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Dez Novas Competências para Ensinar Porto Alegre (Brasil), Artmed Editora, 2000. Philipe Perrenoud. Obra originalmente publicada sob o título Dix nouvelles compétences pour enseigner. Invitation au voyage Paris, ESF, 1999. Perrenoud.
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Dez Novas Competências para EnsinarPorto Alegre (Brasil), Artmed Editora, 2000 Philipe Perrenoud
Obra originalmente publicada sob o título • Dix nouvelles compétences pour enseigner. • Invitation au voyage • Paris, ESF, 1999.
Perrenoud • Doutor em Sociologia e Antropologia, Professor da Universidade de Genebra nas áreas de Currículo, Práticas Pedagógicas e Formação; é um dos autores mais lidos, no Brasil, no meio educacional . • É diretor do Laboratório de Pesquisas sobre a Inovação na Formação e na Educação na Suíça.
Neste livro, o autor aborda o ofício de professor, considerando temas como: a prática reflexiva, a profissionalização docente, o trabalho em equipe e por projetos, a autonomia e responsabilidade crescentes, pedagogias diferenciadas, centralizadas em dispositivos e em situações de aprendizagem, todas direcionadas à sensibilização ao saber.
Inventário de competências... Diante dos desafios contemporâneos, surge a urgência de domínio de novas competências (ligadas ao trabalho com outros profissionais ou à evolução das didáticas) ou o reforço de competências reconhecidas, ligadas à heterogeneidade e evolução de programas, traduzindo-se hoje em falares correntes de: tratamento das diferenças, avaliação formativa, situações didáticas, prática reflexiva, e metacognição.
O autor apresenta 50 enunciados, agrupados em 10 famílias de competências que emergem atualmente, ou seja, propostas para uma futura representação desejável do ofício de professor.
As tecnologias mudam o trabalho, a comunicação, a vida cotidiana e mesmo o pensamento. • Um dos caminhos apontados por Perrenoud, seria o de reforçar a preparação docente para uma prática reflexiva, para a inovação e a cooperação, favorecendo uma relação menos temerosa e individualista com a sociedade.
Na visão do autor, vivemos em um momento de constante evolução da educação por meio da tecnologia que hoje permeia a sociedade. Esta expandiu os horizontes, facilitando a aquisição de conhecimentos e agilizando a incorporação destes pelas pessoas, influenciando as escolas, os alunos e a formação dos professores. • Neste contexto, as ferramentas da informação e comunicação estão contribuindo para “transformar a nossa paisagem, as relações sociais e as maneiras de trabalhar, de informar, de formar, de distrair, de consumir e mais fundamentalmente ainda, de falar, de escrever, de entrar em contacto, de consultar, de decidir, talvez pouco a pouco de pensar”
Professores: mediadores e intérpretes ativos das culturas, dos valores e do saber em transformação...
Isto porque... ... mesmo com todos os avanços científicos e tecnológicos, a educação formal, mediada pela escola, ainda se faz marcante na formação e constituição dos sujeitos, como o local do “ensinar e aprender”. Neste contexto, a escola se torna responsável pelos desígnios de novas diretrizes para atender as mudanças exigidas pela sociedade globalizada, pois é reconhecida como potencializadora da práxis do mundo pós-moderno, fazendo parte da renovação de valores e da cultura.
Hoje, os professores têm vivenciado muitas incertezas no meio educacional com relação a que fazer para melhorar o ensino, qual deve ser o método de ensino mais adequado a ser utilizado em sala de aula, como lidar com alunos com graus de aprendizado tão diferentes e como lidar a indisciplina em sala de aula, dentre tantas outras dificuldades, principalmente quando se deparam com os baixos resultados obtidos pelos alunos da educação básica.
