Memória e retenção na aprendizagem Aula 3

1. Memória e retenção na aprendizagemAula 3

2. Duas fontes para o estudo da memória 1. Estudo biológico: as células nervosas sinalizam umas às outras mostrando que a sinalização não é fixa.

3. 2. Estudo Neurológico: os sistemas encefálicos e a cognição revelam que a memória não é unitária, e desta forma, apresenta-se de variadas formas, utilizando lógicas e circuitos diferentes no encéfalo.

4. O que é a memória? Um sistema ativo que recebe, armazena, organiza, modifica e recupera a informação no ser humano. Aprendizagem Memória A maior parte daquilo que sabemos não nasceu conosco mas foi aprendido por meio da experiência e da atividade e isto é mantido em nós a partir da MEMÓRIA. Somos o que somos, em grande parte, pela nossa capacidade de aprender e lembrar o que aprendemos.

5. A estrutura da memória Coll, Palacios, Marchesi (2004): 03 tipos grandes sistemas de processamento de memória. Sensorial Longo prazo Curto prazo

6. Memória Sensorial • É aquela que capta a informação que nos chega pelos sentidos; • Mesmo quando não estamos prestando a atenção os nossos sentidos estão recebendo informações no meio externo (visuais, auditivas, sensitivas) e que vão sendo organizadas (in) conscientemente pelo nosso cérebro e se transformando em memória.

7. A memória sensorial principais: auditiva e visual. • Visual: também chamada de icônica, torna uniformes as imagens à nossa frente, preenchendo lacunas. • Auditiva: Permite a recordação imediata e precisa do som; - Em geral este tipo de memória apenas recolhe a informação e logo transfere para o segundo sistema de memória: curto prazo.

8. Memória de curto prazo (MCP) • Memória de trabalho: serve como depósito temporário para que pequenas quantidades de informação; • Distribui os recursos cognitivos da mente humana para executar as múltiplas tarefas com que se depara; • A informação no MCP: se não for importante, sai logo do depósito ou se perde temporariamente ou para sempre.

9. Este tipo de memória evita que nossas mentes acumulem datas, números, e outras informações desnecessárias; • O tipo de armazenamento desta memória nos permite: fazer cálculos mentais, recordar uma lista de atividades a cumprir e outras atividades cotidianas.

10. Retenção e Memória de Curto Prazo • MCP: suscetível as interferências e retêm pouca quantidade de informação. • Ela organiza unidades pictográfica que podem ser números, letras e seus agrupamentos.

11. Dois tipos de retenção da MCP • Manutenção ou repetição: • Quando apenas se repete mentalmente por alguns segundos ou minutos a informação que se deseja guardar. Esse sistema conserva a informação no MCP. Exemplo: Tabuada, regras gramaticais e outros caracteres constantemente usados.

12. 2. Elaborativo ou repasse. • Este tipo de repasse aumenta o significado da informação, relacionando-a com recordações e conhecimentos já existentes. Ex: Um aluno que lê um texto de forma passiva, sem reflexão, parada ou análise, terá mais dificuldades para lembrar posteriormente daquilo que foi lido.

13. Memória de Longo Prazo (MLP) • É a memória que organiza e mantém disponível a informação durante períodos mais longos, caracterizando-se por não possuir limites nem em sua duração e nem em sua capacidade. • Contém (retêm) toda a informação que somos capazes de armazenar ao longo de toda a vida. • MLP = relativamente permanente ou de longo duração.

14. À medida em que se formam novas recordações, aquelas mais antigas se atualizam, mudam, se perdem ou são revisadas. Isto se chama PROCESSAMENTO CONSTRUTIVO.

15. Como organizamos as informações na MLP? - A organização ou codificação da informação para possibilitar a retenção na memória pode basear-se em regras, imagens, categorias, símbolos, semelhanças que possuem significa pessoal ou formal. Exemplo: Uma música recorda uma pessoa amada que está distante. Um cheiro que recorda uma imagem ou sentimento ou situação da infância.

16. Quanto mais as ideias estão separadas, mas elas requerem uma cadeia elaborada para conectar as informações e resgatá-las. • Memória de reconstrução, reintegração ou criativa: são estratégias de solução de resgate de fatos do MLP que fazem com que as pessoas recordem traços que mais a impressionam, aumentando, distorcendo, simplificando, relacionando, etc. Ex: Um fato do presente que desencadeia recordações desconfortantes do passado (abandono, medo, entre outros)

18. O processo de esquecimento na MLP • Esquecimento como positivo (DAVIDSON, 1983): A retenção de tudo que sabemos, conhecimentos, sentimos ou nomeamos provocaria um colapso na memória e uma paralisia nos processos mentais. (Confusão e excessividade) • Memória seletiva: lembrar do que somos e do que realmente merece (precisa) ser lembrado e aprendido.

19. Fatores intervenientes no esquecimento • Falhas na codificação: O material informativo deixa de ser representado na MLP ou é representado de forma inexata. Ex: O aluno está ouvindo a professora explicar algo, mas sua mente está voltada para o jogo de futebol.

