par des artefacts technologiques, serait un leurre. - 2009, "L'activité évaluative et la construction progressive du jugement" (Tourmen, C.), développe et discute deux résultats apparus lors de recherches sur l'activité d'évaluateurs, montrant que ceux-ci avaient énoncé des pré-jugements évaluatifs provisoires et partiels sur les objets à évaluer dès les premières étapes des processus d'évaluation, anticipant l'accomplissement des procédures. Le jugement évaluatif anticipe la procédure d'évaluation et constitue un prototype d'acte d'évaluation. - 2009, "Microgénèses de l’activité évaluative" (Jorro, A.), caractérise l’activité évaluative dans ses éléments constitutifs : les gestes, les compétences et les postures de l’évaluateur, afin de saisir les pratiques évaluatives déclarées et agies, les pratiques évaluatives improvisées et rationalisées, les pratiques évaluatives contournées et assumées. Elle met en évidence d'une autre manière, des composants prototypiques de l'acte d'évaluation, puisés dans une activité évaluative naturelle (au sens de distinct des actes formels).
2.COMO? Através da atividade avaliativa Os modelos de trabalho da atividade avaliativa são, ao mesmo tempo, psicológicos e sociais. Essa atividade é ordenada pelo contexto (calcular a velocidade de carros antes de cruzar uma rua; reagir ao efeito de uma obra; expressar uma opinião em uma discussão; levar a cabo uma tarefa de educação).Isso constroi um processo a partir da mobilização de informação (e o modo do obtê-la), até o julgamento (e o modo do o expressar), em interação com os componentes do contexto que servem como mediadores do julgamento.
2.COMO? Através da atividade avaliativa Quanto mais o objeto de avaliação é ativo (no transcurso da ação vs trabalho estático), mais será intersubjetiva a mediação). Esses mediadores na atividade mental trabalham nos planos intrapsíquicos (internos) e interpsíquicos (externos). “L’histoire du développement des fonctions mentales supérieures apparaît ainsi comme l’histoire du processus de transformation des outils du comportement social en outils de l’organisation psychologique individuelle”. (Vygotsky, 1982-1984, vol. VI, p. 56). ”Ele (o indivíduo) é geneticamente social”. (Wallon, H., 1959,”Le rôle de l´autre dans la conscience du moi”, Enfances 3-4, pp. 279-285) A estrutura da atividade mediatizada Vygotsky (1985) VYGOTSKY S., 1985, Pensée et Langage, Editions sociales,
2.COMO? Através da atividade avaliativa Podemos praticar a avaliação formal porque a linguagem nos permite categorizar os objetos do mundo. Podemos avaliar porque a subjetividade existe nas línguas : as palavras, as modalidades enunciativas que permitem categorizar. O idioma nunca é objetivo, ele é portador de tendências subjetivas. O que tem como consequência tornar impossível qualquer tentativa de objetividade na avaliação formal, porque os atos formais de avaliação trabalham com a linguagem. Não existe avaliação sem linguagem. Não tem linguagem sem avaliação. É inevitável.
2.COMO? Através da atividade avaliativa. BENVENISTE, E., 1991, Estrutura das relações de pessoa no verbo,Problemas de Lingüística Geral I. 3 ed. São Paulo: Pontes. KERBRAT-ORECCHIONI, C., 1997, La enunciación de la subjetividad en el lenguaje, Edicial, Buenos Aires. A subjetividade tem como condição a linguagem. “É na linguagem e pela linguagem que o homem se constitui como sujeito; porque só a linguagem fundamenta na realidade, na sua realidade que é a do ser, o conceito de ego”. A subjetividade é percebida materialmente num enunciado através de algumas formas (categorização, dêixis, léxico...) categorias linguísticas que denotam traços subjetivos axiológicos que a língua empresta ao indivíduo que quer enunciar. E quando o faz transforma-se em sujeito. C.K. Orecchioni fala de “subjectivèmes” (“subjetivemas”) Será que o avaliador pode não se propor como “sujeito” ? Fica impossível. O idioma humano é um meio de reconhecimento do sujeito, um “link” entre o indivíduo e a sociedade.
2.COMO? Estudar como trabalha a atividade avaliativa, para construir atos de avaliação Os testes, baseados na abordagem da psicometria e da edumetria limitam a presença da interação linguística na avaliação, propondo questionários de múltiplas escolhas para evitar a subjetividade. Eles tendem a reduzir a língua a um artefato e privilegiar os saberes porque os testes não podem medir habilidades. Nos estabelecendo em uma hipótese inversa, uma avaliação que procura medir as habilidades, tem que integrar a (inter)subjetividade como um dado inevitável.
