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O Parlamento Estudantil na construção de uma “esfera pública escolar” na perspectiva da Educomunicação. Defesa de Monografia para obtenção de título de especialização em Educomunicação. Delcimar Bessa-Ferreira, 2013. Orientadora: Profª Dra. Priscila Helena Belpiede Simões. A pesquisa.
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O Parlamento Estudantil na construção de uma “esfera pública escolar” na perspectiva da Educomunicação Defesa de Monografia para obtenção de título de especialização em Educomunicação Delcimar Bessa-Ferreira, 2013 Orientadora: Profª Dra. Priscila Helena Belpiede Simões
A pesquisa • A pesquisa estudou como o projeto Parlamento Estudantil é desenvolvido e de que forma ele contribui para uma “esfera pública escolar”, sob os conceitos que constituem a Educomunicação. • Pergunta-problema:O projeto Parlamento Estudantil está contribuindo para a criação de uma esfera pública escolar? • Hipóteses: sistema burocrático dificulta a construção de uma “esfera pública” no ambiente escolar; • O projeto tem valores para a formação cidadã. Mas, sem integrá-lo com a rotina escolar, passa a ser mais um trabalho com viés conteúdista. • Objetivos: avaliar a participação dos alunos (envolvimento e aprendizado de noções de cidadania) durante a execução do projeto; Identificar quais as principais características do projeto; Verificar a participação do professor e como ele conduz a proposta aos estudantes; Analisar se contribuiu em outras disciplinas e apontar aperfeiçoamentos
Metodologia aplicada • Estudo de caso: “Os investigadores tipicamente terminam se concentrando nuns poucos problemas que parecem ser de maior importância no grupo estudado” (BECKER, 1999) • Uso de entrevistas: Alunos do ensino médio da E.E. Antônio Olegário dos Santos Cardoso de Mogi das Cruzes-SP; professor coordenador do projeto na escola, Paulo Augusto Prada; presidente da Câmara de Mogi, Rubens Benedito Fernandes e assessora de imprensa da Câmara, Rosângela Cavalcante; ex-vereador Jolindo Rennó Costa. • Dois questionários (perguntas abertas e fechadas): dez alunos do ensino médio (dos 13 aos 16 anos) • Questionário de múltipla escolha: verificou indicadores de participação política • Entrevistas em profundidade: cinco alunos (apenas uma teve o projeto escolhido pela Câmara)
Quadro teórico de referência • HABERMAS (2003): Define esfera pública como: “a esfera das pessoas privadas reunidas em um público”, sendo que também pode ser descrita como “uma rede adequada para a comunicação dos conteúdos e tomadas de opinião; nela os fluxos comunicacionais são filtrados e sintetizados, a ponto de se condensarem em opiniões públicas enfeixadas em temas específicos.” • Características: • Essencialmente política • Paritária (quem nele participa quer garantir participação) • Assegura publicidade (transparência) • Acesso a todos • Propicia autonomia aos membros • A comunicação informal colabora na formação da opinião pública. Outras esferas como a episódica (bares, cafés), de presença organizada (encontro de pais, frequentadores de teatro...) abstrata (produzida pela mídia) (apud GOMES; MAIA, 2008). • Esfera pública escolar – transpor principais características, mudança estrutural na educação, novas formas de organizar o ensino e a aprendizagem (projetos), inserir outros atores (comunidade escolar).