20. 2. Falhas no armazenamento: Com o passado do tempo a lembrança vá se desintegrando-se principalmente pela interferência de novas informações que chegam constantemente ao indivíduo no seu cotidiano. Ex: Nomes dado a brinquedos, troca de número de celulares,

21. 3. Falhas na recuperação: Determinados fatos/conteúdos são difíceis de recuperar. Pode ocorrer por problemas neurológicos, por esquecimento que depende de um sinal ou pista ou por esquecimento motivados por situações traumáticas ou conflituosas. Ex: Amnésia (Parcial, total, temporal ou definitiva)

22. Teste de memória: retenção e esquecimento Engordar Cafeteira Cozinhar Pia Forno Faca Panela Copo Taças Azeite Colher Fósforo Vinho Delícia Fome Sabão Luvas Alimento Almoçar Sobremesa Geladeira Frutas Geléia Mesa

23. Os subsistemas da MLP

24. Memória procedimental ou implícita • Resulta da experiência e é expressa como uma mudança no comportamento e não como uma lembrança. • Capacidade de desempenhar uma ação, independentemente da recordação consciente. Exemplos: Levar comida a boca, ler um texto, dirigir um carro, proteger de situação de perigo, entre outros

25. - A aprendizagem de novas habilidades é um exemplo que denomina memória implícita, isto é, conhecimento que para ser demonstrado não requer referência explícita a um episódio particular. • O produto do sistema de memória de procedimento é um hábito que não requer uma reflexão para ser realizado, sendo assim, ‘naturalizado’ pelo sujeito. Exemplo: Escovar os dentes, subir e descer escadas

26. Memória declarativa ou explícita • A memória para fatos, ideias, situações e informações que podem ser trazidas ao conhecimento consciente; • A memória que as pessoas determinam quando falam a palavra ‘memória’, pois é lembrar de forma consciente algo. Ex: Nome de rua, de um filme, de um aluno.

27. É conhecida como memória explícita por se referir a fragmentos de conhecimentos que fomos adquirindo durante a vida de experiência e aprendizado e que podem ser explicitados. • Ela não é passiva e nem automática: necessita ser ativada (ou por repetição, importância, relacionamento com outros dados, etc) • Quanto mais estamos envolvidos e interessados na informação que recebemos, ela é melhor processada, elaborada e armazenada em nossa MLP. Nossos interesses, preferências e necessidades específicas influenciam na natureza e intensidade de nossa memória

28. Ato de lembrar dependerá de pelos dois fatores básicos – o contexto em que se deu a informação e o humor e estado de mente no momento da lembrança. Ex: O nervosismo (humor) na hora da prova (contexto) pode atrapalhar o ato de lembrar determinado conteúdo. - O esquecimento da memória declarativa ocorre gradativamente e modifica o que foi aprendido.

29. - A memória declarativa depende de fatores individuais que passam pela organização biológica (enfraquecimento das conexões sinápticas) e condicionamento sóciocultural dos indivíduos: por isto existem pessoas que retém memórias precisas ao longo da vida e outras que vão perdendo ao longo do tempo.

30. Subdivisão da memória declarativa: • Memória semântica: O ato de lembrar não requer do sujeito qualquer evento passado em particular. A memória é ativada a partir do reconhecimento de determinados objetos e suas associações entre eles. - É uma espécie de enciclopédia mental que contém os conhecimentos básicos para os indivíduos recordarem de algo

31. Exemplo: Evocar determinado restaurante e sentir vontade ou fome de comer algo específico.

32. 2. Memória episódica: Refere-se a acontecimentos da vida de uma pessoa. Armazena situações especiais que identificam o tempo e o lugar em que um fato/experiência ocorreu. Exemplo: As ‘férias’ recordam uma viagem feita com determinada pessoa em um lugar prazeroso e relaxante.

33. As duas MLP são de natureza declarativa pois as memórias são recuperadas de maneira consciente e os sujeitos percebem estar acessando as informações armazenadas. • Geralmente são mais fáceis de esquecer do que as semânticas, pois perdemos muitas informações ao longo de nossa história de vida.

34. Teste de memória: Qual das palavras não se encontram na primeira lista? SABÃO TOALHA COLHER ALIMENTO GELADEIRA

35. TOALHA NÃO ESTÁ NO QUADRO Engordar Cafeteira Cozinhar Pia Geladeira Faca Panela Copo Taças Azeite Colher Fósforo Vinho Delícia Fome Sabão Luvas Alimento Almoçar Sobremesa Forno Frutas Geléia Mesa Processamento construtivo: A lembrança que você tem das palavras lidas no primeiro quadro pode ter sofrido interferência da leitura que você continuou fazendo ao longo da aula.

36. Memória, educação e aprendizagem • Toda a nossa aprendizagem modifica a nossa memória, ao mesmo tempo em que a memória condiciona o nosso jeito de aprender. • Processos dinâmicos, ativos e articulados com vários elementos psíquicos e de contextos que constituem os seres humanos.

37. O ambiente escolar se utiliza de mediadores culturais para o trabalho da memória: papel, lápis, calculadora, tecnologias de informação, entre outros. • Professor: deve e pode ajudar o aluno a usar a memória de maneira construtiva e efetiva, de modo a ter conhecimentos, valores, ideias, informações significativas para ele e seu meio.

38. Processo de constante atividade e interação: explicação dos significados dos conteúdos trabalhados e a relação com a história de vida dos alunos, evitando a repetição mecânica e descontextualizada. • Importante: organizar as informações e equilibrar suas quantidades para não sobrecarregar a memória dos alunos.

39. Enfim, • A memória é o elo que interconecta nossas vidas em todos os aspectos; • Está relacionada com aspectos cognitivos, afetivos, psicossociais e biológicos do indivíduo; • Seu resultado reflete na subjetividade dos sujeitos; • O lembrar e o esquecer não se dão por acaso.