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Professor Edley. www.professoredley.com.br. As Grandes Navegações. Por volta de século XIV, o conhecimento europeu sobre nosso globo era escasso.
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As Grandes Navegações Por volta de século XIV, o conhecimento europeu sobre nosso globo era escasso. Essa situação só começou a mudar quando os portugueses começaram a resgatar a herança náutica deixada pelos povos antigos, desenvolvendo embarcações e instrumentos que possibilitaram sua chegada a lugares antes desconhecidos, como a Ásia, o sul da África e, posteriormente, a América. O processo de expansão marítima europeia liderado pelos portugueses, logo seguidos pelos navegadores da Espanha e outros países, possibilitou o contato com diferentes culturas e a expansão das atividades comerciais do velho continente, promovendo um processo duplo, de intercâmbio cultural e ao mesmo tempo exploração das populações nativas.
A Conquista dos Mares No início do século XIV, os conhecimentos náuticos europeus eram bastante restritos, proporcionando apenas deslocamentos por mar que se limitavam a locais com acesso pelo mar Mediterrâneo, como o norte da África, e os limites entre Europa e Ásia. Além da falta de tecnologias náuticas, o pouco conhecimento a respeito dos mares criava o cenário para a invenção de histórias fantásticas a respeito de monstros e seres tenebrosos que habitavam os oceanos, em especial o Atlântico. Gravuras de Hartmann Schedel (1440-1514), representando alguns monstros nas Crônicas de Nuremberg (1493).
A Conquista dos Mares Essa crença européia começou a mudar a partir das primeiras décadas do século XV, mais especificamente a partir de 1415, quando os portugueses conquistaram Ceuta (importante cidade do norte da África), fato que representou um grande marco na expansão marítimaportuguesa. Após a conquista de Ceuta, os portugueses tomaram conhecimento de um reino africano rico em ouro localizado ao sul do Saara – o reino do Mali –, fato que impulsionou uma série de investidas da coroa de Portugal na expansão marítima. O processo de expansão posto em prática por Portugal pode ser dividido em duas fases:
Portugueses na Costa Atlântica da África • A primeira teve início em 1418,com a conquista da costa africana, e terminou em 1478, quando os portugueses alcançaram o extremo sul do continente.
Chega às Índias • A segunda fase, a Era das Grandes Navegações, começou com a chegada da frota de Vasco da Gama, em 1498, às Índias, na Ásia, depois de percorrer • a costa africana.
Por Mares Nunca Antes Navegados Como uma forma de ressaltar o grande passo dado por Portugal, após a conquista de Ceuta, o governo passou a incentivar a recuperação de informações náuticas de outros povos, como os fenícios, gregos, árabes e egípcios. Essa reunião de especialistas ficou conhecida como Escola de Sagres, responsável pela melhoria dos instrumentos de navegação já existentes e pela elaboração das cartas de navegação. Uma nau (1557), xilogravura de autoria desconhecida do livro de Hans Städen, conhecido também pelo título Duas Viagens ao Brasil.
Por Mares Nunca Antes Navegados Uma das grandes novidades desenvolvidas pela Escola de Sagres foram as caravelas, embarcações mais leves e velozes, apropriadas para a navegação tanto em rios quanto em oceanos, que começaram a ser utilizadas pelos portugueses por volta de 1440. As caravelas não conseguiam carregar muita bagagem nem enfrentar mau tempo. Sendo assim, as naus eram as embarcações mais utilizadas, pois em seus três andares internos eram capazes de carregar grandes quantidades de mercadorias e um número maior de pessoas. O tráfico de escravos foi realizado pelos portugueses de 1444 até o século XIX. Réplica da caravela Vera Cruz navegando no rio Tejo, Lisboa.