Quadro teórico de referência • FREIRE (1983): trata da dialogicidade, como ação inerente ao ser humano • MARTÍN-BARBERO (2000): discute o surgimento de um ecossistema comunicativo, “um ambiente de informação e de conhecimentos múltiplos, não-centrado em relação ao sistema educativo que ainda nos rege”; traz a cultura para o centro do cenário político e social e utiliza para explicar os processos comunicativos (1997) • PRENSKY (2000): Imigrantes digitais X Nativos digitais • PRADO (2003): Pedagogia de projetos no qual, “o aluno aprende no processo de produzir, de levantar dúvidas, de pesquisar e de criar relações, que incentivem novas buscas, descobertas, compreensões e reconstruções do conhecimento” • RICCI (2006) e RIBEIRO (2012): conceito de “comunidade escolar” (pais, alunos, professores, funcionários, vizinhos e outras lideranças locais) • SOARES (2011): O papel do educomunicador como mediador em uma comunidade escolar
Parlamento Estudantil • O que é: Projeto de vivência democrática mediante participação em uma jornada parlamentar (vereador por um dia) • Quem participa: Alunos da 3ª série do ensino fundamental ao 3º ano do ensino médio de escolas públicas e particulares • Onde acontece: nas escolas e na Câmara de Mogi das Cruzes • Como funciona: Cada escola faz atividades para elaborar projetos de lei. Um projeto de cada escola é selecionado pela direção para concorrer ao direito de apresentar na Câmara; Comissão julgadora do Legislativo escolhe os 48 melhores projetos de lei; Alunos vencedores são “vereadores por um dia” e votam os projetos escolhidos em plenário; • Quando ocorre: geralmente após o retorno do recesso parlamentar (meados de agosto e setembro de cada ano) • Por que é desenvolvido: Para estimular a formação cidadã de crianças e adolescentes e aproximar o Legislativo da sociedade
Pesquisa de campo • Pesquisa qualitativa: Análise e interpretação dos discursos, das opiniões e das diversas representações sociais existentes dentro do universo a ser investigado (corpus) (BAUER e GASKELL apud SOUZA JÚNIOR, 2010) • GRUPO A • Mais um trabalho qualquer- Não tiveram conhecimento do projeto escolhido • Sem vivência do ambiente parlamentar e democrático • GRUPO B • Mesma impressão • Vivenciou o ambiente democrático do Legislativo • Aspectos adicionais: • autoestima • posição diante de um público • participação de pais e amigos • socialização / novas amizades • nova ideia sobre política
Pesquisa de campo • Processo de elaboração: • Individualização dos projetos • Ajuda de terceiros (pais, parentes e o próprio professor) • Uso de notícias como fonte de informação • Nível de envolvimento: • Bom nível • Novidade - O simples fato de levar alunos a defender suas ideias dentro de um organismo do sistema político demonstra o seu caráter diferenciado • Reflexiva - motiva os alunos a pensar nos problemas existentes no seu entorno, na sua comunidade, no bairro e na própria cidade • Transformadora - derruba a visão limitada na qual o meio político está atrelado somente a ideia de corrupção; amplia essa percepção para demonstrar que a política está mais próxima e presente da realidade
Pesquisa de campo Indicadores de participação política*: * Esses dados nada têm a ver com o projeto Parlamento Estudantil, mas apontam para outras formas de participação política dos alunos
Pesquisa de campo Indicadores de participação política*:
Pesquisa de campo Indicadores de participação política*:
Resultados Ao invés do projeto representar algo que fuja da estrutura curricular, conteúdista, ele foi inserido no sistema hierárquico tradicional de transmissão do saber; A Educomunicação se apresenta como um caminho possível para melhorar essa relação; o professor pode incorporar novas formas de ensino (pedagogia de projetos) e estimular o debate entre os alunos; O projeto permite um maior envolvimento e participação dos alunos, de tal modo que sejam protagonistas do processo; A criação de canais de comunicação liderados pelos estudantes pode dar publicidade ao projeto interna e externamente, favorece o ecossistema comunicativo;
