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A Participação da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude de João Pessoa/PB.
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A Participação da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude de João Pessoa/PB "A realidade (familiar ou exótica) sempre é filtrada por determinado ponto de vista do observador, ela é percebida de maneira diferenciada“. (VELHO, Gilberto. Observando o familiar. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1987). A ideia inicial se tratava em participar efetivamente das reuniões, encontros e conversas entre o poder público e a sociedade civil que se tratasse das demandas do Conselho Municipal. Contudo, depois de algumas observações e conversas informais, nos informaram que não estava acontecendo reuniões ou encontros do Conselho, porque aparentemente este espaço existia apenas na forma da Lei. Assim, como nos demonstra Roberto C. de Oliveira (1998), em cada estudo que o pesquisador se propõe a fazer, inclusive da sua própria cultura, há a possibilidade de testar os conceitos anteriormente utilizados, bem como perceber a posição e o ponto de vista do outro. Tudo isso, acaba provocando novas interpretações e também modificações teóricas e metodológicas utilizadas até então. Foi assim que o campo de estudo foi modificado, antes o enfoque estava nas reuniões do conselho, a fim de perceber os processos de negociações, deliberações e encaminhamentos das propostas de efetivação das políticas públicas de juventude no município. Contudo, isso não foi possível, porque o conselho não estava se reunindo. Então, a perspectiva de trabalho teve que ser mudada, passamos ao desafio de tentar compreender como foi o processo de construção do conselho, como se deu as articulações e mobilizações para formação e construção do conselho. Esta pesquisa se encontra em construção, uma vez que o campo foi modificado, as percepções teóricas e metodológicas precisaram sofrer uma revisão e transformação. No campo em questão, se estabelecem importantes divergências e conflitos; dessa forma, a pesquisadora precisa estar atenta para se colocar sempre em posição de observador que está sempre aprendendo com o campo, para não cair na armadilha de que tudo já está dado, como nos alerta Zaluar (1986). Pois, o campo está em permanente construção. A pesquisa é um importante espaço em que se reflete variadas possibilidades de relacionamento entre o pesquisador e o pesquisado. Esta pesquisa, especialmente, busca perceber como se estabelece as relações entre o poder público e a sociedade civil. Nestes aspectos, Zaluar (1986), ressalta que o pesquisador pode ser sempre uma espécie de intermediação entre o grupo que estuda e o resto do mundo, mas é importante sempre refletir sobre essa intermediação. Uma vez que a pesquisa é prática, é ação, ela é também política, segundo Zaluar (1986). Na reflexão e análise desta pesquisa, é preciso perceber os vários pontos de vista, opiniões e falas que podem aparecer tanto dos indivíduos da sociedade civil quanto do poder público, pois esses itens servirão como modelos representativos de cada grupo. "A fala é situacional e não pode ser divorciada do contexto e da ação em que ocorreu" (ZALUAR, 1986, p.119). A partir das entrevistas realizadas na execução desta pesquisa, é preciso ficar atentar para as falas, pois elas são o reflexo permanente da posição social, cultural e política do entrevistado em determinada situação dentro da organização da sociedade. Dessa forma, Zaluar (1986) nos indica que "para entender a cultura do ponto de vista do sujeito que fala, atua e pensa [é necessário] se valer tanto da representação quanto da ação, esta também reprodutora e Referências LAPLANTINE, François. A descrição etnográfica. [Tradução João Manuel Ribeiro Coelho e Sérgio Coelho] São Paulo: Terceira Margem, 2004. OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O trabalho do antropólogo. Brasília: Paralelo 15; São Paulo: Editora UNESP, 1998. ZALUAR, Alba. Teoria e prática do trabalho de campo: alguns problemas. In:CARDOSO, Ruth. A aventura antropológica. Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1986. Introdução Este trabalho traz uma reflexão sobre o Conselho Municipal de Juventude da cidade de João Pessoa/ PB. Seu objetivo é realizar uma análise sobre os fatores organizacionais dos grupos dentro da formação do conselho. Este ensaio será feito a partir de algumas observações prévias que se realizou de uma pesquisa mais ampla sobre a construção e institucionalização do conselho no município. Procurando como principal método de pesquisa a etnografia, este trabalho busca ressaltar que neste método, da etnografia, buscamos compreender a percepção do ponto de vista do nativo, onde o pesquisador tem a preocupação de analisar os diferentes aspectos que perpassam a vida dos nativos, compreendendo suas práticas culturais e sociais. Dessa forma, o campo de estudo deste trabalho são as observações iniciais feita com os grupos no momento de construção e formação do Conselho Municipal de Juventude da cidade de João Pessoa/ PB. Utilizamos da observação e acompanhamento dos comportamentos dos nativos a fim de reunir maiores informações sobre o grupo pesquisado. O estudo e análise da juventude é um campo muito próximo, pois na história pessoal da pesquisadora sempre foi um campo de militância. Contudo, como ressalta Laplantine (1943), no procedimento antropológico, quando se trata do estudo da própria cultura, é preciso fazer um esforço maior no exercício da alteridade, pois nos obriga a ver o que muitas vezes nem imaginávamos. Assim, é importante perceber o que é preciso olhar, não é apenas ver, mas em fazer ver. Assim, Laplantine (1943) retoma a ideia de Roberto da Matta e apresenta que a experiência do campo na etnografia consiste em uma experiência de duplicidade que pode nos parecer estranho, trata-se, sobretudo, no exercício de nos espantar com o que nos parecia familiar e tornar familiar àquilo que inicialmente nos parecia exótico e estranho. A todo o momento, este último exercício é o grande esforço da pesquisadora neste trabalho, devido à aproximação e conhecimento estabelecido com o objeto em estudo. Por isso, é importante a vivência interiorizada do pesquisador no campo; esta vivência se aproxima de uma apreensão interiorizada dos significados que os próprios indivíduos atribuem a seus próprios comportamentos, como nos explica Laplantine (1943). O pesquisador observa e vive a pesquisa. Metodologia Este estudo é resultado de uma análise mais ampla sobre o Conselho Municipal de Juventude e tem como público alvo, os membros da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude da cidade de João Pessoa/ PB. E como metodologia, utilizaremos a técnica da observação participante junto a esses jovens/ representantes da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude da cidade de João Pessoa/ PB. Outro aspecto essencial na observação é o registro dos dados, que pode ser feita discretamente enquanto acontece a observação e de forma mais elaborada num registro no Diário de Campo, sendo feita no mesmo dia da observação. Resultados e Conclusões Na pesquisa etnográfica, utilizamos de todos os atos cognitivos como auxiliares na produção do saber antropológico. E percebemos como se estabelecem e trabalham o olhar, ouvir e escrever através da observação participante, como nos explica Roberto Cardoso de Oliveira (1998), pois o olhar, o ouvir e o escrever precisam ser tematizados e questionados, enquanto etapas constitutivas do conhecimento pela pesquisa empírica. Neste trabalho, utilizamos de todos os atos cognitivos para buscar compreender e interpretar as formas de vivências dos variados grupos em processo de disputa de espaços e de discursos nas instâncias de participação do Estado. Foi através da vivência antropológica do trabalho de campo, este qual proporciona o contato direto e a observação do objeto de estudo, que proporcionou perceber algumas ambiguidades e dilemas da participação da sociedade civil no Conselho Municipal de Juventude. Geziane do Nascimento Oliveira Patrícia Goldfarb Aluna de Ciências Sociais/CCHLA/UFPB Antropologia/DCS/PPGA/UFPB geziane_vida@hotmail.com patriciagoldfarb@yahoo.com.br