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APOCALIPSE. VI - Filadélfia. Esta é a sexta comunidade que nos apresenta o Apocalipse, vamos localizá-la no mapa.
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VI - Filadélfia • Esta é a sexta comunidade que nos apresenta o Apocalipse, vamos localizá-la no mapa.
7: Uma citação que parece provir de Isaías. No capítulo 22 existe lá um texto em que o profeta se indigna com um tal de Sobna, que parecia ser um funcionário real e tinha se empenhado na construção de um mausoléu para lhe servir de túmulo.
O profeta Isaías o recrimina em nome de Deus e será afastado do cargo que ocupa porque é indigno e, no seu lugar, será colocado certo Eliaquim e esse receberá uma chave que abre e, se abrir não se fecha e se fechar não se abre.
Na visão introdutória do Apocalipse Jesus apareceu como tendo as chaves do Hades, isto é, as chaves do reino da morte; mas aqui não se trata diretamente do reino da morte, mas se trata como vamos ver no texto, de chaves missionárias.
8: Esta porta aberta é a Igreja aberta à missão dos gentios, a Igreja de Filadélfia é uma Igreja missionária, uma Igreja sem fronteiras; portanto, a porta estará aberta e ninguém poderá fechá-la. Agora vem outra promessa para esta Igreja zelosa e missionária.
9: Uma promessa grandiosa: o serviço missionário desta Igreja angariará até mesmo judeus que antes pertenciam a sinagoga de satanás, ao domínio que não é diretamente de Deus; uma promessa de que pelo menos alguns se converterão. Farei com que venham prostrar-se aos pés da Igreja e não a meus pés, isto é, que reconheçam publicamente que lá esta a sede da verdade e do verdadeiro, que é Jesus Cristo, o Filho de Deus.
10: Aqui não é dito em que sentido será guardada: ou a provação passará simplesmente ao lado da Igreja de Filadélfia, ou não a conhecerá ou conhecerá sim, mas aquele que a sustenta não permitirá que nada seja destruído; as possibilidades são igualmente sensatas.
11-13: Colunas servem para duas coisas: para adornos ou enfeites ou também servem para sustentar edifícios; são elementos de sustentação, fazer de alguém uma coluna deve ser entendido aqui como torná-lo consolidado, torná-lo firme na casa de Deus. Este aqui, o vencedor (a comunidade toda inteira tomada coletivamente), se assim persevera se transformará em coluna, terão firmeza, estabilidade no templo de Deus.
VII - Laodicéia • Esta é a sétima e última comunidade que nos apresenta o Apocalipse, vamos localizá-la no mapa.
14: Também de Laodicéia não tem muito o que dizer fora do Apocalipse. Parece que Paulo escreveu uma carta aos laudicenses, mas esta carta não chegou até nós; ele faz menção a Igreja de Laodicéia. Mas nós não conhecemos o teor da carta.
Esta, juntamente com a quinta, é uma Igreja que não tem nada de positivo; aqui também é uma Igreja totalmente decadente. ‘Amém’ é uma palavra hebraica que foi transliterada para o grego, latim e até para nós; amém significa segurar-se, local de segurança, objeto seguro.
Quem é o amém? O amém por excelência é Deus, é a rocha segura, é a única realidade em que se pode segurar-se sem perigo de escorregar, o resto é todo escorregadio. Jesus Cristo é o verdadeiro ‘Amém’ e pode sustentar alguém.
Além de ser o amém, é a testemunha fiel, digna de fé, acreditada tanto em relação a Deus como com relação à Igreja; é neste sentido que se entende fiel, não quem tem fé.
A princípio da criação de Deus não significa que Jesus Cristo tinha tido um princípio, ou melhor, se pode até dizer que Jesus teve um princípio enquanto ser humano; princípio aqui não está no sentido se ser concebido humanamente, princípio da criação de Deus significa mais ou menos como vem dito na carta aos Colossenses, que tudo por Ele e para Ele foi criado.
15: Os dois vocábulos gregos são mais fortes do que a tradução; por frio se diz gelado e por quente, aquilo que queima, incandescente; a oposição dos dois vocábulos em grego é mais forte. Aqui o uso é metafórico: tua conduta não é nem gelada nem incandescente, ou seja, não conheces nenhum extremo.
Parece que o Amém, a testemunha acreditável ou crível preferiria o frio ou o incandescente, com outras palavras, ou nada ou tudo, pouco não.
16: O morno é o termo do meio, entre o gelado e o incandescente. Vomitar é uma palavra forte e aqui tem o sentido do termo; vomitar significa colocar para fora aquele alimento ou resto de alimento que está guardado no estômago; normalmente quem vomita se sente vítima de um mal estar e vomita exatamente por causa deste mal estar.
Os romanos adquiriram outro costume, os vomitórios da Roma imperial, vomitavam-se voluntariamente para se voltar a comer; portanto, o primeiro vômito é um sinal de mal estar e o segundo é procurado. Qual é o Vômito que aqui se adapta melhor? O primeiro;
paradoxalmente e surpreendentemente o Cristo ressuscitado e glorificado afirma a esta Igreja que ela lhe causa um mal estar estomacal e, por isso, para se libertar dele, Ele irá vomitá-la, porque logo depois de vomitá-la se sentirá melhor.
O Cristo ressuscitado não está se sentindo bem com esta Igreja de Laodicéia e, portanto, está para vomitá-la de sua boca. Esta é a afirmação, atribuída a Jesus Cristo, mais devastadora do Novo Testamento: estou para vomitá-la.
