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A missão hoje e a paróquia. Deslocamentos fundamentais para uma Igreja em estado permanente de missão. Cinco enfoques. O fundamento e a dinâmica da missão como essência da Igreja. A necessária conversão estrutural da Igreja em ordem à missão.
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A missão hoje e a paróquia Deslocamentos fundamentais para uma Igreja em estado permanente de missão
Cinco enfoques • O fundamento e a dinâmica da missão como essência da Igreja. • A necessária conversão estrutural da Igreja em ordem à missão. • Os horizontes da ação missionária a partir do nosso contexto até os confins do mundo. • As tarefas da missão em anunciar a vida de Jesus Cristo e o Reino de Deus a todos. • Que tipo de paróquia a serviço da missão.
Fundamento Viver e comunicar a vida nova em Cristo (cf. DAp 7.1)
A natureza missionária da Igreja • “A Igreja peregrina é missionária por natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai” (AG 2). Por isso, o impulso missionário é fruto necessário à vida que a Trindade comunica aos discípulos (DAp 347). • A grande novidade que a Igreja anuncia ao mundo é que Jesus Cristo, o Filho de Deus feito homem, a Palavra e a Vida, veio ao mundo para nos fazer “participantes da natureza divina” (2Pd 1,4), para que participemos de sua própria vida (DAp 348).
Jesus a serviço da vida • Jesus, o Bom Pastor, quer comunicar-nos a sua vida e colocar-se a serviço da vida (...) Em seu Reino de vida, Jesus inclui a todos (DAp353). • Come e bebe com os pecadores (cf. Mc 2,16), sem se importar que o tratem como comilão e bêbado (cf. Mt11,19); toca com as mãos os leprosos (cf. Lc5,13), deixa que uma prostituta lhe unja os pés (cf. Lc7,36-50) e, de noite, recebe Nicodemos para convidá-lo a nascer de novo (cf. Jo3,1-15). • Igualmente, convida seus discípulos à reconciliação (cf. Mt5,24), ao amor pelos inimigos (cf. Mt5,44) e a optarem pelos mais pobres (cf. Lc14,15-24).
Dimensões da vida em Cristo • Jesus Cristo é a plenitude que eleva a condição humana à condição divina – cf. Jo10,10 (DAp 355). • A vida nova de Jesus atinge o ser humano por inteiro e desenvolve em plenitude a existência. • A vida em Cristo inclui a alegria de comer juntos, o entusiasmo para progredir, o gosto de trabalhar e de aprender, a alegria de servir a quem necessite de nós, o contato com a natureza, o entusiasmo dos projetos comunitários, o prazer de uma sexualidade vivida segundo o Evangelho, e todas as coisas com as quais o Pai nos presenteia como sinais de seu sincero amor (DAp 356).
A serviço da vida plena para todos • O Reino de vida que Cristo veio trazer é incompatível com as situações desumanas. • Se pretendemos fechar os olhos, não somos defensores da vida do Reino e nos situamos no caminho da morte (DAp 358). • Descobrimos uma profunda lei da realidade: a vida só se desenvolve plenamente na comunhão fraterna e justa. • Não podemos conceber uma oferta de vida em Cristo sem um dinamismo de libertação integral, de humanização, de reconciliação e de inserção social (DAp 359).
Uma missão para comunicar vida • A vida se acrescenta dando-a, e se enfraquece no isolamento e na comodidade. O Evangelho nos ajuda a descobrir que o cuidado enfermiço da própria vida depõe contra a qualidade humana e cristã dessa mesma vida. Vive-se muito melhor quando temos liberdade interior para doá-la. • Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: que a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é, definitivamente, a missão (DAp 360). • O projeto de Jesus é instaurar o Reino da vida (...) O conteúdo fundamental da missão é a oferta de vida plena para todos (DAp 361).
A grande missão • Assumimos o compromisso de uma grande missão em todo o Continente, que de nós exigirá aprofundar e enriquecer todas as razões e motivações que permitam converter cada cristão em discípulo missionário. • Necessitamos desenvolver a dimensão missionária da vida de Cristo. A Igreja necessita de forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença, à margem do sofrimento dos pobres do Continente. • Necessitamos que cada comunidade cristã se transforme num poderoso centro de irradiação da vida em Cristo (DAp 362).
Conversão Renovação missionáriadas comunidades (cf. DAp 7.2)
Conversão como saída • A força desse anúncio de vida será fecundo se o fizermos com estilo adequado, com as atitudes do Mestre, tendo sempre a Eucaristia como fonte e cume de toda atividade missionária. • Nós somos agora, na América Latina e no Caribe, seus discípulos e discípulas, chamados a navegar mar adentro para uma pesca abundante. Trata-se de sair de nossa consciência isolada e de nos lançarmos, com ousadia e confiança (parrésia), à missão de toda a Igreja (DAp 363).
