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Objetivos

Crônicas para gostar de ler... e escrever ! Sequência didática desenvolvida com as turmas 81 e 83 E.B.M. Beatriz de Souza Brito Professora: Ângela Beirith. Objetivos Compreender a crônica como um gênero de circula ç ão social cuja fun ç ão é entreter, divertir, levar a uma reflexão.

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Presentation Transcript


  1. Crônicas para gostar de ler... e escrever !Sequência didática desenvolvida com as turmas 81 e 83E.B.M. Beatriz de Souza BritoProfessora: Ângela Beirith

  2. Objetivos • Compreender a crônica como um gênero de circulação social cuja função é entreter, divertir, levar a uma reflexão. • Interpretar crônicas pela leitura e escuta de textos desse gênero. • Conceituar crônica, identificando os elementos que constituem o gênero: função social, linguagem, assunto e elementos textuais. • Produzir uma crônica incorporando as características do gênero estudado.

  3. Conteúdos abordados • Conceituais: função social da crônica; características do gênero crônica; conceito de crônica. • Procedimentais: leitura e escuta de crônicas; leitura e análise oral de crônicas diversas; leitura e análise escrita da crônica “Da arte de comer melancia”; produção de texto. • Atitudinais: leitura-fruição de crônicas; exercício de atitudes de escuta e respeito à leitura do outro. • Cronograma: 12 aulas

  4. Recursos didáticos • Dicionários • Livros da Coleção Para Gostar de Ler e cópias impressas das crônicas: • “Arte de ser Feliz”, de Cecília Meireles • “O padeiro”, de Rubem Braga “O menino escritor”, de Fernando Sabino “Gravação”, de Carlos Drummond de Andrade “Tintim”, de Luís Fernando Veríssimo “Emergência”, de Luís Fernando Veríssimo “Chatear e encher”, de Paulo Mendes Campos “Ladrão que rouba ladrão”, de Domingos Pelegrini • “Da arte de comer melancia”, de Flavio José Cardozo • Texto “Um cronista no coração das coisas”, de Marisa Lajolo.

  5. 1ª Parte: Aproximação ao gênero Metodologia 1) Ativação do conhecimento prévio: origem e significado da palavra crônica (curiosidade: mito de Cronos). • 2) Leitura-fruição de diferentes crônicas: distribuição de crônicas iguais a cada 3, 4 alunos; leitura silenciosa e em voz alta pelos alunos, distribuindo entre eles os papeis de narrador e personagens. 3) Análise oral das crônicas lidas por meio de perguntas pré-elaboradas pela professora quanto: ao assunto, à linguagem, à organização textual e à função social.

  6. Perguntas para orientar a análise oral das crônicas lidas Obs.: Dizer o título e identificar o autor antes das respostas • ASSUNTO Qual é o assunto do texto? O assunto do texto tem relação com a vida cotidiana? • ORGANIZAÇÃO TEXTUAL Há narrador no texto? Há marcas que identificam o narrador? Quais? Qual o tipo de narrador: narrador- personagem ou narrador-observador? Há personagens no texto?

  7. Observa-se a presença de diálogos? Que marcas indicam que há diálogo? • LINGUAGEM A linguagem é mais formal ou mais informal? Localize no texto expressões que a identificam como mais formal ou mais informal. O texto é engraçado ou não? O que torna o texto engraçado? • FUNÇÃO SOCIAL Qual a função social/intenção da crônica lida? Informar, entreter, divertir, trazer uma reflexão? Onde você pode ler textos como este?

  8. 2ª Parte: Estudo do gênero crônica Sistematização e Consolidação • Metodologia • 1) Motivação: a partir do que já foi estudado até aqui, é possível pensar na produção de uma crônica cujo assunto seja melancia? • 2) Leitura em voz alta, pela professora, da crônica “Da arte de comer melancia”. • 3) Análise escrita da crônica lida, observando os seguintes aspectos: função social, linguagem, assunto e elementos textuais. • 4) Sistematização, com os alunos do conceito de crônica a partir do que foi analisado. Registro no caderno. • 5) Leitura do texto “Um cronista no coração das coisas”, de Marisa Lajolo, reforçando as características do gênero.

  9. Da arte de comer melancia • Fico chocado quando vejo alguém comer melancia de qualquer jeito. Ainda ontem presenciei esta desgraça: o sujeito colocou a pobre fruta de pé, deu-lhe um talho de alto a baixo, pegou as duas metades e partiu-as também ao meio, deixando na mesa, numa poça d’água, um triste conjunto de quatro pedaços que foram sendo grosseiramente escavados. Nada da poesia que o evento pede. Uma coisa feia, mal-acabada. • Meu pai, sim, era um artista na arte de se comer melancia. • O requinte dele já começava na compra, em que fazia todo um investimento de boa paciência. Aproximava-se da carroça, avaliava o conjunto, rolava umas e outras, depois de algum tempo é que elegia a que mais o impressionou. Para já levar? Não, claro que não. Para examinar, com cuidado. Eram, se bem me lembro, uns três testes. Primeiro, o dos piparotes.

  10. Com o indicador, ele dava na barriga da melancia alguns piparotes que produziam um som que lhe traduzia, aos seus ouvidos experimentados, o grau de madureza a que a fruta havia chegado. Depois, agarrava-a entre as mãos, elevava-a à altura do ouvido e aplicava-lhe um forte aperto: o estalo resultante reforçava o diagnóstico dos piparotes. Por fim, determinava ao vendedor que abrisse na melancia uma janelinha. O homem trazia na ponta da faca uma fração de rubra polpa, que meu pai olhava com astúcia. Só então é que os dois falavam em preço. Se a parte comercial chegasse a bom termo, tínhamos melancia. • Mas a melancia não entrava logo na faca. Era do ritual deixá-la se refrescando um pouco num tanque d’água (não havia geladeira), para perder os calores acumulados na viagem da carroça. Até que, por fim, chegava o momento. • O modo de meu pai partir a melancia era, penso eu, o mais lógico e usual entre as pessoas de sentimento e bom senso.

