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Professor Edley. www.professoredley.com.br. A Sociedade do Açúcar. H á quinhentos anos, o açúcar era um produto raro e de luxo. Tinha um valor tão alto que podia até ser comparado ao ouro. Chegava a ser deixado como herança e até era oferecido como dote de casamento.
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Professor Edley www.professoredley.com.br
A Sociedade do Açúcar Há quinhentos anos, o açúcar era um produto raro e de luxo. Tinha um valor tão alto que podia até ser comparado ao ouro. Chegava a ser deixado como herança e até era oferecido como dote de casamento. Dado esse alto valor comercial, nos séculos XV e XVI, o açúcar foi escolhido para ser o principal produto plantado no Brasil e o grande responsável pela colonização do território. Por essa razão denomina-se a sociedade brasileira que se formou naquela época de sociedade do açúcar.
O Açúcar Durante o processo de conquista do território, os portugueses perceberam que o Brasil tinha uma vasta extensão e solo apropriado para a agricultura. Isso interessou aos colonos portugueses, já que muitos deles tinham experiência em plantio de cana-de-açúcar no litoral africano. No Brasil, o açúcar foi produzido em engenhos construídos em terras cedidas aos colonos. A cana-de-açúcar era cultivada em fazendas monocultoras utilizando a mão de obra escrava. Representação de um engenho na antiga capitania de Pernambuco.
O Açúcar Nordeste: Zona da Mata no século XVI O primeiro engenho foi instalado na capitania de São Vicente em 1532 e de lá se expandiu para o Brasil. Devido ao solo e clima propícios, o nordeste passou a concentrar a maior parte da produção, especialmente na região da Bahia, Pernambuco e Paraíba. A Zona da Mata era onde estava localizada a grande lavoura e a transformação do açúcar, devido à facilidade de escoamento para o mar.
O Engenho Engenho é o nome dado à fazenda que cultivava e processava a cana-de-açúcar. A fazenda integrava as áreas de refino, as plantações e as habitações. Casa-grande do engenho Noruega, ilustração de Cícero Dias, 1933.
O Engenho A instalação de um engenho deveria considerar as seguintes situações: • os colonos deveriam arcar com todas as despesas para a construção, compra de maquinários, ferramentas, alimentos, vestuário e mão de obra; • o local escolhido deveria ter rios na propriedade ou próximo a ela, para fazer o escoamento do açúcar e transporte de materiais.
O Centro da Vida Colonial O engenho era o centro da vida colonial e a casa-grande, a residência do senhor de engenho e sua família. A casa-grande geralmente era construída no centro da propriedade e em locais elevados, de onde era possível vigiar todo o trabalho. Próximo à casa-grande ficava a capela, marcando a presença da Igreja católica naquela sociedade. Ao senhor de engenho cabia controlar a vida política da região e administrar a propriedade e a produção. À esposa do senhor de engenho cabia a supervisão dos trabalhos domésticos e a educação dos filhos, preparando-os para a herança que receberiam. Detalhe da ilustraçãoCasa-grande do engenho Noruega.
O Trabalho nos Engenhos Nos engenhos, as senzalas eram grandes galpões, sem camas ou cadeiras, somente com palhas no chão para os escravos dormirem. A alimentação dos escravos era precária, mas alguns deles conseguiam cultivar pequenas hortas nos domingos e dias santos, complementando assim algumas refeições. Os escravos se vestiam com panos de algodão comprados pelos proprietários. A quantidade de escravos em cada propriedade variava de 50 a 150, dependendo da extensão. Parte deles trabalhava na lavoura da cana, que podia ou não ser a mesma propriedade do senhor de engenho. Outros cativos trabalhavam como empregados domésticos no interior da casa-grande, sobretudo as mulheres.
O Trabalho nos Engenhos A maioria dos escravos trabalhava na produção do açúcar. Esse era um trabalho com alta rotatividade de mão de obra, devido à carga excessiva de trabalho, aos castigos e à má alimentação. No final do século XVII, a média de vida de um escravizado chegava a aproximadamente 23 anos. A taxa de mortalidade dos cativos comprados era de 10%. Detalhe da ilustraçãoCasa-grande do engenho Noruega.
A Produção do Açúcar Na moenda, a cana era colocada em uma máquina movida à água ou à tração animal, para ser esmagada. Da máquina era extraído um caldo chamado garapa. A cana-de-açúcar era colhida. A cana-de-açúcar era cortada, amarrada e colocada no carro de boi. Os feixes de cana eram levados para a moenda. A garapa era colocada em grandes tachos e caldeiras de cobre para ser fervida. Durante esse processo, os escravizados deveriam ficar horas seguidas sem parar de mexer o caldo, até que ele engrossasse e fosse produzido o melado.
A Produção do Açúcar Os pedaços endurecidos, chamados de pães de açúcar, eram quebrados em grãos e armazenados em caixotes de 50 arrobas (750 quilos). O melado era colocado em cones de argila para esfriar e condensar, e levado para a casa de purgar. Na casa de purgar, os cones eram colocados em um local alto, para que todo o líquido escorresse e o melado cristalizasse e esbranquiçasse. Os caixotes eram levados para o litoral e, de lá, enviados para a Europa.
