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08/05/2012. GRUPO (Nome – Nº USP): Camila Dantas Ferreira – 7239732 Fabiana da Silva Moreira – 7277781 Ha Jung Lee - 2873458 Jaqueline Fátima Mello dos Anjos – 7277795 Jéssica Duarte Perez - 7277836 Maytê Amarante - 6793692 Paola Gentile Jacobelis – 2983387.
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08/05/2012 GRUPO (Nome – Nº USP): Camila Dantas Ferreira – 7239732 Fabiana da Silva Moreira – 7277781 Ha Jung Lee - 2873458 Jaqueline Fátima Mello dos Anjos – 7277795 Jéssica Duarte Perez - 7277836 Maytê Amarante - 6793692 Paola GentileJacobelis – 2983387
Preconceito LingüísticoO que é, como se faz. Marcos Bagno
“MARCOS BAGNO vem se tornando conhecido por sua luta contra a discriminação social por meio da linguagem. Para ele, o preconceito linguístico precisa ser reconhecido, denunciado e combatido, porque é uma das formas mais sutis e perversas de exclusão social.Por causa desta militância, MARCOS BAGNO vem recebendo amplo apoio de todos aqueles que desejam construir uma sociedade verdadeiramente democrática, governada pelo respeito às diferenças e pelo acesso aos bens culturais de prestígio.”(marcosbagno.com.br)
Principais obras: BAGNO (Org.) . Lingüística da norma. São Paulo: Edições Loyola, 2002. v. 1. 356 p. BAGNO . Dramática da língua portuguesa. São Paulo: Edições Loyola, 2000. 327 p. BAGNO . A Língua de Eulália. 6. ed. São Paulo: Editora Contexto, 1997. v. 1. 215 p. BAGNO . Português ou brasileiro? Um convite à pesquisa. São Paulo: Parábola Editorial, 2001. BAGNO . Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999. v. 1.
Principais obras: BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação lingüística. São Paulo, Parábola, 2007. BAGNO, Marcos. A norma oculta: língua & poder na sociedade brasileira. São Paulo, Parábola, 2003.
Para começar a conversa... Carlos Drummond Andrade Aula de Português A linguagem na ponta da língua, tão fácil de falar e de entender. A linguagem na superfície estrelada de letras, sabe lá o que ela quer dizer? Professor Carlos Góis, ele é quem sabe, e vai desmatando o amazonas de minha ignorância. Figuras de gramática, equipáticas, atropelam-me, aturdem-me, seqüestram-me. Já esqueci a língua em que comia, em que pedia para ir lá fora, em que levava e dava pontapé, a língua, breve língua entrecortada do namoro com a prima. O português são dois; o outro, mistério.
Para começar a conversa... O que vocês acham das frases abaixo? • 1. Onde o profeta jaz, que a lei pubrica. • 2. Nas ilhas de Maldiva nasce a pranta. • 3. A noite negra e feia se alumia. • 4. É muito difícil para mim fazer isso sozinho. • 5. Por que você não foi me ver jogar? • 6. A Joana é uma menina que ela sabe o que faz. • 7. A Joana que ela sabe é uma menina o que faz • 8. Aquela garoto me xingou • 9. Vendem-se andares novos. • 10. Compra-se dois espaços de garagem.
Mito n° 1 “ A língua portuguesa falada no Brasil apresenta uma unidade surpreendente”
“ Esse mito é muito prejudicial à educação porque, ao não reconhecer a verdadeira diversidade do português falado no Brasil, a escola tenta impor sua norma linguística como se ela fosse, de fato, a língua comum a todos os quase 190 milhões de brasileiros, independentemente de sua idade, de sua origem geográfica, de sua situação socioeconômica, de seu grau de escolarização.” ( Bagno, 2009, p. 27)
Esquemas de como se modifica a língua(tirados do livro “A língua de Eulália” de Bagno)
Mito n° 2 “Brasileiro não sabe português / Só em Portugal se fala bem português”
O mito aborda a ideia errônea de que o português de Portugal é o correto, e que respeita a gramática normativa, pois o português brasileiro é uma língua de “matutos” e de “caipiras”. • Entretanto, o português brasileiro possui regras gramaticais próprias. Em Portugal, a seguinte frase é considerada correta: “A Lua é mais pequena que a Terra.” Na norma culta brasileira, nessa frase seria utilizada a expressão “menor”, que em Portugal é usada como ideia de qualidade.
