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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS FACULDADE DE GEOLOGIA. DISCIPLINA: HIDROGEOLOGIA. Prof. Milton Matta. II Sem./ 2011. DISCIPLINA. HIDROGEOLOGIA. CÓDIGO. CG-0123. CARGA HORÁRIA. 60 h. CRÉDITOS. 04. PRÉ-REQUISITO. Bloco 08. I - SÚMULA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS FACULDADE DE GEOLOGIA DISCIPLINA: HIDROGEOLOGIA Prof. Milton Matta II Sem./2011 Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
DISCIPLINA HIDROGEOLOGIA CÓDIGO CG-0123 CARGA HORÁRIA 60 h CRÉDITOS 04 PRÉ-REQUISITO Bloco 08 I - SÚMULA Hidrologia de superfície e subterrânea. Balanço Hídrico do solo. Qualidade físico-química e biológica das Águas. Qualidade hidrodinâmica dos Aqüíferos. Propriedades físicas das rochas. Perfuração de Poços. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
II- OBJETIVOS : Apresentar aos discentes do curso de graduação em Geologia um conjunto de conceitos fundamentais relacionados com a água subterrânea e sua inter-relação com as águas superficiais e pluviais. Desenvolver mecanismos de entendimento dos principais processos associados à gestão da água na sociedade brasileira e do papel da população neste contexto. III- MÉTODO DIDÁTICO:A disciplina tem caráter conceitual e será desenvolvida do seguinte modo: 1) Aulas expositivas com auxílio do Data Show e outros recursos audiovisuais (slides, transparências, videotextos); 2) Aulas práticas descritivas do material relacionado à interação água-rocha e dos equipamentos de perfuração mais utilizados para a captação de água subterrânea; 3) Apresentação de seminários, pelos discentes, sobre temas variados de interesse aos objetivos da disciplina. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
IV- CONTEÚDO - PROGRAMA Cap.01 – Aspectos Introdutórios (06h) ØNós...a água...e a vida ØA abordagem hidrogeológica – multidisciplinaridade ØA Hidrogeologia e o mercado de trabalho ØConceito de hidrogeologia ØEvolução dos estudos hidrogeológicos com o tempo ØImportância histórica das águas subterrâneas ØÁguas subterrâneas – um bem mineral Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap. 02 – A Problemática da Água – Fatos e Mitos (04h) ØRecursos hídricos – Cenário Mundial ØRecursos hídricos no Brasil ØA Situação da região de Belém ØFatos e Mitos • Cap. 03 – As Águas Subterrâneas no Ciclo Hidrológico (04h) • ØO Ciclo hidrológico e o balanço hídrico mundial • ØÁguas superficiais • ØÁguas sub-superficiais • ØÁguas subterrâneas • Balanço hídrico do solo Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap. 04 – Os Aqüíferos (06h) ØDefinição do termo ØTipos de aqüíferos ØRelações entre águas subterrâneas e águas superficiais ØCondições geológicas criando aqüíferos Cap. 05 – Parâmetros Hidrogeológicos Fundamentais (04h) • Condutividade hidráulica • Lei de Darcy • Gradiente hidráulico • Permeabilidade intrínseca • Transmissividade • Porosidade efetiva • Descarga específica • Velocidade de percolação • Cargas hidráulicas • Potenciais hidráulicos • Coeficiente de porosidade total • Porosidade específica • Retenção específica • Grau de saturação • Teor de umidade Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap. 06 – Projetos de Poços de Abastecimento (10h) ØPoços Tubulares: uma obra de engenharia hidrogeológica ØMétodos de perfuração ØProjeto de poços tubulares ØPrática de campo ØPalestra de técnico da área Cap. 07 – Prospecção de Água Subterrânea (04h) ØConsiderações gerais ØÁgua subterrânea em diferentes terrenos ØGeofísica aplicada Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap. 08 – Aspectos de Qualidade e Vulnerabilidade das Águas Subterrâneas (08h) ØDefinições ØA água e suas propriedades ØQualidade das águas subterrâneas ØPrincipais usos das águas subterrâneas ØContaminação e poluição das águas subterrâneas ØPrincipais referências para limites de potabilidade das águas subterrâneas Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap. 09 – Aspectos Institucionais e Legais das Águas Subterrâneas (04h) ØConsiderações gerais ØLegislação Federal ØLegislação Estadual ØLegislação Municipal ØFiscalização e legislação Cap. 10 – Gestão Integrada dos Recursos Hídricos (02 h) • Introdução • Conceituação • Fundamentos Básicos Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
