330 likes | 575 Views
Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo Wittgenstein . Clichê. Banalidade o u m aneira de assegurar A legibilidade?. “ fechar com chave de ouro”. “o diabo foge da cruz”. “dar a volta por cima”. “em alto e bom tom”. “deixou a desejar”.
E N D
Os limites da minha linguagem são os limites do meu mundo Wittgenstein
Clichê Banalidade ou maneira de assegurar A legibilidade?
“fechar com chave de ouro” “o diabo foge da cruz” “dar a volta por cima” “em alto e bom tom” “deixou a desejar”
◊ Exerce fascínio na linguagem ◊ Inibe a reflexão ◊ Multiplica a passividade entre interlocutor e receptor ◊ Faca de dois gumes
- Eu aconselhei ele, e tudo. Mas ele não me ouviu. Disse pra mim que ia estudar e tudo, e por isso não poderia fazer o que eu pedi e tudo. - Eu cheguei no local aí quando a moça me viu me chamou, aí eu olhei pra ela, aí eu respondi, mas ela não me entendeu bem, aí eu pedi desculpas e repeti, aí foi quando ela me explicou tudo.
Problemas ◊ Permeia todos os níveis da linguagem ◊ Funciona como uma muleta do discurso ◊ Empobrece a linguagem
Senhores funcionários Temos o prazer de informar a todos os trabalhadores desta empresa que, em virtude das sucessivas defasagens salariais causadas por oscilações inflacionárias e por mudanças constantes nos rumos da economia nacional, a presidência oferece um substancial aumento salarial de 8% nos quadros de todo o funcionalismo que entrará em vigor a partir do próximo mês.
Tipos de clichê ◊ Locuções ◊ Combinações invariáveis de palavras ◊ Clichês literários ◊ Repetição abusiva de fórmulas consagradas
João estava sentado em uma lanchonete fazendo suas contas do mês, quando percebeu que seu dinheiro não ia ser suficiente para pagar o plano de saúde. Estava lembrando de sua esposa grávida quando passou um amigo e disse: - Fala, João! Tudo bem? – Ele respondeu: - Tudo ótimo! E com você? - Maravilha cara!
Chavões ◊ Clichês ◊ Símbolos ◊ Signos
O signo atua em dois lados: na cabeça do receptor e no produto de comunicação que o receptor vê, pois o produto é realizado por pessoas que também elaboram os pensamentos como signos. A produção sígnica só tem efeito se realiza essa dualidade de forma plena (FILHO, Ciro Marcondes, Televisão: A Vida Pelo Vídeo.13. ed. São Paulo: Moderna, 1996., p. 45)
No clichê, a emoção que havia sido congelada pelo signo é novamente aquecida. Cativa-se o receptor, embalando-o em sonhos, transportando-o para outros mundos de felicidade ou desgraça, bem longe da vida real. Quando a volta à vida real ameaça acontecer surgem soluções radicais e decisivas: felicidade muito forte e esquemática, destruição formal, esperanças irreais. São fantasias que mantêm os telespectadores no mundo das normas, dos valores e das duras realidades. Antes que o sonho invada a vida do receptor, tirando-lhe a paz, a estrutura da fantasia-clichê o abate e o neutraliza. (FILHO, Ciro Marcondes, op. cit. p. 49)
“Isso é clichê: símbolos tradicionais de amor, de família feliz, de prosperidade. As pessoas que assistem a essas cenas identificam-se imediatamente com elas” (FILHO, Ciro Marcondes, op. Cit. p. 48).
Show de Truman montou-se de clichês, signos, estereótipos e linguagens persuasivas que envolveram o público do mundo inteiro, comovidos e presos à televisão todos os dias, sofrendo e tendo alegrias junto com o primeiro personagem adotado pela mídia.
O espectador não deve agir pela sua própria cabeça: o produto prescreve todas as reações: não pelo seu contexto objetivo – que desaparece mal se volta para a faculdade de pensar – mas através de sinais. Qualquer conexão lógica que exija perspicácia intelectual é escrupulosamente evitada. (HORKHEIMER – ADORNO apud WOLF, Mauro. Teorias da Comunicação. 7. ed. Lisboa: Editorial Presença, 2002, p. 88)
O desconforto em relação ao uso de clichês está na denotação de falta de originalidade, exigindo um esforço mínimo de produção e de interpretação.
O clichê afasta o indivíduo da interação social por conta do uso da palavra-chave
Por outro lado, os clichês presentes em um texto literário - ou mesmo em um filme ou uma conversa - apenas são entendidos como tal se os interlocutores tiverem referências em comum.
O que dizem os estudiosos Na introdução do The Penguin Dictionary of Clichés, Julia Cresswell define os clichês como "as expressões que pensam por nós", alertando o leitor para o perigo de se viciar em clichês por eles funcionarem como uma espécie de "estenografia verbal".
o chavão é a representação do que poderia ter sido simbolizado de maneira mais rica - um verdadeiro simulacro, expressões válidas apenas por seu uso prático. A linguagem, dessa forma, deixa de ser portadora de conscientização e se torna um objeto social.
T.S. Eliot na introdução de um livro de poemas de Samuel Johnson: "ser original com o mínimo de alterações é por vezes mais notável do que ser original com o máximo de alterações".
Os clichês representam o afastamento do real pela escassez de simbolização de palavras.
A Retórica de Aristóteles destaca a atuação dos lugares-comuns na persuasão do receptor: o locus communis. a é uma técnica a ser empregada por quem fala ou escreve para convencer.
O lugar-comum começou por ser aplicado na retórica por Quintiliano, escritor latino que ficou conhecido como professor de retórica, no sentido de fontes de argumentos ao serviço da arte da palavra.
Na Idade Média, o lugar-comum recebia o nome de exemplum, referindo-se à prática de oratória de citações à exaustão de aforismos e clássicos já consagrados.
No ensaio Politics and the English Language, de 1946, o escritor George Orwell classifica como principal culpado da decadência da língua inglesa os péssimos hábitos fomentados pelos discursos científico, político e sociológico, nos quais predominam, entre outros elementos, os lugares-comuns.
a revolução informática da sociedade pós-industrial está se apropriando desses chavões, ou melhor, da técnica de relacionamento social por meio de palavras fixas e de passe, como seu instrumento essencialmente técnico. Claudio Tognolli . Sociedade dos clichês.
Em defesa do clichê A concepção de que "clichê bom é clichê morto" não é compartilhada, no entanto, por todos os estudiosos modernos. Christopher Ricks, conhecido crítico literário e professor universitário britânico.
Os clichês convidam-nos a não pensar - mas podemos sempre declinar o convite, e o que mais pode convidar um indivíduo pensante a pensar do que este convite?
Os clichês estão em todos os lugares na linguagem do dia-a-dia, e você simplesmente não vai conseguir se isolar deles.
O clichê apresenta o paradoxo de ser um agente de expressividade devido justamente às características que a crítica considera como defeito. Michael Riffaterre. Função do Clichê na Prosa Literária.
Não se deve confundir banalidade com desgaste. Se fosse desgastado, o clichê perderia tanto a sua clientela como os seus inimigos, o que não é o caso. Ele não passa despercebido, pelo contrário, chama sempre a atenção sobre si. Michael Riffaterre. Op. cit.