O Brasil é um país continental, o que explica as variações da língua em cada região. O português de Portugal possui uma fonética diferente do português falado no sertão da Bahia, ou na cidade de São Paulo. Mesmo que as normas gramaticais sigam o padrão português, o “sotaque” permanecerá diferente e com uma escrita padronizada.
Mito n° 3 “ Português é muito difícil”
Esse mito ocorre por causa da ideia que o português de Portugal é o correto, como foi abordado no mito anterior. • “Se tanta gente continua a repetir que o ‘português é difícil’ é porque o ensino tradicional da língua no Brasil não leva em conta o uso brasileiro do português (p. 36)”
A dificuldade se dá na insistência dos gramáticos tradicionais em não adequar gramática normativa ao português brasileiro falado atualmente. Como resultado, os alunos não conseguem escrever de acordo com as normas, pois não possuem uma linguagem culta no seu dia a dia. Não apreendem o que não tem contato.
Mito n°4 “ As pessoas sem instrução falam tudo errado”
O mito tem como base a ideia de que qualquer manifestação linguística que não siga o triângulo ESCOLA – GRAMÁTICA – DICIONÁRIO seja considerada errada, feia, deficiente. “O problema não está naquilo que se fala, mas em quem fala o quê” (p. 59); Não se trata de uma questão linguística, mas social e política. Fenômenos Fonéticos: PALATALIZAÇÃO (Titia Tchitchia / Oito Oitcho) ROTACISMO (Claudia Cráudia)
Mito n° 5 “ O lugar onde melhor se fala português no Brasil é o Maranhão”
O mito nasceu da posição de subserviência em relação ao português de Portugal; No Maranhão a população costuma utilizar o pronome TU seguido das formas verbais clássicas com a terminação em S. (Ex: Tu vais / Tu queres); “Não existe nenhuma variedade nacional, regional ou social que seja intrinsecamente melhor, mais pura, mais bonita, mais correta que outra. Toda variedade linguística atende às necessidades da comunidade de seres humanos que a empregam. ” (p. 64)
Mito n° 6 “ O certo é falar assim porque se escreve assim”
Teatro “E agora? Quem está certo? Ora, todos estão igualmente certos. O que acontece é que em toda comunicação linguística do mundo existe um fenômeno chamado variação, isto é, nenhuma língua é falada do mesmo jeito em todos os lugares, assim como nem todas as pessoas falam a própria língua de modo idêntico o tempo todo.” (p.68) Pernambucano: Té-atru Carioca: Tchi-atru Paulista: Tê-atru
A traição das imagens – René Magritte (1898-1967) “Isto não é um cachimbo” “Isso não é um cachimbo de verdade, mas simplesmente a representaçãográfica, pictórica de um cachimbo. O mesmo acontece com a escrita alfabética, em sua regulamentação ortográfica, pictórica e convencional da língua falada.” (p.70)
“Afinal, a língua falada é a língua tal como foi aprendida pelo falante em seu convívio com a família e com a comunidade, logo nos primeiros anos de vida. É o instrumento básico de sobrevivência. Um grito de socorro tem muito mais eficácia do que essa mesma mensagem escrita. A língua escrita, por seu lado, é totalmente artificial, exige treinamento, memorização, exercício, e obedece regras fixas, de tendência conservadora, além de ser uma representação não exaustiva da língua falada.” (p.71)
Mito n° 7 “ É preciso saber gramática para falar e escrever bem”
Gramática de Cipro e infante: “ A Gramática é instrumento fundamental para o domínio do padrão culto da língua”. “Por que aquela declaração é um mito? Porque, como nos diz Mário Perini em Sofrendo a gramática (p.50), “não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário”. Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores (o que está longe de ser verdade), e os bons escritores seriam especialistas em gramática.” (p.78)