V- BIBLIOGRAFIA BÁSICA PARA O CURSO ABEMA – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENTIDADES DE MEIO AMBIENTE. 2002. Doenças de Veiculação Hídrica. Disponível em: http: // www.abema.org.br/content/noticias. /default.asp. Acesso em: 09 agosto 2002. ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. 2002 b. Relatório de Gestão 2001. Disponível em: http: www. ana.gov.br . Acesso em: 14 outubro 2002. CAVALCANTE I. N. 1998. Fundamentos Hidrogeológicos para a Gestão de Recursos Hídricos na Região Metropolitana de Fortaleza Estado do Ceará. São Paulo, Universidade de São Paulo. Instituto de Geociências. 164p (Tese de Doutorado). FOSTER, S. S. D. ; HIRATA, R. C.; ROCHA, G.A. 1998. Riscos de poluição de águas subterrâneas: uma proposta metodológica de avaliação regional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS., 5. São Paulo. Anais. São Paulo, ABAS. p.175 – 185. GORBACHEV, M. 2001. As Fontes de Água doce secarão. Revista Época, Janeiro de 2001. p.104-106. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
MATTA, M. A. S., 2000. Águas Superficiais e Subterrâneas da Bacia Tocantins-Araguaia como Subsídio para um Estudo de Impacto Ambiental. In: CONGRESSO MUNDIAL INTEGRADO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 1., Fortaleza-CE, Anais. Fortaleza-Ce. ABAS. CD-ROM. ------2001. Perigo de Salinização da Água Subterrânea de Salinópolis/PA - ABASTECE. Revista da Associação Brasileira de Águas Subterrânea – ABAS . 2 (8):16. ------& SANTOS, R. O. B. dos. 2002. Fluxos Subterrâneos e Qualidade das Águas Superficiais da Área de Implantação da Alça Rodoviária do Estado do Pará. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 12., Florianópolis-SC. Anais ABAS. CD-ROM. ------; CABRAL, N. M. T.; TAGLIARINI, E. M. 2000 a Fundamentos para Uso e Proteção das Águas Superficiais e Subterrâneas da Região Oeste da Cidadde de Belém/PA, In: CONGRESSO MUNDIAL INTEGRADO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 1., Fortaleza, Anais. Forteleza-Ce ABAS. CD-ROM. ------; COSTA, F.R. da ; MORAES, M.C. da, 2000 b. Águas Superficiais e Subterrâneas da Região Oeste da Cidade de Belém/PA, In: CONGRESSO MUNDIAL INTEGRADO DE ÁGUAS SUBTERRÂNEAS, 1., . Fortaleza, Anais. Fortaleza-CE. ABAS. CD-ROM. MESTRINHO, S. S. P. 1995. Contaminação de Aqüíferos. Curso de Especialização em Hidrogeologia Aplicada – IIICEHA. UFPA/CG/DGL, Belém, 87p. (Notas de Aula). MORAES, M. C. da S. 1999. Avaliação do Regime de Precipitação na Região de Belém (RMB) e sua Relação Hidrologia Subterrânea. UFPA . CG/DMET. 45p. (Trabalho de Conclusão de Curso). Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
PEHRMB – 2001. Projeto Estudos Hidrogeológicos da Região Metropolitana de Belém e Adjacências. Belém. CPRM. 88p. (Relatório Final). REBOUÇAS, A. C. 1994. Fundamentos de Gestão de Aqüíferos. In: CONGRESSO LATINO-AMERICANO DE HIDROLOGIA SUBTERRÂNEA, 2., Santiago. ALSUD. Curso Pré-Congresso. Santiago/Chile. 35 p. SANTOS, A. C. 1997. Noções de hidroquímica. In: FEITOSA, F. A. C. & MANUEL FILHO , J. Hidrogeologia: Conceitos e Aplicações. CPRM. cap. 5. p.81–108. TANCREDI, A. C. F. N. S. 1996. Recursos hídricos subterrâneos de Santarém: Fundamentos para uso e proteção. Belém, Universidade Federal do Pará. Centro de Geociências. 153p. (Tese de Doutorado). Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Cap.01 – Aspectos Introdutórios Nós...a água...e a vida A água está no mundo e em cada um de nós. Ela está sobre nós, nas nuvens, como parte da atmosfera; ao nosso redor, nos rios, lagos, córregos e valetas, componentes da atmosfera; está abaixo de nós, circulando nos maiores rios da Terra – os aqüíferos – como parte das águas subterrâneas; está caminhando até nós, nos sistemas hidráulicos de distribuição de água até nossas casas. A água está também dentro de nós, perfazendo cerca de ¾ de nosso organismo e como elemento imprescindível à manutenção de nossa vida Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Assim como a água nos dá a vida, pode também tira-la. Pois como acontece entre os humanos, existem as águas boas e as águas más! As boas são as águas puras, sem cor odor ou cheiro, que matam nossa sede. Algumas águas, porém, são traiçoeiras, nos alimentam de doenças – ditas doenças de veiculação hídrica – que podem nos levar a morte. A água surgiu na Terra há mais de 3.5 bilhões de anos e veio tornar nosso planeta único no Universo. Até agora somente a Terra mantém as condições básicas para sustentar a vida. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Desde a formação das primeiras moléculas orgânicas que antecederam a geração das primeiras células vivas, a água tem tido um papel fundamental na Terra. Os primeiros animais foram marinhos. Depois os anfíbios começaram a povoar a Terra sólida. Os homens, surgidos há 4 milhões de anos, passaram a formar as aglomerações sociais em volta dos cursos de água. Passaram, então, a transformar as águas boas em águas más! Agora que iniciamos a disciplina Hidrogeologia, oferecida pelo Departamento de Geologia da Universidade Federal do Pará, é importante que o alunado se conscientize não só da importância do entendimento dos principais conceitos que governam as águas subterrâneas – a base da disciplina – mas também do papel de cada um de nós no processo de uso e conservação dos Recursos Hídricos em geral que, no fundo, está diretamente ligado à sobrevivência das gerações futuras. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Na Amazônia, com a abundância de água que temos, essa conscientização é muito mais difícil, pois já desenvolvemos a cultura do desperdício. Achamos que temos muita água. Água de graça! Por isso nosso governante não tem investido em pesquisa e projetos de melhor aproveitamento de nossos Recursos Hídricos. Talvez a melhor maneira de conscientizar os amazônidas da necessidade de preservar nossas águas, é lembrar da situação de nossos irmãos nordestinos. Sobre isso, CAMPOS (1999) escreve: “...mais do que ninguém os nordestinos têm uma convivência com a escassez de água, da forma entendida por Euclides da Cunha, como forma de luta e de força na ocupação dos sertões.” Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
As águas subterrâneas, objeto de nossa disciplina, vêm se inserindo cada vez mais no cenário nacional – e no internacional - como uma das alternativas mais importantes na matriz da gestão dos recursos hídricos no sentido de atender plenamente à sociedade brasileira naquilo que vem sendo considerado o mais precioso bem do Terceiro Milênio – a água. O conhecimento deve ser considerado o principal capital humano no modelo atual de sociedade atual de nosso país. Neste contexto, torna-se imprescindível que o alunado do curso de geologia adquira os fundamentos básicos da moderna Hidrogeologia e suas interações com uma grande gama de outras áreas das geociências e das ciências humanas em geral. A busca de sucesso no mercado de trabalho atual de nosso país tem demonstrado que a área dos Recursos Hídricos vem representando uma fatia considerável, juntamente com suas interações com a Geologia Ambiental e com ferramentas indispensáveis existente no campo do Geoprocessamento e do Sensoriamento Remoto. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Além disso, o entendimento dos processos relacionados com a prospecção das águas subterrâneas e suas inter-relações com os outros componentes do ciclo hidrológico, permitirão a obtenção de fortes subsídios para o exercício da cidadania plena. Cremos que um dos maiores desafios que o Brasil enfrentará nesse início de século nas questões da água será modificar os modelos políticos, institucionais, técnicos e educacionais atuais e abordar a problemática da água na concepção de gestão integrada, onde cada gota d’água deverá ser utilizada de forma racional. Para tanto, o entendimento da moderna Hidrogeologia pode constituir o primeiro de muitos passos a serem dados na direção do uso e proteção dos Recursos Hídricos. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
A abordagem hidrogeológica – multidisciplinaridade Cap.01 – Aspectos Introdutórios Hidrogeologia Interdisciplinar! Qualquer Ciência Atual Interdisciplinar! Geocientista Especialista Em Baixa no Mercado de Trabalho Geocientista Generalista Em Alta no Mercado de Trabalho Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
HIDROGEOLOGIA GEOFÍSICA ESTRATIGRAFIA GEOTECCNIA GEOL. ESTRUTURAL GEOLOGIA DE ENGENHARIA GEOTECTÔNICA PETROLOGIAS HIDROQUÍMICA ÍGNEA ENGENHARIA SANITÁRIA SEDIMENTAR METAMÓRFICA MECÂNICA DOS FLUIDOS GEOMORFOLOGIA MODELOS MATEMÁTICOS HIDROLOGIA CLIMATOLOGIA CIÊNCIAS DOS COMPUTADORES OCEANOGRAFIA Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
