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REFLETINDO SOBRE A NOÇÃO DE EXCLUSÃO. Mariangela Belfiore Wanderley Prof. Francisco de Assis Lima Filho. Tema presente na mídia, discurso político, planos e programas governamentais – noção de exclusão familiar no cotidiano das sociedades.
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REFLETINDO SOBRE A NOÇÃO DE EXCLUSÃO MariangelaBelfiore Wanderley Prof. Francisco de Assis Lima Filho
Tema presente na mídia, discurso político, planos e programas governamentais – noção de exclusão familiar no cotidiano das sociedades. • Principais idéias e noções sobre exclusão social na literatura francesa de 90 X e complementando as noções da literatura brasileira • Embora difundida – relativamente recente e polêmica. • Mendigos, pedintes, vagabundos, marginais povoaram historicamente os espaços sociais – universos estigmatizados ao longo dos séc.
Contudo é a partir dos anos 90 – uma nova noção – exclusão – permeando assim o debate política e intelectual. • René Lonoir – invenção dessa noção – alargou a reflexão em torno da exclusão – não mais como fenômeno individual, mas social. • Cujo origem – buscada – nos princípios mesmos de funcionamento das sociedades modernas. • Rápido e desordenado processo de urbanização, inadaptação e uniformização do sistema escolar, desenraizamento (mobilidade profissional), desigualdade de renda e acesso aos serviços.
Processo – atinge a todas camadas sociais. • Concepção de exclusão – fluida e inacabada. Alguns – ainda consideração como um novo paradigma em construção ( detrimento luta de classes) • Muitas situações = exclusão. Variadas formas e sentindo advindos = inclusão/exclusão. • Sob esse rotulo – inúmeros processos – aparecem como fraturas e rupturas do vinculo social ( idosos, deficinetes, desadaptados sociais, minorias étnicas ou de cor, desempregados de longa duração, jovens com pouca experiência, etc.)
Por ser permeável a diversão situações, facilmente saturável a noção de E.S. • A dificuldade em sua conceituação muito se deve a vastidão do conceito, ocorrendo certa dificuldade de delimitá-lo. • Recorte ocidental: “excluídos são todos aqueles que são rejeitados de nossos mercados materiais ou simbólicos, de nossos valores”. • Podemos supor então valores e representações do mundo que acabam excluir as pessoas
Excluídos não apenas física, geográfica ou materialmente. Não apenas de mercado ou suas trocas. • Mas de todas as riquezas espirituais, seus valores não são reconhecidos, ou seja, há também uma exclusão cultural. • Do ponto de vista global – esgotamento de duas figuras emblemáticas de evolução no século XX. Socialismo, fim. – o Estado em crise. • Estamos no que se chama de A nova idade das desigualdades – é necessário que se renovem as analises, novas relações entre economia, política e sociedade estão sendo estabelecidas.
Observa-se de modo geral uma espécie de impotência do Estado-Nação no controle das conjunturas nacionais. • Problemas sociais se acumulam – Aproximando categoriais sociais com renda elevada ou relativamente elevada ao lado de categorias sociais excluídas do mercado por vezes da sociedade. • Ao falar em exclusão – precisamos precisar o espaço de referência que provoca a rejeição. • Qualquer estudo sobre exclusão deve ser contextualizado no espaço e tempo ao qual o fenômeno se refere.
Se considerarmos como espaço de análise da exclusão os países ditos de primeiro mundo – algumas questão precisam ser levadas em consideração – Crise do Estado-providência, as transformações em curso no mundo do trabalho (desemprego e precarização das relações de trabalho) • Problemas centrais dessas sociedades. • A partir disso então um novo conceito de precariedade e pobreza, o de nova probreza, • para designar os desempregados de longa duração que vão sendo expulsos do mercado produtivo e os jovens que não conseguem entrar nele.
Camadas da população aptas ao trabalho e adaptadas a sociedade moderna, porém, vitimas da economia e da crise do emprego. • Excluídos na terminologia dos anos 90, não são residuais nem temporários, contingentes populacionais crescentes – não encontram lugar no mercado. • Passagem do termo pobreza para exclusão – o fim da ilusão de que as desigualdades sociais eram temporárias. • Vitória do neoliberalismo – desigualdades aumentam e parecem permanecer.
No Brasil processo semelhante ( globalização) contudo a diferença nas causas de pobreza e de exclusão social. • A matriz escravista brasileira – marca o passado e está presente no cotidiano de diversas formas. • Noções de pobre e pobreza – explicativas das formas de como o cenário publico brasileiro tratou a questão social. • No Brasil a aparição do termo para demonstrar as desigualdades e iniquidades sociais, a noção de exclusão social aparece na segunda metade da década de 80, principalmente na mídia e trabalhos acadêmicos – acompanhando a tendência internacional.
Trabalho atuais reforçam a importância crescente do aprofundamento dessa noção. • A desigualdade social, econômica e política na sociedade brasileira chegou a tal ponto – incompatível com o processo de democratização da sociedade. • Por isso, fala-se em apartação social. No Brasil há uma discriminação econômica, social e política, além de étnica. • Processo que deve ser entendido como exclusão – impossibilidade de partilhar o que leva à vivência da privação, da recusa, do abandono e da expulsão, inclusive com violência, com um conjunto de significativo da população. • A exclusão dessa forma é social e não pessoal.
Trata-se de uma lógica que está presente nas várias forma de relações econômicas, sociais, culturais e políticas da sociedade brasileira. • Privação coletiva= exclusão social. • Inclui: pobreza, discriminação, subalternidade. Não equidade, não acessibilidade e não representação publica. • Pobreza e exclusão não são sinônimos, mas sim estão articuladas. Discussão mais a frente.