“Esse mito está ligado à milenar confusão que se faz entre língua e gramática normativa. Mas é preciso desfazê-la. (...) Como eu disse, enquanto a língua é um rio caudaloso, longo e largo, que nunca se detém em seu curso, a gramática normativa é apenas um igapó, uma grande poça de água parada, um charco, um brejo, um terreno alagadiço, à margem da língua. Enquanto a água do rio/língua, por estar em movimento, se renova incessantemente, a água do igapó/gramática normativa envelhece e só se renovará quando vier a próxima cheia.” (p.83)
Os lingüistas e educadores são unânimes em combater esse mito.“(...) inutilidade das “aulas de gramática” e da urgência de substituição dessas aulas por uma educação lingüística digna deste nome, baseada na noção de letramento.” (p.88)
Mito n° 8 “ O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social”
“Se o domínio da norma-padrão fosse realmente um instrumento de ascensão na sociedade, os professores de português ocupariam o topo da pirâmide social” (p. 89) “O domínio da norma-padrão de nada vai adiantar a uma pessoa que não tenha todos os dentes, que não tem casa decente para morar, água encanada...” (p. 90)
GRAMÁTICA TRADICIONAL ENSINO TRADICIONAL LIVROS DIDÁTICOS O Círculo vicioso do preconceito linguístico A GRAMÁTICA TRADICIONAL inspira a PRÁTICA DE ENSINO, que por sua vez provoca o surgimento da indústria do LIVRO DIDÁTICO, cujos auto-res recorrem à GRAMÁTICA TRADICIONAL como fonte de concepções e teorias sobre a língua.
Possibilidade de “QUEBRA” do Círculo PRÁTICA DE ENSINO: meio mais fácil de interferirmos no ciclo CONTRIBUIÇÃO: Políticas nacionais do MEC Parâmetros Curriculares Nacionais PNLD (Plano Nacional do Livro Didático) LIMITAÇÕES: As editoras passaram a produzir livros que tratam do preconceito lingüístico, mas não mudaram muito o peso dado no decorrer do livro às práticas de leitura e escrita e ao ensino de gramática
GRAMÁTICA TRADICIONAL PRÁTICAS DE ENSINO LIVROS DIDÁTICOS Dificuldades de “QUEBRA” do círculo: o quarto elemento oculto COMANDOS PARAGRAMATICAS Comandos Paragramaticais: é todo esse arsenal de livros, manuais de redação de empresas jornalísticas, programas de rádio e de televisão, colunas de jornal e revista, CD-ROOMS, “consultórios gramaticais” por telefone e por aí afora...
A desconstrução do preconceito linguístico Conscientizar-se de que todo falante nativo de uma língua é um usuário competente dessa língua. Aceitar a ideia de que não existe erro de português. Não confundir erro de português com um simples erro de ortografia. Reconhecer que tudo o que a Gramática Tradicional chama de erro é na verdade um fenômeno.
Conscientizar-se de que toda língua muda e varia. • Dar-se conta de que a língua portuguesa não vai bem, nem mal. • Respeitar a variedade linguística de todas as pessoas, porque: • A língua nos constitui. • O professor de português é professor de TUDO. • Ensinar bem é ensinar para o bem.
O Preconceito contra a linguística e os linguístas Não há crise na língua, há crise na educação. Historicamente, a escrita serviu em várias situações como modo de restringir o saber e o poder às elites e não de democratizar o conhecimento como normalmente pensamos. E a situação da educação brasileira e o preconceito linguístico estão, atualmente, servindo a esta mesma finalidade. “Pelas mesmas razões que levaram à transformação da Gramática Tradicional num instrumento de dominação e exclusão social é que a atividade dos linguistas brasileiros vem sofrendo ataques grosseiros por parte dos autointitulados ‘filósofos’ que representam, na verdade, a reação mais conservadora contra qualquer tentativa de democratização do saber e da sociedade” “Que ameaça ao tipo de sociedade em que vivemos representa a democratização do saber linguístico, a divulgação ampla das descobertas desse campo científico, a liberação da voz de tantos milhões de pessoas condenadas ao silêncio por ‘não saber português’ ou por ‘falar tudo errado’?”