A Hidrogeologia e o mercado de trabalho A Hidrogeologia no Brasil e no exterior tem crescido muito nos últimos 10 anos. Os indicadores sócio-econômicos têm mostrado que tal tendência deve continuar nas próximas décadas, se não incrementar-se fortemente Isso tem decorrido não somente pela consciência da sociedade da importância de ambientes limpos para viver, como também pelo fato de que há uma crescente idéia de que somente haverá um futuro para a humanidade com a erradicação da pobreza e isso terá que passar necessariamente pela democratização do acesso à água potável e ao saneamento. Acrescenta-se também que está se tornando cada vez mais claro que o desenvolvimento não se contrapõe ao controle ambiental e ao contrário, algumas técnicas ambientalmente salutares tem elevado o lucro a médios e longos prazos das empresas. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Nesta conjuntura, o mercado profissional para o hidrogeólogo tem se diversificado tremendamente nas últimas décadas. Antigamente as possibilidades de trabalho restringiam-se em atuar com perfuração de poços tubulares, avaliações hidrogeológicas e estudos acadêmicos de contaminação de aqüíferos. As empresas onde se deixava o currículo eram as perfuradoras de poços e se esperava por um concurso público para entrar em uma instituição de pesquisa governamental. Hoje o recém formado de geologia ou de engenharia, que queira trabalhar em hidrogeologia, tem muito mais opções: Obras de captação: i) acompanhamento de perfuração de poços tubulares em companhias privadas; ii) desenvolvimento de novas tecnologias de perfuração de poços (lama, polímeros, etc.) e iii) projeto de captações de água subterrânea. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Avaliação hidrogeológica: locação de poços tubulares, inclusive com a incorporação às técnicas tradicionais de análises geológicas mais sofisticadas, como a neotectônica e o estudo de ambiente de sedimentação (faciologia). Prospecção de água mineral: busca de fontes de água mineral que atenda a demanda, a não-contaminação e a química. Gestão ou manejo do recurso hídrico: i) exploração e produtividade do aqüífero; ii) sustentabilidade da exploração do aqüífero; iii) impactos que a exploração podem causar em áreas ecologicamente frágeis e iv) impactos do abandono da exploração em áreas urbanas (elevação de níveis potenciométricos e problemas geotécnicos). Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Contaminação ambiental: i) hidrogeoquímica (estudo das anomalias químicas); ii) contaminação de solos e de aqüíferos (caracterização de locais impactados por atividades humanas); iii) remediação de áreas contaminadas (solo e aqüíferos). Geologia do planejamento: i) compatibilização do uso da terra frente à capacidade da hidrogeologia (abastecimento de água, vulnerabilidade de aqüíferos); ii) avaliação de áreas de risco geológico Campos de Atuação Prospecção de Águas Subterrâneas Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Poderes Públicos Municipais Estaduais e Federais Planejamento Saneamento Básico Monitoramento e Fiscalização Estudos e Relatórios de Impacto Ambiental 1-Hidrovia Araguaia-Tocantins 3- Alça Viária 4- Continuação da Primeiro de Dezembro 2- Hidrovia do Marajó 5- Mineroduto Rio Capim 6- UHE Belo Monte Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
As empresas e instituições contratantes dos serviços hidrogeológicos também se diversificaram. Um fenômeno bastante notável nestes últimos anos foi à criação e expansão das empresas de consultoria em meio ambiente. Também foram criadas a agência de controle do setor água (ANA) e os comitês de bacias hidrográficas, que devem mudar ainda mais este perfil de empresas no País. Os concursos para contratação de Geólogos que houveram no País, nos últimos 6 anos foram para a área de Recursos Hídricos A CPRM só contratou profissionais geólogos para a área de Hidrogeologia/Hidrologia/Recursos Hídricos/Sensoriamento Remoto, nos últimos 5-6 anos Nos dois últimos orçamentos da União para pesquisa, a área de Recursos Hídricos tem sido contemplada com mais de 90% do montante Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
No Estado do Pará, o Fundo para Ciência e Tecnologia – FUNTEC tem contemplado a área de Recursos Hídricos com prioridade nos Editais. Mas como será o cenário para os próximos 10 anos? Sem a pretensão de possuir uma boa bola de cristal, mas analisando o mercado e conversando com vários técnicos e empresários do setor, vemos claramente algumas tendências (Hirata, 2003): i) Crescimento do setor água subterrânea/meio ambiente. ii) Aquisições e fusões de empresas privadas menores por outras maiores, geralmente com participação de capital estrangeiro; como pode ser observado em várias áreas da economia nacional. Estes casos são comuns quando as empresas estrangeiras querem entrar no mercado nacional e preferem comprar ou se associar a uma outra, nacional. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
