E N D
Para Sócrates, a única ocupação do filósofo é preparar-se para morrer; Aprender a morrer é: Aceitar a morte com serenidade, revendo os valores e a maneira pela qual vivemos, distinguindo o fútil do prioritário. Carpe diem. Expressão usada pelo poeta latino Horácio (I a.C.). Literalmente quer dizer “colha o dia” , ou seja, aproveite o momento. Assim ele começa o poema: “Colha o dia, confie o mínimo no amanhã” . A morte á a fronteira que não representa apenas o fim da vida, mas o limiar de outra realidade. A angústia da morte leva à crença no sobrenatural, no sagrado, na vida depois da morte A morte como enigma:
Sócrates e Platão Sócrates preparou-se para a morte rejeitando os excessos do comer, do beber e do sexo, sem se deslumbrar com riqueza e honras e buscando sempre a sabedoria. Defesa de Sócrates _ Platão em Diálogos “É chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor rumo, se eu, se vós, é segredo para todos, menos para a divindade.” Os filósofos e a morte:
EPICURO Não temer a morte Para Epicuro (341-270 a. C.), a morte nada significa porque ela não existe para os vivos, e os mortos não estão mais aqui para explicá-la. Mais do que ter a alma imortal, vale a maneira pela qual escolhemos viver. Ética epicurista: Os prazeres do corpo são causa de ansiedade e sofrimento, deve-se apreciá-los com moderação, cultivar prazeres espirituais, amizades e prazeres refinados. Concepção hedonista (do grego hedoné , “prazer”). A civilização contemporânea é hedonista: Ter uma bela casa; Um carro possante; Muitas roupas; Boa comida; Incapacidade de tolerar qualquer desconforto (dores, doenças e a morte). Os filósofos e a morte
Montaigne Aprender a viver “A vida em si não é um bem nem um mal. Torna-se bem ou mal segundo o que dela fazeis” Ensaios , Livro I, Capítulo XX Morrer é apenas o fim de todos nós, mas não o objetivo da vida. É preciso ter em vista o esforço para conhecer-se melhor e aprender a não ter medo da morte.
o “ ser-para-a-morte ” A existência é o ato de se projetar no futuro, ao mesmo tempo transcendendo o passado. A morte provoca angústia por lançar-nos diante do nada, ou seja, do não sentido da existência. Olhar crítico sobre o cotidiano e construção da vida. O ser humano inautêntico, foge da angústia da morte, repete os gestos de “todo o mundo”, recusa-se a refletir sobre a morte como um acontecimento que nos atinge pessoalmente. Heidegger (1889-1976)
O absurdo A morte é a certeza de que um nada nos espera e que por esse motivo retira todo o sentido da vida. A morte é a “ nadificação ” dos nossos projetos. “ A morte jamais é aquilo que dá à vida seu sentido: pelo contrário, é aquilo que, por princípio, suprime da vida toda significação. Se temos de morrer, nossa vida carece de sentido, porque seus problemas não recebem qualquer solução e a própria significação dos problemas permanece indeterminada.” Sartre (1905-1980)
Nas sociedades tradicionais, a morte era aceita de modo mais natural, como parte do cotidiano das pessoas. Entre nós, a viúva usava roupas pretas por um ano inteiro, e o viúvo, uma tarja preta no braço. No mundo contemporâneo, o individualismo mudou o sentido da morte. A morte tornou-se um assunto “obsceno”, principalmente com doentes terminais. Funerárias norte-americanas “tomam conta do morto” e o preparam para o velório. O tabu da morte
Morte não-democrática; Assassinatos (crescimento dos índices de homicídio entre jovens de até 19 anos pobres e negros, por causa do narcotráfico), Suicídios, Desastres, Violência social (má distribuição de renda, altas taxas de mortalidade infantil, alimentação inadequada, falta de saneamento básico, precariedade do sistema de saúde, violência e assassinatos no campo), Guerras ou massacres, Hannah Arendt_ “Banalidade do mal” Aqueles que morrem mais cedo
Casas de repouso ou hospitais cada vez mais especializados; Solidão e impessoalidade do atendimento; Medicina paliativa Não apressa nem retarda a morte; Busca aliviar a dor e dar conforto ao paciente evitando a terapêutica invasiva. Quando é aceita, resulta de um debate entre médicos, parentes e o doente. É legítimo deixar ou fazer morrer?