Alguns conceitos que compõem esse universo, a partir de autores franceses. Conceitos psicossociológicos. • a) A desqualificação: processo relacionado a fracassos e sucessos de integração. Aparece como contrário da integração social. • Estado convocado a criar políticas indispensáveis à regulamentação do vinculo social, como garantia da coesão social. • b) A desinserção– questiona a própria existência dos pessoas como enquanto indivíduos sociais. Também associada ao contrário da integração.
Não há relação imediata entre desinserção e situações sociais desfavoráveis. Não há relação imediata entre desinserção e pobreza. • Noção que busca demonstrar o papel essencial da dimensão simbólica no fenômenos de exclusão social. • Também analisam – questões sobre emprego e vinculo social, mas ressaltam os fatores de ordem simbólica. • É sistema de valores que define os “fora da norma”como não tendo valor ou utilidade social. • Desinserçãofenômeno indenitário na articulação de elementos objetivos com elementos subjetivos.
c) Desafiliação – Uma ruptura de pertencimento, de vinculo societal. • Desafiliado é aquele cuja trajetória é feita de uma série de rupturas com relação a estados de equilíbrio anteriores, mais ou menos estáveis ou instáveis. • Populações com insuficiência de recursos materiais e também aquelas fragilizadas pela instabilidade do tecido relacional, não somente os paupérrimos mas também os desafiliados, ou seja, com perda do vinculo societal • Não é uma ausência total de vínculos, mas ausência de inscrição do sujeito em estruturas que têm um sentido.
D) Apartação Social – Cristóvão Buarque – um processo pelo qual denomina-se o outro com um ser “à parte” • Ou seja, o fenômeno de separar o outro, não apenas como desigual, mas como um “não semelhante”, um ser expulso não somente dos meios de consumo, dos bens, serviços, etc. mas do gênero humano. • Forma de intolerância social. • Então, toda forma de pobreza leva a formas de ruptura de vínculo social e representa na maioria das vezes um acumulo de déficit e precariedades. • Pobreza não significa exclusão ainda que possa conduzir.
Como vimos, pobreza hoje – multidimensional – atingindo – os clássicos pobres quanto outro segmentos da população – precária inserção do mercado de trabalho. • Não apenas ausência de renda – mas incluem-se aí também precário acesso aos serviços públicos e, especialmente, ausência de poder. • Exclusão passa a incluir privação de poder de ação e representação e, nesse sentido, exclusão social tem que ser pensada também a partir da questão da democracia. • Na perspectiva – na sociedade moderna – o vínculo dominante – integração pelo trabalho. Caso contrário, exclusão social
Castel reflete a partir dos eixos integração/não integração do mundo do trabalho e do mundo das relações sociais. • No mundo do trabalho – na precariedade e instabilidade dos vínculos produzem um contingente populacional desnecessário. • No mundo das relações socais a fragilização dos vínculos ( família, vizinhança, comunidade, instituições) – levam a rupturas que levam ao isolamento social e à solidão. • A exclusão social tende a ser reproduzida através de mecanismos que o reforçam e o expandem.
A naturalização do fenômeno da exclusão e o papel do estigma servem para explicitar – explicam os mecanismo que promovem o ciclo de reprodução da exclusão. • Há muita aceitação pelos níveis sociais até mesmo pelo excluído – “isso é assim e não há nada para fazer”. • Tanto a atmosfera social de conformismo, como a compreensão da condição da exclusão social como fatalidade são reveladoras de processos nos quais os vínculos sociais estão no mínimo fragilizados. • A naturalização contribui a exclusão social – reforça e reproduz.
O estigma marca – denota o processo de qualificação e desqualificação do indivíduo na lógica da exclusão. • E com isso – “ a estigmatização da pobreza funciona através da lógica que faz os direitos serem transformados em ajuda, em favores”. • Do direito em favor, afirmamos a exclusão. • Cultura da tutela e do apadrinhamento – ratificação da exclusão e subalternização dos chamados beneficiários das políticas publicas.
O direitos ainda se apresentam como um favor das elites dominantes aos excluídos e subordinados. • CONCLUSÃO • Mundialização e transformações produtivas – pontos positivos • As distâncias se reduziram, são virtuais, não há barreiras físicas para a informação • O intercambio cultural, o conhecimento, avanços tecnológicos – desvendaram enigmas seculares em variadas áreas humanas e sociais.
A democracia atingiu a quase maioria dos países e é requisito de legitimidade internacional. • Mas os efeitos perversos desse processo que estão na nossa mira, na mira de nossas reflexões. • A E.S. pode ser tomada em nossas sociedades contemporâneas como uma nova manifestação da questão social. • A exclusão hoje é diferente das formas existentes anteriormente de discriminação ou mesmo de segregação.
Uma vez que tende a criar, internacionalmente, indivíduos inteiramente desnecessários ao universo produtivo – para os quais parece não haver mais possibilidades de inserção. • Os novos excluídos são descartáveis – atingido a totalidade da vida social – na gestação do território, nas formas de difusão cultural e nos problemas educacionais. • No Brasil, particularmente, a pobreza e exclusão são faces de uma mesma moeda. • Se por um lado cresce cada vez mais a distância entre os excluídos e os incluídos de outro essa distância nunca foi tão pequena, uma vez que os incluídos estão ameaçados de perder direitos adquiridos.
O Estado-Estar não tem mais condições de assegurar esses direitos. • Acrescido a isso – há a tendência neoliberal de diminuição da ação social do Estado. • A perspectiva de trabalho de combate a exclusão, no Brasil, ainda tem que prover níveis de proteção que garantam o exercício da cidadania. • Possibilitando autonomia da vida dos cidadãos. • Neste sentido romper a relação entre a subordinação, a discriminação e a subalternidade, brutais no Brasil, é um dos muitos desafios colocados.