iii) Mudança de foco, que hoje é centrado em estudos de avaliação da contaminação para o de descontaminação de solos e aqüíferos. Esta será uma das grandes mudanças para os próximos anos. A descontaminação de sites envolve, via de regra, grandes investimentos, que muitas de nossas pequenas empresas de meio ambiente não terão condições de implementar. Caso tenham interesse nesta grande fatia do mercado, haverá a necessidade de buscar capital, através de associações com empresas estrangeiras ou nacionais. O que acontecerá, então com as pequenas empresas nacionais, que por vários motivos não se associarão ou não serão compradas pelas empresas maiores? Para as pequenas não associadas, creio que teremos dois tipos de situação: (A) Empresas butiques, onde haverá especialistas para a solução de problemas específicos das empresas maiores, que não terão interesse em manter em seus quadros técnicos especialistas, pois os problemas que o envolvem são ocasionais; (B)Empresas botecos, onde apresentam baixo custo e baixa qualificação profissional. Estas continuarão atuando na periferia do mercado. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Frente a este cenário, como andamos nas universidades? Estamos realmente formando um bom profissional? Particularmente, os cursos de geologia, onde muitos dos hidrogeólogos são formados, estão preparados para atender a este mercado? O mercado tem clareza do perfil de profissional que quer e com o seu crescimento tenderá a ser mais seletivo na contratação destes hidrogeólogos. Quando questionados sobre isso, os executivos e gerentes assinalam como um bom profissional aqueles que: i) Saibam questionar, não sejam conformados e consigam transformar prejuízo em lucro; ii) Tenham uma boa formação técnica e estejam preocupados constantemente no aprimoramento técnico, através de cursos ou mesmo do autodidatismo; iii) Sejam criativos; iv) Sejam capazes de se relacionar produtivamente com os companheiros (efeito anti-Romário); v) Saibam trabalhar em um mercado em transformação (capacidade de assimilar mudanças); vi) Saibam gerenciar o tempo; Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
vii) Sejam capazes de reciclar informação; viii) Sejam capazes de trabalhar duro (características negativas: preguiça; falsidade e descontrole emocional e características positivas: trabalho em equipe, dinâmico e ter iniciativa); ix) Sejam éticos; x) Saibam inglês; xi) Tenham um bom networking (nova área necessita de soluções que podem ser buscadas em outros setores). Formamos este profissional nos nossos cursos de geologia no País? Vejamos quais são os pontos positivos dos profissionais que saem das atuais escolas de geologia: Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
i) Capacidade de trabalhar com variações tempo-espacial da natureza;ii) Capacidade indutiva: avaliação a partir de dados fragmentados e indiretosiii) Capacidade de raciocínio espacialiv) Formado em centros universitários com forte viés científico (que é importante para uma área que necessita muito do novo conhecimento técnico e científico)v) Formação ampla (geólogo polivalente) Agora veja os pontos negativos: i) Dificuldade de pensar quantitativamenteii) Curso pouco focado (polivalente versus específico)iii) Curso pouco voltado para a solução de problemas da sociedadeiv) Carga horária dedicada aos cursos em hidrogeologia e meio ambiente é proporcionalmente pouca, comparado a outras áreas.v) Formação de pesquisadores muito mais forte que a de profissionais de empresasvi) Pouca flexibilização dos currículos às novas exigências do mercado. Excessiva carga didática em disciplinas pouco aplicadas ao mercado.vii) Confusão entre núcleos de pesquisa e a formação de profissionais (evitar a desconstrução de grupos de excelência do País. Não confundir mudanças na formação profissional do estudante com as linhas de pesquisa dos centros universitários). Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Um recente levantamento realizado entre os formandos do curso de geologia da USP desde 1997 mostrou que mais de 65% dos estudantes estão atuando na área de meio ambiente-hidrogeologia. Outros 25% estão em programas de pós-graduação (incluindo muitos deles que buscam especialização em hidrogeologia e meio ambiente). Somente estes resultados mostrariam a necessidade de uma forte discussão do perfil de profissional que se está formando nos cursos de Geologia Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Conceituação de Hidrogeologia Foi o naturalista francês Lamark, em 1802, quem primeiro utilizou o termo Hidrogeologia para definir um conjunto de fenômenos de erosão, transporte e sedimentação produzidos por agentes hídricos. No mesmo sentido o termo foi utilizado pelo americano Powell, em 1885. É evidente que o significado do termo Hidrogeologia, como empregado por Lamark e Powell não foi bem aceito nem entre seus contemporâneos, nem posteriormente. Depois disso, seguiram-se algumas contribuições: Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