Ninguém duvida de que os professores têm saberes. Será que também têm competências? • Se entendermos por competência a capacidade de agir de uma forma relativamente eficaz em uma família de situações, sem dúvida aceitaremos que os professores possuem competências, mas acrescentaríamos com um pouco de desdém: acalmar a classe, estabelecer uma certa ordem, corrigir provas, dar uma orientação, ajudar um aluno em dificuldade, fazer com que os alunos trabalhem em grupos, explicar de novo uma noção mal compreendida, planejar um curso, dialogar com os pais dos alunos, mobilizá-los em torno de um projeto ou de um enigma, sancionar na medida adequada, conservar o sangue frio...
Sem dúvida, essas diversas competências parecem necessárias, mas numerosos professores consideram-nas pouco "nobres" em função dos saberes disciplinares. Quanto mais avançamos no ensino médio e superior, mais o saber a ser ensinado passa a constituir o cerne da identidade do educador, mais os professores subestimam o saber para ensinar, reduzindo-o a uma mescla de bom senso, coerência, arte de se comunicar claramente. • Por isso, as competências são mais reconhecidas se concebidas como a aplicação de saberes metodológicos, baseados nos saberes teóricos, como a didática das disciplinas ou a psicologia cognitiva. Esses saberes procedimentais não têm o prestígio das ciências ou da história...
Se nos situarmos em outra perspectiva, a das habilidades sem nome nem bases teóricas bem identificadas, entramos no domínio dos "ossos do ofício". • Ora, o que caracteriza a profissão de professor é que se fala muito pouco das maneiras de fazer, do savoir- faire, das habilidades construídas no decorrer da experiência; enquanto isso, em outras profissões, sua diversidade e pertinência provocam a admiração dos colegas.
Mas... • ...nenhuma tecnologia, nenhuma reforma estrutural poderá fazer efeito sem mediação pedagógica. • Mas esta, para ganhar eficácia, precisa ser confiada a professores cada vez mais qualificados, com ampla cultura na área das ciências humanas, forte orientação para as práticas reflexivas e capacidade de inovação.
“Famílias” de competências apresentadas pelo autor: 1 - Organizar e dirigir situações de aprendizagens. 2 - Administrar a progressão de aprendizagens. 3 - Conceber e fazer evoluir os dispositivos de diferenciação. 4 - Envolver os alunos em suas aprendizagens e em seu trabalho. 5 - Trabalhar em equipe.
6 - Participar da administração da escola. 7 - Informar e envolver os pais. 8 - Utilizar novas tecnologias. 9 - Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. 10 -Administrar sua própria formação contínua.
Construção de competências... • Perrenoud esclarece que em vários países há a tendência de se orientar o currículo para a construção de competências desde a escola fundamental; desta maneira, ele designa como competência a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc) para enfrentar e solucionar uma série de situações; capacidade de agir eficazmente em um determinado tipo de situação, apoiada em conhecimentos, mas sem limitar-se a eles (uso de vários recursos cognitivos) .
Isto porque... • ... A apropriação de numerosos conhecimentos não permite sua mobilização em situações de ação. • A construção de competências é inseparável da formação de esquemas de mobilização dos conhecimentos (que se constroem com experiências renovadas ou estruturantes, numa postura reflexiva) e discernimento, em tempo real, ao serviço de uma ação eficaz.
Esquema / Competência • Esquema: totalidade constituída, que sustenta uma ação ou operação única; • Competência: complexidade que envolve diversos esquemas (percepção, pensamento, avaliação e ação, que suportam inferências, antecipações, transposições analógicas, generalizações, apreciação de probabilidades, estabelecimento de diagnósticos a partir de índices, busca de informações pertinentes etc). • A competência “orquestra um conjunto de esquemas.”
As competências não são saberes em si mesmas, mas mobilizam saberes como recursos; essa mobilização só possui sentido numa dada situação, sendo cada situação singular. • O exercício da competência passa por operações mentais complexas, esquemas de pensamento – que permitem (de modo mais ou menos consciente e rapidamente) – realizar (de modo mais ou menos eficaz) uma ação relativa à situação. • As competências constroem-se, em formação, mais ainda, por uma situação de trabalho à outra.