Os Holandeses na Colônia Os holandeses ̶ ou flamengos ̶ participaram ativamente da produção de açúcar no Brasil. Eles emprestavam dinheiro para os senhores de engenho e, em troca, dominavam a compra, a venda, o refino, o transporte e a distribuição do açúcar na Europa. Com a unificação de Portugal e Espanha na União Ibérica, todos os inimigos da Espanha passaram a ser inimigos de Portugal; isso incluía os holandeses. Os holandeses, a partir de então, foram proibidos de atracar seus navios nos portos portugueses da colônia e, com isso, não podiam mais negociar com os senhores de engenho do nordeste. Ameaçados de perder seus rendimentos, o governo holandês optou por se apossar das zonas produtoras de açúcar na América, ou seja, invadir o nordeste brasileiro e se apoderar da produção açucareira local.
Os Holandeses na Colônia Em 1624, esquadras flamengas bombardearam e invadiram a cidade de Salvador. A população, entretanto, impediu que os holandeses alcançassem os engenhos. Em 1625, os holandeses foram expulsos da cidade. Porém, não desistiram da empreitada. Em 1630, invadiram a capitania de Pernambuco. Mapa elaborado pelo cartógrafo holandês Hessel Gerritz em comemoração à conquista da capitania de Pernambuco, 1630.
Os Holandeses na Colônia Olinda e Recife foram ocupadas, a resistência expulsa e os holandeses se estabeleceram na região. Como não conseguiram acesso aos engenhos, os holandeses propuseram acordos com os senhores de engenho em que protegeriam suas propriedades e incentivariam a compra de engenhos abandonados. Dessa forma, os holandeses conseguiram expandir seus domínios por diversas regiões do nordeste.
O Governo de Nassau Em 1637, a Companhia das Índias Ocidentais enviou um governador para comandar as áreas dominadas: João Maurício de Nassau. Nassau organizou no nordeste uma área que denominou de Nova Holanda e iniciou um processo administrativo de modernização e recuperação da economia após a guerra. Para isso, ele: • emprestou dinheiro aos senhores de engenho para recuperar a lavoura e comprar novos maquinários; • fiscalizou o fornecimento de mão de obra escrava nos engenhos; • estabeleceu leis, nomeou juízes e funcionários públicos; • garantiu a liberdade religiosa a judeus e católicos; • estabeleceu igualdade de direitos a moradores holandeses e portugueses.
O Governo de Nassau A cidade de Recife foi modificada, com reestruturação de ruas, construção de canais, pontes, palácios, museus, zoológicos e observatório. A paisagem nordestina mudou com a influência holandesa. Pintura do holandês Frans Post, representando uma vista da cidade Maurícia e de Recife, 1653.
A Expulsão dos Holandeses Em 1640, com o fim da União Ibérica, Portugal fez acordos de paz com os holandeses e retornaram às suas relações comerciais. Na ocasião, Portugal chegou a reconhecer o domínio holandês no nordeste. Gravura do século XVII representando as atividades econômicas da capitania de Pernambuco durante a ocupação holandesa.
A Expulsão dos Holandeses Contudo, iniciou-se uma crise na produção do açúcar e, endividados, os senhores de engenho temiam perder suas posses para os holandeses devido às constantes cobranças e aumento de impostos. Os proprietários se uniram e iniciaram um movimento de oposição aos holandeses. Entre 1648 e 1649, ocorreram batalhas entre os senhores locais e os flamengos, até que estes foram expulsos. Portugal recuperou a posse do território. Batalha dos Guararapes, pintura de Victor Meirelles feita no século XIX, representando uma das batalhas entre portugueses e holandeses no Recife.
A Guerra dos Mascates A presença holandesa modificou tanto a paisagem quanto as relações sociais e políticas no nordeste. Recife se tornou um grande centro comercial e passou a ocupar a liderança econômica da capitania, posto anteriormente ocupado pelos senhores de engenho de Olinda. Endividados com os recifenses, os senhores de Olinda passaram a chamar os vizinhos de mascates, por considerar o comércio uma ocupação de menor valor moral e social. Entretanto, quando precisavam de dinheiro, era aos mascates do Recife que os olindenses recorriam.
A Guerra dos Mascates Ciente de sua importância econômica, os recifenses passaram a reivindicar autonomia política, solicitando ao governo português a elevação à categoria de vila. Para Olinda, isso significava perder o controle da capitania e submeter-se oficialmente aos mascates. Em 1709, o rei dom João V elevou Recife a vila e Olinda revoltou-se. Com uma tropa de mil homens, os olindenses invadiram a nova vila, depuseram o governador, exigiram o perdão de suas dívidas e anularam os atos do rei. Os recifenses revidaram, dando início à Guerra dos Mascates, que durou de 1709 a 1711. Após dois anos de lutas, Recife saiu vitoriosa, tornou-se vila e, com o passar de muitos anos, a capital de Pernambuco.
Referência Bibliográfica • Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, • Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.
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