Saída das estruturas • Esta firme decisão missionária deve impregnar todas as estruturas eclesiais e todos os planos pastorais de dioceses, paróquias, comunidades religiosas, movimentos e de qualquer instituição da Igreja. • Nenhuma comunidade deve isentar-se de entrar decididamente, com todas as forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as estruturas caducas que já não favoreçam a transmissão da fé (DAp 365).
Saída das pessoas • A conversão pessoal desperta a capacidade de submeter tudo ao serviço da instauração do Reino da vida. Os bispos, presbíteros, diáconos, consagrados e consagradas, leigos e leigas, são chamados a assumir atitude de permanente conversão pastoral que implica escutar com atenção e discernir “o que o Espírito está dizendo às Igrejas” (Ap 2,29) através dos sinais dos tempos (DAp 366). • Sair de si mesmo para se unir aos outros faz bem. Fechar-se em si mesmo é provar o veneno amargo da imanência, e a humanidade perderá com cada opção egoísta que fizermos(EG 87).
Saídas das relações • A conversão pastoral requer que as comunidades eclesiais sejam comunidades de discípulos missionários ao redor de Jesus Cristo, Mestre e Pastor. Daí nasce a atitude de abertura, diálogo e disponibilidade para promover a co-responsa-bilidadee participação efetiva de todos os fiéis na vida das comunidades cristãs (DAp 368). • Motiva-nos a eclesiologia de comunhão do Concílio Vaticano II (...) Como Jesus nos garante, não esqueçamos que “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estarei eu no meio deles” – Mt 18,20(DAp 369).
Saída das práticas • A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária (DAp 370). • O projeto pastoral da Diocese, caminho de pastoral orgânica, deve ser resposta consciente e eficaz para atender às exigências do mundo de hoje (DAp 371). • Não se trata só de estratégias para procurar êxitos pastorais, mas da fidelidade na imitação do Mestre, sempre próximo, acessível, disponível a todos, desejoso de comunicar vida (DAp 372).
Saída das fronteiras • Queremos que a influência de Cristo chegue até aos confins da terra. Descobrimos a presença do Espírito Santo em terra de missão: a) nas culturas, b) nos seguidores de outras religiões, c) no nascimento da Igreja, d) na santidade de pessoas e comunidades (DAp 374). • Ao mesmo tempo, o mundo espera de nossa Igreja latino-americana e caribenha um compromisso mais significativo com a missão universalem todos os Continentes. Para não cairmos na armadilha de nos fechar em nós mesmos, devemos formar-nos como discípulos missionários sem fronteiras” (DAp 376).
Horizontes Nosso compromisso com a missão ad gentes (cf. DAp 7.3)
Uma Boa Nova para todos • A missão do anúncio da Boa Nova de Jesus Cristo tem destinação universal. Seu mandato de caridade alcança todas as dimensões da existência, todas as pessoas, todos os ambientes da convivência e todos os povos. Nada do humano pode lhe parecer estranho. • Jesus Cristo é a resposta total, superabundante e satisfatória às perguntas humanas sobre a verdade, o sentido da vida, a felicidade, a justiça e a beleza (...) Todo sinal autêntico de verdade, bem e beleza na aventura humana vem de Deus e clama por Deus(DAp 380).
Três situações • A nova evangelização interpela a todos, realizando-se fundamentalmente em três âmbitos: • a pastoral junto aos cristãos militantes; • a nova evangelização junto a todas as pessoas, âmbitos e estruturas da sociedade; • a missão ad gentes junto a todos os povos. • Os cristãos têm o dever de o anunciar, sem excluir ninguém, e não como quem impõe uma nova obrigação, mas como quem partilha uma alegria. A Igreja não cresce por proselitismo, mas «por atração» (EG 14; cf. RMi 34).
O bom pastor • Trata-se de um modelo aplicável à pastoral. • É uma missão no espaço do redil. • É uma missão que desenvolve uma relação pessoal, intima, com seus destinatários: opastor “chama”, as ovelhas “ouvem a sua voz”. • É uma missão onde o pastor é guia que acompanha fora do redil,caminha à frente. • O pastor também se preocupa com aquelas que “não são deste aprisco” (cf. Jo10,16). • É uma missão onde o pastor dá a vida.