  11. Só que ele fazia tudo com muita compenetração, como se estivesse desmanchando um relógio de ouro. Deitava a fruta, cortava-lhe uma ponta, cortava outra e, com precisão máxima, rasgava-a em talhadas regulares, iguais entre si em largura e profundidade. Arrematava a cirurgia com um soquinho que afrouxava as talhadas, a primeira das quais entregava, gentil, a Dona Isaura. Depois é que autorizava o nosso ataque. E sabíamos bem: ninguém podia tocar no miolo, o miolo ficava para o fim. Não entendo como é que alguém pode partir uma melancia sem dar tal ênfase ao miolo. De barriga já fazendo bico, íamos sempre ao miolo como ao momento central da festa. • A melancia, senhores, é uma fruta frívola, mais água que substância. Muito dos prazeres dela está mesmo é no visual e foi muito bom ter aprendido a comê-la também com os olhos. Sinceramente, fico até triste quando vejo por aí certas barbaridades. • Flávio José Cardozo

  12. Análise da crônica “Da arte de comer melancia” Assunto O assunto da crônica é o ritual que envolve a degustação da melancia (que na opinião do cronista constitui-se em uma arte).O assunto do texto tem relação com a vida cotidiana. Organização do texto Há um narrador que ao mesmo tempo é personagem (narrador-personagem) da situação. Entre as marcas que o identificam estão o uso de verbos na 1ª pessoa do singular, “Fico chocado”; e do pronome possessivo meu: “Meu pai, sim, era um artista na arte de se comer melancia.” Os personagens são o próprio narrador, o pai, o vendedor e dona Isaura. Não há diálogos no texto. Quanto ao enredo, a crônica descreve o ritual praticado por uma família para saborear uma melancia, desde a apreciação e análise do produto, passando pela negociação para a compra e o acondicionamento até chegar à degustação da fruta. Linguagem A linguagem é mais formal, o que pode ser observado pela ausência de gírias e expressões da oralidade, pelo uso de pronomes oblíquos (comê-la, deu-lhe), pelas escolhas de vocabulário (elevava-a à altura do ouvido, em vez de “erguia”, frívola, astúcia, talhadas regulares, etc.) Função social A intenção da crônica lida é sensibilizar o leitor e, ao mesmo tempo, levá-lo a uma reflexão.

  13. Reflexões A sensibilidade com que o autor nos relata um ato tão simples e ao mesmo tempo tão carregado de significadopode nos remeter a outras situações cujos rituais parecem ter sido esquecidos, como o tempo de maturação das coisas, a observação atenta dos fenômenos, as escolhas que fazemos, o respeito ao outro, etc. Ao mesmo tempo, o prazer que algo tão comum e acessível como saborear uma melancia pode nos proporcionar; como diria Cecília Meireles, uma pequena felicidade certa.

  14. Crônica é um gênero textual geralmente curto, elaborado em linguagem mais informal, construído a partir de fatos do cotidiano. Tem como objetivo entreter os leitores e, ao mesmo tempo, levá-los a refletir sobre a vida e os comportamentos humanos. Costuma ser veiculado em jornais ou revistas antes de ser reunido em livros.

  15. 3ª Parte: Produção de uma crônica • Metodologia • 1) Planejamento da escrita (com roteiro). • 2) Produção da 1ª versão e entrega para revisão. • 3) Leitura dos textos dos alunos à medida que vão sendo produzidos, como forma de estimular os colegas que ainda estão “sem ideias”. • 4) Orientações coletivas e individuais sobre os erros mais recorrentes identificados nas produções. • 5) Reescrita da 2ª versão na Sala Informatizada. • 6) Publicização (Mostra da Escola).

  16. Planejando a escrita Ao escrever sua crônica, siga as instruções: • Pense no leitor e no objetivo que você tem em vista: você quer diverti-lo, sensibilizá-lo, ou fazer com que ele reflita? • Aborde um fato ou uma situação do cotidiano que tenha sido presenciada ou vivida por vocêprocurando ir além do que aconteceu, narrando com sensibilidade, ou se quiser, com humor. • Escreva um rascunho e antes de passar seu texto a limpo, faça uma revisão cuidadosa.

  17. Bibliografia consultada CARDOZO, Flávio José. Beco da Lamparina. Florianópolis: Lunardeli, 1987. COLEÇÃO PARA GOSTAR DE LER- Crônicas, editora Ática.Volumes 1, 5, 7, 14. EVSLIN, Bernard. Heróis, deuses e monstros da mitologia grega. Trad. de Marcelo Mendes. São Paulo: Arxjovem, 2004. GERALDI, João Wanderley Geraldi. Portos de Passagem. São Paulo: Martins Fontes, 1995. KOCH, Ingedore Villaça e ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006. MEIRELES, Cecília. Escolha o seu sonho. Rio de Janeiro: Record., 1968. In: Comunicação e Expressão: Novo português através de textos. SOARES, Magda. São Paulo. Abril, 1982. SCHNEUWLY, Bernad e DOLZ, Joaquim. Gêneros orais e escritos na Escola. Trad. e org. Roxane Rojo e Gladis Sales, Cordeiro. São Paulo: Mercado das Letras, 2004. VERÍSSIMO, Luís Fernando. O analista de Bagé. Porto Alegre: L&PM, 1981.

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