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Uso de drogas lícitas e ilícitas na gestação e seus efeitos sobre o feto. Antonio Marinho Falcão Neto Dourados, 17 de dezembro de 2011. Declaração de conflito de interesses:. Declaro completa independência e total ausência de conflito de interesses em relação ao que aqui vou expor.
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Uso de drogas lícitas e ilícitas na gestação e seus efeitos sobre o feto Antonio Marinho Falcão NetoDourados, 17 de dezembro de 2011
Declaração de conflito de interesses: • Declaro completa independência e total ausência de conflito de interesses em relação ao que aqui vou expor. • Antonio Marinho Falcão Neto • Dourados, 17 de dezembro de 2011
Drogas na gravidez: o que se sabe? Existem poucos estudos epidemiológicos correlacionando gestação com consumo de drogas; mesmo assim, chama a atenção a pouca modificação no comportamento das gestantes em relação ao uso de drogas, tanto no Brasil quanto em outros países (American Academy of Pediatrics, Committee on Substance Abuse, Drug Exposure Infants, 1994; Instituto di RichercheFarmacologiche Mario Negri, 1991). O abuso de álcool causa danos ao cérebro e a outros órgãos da mulher mais rapidamente do que nos homens, revelou um estudo que será publicado na edição de maio da revista Alcoholism: Clinical and Experimental Research. Alcoholism in women: a study of its peculiarities. Preliminary results Beatriz Aceti Lenz Cesar, J Bras Psiquiatr, 55(3): 208-211, 2006
Fases do desenvolvimento fetal MOORE, 1982
O número de mulheres dependentes do álcool que procuram tratamento cresceu 78% nos últimos três anos no Estado de São Paulo, segundo levantamento em unidades públicas de saúde. • em 20 anos, aumentou muito a proporção de mulheres alcoólatras no país. • Era uma mulher para cada dez homens. Agora é uma para três. • uma das explicações é a mesma que levou ao aumento dos problemas cardiovasculares nesse público: a mudança do estilo de vida da mulher, que a deixa sobrecarregada de trabalho e estressada. • O fenômeno preocupa por dois motivos: a) a mulher é mais vulnerável ao álcool e tem problemas mais cedo; b) a indústria de bebida tem investido em propagandas para elas. • As bebidas ocupam a quarta posição no ranking de internação. Em primeiro vem gravidez/parto, seguido de doenças do aparelho circulatório e das doenças respiratórias.
Diferenças biológicas • o organismo feminino metaboliza o álcool de forma diferente da dos homens e, por isso, elas sofrem mais rápido os efeitos nocivos da bebida. • têm maior proporção de tecido gorduroso e um déficit de enzimas que atuam na metabolização do álcool. Impacto do alcoolismo em mulheres: repercussões clínicas C Novaes, NR Melo, MD Bronstein… - Rev Psiquiatr Clin, 2000 - hcnet.usp.br
Rastreamento de uso de álcool por gestantes Moraes CL & Reichenheim ME, Rev Saúde Pública 2007;41(5):695-703
Álcool: No Brasil, Centro Brasileirode Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid). Por meio de entrevistas domiciliares, constatou-se que a prevalência da dependência de álcool no sexo feminino é de 5,7%, sendo mais alta nas regiões Norte e nordeste (Galduróz et al., 2000; Carlini et al., 2002). Nos Estados Unidos, evidências demonstram que 25% dos 15 milhões de alcoolistas são mulheres (Ebrahim et al., 1998). O consumo de álcool durante a gestação é prejudicial tanto para a mãe quanto para o feto. Como a quantidade considerada “segura” ainda não foi estabelecida, a abstinência nessa situação é considerada a melhor conduta (Council on Scientific Affairs, American Medical Association, 1983), visto que o etanol atravessa facilmente a barreira placentária, podendo determinar efeitos teratogênicos no feto. Drug abuse during pregnancy, Yamaguchi, E.T. et al. / Rev. Psiq. Clín 35, supl 1; 44-47, 2008
Síndrome alcoólica fetal: • Inicialmente descrita em 1968 • caracterizada por retardo do crescimento intra-uterino • déficit mental • alterações músculoesqueléticas • Alterações geniturinárias e cardíacas (Lemoine et al.,1968; Pietrantoni e Knuppel, 1991; Newman, 1992). • As alterações neurológicas determinadas pelo etanol incluem • alterações na mielinização e hipoplasia do nervo óptico • parecem ser mediadas pelo GABA (Pinazo-Duran et • al., 1997; Guerri e Renau-Piqueras, 1997). • EFA E ACRA
COCAINA: • Primeiro anestésico local descrito, a cocaína exerce sua ação por meio do bloqueio da recaptação pré-sináptica de neurotransmissores (dopamina, norepinefrina e serotonina), determinando estimulação adrenérgica prolongada (Fleming et al., 1990). • A utilização crônica provoca depleção desses neurotransmissores pré-sinápticos, • como conseqüência, o usuário crônico necessitará de doses maiores para obter os efeitos antes atingidos (Gold et al., 1985). • A prevalência do uso da cocaína, assim como de seu produto alcalinizado (crack), tem aumentado dramaticamente na população obstétrica durante as últimas décadas. • Estima-se que até 10% das mulheres norteamericanas tenham utilizado cocaína durante a gravidez, tendo ocorrido parto pré-termo ou descolamento prematuro de placenta na maioria dessas pacientes, além de • outras complicações, tanto maternas quanto perinatais (Delaney et al., 1997; Rozenak, et al., 1990).