O alemão Prinz publicou “Handebuch der Hydrologie”, em 1919, tratando somente das águas subterrâneas e não das superficiais • Meinzer propôs, em 1939, A ASSOCIAÇÃO INTERNACIONAL DE HIDROGEOLOGIA CIENTÍFICA e a parte da Hidrologia que tratava das águas subterrâneas foi denominada Geohidrologia • Hidrologia foi definida como a ciência que se ocupa da água que interage no Ciclo Hidrológico. Meinzer a dividiu em Hidrologia Superficial e Hidrologia Subterrânea ou Geohidrologia. • A partir daí se discutiu muito a adequação dos termos Hidrologia Subterrânea, Hidrogeologia e Geohidrologia Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Hoje se entende que Hidrologia é a ciência que trata do estudo da água na natureza, sua ocorrência, circulação e distribuição, suas propriedades físicas e químicas e suas reações com o meio-ambiente, incluindo suas relações com a vida.(Definição recomendada pelo United States Federal Concil of Science and Tecnology, 1962) O termo HIDROGEOLOGIA tem sido usado para a parte subterrânea da Hidrologia Evolução dos Estudos Hidrogeológicos Existe um ditado que diz “ninguém pode realmente ser um mestre em uma ciência a menos que estude sua história específica.” Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Isso é também válido para os estudos hidrogeológicos. Para que entendamos a Hidrogeologia hoje, é importante que conheçamos como esses estudos têm evoluído ao longo do tempo. Durante cerca de 99% de sua existência na Terra, o homem foi caçador-extrativista, seguindo animais e vegetais, segundo as estações. Somente durante os últimos 10 000 anos é que tornou-se sedentário, na medida em que foi obrigado a praticar a agricultura para sobreviver nas regiões áridas, para onde teve que migrar, fugindo da calota polar do último grande período glacial. As aldeias se transformaram em Cidades e Estados organizados, sendo JERICÓ a cidade mais antiga já descoberta, datando de 8 000 anos a.C. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
As águas subterrâneas eram a base do desenvolvimento das civilizações antigas, pré-Cristo.O exemplo mais claro da utilização das águas subterrâneas na antiguidade foram as KHANATS. Eram galerias que captavam as águas e as transportavam por longas distâncias. Os khanats penetravam por baixo das zonas saturadas e captavam água ao produzir uma linha de menor potencial. A origem dos khanats se perde na antiguidade, mas segundo De Camp (1963) in Custódio & Llamas (1983), quando Sargon II de Asíria invadiu a Armênia em 714 a.C., destruiu os khanats que lá encontrou e transportou a técnica para seu país. A construção de poços escavados começou a ser desenvolvida no Oriente. Eram normalmente profundidades a 50 ou 100m e diversas referências podem ser encontradas no livro da Gênese, do Antigo Testamento quanto à construção desses poços e aos conseqüentes problemas legais e políticos. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Os sistemas de perfuração de poços semelhantes aos atuais só foram conhecidos depois da Idade Média. A exceção é a China onde há 1 500 anos se pratica a perfuração a percussão baseada nos mesmos princípios utilizados pelas técnicas modernas. A crescente complexidade das atividades de produção e de ocupação do meio ambiente da sociedade moderna exigiu um permanente desdobramento das ciências em geral. Como resultado disso, a Hidrogeologia evoluiu, durante o último milênio, de uma abordagem quase mitológica para uma fase altamente tecnicista, a qual passou rapidamente, durante o último quarto de século, para uma abordagem ecológica (Rebouças, 1995) Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Segundo Rebouças (1995) os grandes marcos da Hidrogeologia compreendem as seguintes etapas: Fase Empírica – Se estende desde os primórdios da civilização, há cerca de 10 000 anos a.C., quando foram escavados os primeiros poços para abastecimento humano, animal e irrigação até a experiência de Darcy, em 1856 d.C. Com o famoso teorema sobre o deslocamento de fluidos, apresentado no Tratado de Hidrodinâmica de Bernoulli (1738), e a lei de Darcy (1856) sobre os fluxos nos meios porosos, teve início a fase quantitativa da Hidrogeologia. Esta fase de abordagem científica teve um grande impulso, graças ao sucesso doa poços artesianos perfurados na França a partir de 1126, em Artois, de onde deriva o nome de artesiano que foi dado ao poço jorrante. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Período de 1856 – 1935 – foi lançado o embasamento científico, correspondentes aos fundamentos geológicos e a mecânica dos fluidos, com as condições de ocorrência e de fluxo das águas subterrâneas nos meios porosos e produtividade das obras de capacitação. Período de 1936 – 1950 – houve um grande crescimento na industria, que deu suporte a II Guerra Mundial, exigindo o desenvolvimento dos métodos de avaliação da produtividade de poços, raios de influência, precursores da hidrogeologia quantitativa moderna.Os modelos físicos (caixas de areia, placas paralelas ou de viscosidade) tiveram um relativo sucesso, sendo posteriormente substituídos pelos modelos analógicos elétricos. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Década de 1950 – o consumidor atingiu a fase comercial, possibilitando a evolução da tradicional abordagem pontual da hidráulica de poços, para uma análise mais ampla, em que se considerou a Unidade Aqüífera. Nesta fase, as unidades lito-estratigráficas, ou corpos rochosos com relativamente melhor permeabilidade foram denominados de aqüíferos, em contraposição às camadas praticamente impermeáveis que foram denominadas de aqüicludes, e os aqüitardes sendo termos intermediários. Os modelos analógicos elétricos foram, progressivamente, substituídos pelos modelos matemáticos analíticos. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Década de 1970 – teve início a abordagem sistêmica dos problemas hidrogeológicos. Nesta etapa, as aplicações se restringiram, praticamente, às análises de alternativas de usos múltiplos de reservatórios. Nos estudos hidrogeológicos passou-se a considerar o Sistema Aqüífero, o qual compreende suas zonas de recarga, de trânsito de fluxo e zonas de descarga, todas associadas e interdependentes do sistema hidrológico ou da unidade hidrográfica onde ocorria o aqüífero em questão. Seguiu-se uma teorização que foi embasada na crescente capacidade de cálculo dos computadores, atraindo o interesse de especialistas de áreas afins, nem sempre sintonizados com os os fundamentos conceituais dos modelos hidrogeológicos, culminando com o desenvolvimento dos modelos numéricos de fluxo/transporte de massa de diferenças finitas e de elementos finitos. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
A crise do petróleo foi uma grande impulsionadora dos avanços alcançadas neste período, cujos conhecimentos foram, rapidamente, apropriados pelo setor da hidrogeologia física e/ou de produção de água subterrânea para abastecimento urbano, industrial e irrigação. Década de 1980 – cresce a percepção sobre as interações hidrodinâmicas e hidroquímicas que ocorrem no subsolo, envolvendo aqüíferos, aqüicludes e aqüitardes, resultando na abordagem atual do Sistema de Fluxos Subterrâneos. Os resultados da investigação de campo e de laboratório tornam evidente a inexistência, am absoluto, de água subterrânea desconectada do ciclo hidrológico. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
A partir 1985 – cresce a percepção sobre os problemas de poluição que afetam as águas subterrâneas. Em conseqüência, desenvolvem-se os método de estudo da zona não saturada, intensificam-se, substancialmente, os estudos de hidrogeologia física e, sobretudo, desenvolve-se rapidamente a hidrogeologia química ou hidroquímica. Os estudos dos processos hidrológicos ou físicos passam a ser tão importantes quanto os processos geoquímicos ou hidroquímicos, exigindo um maior aprofundamento dos conhecimentos de matemática, química e das ciências computacionais. No início da década de 1990 – a microbiologia das águas subterrâneas (solo, zona não saturada e zona saturada) passa a ser uma importante fase dos estudos hidrogeológicos. Esta fase exige um grande esforço dos hidrogeólogos, no sentido de um maior aprofundamento científico em microbiologia e de ajuste cultural para abordagem de estudos experimentais no campo e laboratório. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