Relação com o EJA • Os alunos de EJA já vem de um histórico de baixa escolaridade, por isso, consequentemente , já sofrem o preconceito linguístico (Mito 4 - As pessoas sem instrução falam tudo errado); • Muitos adultos não alfabetizados acabam indo para a escola numa tentativa de ascensão social (Mito 8 – O domínio da norma culta é um instrumento de ascensão social).
Fazer correções tanto na fala quanto na escritas do alunos de EJA é mais complicado do que corrigir uma criança, devido a toda a experiência de vida do adulto. A maneira como ele fala e consequentemente escreve está baseada na forma como ele aprendeu e se acostumou a usar a linguagem. • Essa pressão que o professor muitas vezes exerce sobre o aluno, ou seja, que ele deve escrever sem “errar”, gera um medo do “erro” e assim esses sujeitos não desenvolvem suas • potencialidades e acabam restringindo cada vez mais a língua falada e escrita. (PRAZERES,p. 07)
Cuitelinho Pena Branca & Xavantinho Cheguei na beira do portoOnde as onda se espaiaAs garça dá meia voltaE senta na beira da praiaE o cuitelinho não gostaQue o botão de rosa caia,ai,ai Ai quando eu vimda minha terraDespedi da parentáia Eu entrei no Mato GrossoDei em terras paraguaiaLá tinha revoluçãoEnfrentei fortes batáia,ai, ai A tua saudade cortaComo aço de naváiaO coração fica aflitoBate uma, a outra faiaE os óio se enche d´águaQue até a vista se atrapáia, ai...
Sete fadas me fadaram(José Afonso) Sete cega-regas Sete foles Sete feridas Sete espadas Sete dores Sete mortes Sete vidas Sete amores Sete estrelas me ocultaram Sete luas, sete sóis Sete sonhos me negaram Aqui d'el rei é demais Sete fadas me fadaram Sete irmãos m'arrenegaram Sete vacas me morreram Outras sete me mataram Sete setes desvendei Sete laranjinhas de oiro Sete piados de agoiro Sete coisas que eu cá sei Sete cabras mancas Sete bruxas velhas Sete salamandras
Vídeos • Zeca Camargo Aqui se Fala Português (http://www.youtube.com/watch?v=0ff8b8Ao-h8) • Trecho de novela – Chocolate com Pimenta (http://www.youtube.com/watch?v=yJdaAN28azc)
Artigos de Revista • "O preconceito linguistico deveria ser crime": (http://revistagalileu.globo.com/Revista/Common/0,,EMI110515-17774,00-O+PRECONCEITO+LINGUISTICO+DEVERIA+SER+CRIME.html) • "Preconceito linguistico e coitadismolinguistico": (http://www.implicante.org/artigos/preconceito-linguistico-e-coitadismo-linguistico/) • "Vereador com preconceito linguistico quer implantar lei de crime gramatical em Fortaleza“ (http://www.rastreadoresdeimpurezas.org/2008/11/vereador-com-preconceito-lingstico-que.html#!/2008/11/vereador-com-preconceito-lingstico-que.html)
Livros sobre o tema • A língua de Eulália: novela sociolinguística – Marcos Bagno (Ed. Contexto, 1997) • Porque não ensinar gramática na escola – Sírio Possenti (Ed. Mercado de Letras, 1991) • Letramento: um tema em três gêneros – Magda Soares (Ed. Autêtica, 1998)
Referências BAGNO, MARCOS. Preconceito lingüístico: o que é, como se faz. São Paulo: Edições Loyola, 1999. v. 1. Currículo Lattes de Marcos Araújo Bagno. Website: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4703558E1 Acessado em 04 de maio de 2012 às 20:30 Marcos Bagno: Escritor, tradutor, linguista e professor da UnB. Website: http://marcosbagno.com.brAcessado em 04 de maio de 2012, às 21:00. PRAZERES, Patrícia Fortuna Wanderley . Variação Lingüistica na educação de Jovens e Adultos. Universidade Federal Fluminense.