210 likes | 1.34k Views
O santo e a Porca Ariano Suassuna. Introdução.
E N D
Introdução Em 1957, Ariano Suassuna escreveu uma peça teatral chamada “O santo e a porca” (imitação nordestina da obra Aululária, do escritor romano Plauto), do gênero comédia abordando o tema da avareza. Composta por três atos: o primeiro apresenta o problema e os personagens, o segundo começa a seqüência dos acontecimentos e o terceiro com a grande decepção. Traz consigo todas as características do Movimento Armorial (movimento valorizador do Nordeste) criado pelo autor. Suassuna relaciona o protagonista, um velho devoto de Santo Antônio que esconde há anos em sua casa uma porca cheia de dinheiro, com o mundo material e espiritual.
Nasceu na Paraíba em 1927. Professor da Universidade Federal de Pernambuco e responsável por um dos mais importantes agrupamentos musicais do Brasil – Armorial Jornalista, escritor, crítico teatral e defensor incansável da cultura popular. Romance O Romance d'A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta, (1971); O Rei Degolado, (1976); A História de Amor de Fernando e Isaura (1956). Teatro Uma mulher vestida de Sol, (1947); Cantam as harpas de Sião ou O desertor de Princesa, (1948); Os homens de barro, (1949); Auto de João da Cruz, (1950); Torturas de um coração, (1951); O arco desolado, (1952); O castigo da soberba, (1953); Auto da Compadecida, (1955); O casamento suspeitoso, (1957); O Santo e a Porca, (1957); O homem da vaca e o poder da fortuna, (1958); A pena e a lei, (1959); Farsa da boa preguiça, (1960); A caseira e a Catarina, (1962); As conchambranças de Quaderna, (1987). Biografia
Movimento Armorial O Movimento Armorial surgiu sob a inspiração e direção de Ariano Suassuna, com a colaboração de um grupo de artistas e escritores da região Nordeste do Brasil e o apoio do Departamento de Extensão Cultural da Pró-Reitoria para Assuntos Comunitários da Universidade Federal de Pernambuco. Foi lançado oficialmente, no Recife, no dia 18 de outubro de 1970, com a realização de um concerto e uma exposição de artes plásticas realizados no Pátio de São Pedro, no centro da cidade. Seu objetivo foi o de valorizar a cultura popular do Nordeste brasileiro, pretendendo realizar uma arte brasileira erudita a partir das raízes populares da cultura do País. O Movimento tem interesse pela pintura, música, literatura, cerâmica, dança, escultura, tapeçaria, arquitetura, teatro, gravura e cinema.
Personagens • EURICÃO: É o protagonista da peça, pai de Margarida e irmão de Benona. É viúvo e desde que a mulher morreu ficou amargurado e tornou-se um grande avarento. • MARGARIDA: Filha de Euricão e noiva de Dodó. Personagem que desencadeia dois pólos de interesse: material (Euricão) e sentimental (Eudoro e Dodó). • BENONA: Irmã de Euricão e ex-noiva de Eudoro. Representa os pudores e os recatos, personagem eterna apaixonada por Eudoro. • EUDORO: Pai de Dodó, ex-noivo de Benona e pretendente de Margarida. Velho rico e fazendeiro, que representa a burguesia e quer casar-se para evitar a solidão.
DODÓ: Filho de Eudoro e noivo de Margarida. Personagem submisso ao pai e apaixonado que faz qualquer coisa pra ficar com sua amada (Margarida). • CAROBA: Empregada de Euricão e noiva de Pinhão. Usa de sua esperteza na rede de intrigas na peça. • PINHÃO: Empregado de Eudoro e noivo de Caroba. Personagem que com seus ditados é a voz do povo dentro da peça. • PORCA: Objeto de cobiça representando a avareza de Euricão em oposição ao religioso. • SANTO ANTÔNIO: Santo casamenteiro, popular e protetor. È o santo de devoção de Euricão representando o sagrado e a fé.