2.COMO? Estudar como trabalha a atividade avaliativa, para construir atos de avaliação O conceito de atividade Não é determinista: não é uma resposta direta a um estímulo simples. Sempre em movimento, é um processo. Mais rico do que nossa consciência pode interpretar. Dialético: estabilização e desestabilização são seus fundamentos.
2.COMO? Estudar como trabalha a atividade avaliativa, para construir atos de avaliação Leontiev traz uma distinção interessante entre o conceito de atividade e o conceito das ações conectadas com a conduta dessa atividade. Nas sociedades humanas, o sentido dado à atividade é compartilhado pela comunidade de atores que procura a mesma meta. Em um tal modelo de sociedade, a mediatização é caracterizada pela divisão do trabalho e pelas regras que moldam as interações entre os indivíduos do sistema de atividade compartilhando o mesmo objeto. A contribuição de Leontiev enfatiza a divisão do trabalho como processo. Nós temos aqui um um marco teórico para distinguir entre a atividade avaliativa e o ato de avaliação. LEONTIEV, A., 1976, Le développement du psychisme, Éditions sociales, pp.289-290
2.COMO? Estudar como trabalha a atividade avaliativa, para construir atos de avaliação Para resumir, nós temos uma divisão do trabalho dos conceitos assim: Uma atividade avaliativa (processo não formal), construída pela linguagem, em interação com os componentes da situação. Atos de avaliação (processo formal) estabelecidos por uma ou várias atividades avaliativas dos atores (avaliador / avaliado).
2.COMO? Estudar como trabalha a atividade avaliativa, para construir atos de avaliação Para levar em conta esse fundamento, os procedimentos e os processos de avaliação não podem ser reduzidos a testes fechados nos quais a confiabilidade tem como base, quantidades normativas de saberes por níveis. Pelo contrário, a avaliação em língua tem que se desenvolver em modelos abertos e dinâmicos centrados na mobilização dos saberes necessários para a implementação de saber fazer e de saber ser (competência).
2.COMO? Construir atos de avaliação Definição da competência: “saber selecionar, mobilizar e combinar recursos para agir com relevância em um contexto particular” LE BOTERF, G., 1997, De la compétence à la navigation professionnelle, Les éditions d'organisation , Paris. Recursos naturais para a competência em língua Recursos pessoais (capacidades : conhecimento, saber fazer, saber ser; qualidades : recursos emocionais, recursos interculturais ...) Recursos contextuais (pessoas : informadores, tradutores; material : sinais, bancos de dados, redes documentárias, ajudas tecnológicas para a tradução ...)
2.COMO? Construir atos de avaliação Os procedimentos de avaliação isolam os avaliados dos contextos e dos recursos naturais da comunicação. É interessante ver aqui que a competência em língua estrangeira, que nós praticamos normalmente na vida real com a mobilização de recursos variados e variáveis, não é a competência avaliada. Nos procedimentos de avaliação, se faz como se o uso do idioma estivesse isolado desses recursos.
2.COMO? Construir atos de avaliação numa perspectiva acional Para acabar com os testes ! Elaborar roteiros de avaliação com tarefas que provocam atividades linguísticas reais. Não desenhar roteiros mais ou menos complexos de acordo com níveis pressupostos, mas estabelecer os níveis de acordo com o desempenho do avaliado. Propor um ambiente com recursos variados. Para acabar com as grades de avaliação ! Sem pressuposições de conteúdos esperados e de nível de entrada. De acordo com uma medida : do êxito da tarefa global da adequação das formas para o contexto e a situação de troca da mobilização e da combinação de recursos .
2.COMO? Construir atos de avaliação numa perspectiva accional do agir comunicacional Uma avaliação como agir comunicativo O que supõe descrever redes de fatores de êxito pragmático em lugar de procurar indicadores isolados de acordo com uma grade de critérios fixos. O que supõe, para poder medir-los, pontos de vista diferentes e variáveis (hetero-, auto-, co-avaliação).
2.COMO? Construir atos de avaliação numa perspectiva acional do agir comunicacional Cartografia de competências para um plano de aprendizagem O mapa das tarefas O mapa da integração dos recursos A roseta das mobilizações (saber, saber fazer, saber ser). .
2.COMO? Construir atos de avaliação numa perspectiva acional de agir comunicacional Representação cartográfica de desempenho de competências para um aprendiz .
Será que ainda e possível falar sobre avaliação na educação e em didática das línguas ? Sim, ainda podemos falar sobre avaliação, para mudar a avaliação
Naturalmente, eu espero que vocês avaliam bem minha conferência. MERCI