COCAINA: • A cocaína atravessa rapidamente a barreira placentária sem sofrer metabolização, agindo diretamente na vasculatura fetal, determinando vasoconstrição. • além de malformações urogenitais, cardiovasculares e do sistema nervoso central (Krishna et al., 1993). • como o fluxo sangüíneo uterino não é auto-regulado, a sua diminuição provoca insuficiência útero-placentária,hipoxemia e acidose fetal (Moore et al., 1986). • malformações, abortamento, morte fetal, descolamento prematuro de placenta, prematuridade, crescimento intra-uterino retardado, diminuição do comprimento médio dos recém-nascidos, microcefalia, alterações eletrocardiográficas no RN, aumento do risco para enterocolite necrotizante e síndrome de morte súbita do lactente, além de causar aumento na taxa de internação em unidades de tratamentos intensivos neonatais
MACONHA: Parei de fumar maconha para ficar grávida...
Maconha : • Provavelmente seja a droga ilícita mais freqüentemente • utilizada na gestação, com incidência variando entre 10% e 27% (Bell e Lau, 1995). • Os efeitos alucinógenos são decorrentes do princípio ativo delta-9-tetra-hydrocannabinol (THC), que é altamente lipossolúvel, atravessando facilmente a barreira placentária. • A utilização conjuntada maconha com outras drogas é freqüente, o que torna,muitas vezes, difícil a identificação dos efeitos diretos da maconha sobre o feto (Richardson et al., 1993).
Maconha: • Aparentemente,ela diminui a perfusão útero-placentária e prejudica o crescimento fetal (Zuckerman et al.,1989). • alguns estudos demonstraram que a utilização perinatal da maconha levaria ao retardo da maturação do sistema nervoso fetal (Fried, 1993), além do aumento dos níveis plasmáticos de norepinefrina ao nascimento, o que provocaria distúrbios neurocomportamentais precoces (Mirochick et al., 1997). • No entanto, apesar de sua ampla utilização, as evidências de efeitos deletérios da maconha sobre o feto são poucas.
Cigarro: • o monóxido de carbono e a nicotina, passam facilmente pela placenta. • O monóxido de carbono apresenta uma alta afinidade pela hemoglobina do feto, impedindo que esta se ligue ao oxigênio, favorecendo a hipoxemia fetal. • A nicotina reduza síntese de prostaciclinas, determinando vasoconstrição e o aumento da resistência vascular (Ylikorkalo et al., 1985; Morrow et al., 1988). • a placenta de mães tabagistas apresenta características sugestivas de hipoperfusão, e, como conseqüência, há uma maior incidência de retardo do crescimento intra-uterino, descolamento prematuro de placenta e rotura prematura das • membranas ovulares (Naeye, 1980). • Fumar no puerpério também é prejudicial ao bebê, pois os produtos do tabaco passam pelo leite da mãe, além de ocorrer diminuição de sua produção • No entanto, mesmo sendo o fumo um dos fatores de risco mais plausíveis de suspensão e redução dos efeitos sobre o feto e o recém-nascido (Cnattingius e Nordstrom, 1996), somente 20% das gestantes que fumam interrompem o tabagismo durante a gravidez (Prager et al., 1984).
Tabaco: • No Brasil, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima que um terço dos adultos fumam • aproximadamente 11,2 milhões são mulheres • 90% delas tornaram-se fumantes em idade jovem • a taxa da incidência de fumar é a mais elevada entre as idades de 20 e de 49. • O consumo o mais elevado é registrado entre de níveis sociais mais baixo. (CABAR; CARVALHO; CARVALHO, 2003).
Tabaco: • maior índice de mortalidade fetal e infantil, prematuridade, anemia, malformações e baixo índice de Apgar (FILHO; GROSS; AQUINO, 1992;NAKAMURA; ALEXANDRE; SANTOS, 2004 • No tocante ao peso fetal, provavelmente seja este o dado sobre o qual ocorra maior acordo entre os pesquisadores (FILHO; GROSS; AQUINO, 1992; SCHERER et al, 2000). O fumo de cigarros leva a uma redução média no peso ao nascer de aproximadamente 200 gramas. • A elevada concentração de cádmio, em conseqüência do ato de fumar, pode contribuir para o baixo peso fetal, uma vez que este se liga ao zinco que está relacionado ao aumento de peso fetal (WEINBERGER; WESS, 1996). • Além do peso, que, em média, é menor de 120g a 400g, a estatura também está reduzida de, aproximadamente, 1,2 cm a 1,3 cm em fetos de mães fumantes. Além disso, também estarão reduzidos os perímetros cefálico e torácico e a circunferência escapular (ROCHA; MATTEO, 1996). • Desse modo, quanto maior o número de cigarros fumados pela mãe, menor é o peso do feto e que as complicações são maiores quando o vício não é abandonado, durante a gestação. • A mortalidade perinatal, ocorrida entre a 28ª semana de gestação e o 28° dia de vida, é mais freqüente entre as gestantes tabagistas que entre as abstêmias.
Auto-relato: • Em virtude de forte pressão social, a grande maioria das gestantes tende a omitir o uso de cigarros, álcool e drogas ilícitas, sendo necessário a procura e efetivação de instrumentos de rastreamento do uso de drogas na gestação.
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