Resumo A peça começa quando Eurico recebe uma carta de Eudoro que diz: “... pretendo privá-lo de seu mais precioso tesouro!...”. Eurico fica apreensivo achando que Eudoro irá pedir dinheiro emprestado. Caroba é a única que entende o que Eudoro quis dizer na carta, que o tesouro à que ele se refere é a Margarida, filha de Euricão com quem ele quer se casar. Caroba planeja um plano para casar Margarida com Dodó, pois eles se amam, e Dodó prometeu dar um terreno a ela se fizesse com que eles se casassem. Também planeja casar Benona com Eudoro que já haviam sido noivos na mocidade. E ela se casar com Pinhão, começa a colocar em pratica seus planos convencendo Benona de que Eudoro irá pedi-la em casamento e se dispõe a ajudá-la, negocia uma comissão com Eurico para ajudá-lo a tirar 20 contos de Eudoro, antes que o mesmo peça dinheiro à ele. Caroba faz com que Eudoro pense que pediu a mão de Margarida em casamento enquanto Eurico pensa que ele está pedindo a mão de sua irmã, Benona.
Eurico fica descrente de Santo Antônio alegando que ele não está protegendo seu dinheiro e resolve enterrar a porca no cemitério, depois de jantar com Eudoro. Na noite do jantar, Caroba se disfarça de Margarida e vai receber Eudoro, depois ela tranca Margarida no quarto, manda Benona permanecer também no seu quarto e vai disfarçada de Margarida receber Eudoro. Caroba tranca Dodó no quarto com Margarida, que veste a roupa de Benona e esta veste a de Margarida; assim ela conversa com Eudoro disfarçada de Benona. Ele não desconfia de nada, e acaba se interessando novamente por Benona. Caroba o leva ao quarto da Benona e tranca Eudoro com sua ex-noiva. Depois do Jantar, Eurico vai para seu quarto e na madrugada se levanta para levar a porca ao cemitério, porém Pinhão havia pegado a porca e levado para o quarto onde estava Caroba. Nisso, Dodó e Margarida saem do quarto e pensam terem sido surpreendidos por Eurico que diz estar perdido, porém estava se referindo a porca e não ao fato de Margarida estar no quarto com Dodó. Dodó tenta se explicar, o que faz Eurico achar então que ele roubou a sua porca. Ao ouvirem a discussão, Pinhão e Caroba saem do quarto, depois Eudoro e Benona. Graças à aos planos de Caroba os casais se entendem e Eudoro perdoa o filho Dodó. Margarida então desconfia de Pinhão e afirma que ele é o responsável pelo desaparecimento da porca. Euricão briga com ele e faz com que ele confesse o crime, mas Pinhão exige 20 contos para dizer onde a escondeu, seria os 20 contos que o velho devoto conseguiu de Eudoro, que aceita e tem a sua porca de volta. Eudoro ao ver todo aquele dinheiro dentro da porca afirma que não vale mais, pois era muito velho. Eurico entra em desespero e manda todos embora, ficando sozinho com a porca e o Santo perguntando a ele que sentido tinha tudo aquilo.
Análise da Obra Aululária Enredo A Aululária (= panela) é considerada uma comédia de intriga e de caráter. Como comédia de intriga, apresenta duas ações: uma voltada para as peripécias e confusões de Euclião, surgidas depois de ele haver encontrado, na lareira de sua casa, uma panela cheia de ouro; outra, centrada na história de amor de sua filha Fedra, grávida de Licônides, e que será pedida em casamento por Megadoro, sem que este e seu futuro sogro saibam da gravidez da moça. O roubo da panela e a confissão de Licônides, vão se combinar, no fim da história, para solucionar o problema de Euclião, de sua filha e do rapaz que, com a ajuda da mãe, levará o tio a desistir do casamento. Nesse momento, já ciente do drama dos dois jovens e da desistência de Megadoro, Euclião concede Fedra em casamento a Licônides e dá ao casal a panela recuperada. Análise: Tanto a peça Aululária quanto a do O santo e a porca retratam o tema principal a avareza, um em torno da panela e o outro da porca de madeira, ambos com uma porcentagem de dinheiro. Tomamos como símbolos, na Aululária, a lareira, o templo da Fidelidade, o bosque de Silvano e o objeto representativo da avareza, a panela. Em O Santo e a porca, temos como correspondentes o Santo Antônio, a sala, o porão, o cemitério e o objeto da avareza, a porca de madeira. Considerando os costumes das diferentes épocas retratadas pelos autores, tem o destaque místico entre as duas peças, os deuses e o Santo Antônio como divindade protetora. E por fim, Euclião dá de presente a panela com as moedas aos noivos, enquanto Euricão percebe que seu dinheiro não tem mais valor.