O semeador • Trata-se de um modelo aplicável à nova evangelização • É uma missão no espaço do campo. • É uma missão que lança sementes de mão larga em todos os terrenos, sem excluir nenhum. • É uma missão na mais absoluta gratuidade: a semente brota sozinha (cf. Mc 4,27), Deus faz crescer (cf. 1Cor 3,7). • O semeador também não se preocupa de arrancar o joio (cf. Mt 13,29). • É uma missão marcada pela esperança.
O pescador • Trata-se de um modelo aplicável à missão ad gentes. • É uma missão em alto mar (duc in altum). • É uma missão que lança as redes sem alguma certeza de pegar alguma coisa. • É uma missão feita emmutirão, que depende do “acaso”, da “sorte” e está sujeita a todo tipo de imprevistos e de riscos. • É uma missão na qual a Igreja descobre sua vocação no deixar-se conduzir só pela Palavra. • É uma missão marcada pela pura fé.
Três prioridades missionárias Situações de prioridade missionária se definem: • pela necessidade do anúncio do Evangelho à qual corresponde um serviço profético da Igreja, que hoje vai sob o nome de diálogo; • pela necessidade da presença de uma comunidade cristã à qual corresponde um serviço sacerdotal da Igreja inculturado; • pela necessidade de uma transformação social pelos valores do Evangelho, à qual corresponde o serviço da caridade da Igreja que gera autêntica libertação.
Três frentes missionárias O compromisso missionário de uma comunidade cristã se articula em três frentes ao mesmo tempo: • Frente religiosa: anúncio inculturado do Evangelho, diálogo ecumênico e inter-religioso; • Frente sócio-ambiental, direitos humanos, justiça, paz, solidariedade, reconciliação entre os povos e cuidado com a criação. • Frente cultural: areópagos das comunicações, da cultura, da política, da economia, etc.
Tarefas Comunicar a vida de Jesus Cristo a todas as pessoas (cf. DAp 386)
Três linhas de ação • Tendo como referência principal os três âmbitos da missão hoje – pastoral, nova evangelização, missão ad gentes – podemos distinguir três linhas de ação fundamentais em ordem a essa missão: • Animação Pastoral: missão dentro de casa • Ação Evangelizadora: missão fora de casa, no espaço público da sociedade. • Cooperação Missionária: missão na casa dos outros. • Essas linhas de ação devem ser assumidas em conjunto, substituindo o conceito de missão como ‘expansão’ pelo conceito de missão como ‘encontro’.
Animação pastoral • A paróquia é chamada a tornar-se “rede de comunidades” (DAp 172), “comunidade de comunidades” (DAp309; 517e), “comunidade missionária” (DAp168) e lugar de formação permanente (cf. DAp306). • A comunidade representa a grande proposta que a Igreja faz ao mundo com sua missão. • Objetivo da animação pastoral é formar a comunidade eclesial como sujeito vivo da ação missionária, para que seja fermento no mundo, começando a formar e evangelizar a si mesma.
Âmbito da pastoral • A comunidade cristã é a experiência de Igreja que acontece ao redor da casa. Recuperar a ideia da casa significa garantir o referencial para o cristão peregrino encontrar-se no lar (CC 177-178). • Nesta casa encontramos: (1) a Palavra, (2) os sacramentos, (3) a oração, (4) a comunidade, (5) os pobres, (6) as culturas, (7) Maria, (8) a memória dos santos (cf. DAp 246-275). • Esta casa (1) aproxima e acolhe, (2) convida à conversão, (3) oferece caminhos de discipulado, (4) garante as relações fraternas entre todos, (5) envia em missão (cf. DAp 278).
Ação evangelizadora • A tomada de consciência da missionariedade deve proporcionar um processo de saída: não podemos esperar que as pessoas venham a nós, precisamos nós ir ao encontro delas e anunciar-lhes a Boa Nova ali mesmo onde se encontram. • Trata-se “de passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária” (DAp 370): da acolhida ao encontro. • Esse processo se expressa numa prática eclesial focada no “primeiro anúncio”, realizada por todo Povo de Deus, na autêntica opção pelos pobres e na constante saída para as periferias.
Âmbitos da Evangelização • Pobres: desafiam o núcleo do trabalho da Igreja, da pastoral e de nossas atitudes cristãs (DAp 393) • Família: para que a família assuma sua missão no âmbito da sociedade e da Igreja (DAp 432). • Meio ambiente: evangelizar nossos povos para que descubram o dom da criação (DAp 474a). • Areópagos: encontro com a cultura moderna global, o mundo da educação, da comunicação, da política, da economia, da ciência e tecnologia. • Cidades: uma nova pastoral urbana para os grandes desafios da urbanização (DAp 517).