A Vida nas Embarcações As expedições marítimas do século XVI tinham um perfil bastante variado: • diferentes tipos de embarcações, que variavam de acordo com a viagem; • quantidade de tripulantes diversas, que podiam chegar até 1200 por expedição; • as expedições eram comandadas pelo capitão-mor e geralmente também havia um mestre, um contramestre, um piloto, além de um escrivão; • embarcava tanto representantes do rei, nobres em busca de aventura ou riqueza, estudiosos relacionados ao mundo náutico, quanto trabalhadores encarregados dos serviços mais pesados; • em cada expedição era obrigatória a presença de membros de instituições religiosas, que tinham o intuito de difundir a fé católica e converter os povos nativos encontrados ao cristianismo;
A Vida nas Embarcações • a massa de viajantes era composta de trabalhadores pobres a analfabetos, que embarcavam, em alguns casos, com problemas de saúde e subnutrição; • outra parte das tripulações era composta de prisioneiros, com a promessa de uma vida livre após um período a bordo das embarcações; • com pessoas responsáveis por diversos serviços, os navios partiam carregando uma superpopulação, o que tornava a vida nas embarcações muito difícil; • os alimentos levados nas viagens – em geral bolachas, vinho tinto, queijo, bacalhau, carnes, frutos secos, etc. – acabavam se deteriorando, tendo em vista os longos períodos de viagem e as precárias condições de higiene das embarcações;
A Vida nas Embarcações • as péssimas condições de higiene, somadas à má alimentação, ocasionalmente causavam inúmeras doenças na população; • além disso, revoltas e motins ocorriam com freqüência nas navegações, sempre punidos com severidade; • outro grande problema eram os constantes naufrágios, tendo em vista a imprecisão das cartas de navegação, o grande volume de mercadorias carregado e as tempestades em alto mar. Gravura de Theodor de Bry, de 1603, representa a fortaleza de São Jorge de Mina na Costa do Ouro, na África, construída em 1482, por ordem de dom João II de Portugal, como um entreposto comercial e base de apoio para os navegadores portugueses.
A Igreja e a Expansão Ultramarina A Igreja católica detinha tanto poder que suas determinações eram acatacas por diversos governos, como Portugal e Espanha. Uma dessas decisões foi a resolução do conflito diplomático pelos territórios da América: o Tratado de Tordesilhas. O documento dividia o mundo em duas partes: • a leste do meridiano, as terras pertenceriam a Portugal; • a oeste do meridiano, as terras pertenceriam à Espanha.
Significado da Expansão Ultramarina A expansão ultramarina comercial é um grande marco da história da humanidade, tendo em vista que possibilitou o contato da Europa com outros continentes, o que levou a um intercâmbio cultural e comercial. Regiões antes desconhecidas ou restritas, passaram a ser visitadas e povoadas pelos europeus, o que abriu espaço para a colonização de diferentes partes do globo. Portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses expandiram seus territórios para diferentes regiões das Américas e África, tendo acesso a extensas riquezas e terras cultiváveis, o que levou a uma nova etapa do desenvolvimento comercial.
Significado da Expansão Ultramarina As Grandes Navegações proporcionaram a formação de vastos impérios coloniais e a criação, na Inglaterra e na Holanda, de um novo tipo de organização comercial: as Companhias de Comércio das Índias Orientais e das Índias Ocidentais, poderosas companhias de comércio que monopolizavam a economia mundial, gerando a acumulação de riqueza e poder para esses estados europeus. Para os povos colonizados, entretanto, as conquistas ultramarinas significaram violência, trabalho escravo e intolerância a sua cultura, religiosidade e costumes. Gravura de Cosson e Smeeton, de 1864, representando a chegada dos primeiros colonos ingleses na América do Norte, atual Estados Unidos, em 1620.
Mercantilismo A Doutrina que Movia os Governos Entre os séculos XV e XVIII vigorou entre os países europeus o que se convencionou chamar de mercantilismo, um esquema comercial que envolvia colonizadores e colônias em relações de exclusividade. Os preceitos do mercantilismo consistiam em: • incentivar o consumo de produtos nacionais por parte das colônias por meio do estabelecimento de impostos sobre os produtos estrangeiros (protecionismo); • o objetivo europeu de acumular metais preciosos em grandes quantidades (metalismo); • e o grande empenho em exportar mais que importar qualquer tipo de produto (balança comercial favorável).
Mercantilismo Outras características do mercantilismo são a proibição das colônias de produzir bens manufaturados e a obrigatoriedade da colônia em vender seus produtos apenas para o estado europeu que a controla, a metrópole. O processo colonizatório foi o responsável por promover a ascensão da burguesia mercantil, que emprestava dinheiro aos monarcas e financiava novas expansões marítimas. A partir do século XVI, o escambo passou a ser substituído pelo uso de dinheiro. Esse processo de crescimento da economia, proporcionado pela expansão marítima, ficou conhecido como Revolução Comercial. Gravura de Theodor de Bry, de 1607, representando comerciantes indianos e portugueses no mercado de Bantam, na Indonésia.
Referência Bibliográfica • Projeto Teláris: História / Gislane Campos de Azevedo, • Reinaldo Seriacopi. – 1ª Edição – São Paulo: Ática, 2012.
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