Provocar a morte deliberadamente, doentes terminais ou crônicos. Motivação: compaixão pelo sofrimento excessivo. Ativa: quando uma ação provoca a morte. Ex.: O espanhol Ramón Sanpedroque após um acidente ao mergulhar ficou tetraplégico durante 29 anos. Lutou judicialmente, não conseguiu autorização, a família era contra, e foi ajudado por uma amiga a consumar a “morte digna” através de uma mistura de água com cianureto em 1998. Passiva: ao serem interrompidos os cuidados médicos, desligando-se os aparelhos. Ex.: A norte-americana Terri Schindler Schiavo em 2005. Tinha 41 anos e há 15 vivia em estado vegetativo, ligada a sondas que a mantinham viva, exames comprovaram a ausência de consciência e uma lesão cerebral irreversível. O marido queria o desligamento dos aparelhos, e os pais dela não. A justiça concedeu a autorização. A eutanásia: eús “bom” thanatos, morte
Esperar um milagre; A vida é sagrada. A morte é um mal e a vida é um bem, por isso não se pode escolher matar. A eutanásia, passiva ou ativa, é sempre um crime. No Brasil e na maioria dos países é crime. Países como Holanda e Bélgica entre outros tem legislação para casos específicos. Risco de ser errada a previsão de irreversibilidade da situação do paciente. Para alguns, cada pessoa deveria ter o direito de decidir sobre sua morte. Prós e contras Argumentos de caráter religioso
Criogenia Nos Estados Unidos começou a ser conhecido na década de 1960, muitas pessoas, sobretudo aquelas que iam morrer de doença incurável pagaram preço alto para se submeter ao processo. Até agora, aproximadamente 177 pessoas e 60 animais já foram congeladas em uma das únicas duas empresas que disponibilizam o processo de criogenia (a Alcor e a CryonicsInstitute ) depois da morte e esperam por vida nova no futuro. Os médicos colocam o corpo num tanque de nitrogênio líquido, guardado a -196 ºC, temperatura em que o cadáver não apodrece. Hoje se pode ser congelado por 82 mil reais, ou você pode congelar seu animal de estimação por 17 mil. A negação da morte
Diversos tipos de “morte” permeiam a vida humana; O nascimento (a 1ª perda, a do cordão umbilical); Perdas e separações; Os heróis, os santos, os artistas e os revolucionários são os que enfrentam o desafio da morte, no sentido literal e simbólico; Nem toda perda é um mal. Ela pode representar transformação, crescimento. As mortes simbólicas
Por que temos ciúme? Porque tememos perder quem amamos. Separação; a morte do outro em minha consciência e a minha morte na consciência do outro. Há os que evitam o aprofundamento das relações: preferem não viver a experiência amorosa para não ter de viver com a morte . Amor e perda
Exploração dos recursos naturais em nome do progresso acelerado; Erosão do solo; Poluição das águas e do ar; Chuvas ácidas; Acúmulo de materiais não biodegradáveis ; Lixo atômico e eletrônico; Espécies de fauna e flora em extinção. Prejuízos para seres humanos: Doenças; Furacões; Inundações; Prejuízos para animais: Maus-tratos e matança de animais por prazer ou luxo; Comércio de casacos de pele; Caça esportiva; Rodeios e touradas; Abate para servir de alimento. O sofrimento da natureza
Reavaliar comportamento e escolhas, acúmulo de bens, a fama e o poder; Orientar em casos extremos como eutanásia e aborto; Refletir sobre nossas condições de trabalho; Ajudar a questionar os falsos objetivos do progresso a qualquer custo, e nos perguntar sobre o legado para as gerações futuras. Pensar na morte refletir sobre a vida