Cooperação missionária • Descobrimos e reconhecemos a partir da fé as “sementes do Verbo” presentes nas tradições e culturas dos povos indígenas e dos afro-americanos da América Latina (DAp 529.532). • Nosso desejo é que esta V Conferência seja estímulo para que muitos discípulos de nossas Igrejas vão e evangelizem na “outra margem”. • É preciso que em nosso continente entremos em nova primavera da missão ad gentes. Somos Igrejas pobres, mas “devemos dar a partir de nossa pobreza e a partir da alegria de nossa fé” (DAp 379)
Compromisso ad gentes • O objetivo é promover a participação do Povo de Deus na missão universal pela comunhão espiritual, dos bens e da vida (envios além-fronteiras). • Para isso é preciso animar as comunidades para que abram sua visão de mundo, promovendo iniciativas de caráter informativo, formativo, celebrativo, educativo e projetual. • Esse serviço é tarefa dos Conselhos Missionários e é pouco lembrado pelos documentos das Igrejas locais. A comunhão católica “ad gentes” é uma dimensão indeclinável da fé.
POVOS MISSÃO SOCIEDADE COMUNIDADE
Paróquia missionária Que tipo de paróquia a serviço desta missão?
A paróquia do padre • O padre ocupa o lugar principal. Faz tudo com grande cuidado, espírito missionário de serviço e generosidade. É muita coisa para um padre só! Se o padre faltar, na paróquia se faz pouco ou nada. • O modelo paroquial brasileiro em sua grande maioria depende da atividade dos presbíteros (CC 32). • Há uma relação estreita entre presbítero e paróquia, especialmente porque ela tem sido o principal espaço do ministério presbiteral (CC 33). • Perguntamo-nos: onde está a comunidade? Onde está a missão? O que acontece com àqueles que não têm o padre como referência?
A paróquia do CPP • Os membros do Conselho são corresponsáveis com o padre no serviço pastoral da paróquia. • Isto significa um avanço muito importante. Mas não basta numa paróquia constituir o Conselho Pastoral Paroquial e um Conselho de Assuntos Econômicos: é um esquema ainda muito fechado, voltado para a manutenção. • Colocando em relação o primeiro e o segundo desenho, percebemos que o rosto e o modelo da comunidade eclesial não são muito diferentes: talvez 20 – 30 pessoas agora trabalham mais ou menos juntas com o padre, mas a maioria dos fieis fica de fora.
A paróquia que acorda • O povo rompe o silêncio e começa a falar. Aprende a tomar parte ativa da vida da Igreja: quer tomar consciência de como a comunidade eclesial caminha e funciona. • Todos sentem um pouco de mal-estar com as críticas, porque ainda não se consegue encontrar respostas claras e métodos direcionados. • Também nem sempre esse “acordar” corresponde com um engajamento à altura das reflexões. • Contudo, o povo aos poucos se manifesta, pede espaço no desejo de ser ouvido e acolhido. Se essa etapa não for bem trabalhada, pode-se regressar ao primeiro cartaz.
A paróquia dinâmica • É atenta às várias necessidades das pessoas, dentro e fora da Igreja, e procura ajudar a todos. • Muitos fiéis tomam parte da vida da Igreja e o fazem não para ajudar o padre, mas porque são cientes da vocação e da missão que receberam como cristãos no batismo. • Neste modelo de Igreja, o aspecto organizacional é o que mais tem importância: as pessoas consideram-se “executivas” e a paróquia pode ser administrada como uma prestadora de serviços. • O risco é que cada pastoral cumpra com sua tarefa de maneira desconexa do resto da comunidade.
A paróquia missionária • É formada por várias comunidades, não necessariamente ligadas a templos. • A base das comunidades é a Palavra. • As comunidades são unidas entre elas por um vínculo profundo de comunhão. Através do CPP são unidas à comunidade maior. • Na celebração eucarística dominical os fieis da comunidade se reúnem como “corpo de Cristo”. • Os cristãos são cientes de sua responsabilidade de anunciar o Evangelho também fora da comunidade eclesial. Por isso procuram influenciar a realidade econômica, política, social com espírito cristão.
Conclusão • Uma Igreja organizada desta forma expressa exemplarmente sua vocação missionária. • Não basta alterar a nomenclatura da paróquia. O que indicará a novidade missionária será o tipo de relacionamento que se estabelecerá nas comunidades (CC 322). • Mas não será só vivendo a fraternidade que a paróquia se tornará missionária: é principalmente assumindo os desafios do mundo no qual ela vive, em sua dimensão contextual e universal. • Ao mesmo tempo, a comunidade é missionária pela dinâmica em que vive e pela extensão de sua ação que é chamada a abraçar o mundo inteiro.