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CONHEÇO A RESIDÊNCIA DA DOR. Cecília Meireles. Inês Vieira. Automático. Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu. A dor não tem nome, Não se chama, não atende. Ela mesma é solidão:
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CONHEÇO A RESIDÊNCIA DA DOR Cecília Meireles Inês Vieira Automático
Conheço a residência da dor. É um lugar afastado, Sem vizinhos, sem conversa, quase sem lágrimas, Com umas imensas vigílias, diante do céu.
A dor não tem nome, Não se chama, não atende. Ela mesma é solidão: nada mostra, nada pede, não precisa. Vem quando quer.
O rosto da dor está voltado sobre um espelho, Mas não é rosto de corpo, Nem o seu espelho é do mundo.
. Conheço pessoalmente a dor. A sua residência, longe, em caminhos inesperados
Às vezes sento-me à sua porta, na sombra das suas árvores. E ouço dizer: “Quem visse, como vês, a dor, já não sofria”. E olho para ela, imensamente. Conheço há muito tempo a dor. Conheço-a de perto. Pessoalmente. Cecília Meireles 26, agosto, 1954
Música: Ernest_Cortazar Fire_and_Ice Imagens: Internet inesdedes@gmail.com