Considerações finais Hipótese de que o sistema burocrático impede a constituição de uma “esfera pública escolar” se confirmou; Os valores do Parlamento Estudantil de contribuir para uma formação cidadã as crianças e adolescentes ficaram reduzidos apenas aos alunos selecionados para compor o quadro de vereadores jovens; Projeto de intervenção educomunicativa seria capaz de valorizar a gestão democrática, participativa, solidária e multidisciplinar se apresentando como uma possibilidade concreta de aprimorar o projeto mogiano;
Referências bibliográficas ABRAMOVAY, Miriam e ESTEVES, Luiz Carlos Gil. Juventude, Juventudes: pelos outros e por elas mesmas. Artigo do VI Congresso Português de Sociologia, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa. Lisboa, 2008. Disponível em: < http://www.miriamabramovay.com/site/index.php?option=com_content&view=section&layout=blog&id=6&Itemid=3>. Acesso em: 16 mai. 2013. BECK, Ulrich. O que é globalização? Equívocos do globalismo; respostas à globalização. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999. BECKER, Howard. Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: Hucitec, 1999. FREIRE, Paulo. Extensão ou Comunicação? Tradução Rosisca Darcy de Oliveira. 8 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983 GIDDENS, Anthony. The Consequences of Modernity. Cambridge: Polity Press, 1990. GOMES, Wilson e MAIA, Rousiley C. M. Comunicação e democracia: Problemas & perspectiva. São Paulo: Paulus, 2008. (Coleção Comunicação). HABERMAS, Jürgen. Mudança Estrutural da Esfera Pública: investigações quanto a uma categoria da sociedade burguesa. Tradução Flávio R. Kothe. 2 ed. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003. LEVY, Pierre. Pela ciberdemocracia. In: MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. MARTÍN-BARBERO, Jesús. Desafios Culturais da Comunicação à Educação. In: Revista Comunicação & Educação. Revista do Curso Gestão da Comunicação do Departamento de Comunicações e Artes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo - n. 18, (mai/ago 2000). São Paulo: CCA/ECA/USP: Segmento, 2000. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/comueduc/article/view/36920>. Acesso em: 3 mar. 2013. ____________. Globalização comunicacional e transformação cultural. In: MORAES, Dênis de. (org.). Por uma outra comunicação: mídia, mundialização cultural e poder. 2 ed. Rio de Janeiro: Record, 2004. PRADO, Maria Elisabette Brisola. Pedagogia de Projetos. Série “Pedagogia de Projetos e Integração de Mídias” – Programa Salto para o Futuro. (set. 2003). Brasília: Secretaria de Educação a Distância – SEED. Ministério da Educação. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto>. Acesso em: 18 mai. 2013.
Referências bibliográficas PRENSKY, Marc. Digital Natives, Digital Immigrants. Marc Prensky.com, New York, 2011. In press. Disponível em: <http://www.marcprensky.com/writing/prensky%20-%20digital%20natives,%20digital%20immigrants%20-%20part1.pdf>. Acesso em: 3 mar. 2013. RIBEIRO, Vera Masagão. Entrevistas: Vera Masagão Ribeiro. Comciencia. Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo – Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Campinas, 2012. Disponível em: <http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=74&tipo=entrevista>. Acesso em 30 set. 2012. RICCI, Rudá. Comunidade Escolar. Centro de Referência Virtual do Professor. Seção Biblioteca Virtual – Dicionário da Educação. Governo do Estado de Minas Gerais, 2006. Disponível em: <http://crv.educacao.mg.gov.br/sistema_crv/index.aspx?ID_OBJETO=35627&tipo=ob&cp=003366&cb=&n1=&n2=Biblioteca%20Virtual&n3=Dicion%EF%BF%BDrio%20da%20Educa%EF%BF%BD%EF%BF%BDo&n4=&b=s>. Acesso em: 23 fev. 2013. SANTOS, Milton. Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, 2003. SOARES, Ismar de Oliveira. Educomunicação: o conceito, o profissional, a aplicação: contribuições para a reforma do ensino médio. São Paulo: Paulinas, 2011. (Coleção Educomunicação). ____________. Educomunicação: um campo de mediações. In: CITELLI, Adilson e COSTA, Maria Cristina C. Educomunicação: construindo uma nova área do conhecimento. São Paulo: Paulinas, 2011. (Coleção Educomunicação). SOUZA JÚNIOR, Xisto Serafim de Santana de. O uso do Método Qualitativo na Análise da Influência dos Movmentos Sociais Urbanos na Produção do Espaço. In: Revista Ariús. Revista de Ciências Humanas e Artes da Universidade Federal de Campina Grande. n. 1/2, vol. 16 (jan/dez./2010). Campina Grande: UFCG, 2010.