Conclusão Ariano Suassuna faz parte do pós-modernismo, o Santo e a porca tem como características: religionalismo, linguagem cotidiana e humor. Cada personagem apresenta uma classe social e faz uma critica a vida difícil no Nordeste que ao mesmo tempo em que valoriza a cultura da região. Cita um dos setes pecados capitais, a avareza. Euricão com seu desejo descontrolado pela porca tem seu triste fim, que se torna pobre e solitário quanto aos outros personagens estão felizes junto ao seu par. Ariano reforça o lado religioso, que menciona o Santo Antônio, além de ser o santo casamenteiro e estar associado aos diversos casamentos que acontecem na obra e está relacionado à procura de objetos perdidos, quando Euricão perde sua porca. A obra é típica da cultura nordestina, apresenta linguagem simples e direta, chama a atenção do leitor, por apresentar uma seqüência de acontecimentos e pelo fato de Euricão não desfrutar de sua riqueza, o que mantém o interesse até o fim do texto.
Questões de Vestibular (UFPR-2004) 1) Leia o texto abaixo. EURICÃO: Você não está entendendo nada! E como ficaria eu? Você casa com Dodó, Benona com Eudoro, Caroba com Pinhão. Não vê que eu fico só? No meio disso tudo, com quem casaria eu? CAROBA: Com a porca. E, se ela não serve mais, com Santo Antônio! EURICÃO: Estão me ouvindo? É a voz da sabedoria, da justiça popular. Tomem seus destinos, eu quero ficar só. Aqui hei de ficar até tomar uma decisão. Mas agora sei novamente que posso morrer, estou novamente colocado diante da morte e de todos os absurdos, nesta terra a que cheguei como estrangeiro e como estrangeiro vou deixar. Mas minha condição não é pior nem melhor do que a de vocês. Se isso aconteceu comigo pode acontecer com todos, e se aconteceu uma vez pode acontecer a qualquer instante. Um golpe do acaso abriu meus olhos, vocês continuam cegos! Agora vão, quero ficar só! (SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. Rio de Janeiro: José Olympio, 2003.) Esse trecho é de O santo e a porca, de Ariano Suassuna, e mostra Euricão quando, já ao final da peça, descobre que todo o dinheiro que guardou em sua porca de madeira não valia mais nada por causa das mudanças de moeda. Sobre o texto, é correto afirmar. ( ) Ao falar em "voz da sabedoria" e em "justiça popular", a personagem reflete uma das referências principais da peça, que une um enredo recorrente na história da literatura ocidental a situações de uma comédia de costumes centrada em valores e figuras da cultura regional. ( ) Os tratos e destratos feitos com Santo Antônio são um bom exemplo da praticidade da religiosidade popular, e as negociações com o santo de devoção criam espaço na peça para muito do seu resultado cômico e crítico. ( ) Coerentemente com o regionalismo brasileiro, a peça valoriza a transformação e modernização dos costumes; daí o papel de Caroba e seu esforço para modificar a vida das outras personagens. ( ) Apesar do tema humorístico, das cenas rápidas, da celeridade dos qüiproquós, há, no fundo temático, um conflito entre os bens materiais e os espirituais, encarnado na figura de Euricão. ( ) Euricão é uma personagem-tipo da literatura: ele tem uma característica principal, a avareza, e é sobre essa característica que toda sua ação na peça se sustenta.
2-(Universidade Católica de Goiás) Leia o texto a seguir e assinale os itens de números: 46 até 48.
3-(Universidade Católica de Goiás) Responda de acordo com o texto a seguir:
Alunas: Amanda Damiani Amanda Karen Natacha Müller 3º º”B” Professora: Vânia