1.Organizar e dirigir situações de aprendizagem. • Conhecer, para determinada disciplina, os conteúdos a serem ensinados e sua tradução em objetivos de aprendizagem. • Trabalhar a partir das representações dos alunos. • Trabalhar a partir dos erros e dos obstáculos à aprendizagem. • Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas. • Envolver os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimentos.
2. Administrar a progressão das aprendizagens. • Conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos. • Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos de ensino. • Estabelecer laços com as teorias subjacentes às atividades de aprendizagem. • Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagens, de acordo com uma abordagem formativa. • Fazer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão. • Rumo a ciclos de aprendizagem.
3. Conceber e fazer ouvir os dispositivos de diferenciação. • Administrar a heterogeneidade no âmbito de uma turma. • Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto. • Fornecer apoio integrado, trabalhar com alunos portadores de grandes dificuldades. • Desenvolver a cooperação entre os alunos e certas formas simples de ensino mútuo.
4. Envolver os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho. • Suscitar o desejo de aprender, explicar a relação com o saber, o sentido do trabalho escolar e desenvolver no aluno a capacidade de auto-avaliação. • Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou de escola) e negociar com eles diversos tipos de regras e de contratos. • Oferecer atividades opcionais de formação. • Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.
5. Trabalhar em equipe. • Elaborar um projeto de equipe, representações comuns. • Dirigir um grupo de trabalho, conduzir reuniões. • Formar e renovar uma equipe pedagógica. • Enfrentar e analisar em conjunto situações complexas, práticas e problemas profissionais. • Administrar crises ou conflitos interpessoais.
6. Participar da administração escolar. • Elaborar, negociar um projeto da Instituição. • Administrar os recursos da escola. • Coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros (bairro, associações de pais, professores de língua e cultura de origem). • Organizar e fazer evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos. • Desenvolver competências para trabalhar em ciclos de aprendizagem.
7 – Informar e envolver os pais • Dirigir reuniões de informação e de debate. • Fazer entrevistas. • Envolver os pais na construção dos saberes.
8. Utilizar novas tecnologias. • Utilizar editores de textos. • Explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos de ensino. • Comunicar-se à distância por meio da telemática. • Utilizar as ferramentas multimídia no ensino.; construir competências fundamentadas em uma cultura tecnológica.
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão. • Prevenir a violência na escola e fora dela. • Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, éticas e sociais. • Participar da criação de regras de vida comum referentes à disciplina na escola, às sanções e à apreciação da conduta. • Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em aula. • Desenvolver o senso de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.
10. Administrar sua própria formação contínua. • Saber explicitar as próprias práticas. • Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua. • Negociar um projeto de formação comum com os colegas (equipe, escola, rede). • Envolver-se em tarefas em escala de uma ordem de ensino ou do sistema educativo. • Acolher a formação dos colegas e participar dela; ser agente do sistema de formação contínua.
Para o autor... • Os currículos por competências podem contribuir para dar sentido ao saber, ligando-os mais explicitamente à ação. • As tecnologias —simulação, realidade virtual— podem ajudar a obter uma melhor representação das práticas sociais para as quais os conhecimentos e as competências são essenciais. Mas não há computador capaz de convencer um aluno a aderir à cultura escolar. • O trabalho de mediação dos professores continua a ser essencial para seguir as pistas traçadas pela nova pedagogia e pelas pesquisas sobre a relação entre o saber e a construção do sentido.
