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O Programa Crediamigo do Banco do Nordeste do Brasil: Impactos na renda e mediações de gênero Dayany Silva Barros da Costa – UFPB Alicia Ferreira Gonçalves – UFPB. Definição do Objeto
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O Programa Crediamigo do Banco do Nordeste do Brasil:Impactos na renda e mediações de gênero Dayany Silva Barros da Costa – UFPB Alicia Ferreira Gonçalves – UFPB Definição do Objeto O Crediamigo é o Programa de Microcrédito Produtivo Orientado do Banco do Nordeste do Brasil, criado em 1997, oferecendo incentivos através da concessão de crédito, estratégias de integração, orientação gerencial a milhares de empreendedores, que se situam em setores informais da economia. Operacionalmente trabalha com o atendimento, por pessoas treinadas, aos empreendedores, com o objetivo de efetuar o levantamento socioeconômico para definição das necessidades de crédito e a prestação de serviços de orientação sobre o planejamento e operacionalização do negócio. Objetivos do Trabalho O presente trabalho é fruto do Projeto de Pesquisa PIBIC iniciado em julho de 2012 no âmbito do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba. A temática abordada remete às interfaces entre programas de microcrédito, especialmente, o Programa Crediamigo executado pelo Banco do Nordeste do Brasil, a geração de renda e os efeitos nas relações de gênero, a partir da perspectiva etnográfica. O foco do projeto é o combate à pobreza no Brasil por meio de do Programa de Microcrédito Produtivo Orientado que financiam atividades produtivas na área de atuação do Banco. Estudos indicam que percentual significativo de participantes são mulheres (66%) casadas e com filhos, dentre elas, uma grande proporção sustenta sozinhas as suas famílias. A problemática central do estudo remete ao empoderamento das mulheres via microcrédito. Metodologia Trata-se de uma pesquisa de corte etnográfico que analisa os efeitos do Programa na renda e as mediações de gênero. Neste sentido foi realizada pesquisa de campo e entrevistas qualitativas com os clientes e as clientes do referido Programa, com a finalidade de apreender a perspectiva dos tomadores/as de empréstimo. Revisão bibliográfica e fichamentos dos textos relativos as temática em foco (pobreza, microfinanças e gênero); negociação da pesquisa com os agentes institucionais; agendamento das entrevistas com os sujeitos da pesquisa: as “clientes” e os clientes (nomeação institucional); entrevista qualitativa com os tomadores de empréstimo na cidade de João Pessoa; histórias de vida das clientes – abordagem biográfica; questionário fechado para delinear o perfil das tomadoras de empréstimo e do grupo solidário; registros visuais e reuniões quinzenais com a orientadora para acompanhamento da pesquisa.
Resultados Podemos considerar que crédito oferecido pelo Programa gerou impacto nas rendas dos clientes, o que favoreceu uma ampliação de limites de crédito disponível como também uma ampliação e em alguns casos mudanças de suas atividades e geração de renda, 10% a 90% segundo os relatos dos entrevistados. Com relação às condições de vida do/as clientes não se evidenciaram maiores alterações, com exceção de uma entrevistada que apresentou considerável alteração em sua renda, mas a mesma atribui essa alteração não ao Programa, mas sim ao momento em que se tornou empreendedora. Caso também evidenciado por Alcides Gussi (2011) em sua pesquisa realizada na periferia da cidade de Fortaleza, onde também constatou que o aumento na renda não levou a mudanças expressivas em aspectos como “escolaridade, capacitação profissional, moradia, saúde e lazer”.Como considerações finais, podemos afirmar, a partir da pesquisa realizada na cidade de João Pessoa, que o Programa, possui entraves com relação aos objetivos a que se propõem tanto com relação a sua missão (promoção do desenvolvimento sustentável da região e geração de emprego e renda), como principalmente em relação à pergunta levantada anteriormente. Não se pode negar que o Crediamigo auxilia na agregação de renda a vida dos clientes, mas também se pode evidenciar que ele não conferiu autonomia às mulheres (pois isso elas adquiriram quando se tornaram empreendedoras, antes de entrar no programa), isso quer dizer que como disse Alcides Gussi ele apresenta limitações. Possivelmente se mantiver as atuais regras de concessão do crédito não conseguirá engendrar uma “Revolução Feminina” como descrita por Marcelo Neri. ReferênciasAMARAL, Carlos. Microfinanças e Produção Sustentável nos Ambientes Costeiro e Marinho no Brasil: Possibilidades e Desafios. AGÊNCIA COSTEIRA, 2005.CARDOSO, Gil Célio de Castro. O Estado desenvolvimentista e o Nordeste: o BNB na busca de um novo modelo de desenvolvimento regional. Tese de Doutorado em Ciências Sociais. Natal/RN: PPGCS/UFRN, 2006.GARCIA, Celia. O Desenho do Programa Crediamigo do Banco do Nordeste. Fortaleza: BNB, 2010.GONÇALVES, Alicia Ferreira. Microfinanças, pobreza & relações de gênero no Estado da Paraíba. Paraíba: UFPB , 2012.GUSSI, Alcides Fernando; SILVA, Rita Josina Feitosa da. Microcrédito e desenvolvimento: avaliação dos impactos do Programa Crediamigo em população de baixa renda de Fortaleza. CAOS – Revista Eletrônica de Ciências Sociais, Número 16, março de 2011, Pág. 249 – 271. Disponível: http://www.cchla.ufpb.br/caos/n17/18.%20GUSSI,%20A%20FEITOSA,%20R%20MAPP%20249-271.pdf. Acesso: 16 de ago de 2012.NERI, Marcelo Caetano (Org.). Microcrédito: o mistério nordestino e o grameen brasileiro – perfil e performance dos clientes do crediamigo. Rio de Janeiro: FGV, 2008.SPOONER, Lysander. Poverty: its ilegal causes, and legal cure. 1846.Delegacia da Mulher de João Pessoa recebe 15 novos casos por dia. G1 PB: 2012. Disponível: http://g1.globo.com/pb/paraiba/noticia/2012/11/delegacia-da-mulher-de-joao-pessoa-recebe-15-novos-casos-por-dia.html. Acesso em: 17 de maio de 2013.