17: Esta comunidade se adaptou bem, soube fazer os seus compromissos, não é molestada por ninguém, pode viver o que parece ser uma espécie de aburguesamento da fé;
uma fé que não é exigente, uma fé que sabe ceder onde é preciso ceder, uma fé que não leva ao heroísmo e muito menos ao martírio; a isso damos o nome moderno de aburguesamento.
18: Agora, depois da acusação vem um conselho medicinal, porque ainda não se trata da condenação final, é uma forte recriminação. Depois de constatado o estado deplorável desta comunidade, depois de uma radiografia, agora o diagnóstico e os remédios.
Aquele mesmo que a recrimina e diz que aquela Igreja lhe causa mal estar estomacal, apresenta-lhes os remédios necessários. Naturalmente os remédios aqui são apresentados numa linha simbólica: o ouro significa as boas obras; as vestes brancas o fervor, a luta e a vitória; o colírio, isto é, a capacidade de enxergar na direção justa e não na direção errada.
Parece que o próprio Cristo percebeu que foi muito além nas suas acusações e, sobretudo na sua ameaça: estou para te vomitar e, portanto, no versículo 19 quase dá um passo atrás.
19: Apesar de tudo, a Igreja de Laodicéia não se deve sentir totalmente abandonada pelo seu Senhor.
20: Para a Igreja que recebeu a maior repreensão, recebeu a maior promessa também: “estou à porta e bato”: o que significa que até o momento as portas de Laodicéia estão fechadas em direção a Cristo.
O verbo em grego aqui não é um verbo rumoroso, mas um toque delicado e, pelo contexto se percebe que o dono da casa não é aquele que está dentro, mas o dono da casa é o próprio Cristo, porque se alguém abrir, o dono entrará, ceará com ele e ele com o dono; o texto não diz “cearei com o dono da casa”,
o texto diz: “eleceará comigo”, portanto, em primeiro lugar vem mencionado o dono, o anfitrião e não o hóspede ou o convidado; isto indica que a casa pertence a Cristo, ao Cristo ressuscitado, a comunidade é d’Ele, porém, força a situação.
É delicado, sabe que a casa é sua, mas não a abre diretamente por iniciativa própria, bate e espera que haja alguém lá dentro e abra esta porta, se isso acontecer, Ele entra para o que é seu, para o que é do seu domínio, Ele entra em sua casa e aquele que estava lá dentro e que não era o dono da casa, terá o prazer, o privilégio, a bem-aventurança de cear com Ele.
21-22: Aqui termina o setenário e, como resumo podemos dizer: 1) É o maior discurso que o ressuscitado realiza em todo o Novo Testamento, sete cartas ditadas pessoalmente a sete comunidades;
2) Ele é o príncipe da intermediação das Igrejas com Deus; se estas Igrejas quiserem uma experiência com Deus, elas passarão por Ele e aceitarão a sua mediação total e única;
; 3) Estas Igrejas são Igrejas bem concretas e individuais, cada uma foi vista na sua concretude: uma possuía no seu seio o trono de satanás; outra teve um dos seus membros martirizado – Antipas; uma terceira cede a tentações paganizantes com nicolaítas e jesabelitas; uma quarta é fervorosa e assim, cada Igreja é colhida no seu aspecto íntimo e no seu aspecto mais vistoso;
4) Estas Igrejas escutam a voz do intermediador; quando? Quando se reúnem em assembléia; em que dia? No dia do Senhor, isto é, no domingo. No domingo, o dia da assembléia, o dia da celebração da ressurreição, é o dia em que o esposo ou o chefe fala a sua comunidade e a esposa ouve a sua voz com a finalidade de se educar e crescer cristãmente.
Percebemos aqui uma harmonia profunda de cristologia, de eclesiologia e até mesmo de escatologia, pois tudo isso deve acontecer enquanto estas Igrejas estão se dirigindo para o ‘Scaton’, isto é, para seu fim; não falta também a pneumatologia, porque o Senhor glorificado fala diretamente a cada Igreja através de seu Espírito: “ouça o que o Espírito tem a dizer às Igrejas”.
Essas Igrejas amparadas, defendidas, censuradas, corrigidas e encorajadas pelo Cristo, agora terão um outro texto para ler, ou melhor, uma continuação; a elas é desvendado o mistério dos últimos tempos, o mistério daquelas coisas que devem acontecer entre a partida de Cristo para o céu (ascensão) e a sua última vinda no dia da parusia.
Elas já estão vivendo a última hora, cada Igreja em cada momento da história vive a sua última hora, porque nós só temos uma vida, para nós esta é a última hora, a última hora está presente em cada momento.
Elas corrigidas e educadas pelo Senhor da história, agora sim são capazes de receber a sua revelação a respeito das coisas que devem acontecer na última hora; isto não para alimentarem a curiosidade, mas para poderem receber na fé e se decidirem com fé e com responsabilidade qual a orientação que querem dar a si mesmas. Isto é mais do que história e transmissão de fatos arcanos.
O resto do Apocalipse é uma teologia da história que vai se iniciar no capítulo IV; como também se inicia a segunda parte do Apocalipse: a primeira parte foi o setenário e a segunda é a revelação.
A segunda parte não é dissociada da primeira, nem a primeira da segunda; são estas sete Igrejas bem concretas que vão receber a mensagem daquilo que está para acontecer em breve a fim de que conheçam já na fé e tenham a possibilidade de fazerem uma decisão acertada.