Questões 1 - Segundo Perrenoud, uma prerrogativa para administrar a progressão das aprendizagens no âmbito escolar seria conceber e administrar situações-problema ajustadas ao nível e às possibilidades dos alunos. Identifique, entre as proposições a seguir, aquelas que estão de acordo com o pressuposto de Perrenoud. I. Atividades de caráter concreto que permitam efetivamente ao aluno formular hipóteses e conjecturas. II. Contextos que ofereçam resistência suficiente, levando o aluno a nele investir seus conhecimentos anteriores disponíveis, assim como suas representações, de modo que o aluno formule questionamentos e elabore novas ideias. III. Atividades que operem em uma zona próxima, propícia ao desafio intelectual a ser resolvido e à interiorização das regras do jogo. IV. Um processo de avaliação baseado em um sistema classificatório no qual as notas são atribuídas a partir de provas regulares. Estão corretas apenas as proposições: (A) II e IV. (B) I, III e IV. (C) I, II e III (D) I e III. (E) III e IV.
2 - João é professor da rede e iniciou o ano letivo constatando que suas turmas apresentam enorme heterogeneidade, tanto em relação aos temas que estão sendo trabalhados, como também em relação ao grau de autonomia para a leitura e escrita. De acordo com Perrenoud, João poderá obter maior êxito em sua atuação docente caso I. compartilhe suas observações com outros professores e promovam, em equipe, situações de aprendizagem para seus alunos; II. trabalhe a partir de representações dos alunos, considerando os erros e obstáculos na aprendizagem; III. conceba e organize situações de aprendizagem focadas na média dos alunos, reconhecida a partir de avaliações somativas; IV. faça balanços periódicos das competências e habilidades desenvolvidas pelos alunos com a intenção de reorientar seu planejamento. Estão corretas apenas as afirmações (A) I e II. (B) II e III. (C) III e IV. (D) I, II e IV (E) II, III e IV.
03. O trabalho em equipe é favorável ao domínio das progressões sobre vários anos, quando leva à cooperação entre colegas que ensinam em outros níveis. Entretanto, não basta ter uma ideia aproximada dos programas dos anos anteriores e posteriores, assim como aqueles que moram em um país têm uma vaga ideia dos países limítrofes. O verdadeiro desafio é o domínio da totalidade da formação de um ciclo de aprendizagem e, se possível, da escolaridade básica. (Perrenoud, 2000) • A abordagem do autor sobre a importância de se instalar um ambiente de cooperação profissional entre os professores que ensinam em ciclos distintos, fundamenta-se no fato de que :
(A) a cooperação entre docentes tem se apresentado como importante fórmula de todos desenvolverem competências para o ensino em qualquer dos ciclos da educação básica. • (B) o professor pode atuar em ciclo diferente do que atuava no ano anterior e a cooperação instalada no ambiente escolar o ajuda a encarar o novo desafio, com apoio dos colegas. • (C) a escola não pode voltar-se exclusivamente ao desenvolvimento cognitivo, pois detém o papel de formação do aluno, que se faz pela vivência de valores, no caso, a cooperação. • (D) os docentes devem ter visão longitudinal do ensino em ciclos, inscrevendo cada aprendizagem em uma continuidade de longo prazo e voltada aos mesmos objetivos. • (E) a cooperação garante um clima organizacional mais positivo entre os professores e a direção, propiciando melhores condições para que ocorra a aprendizagem dos alunos. • (questão 5 do PS)
4 -Segundo Phillipe Perrenoud a avaliação da aprendizagem, no novo paradigma é um processo mediador na construção do currículo e se encontra intimamente relacionada à gestão da aprendizagem dos alunos. Esta afirmação sugere que: A) no processo de aprendizagem e ensino deve ser priorizada a avaliação final da série b)nas escolas organizadas em ciclos a avaliação deverá ser valorizada ao final do ciclo c) uma avaliação formativa deverá priorizar o domínio dos saberes d)a avaliação deve constituir-se em um processo dinâmico e contínuo de caráter diagnóstico e formativo e) a avaliação tem contribuído para a padronização e homogeneização das turmas, favorecendo o processo de aprendizagem
ROSANGÊLA QUEQUETTO MESTRE EM EDUCAÇÃO PELA PUC-SP E SUPERVISORA DE ENSINO DA D.E. DE SOROCABA