No momento, os estudos hidrogeológicos têm como objetivo básico o uso e a proteção das águas subterrâneas, exigindo o concurso de um amplo espectro interdisciplinar de especialistas. Importância histórica das águas subterrâneas Sabe-se que o organismo humano pode privar-se de alimento por alguns dias. Mas, privando-se de água ele morrerá rapidamente. Não admira, pois que, desde muito antes que o homem primitivo houvesse deixado sua presença sobre a Terra por meio de incisões nas paredes de suas cavernas a água tenha sido a força propulsora de toda a civilização. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Na realidade a quantidade de água que nosso organismo necessita para sua subsistência é relativamente pequena, se comparada com o peso do corpo: cerca de 2.5 litros por dia, para uma pessoa de atividade moderada, em clima temperado. Cada função orgânica, porém, está condicionada a presença de uma porção dessa quantidade, de tal forma que se pode afirmar que a vida depende da água. A água participa na proteção do embrião antes do nascimento, na manutenção da temperatura do corpo, no processo respiratório, no funcionamento das glândulas, na digestão, na lubrificação das articulações móveis. Sem água suficiente para a manutenção das funções orgânicas, o homem perde o apetite, torna-se subnutrido e incapacitado, até chagar à morte! Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Além dessas há outras necessidades prementes de um adequado suprimento de água. Os alimentos produzidos pelo solo dependem da água para seu crescimento e para o seu valor nutritivo, uma vez que os minerais do solo devem ser dissolvidos para poderem ser utilizados pela planta. Uma parte substancial das proteínas e carboidratos que o corpo humano necessita provém de animais (peixes) e vegetais encontrados no mar, lagos e rios, ou nas suas proximidades. Tem sido ao longo de hidrovias que o homem tem se movimentado, desde os tempos remotos, ao procurar expandir sua cultura e dominar sempre mais as regiões incultas. Basta se observar as maiores cidades das nações e atentarmos para suas relações com o oceano, com um lago ou com um rio, para se constatar que, a despeito de nossa habilidade em vencermos o tempo, distância e espaço, não deixamos de estar subordinados à agua. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
O fato de ser a água o mais essencial entre todos os minerais, que o homem aprendeu a utilizar nos seus estados líquido, sólido e vapor, tem amparo na própria Bíblia, conforme já mencionado. Os Livros Sagrados estão entremeados de inserções sobre a importância da água para aquela época. Também para as civilizações pagãs que precederam a era cristã, a água era considerada de suma valia. Ruínas escavadas na Índia, datando mais de 5000 anos, revelam sistemas de abastecimento de água e de drenagem tão completos que incluíam piscinas de natação e banho. Por essa época, o Egito tinha construído a primeira represa conhecida de conservação de água potável e de irrigação: uma estrutura de pedra, com 12.20m de altura e 102m de comprimento. Os agricultores árabes aproveitavam as crateras de vulcões extintos para os seus reservatórios de água de irrigação. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Onde se tem conseguido atender à demanda de água potável, a nação tem progredido e os padrões de vida têm melhorado. Onde isso não foi conseguido, o progresso retarda e os padrões de vida permanecem baixos. Atualmente o uso da água não satisfatória ou insalubre é, em geral, um dos maiores entraves para o desenvolvimento nacional e para a melhoria do nível de vida do povo brasileiro. Existe uma tendência, em geral até justificada, das pessoas exagerarem na importância das águas superficiais em detrimento das águas subterrâneas. As águas de superfícies podem ser vistas. Além disso, enormes somas de dinheiro têm sido gastas em construções de represas, barragens, reservatórios artificiais (açudes) aquedutos e canais de irrigação envolvendo águas de superfície. É natural que se queira considerar essa fonte como a mais importante para abastecimento de nossas necessidades. Hidrogeologia - Prof. Milton Matta
Água do Planeta 100% Hidrosfera Água Salgada 97,5% Fonte: Matta, 2002 Água das Calotas e Geleiras 1,72% Água Doce 0,78% Outras 2,89% Rios e Lagos 1,01% Hidrogeologia - Prof. Milton Matta Água Subterrânea 96,1%