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REALISMO - NATURALISMO Profª Patrícia Fernandes.
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O Realismo é uma reação contra o Romantismo: O Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia do caráter. É a crítica do homem. É a arte que nos pinta a nossos próprios olhos - para condenar o que houve de mau na nossa sociedade.(Eça de Queirós)
Realismo na literatura, é a tendência de retratar o real, o que existe e como existe. Uma pintura nua e crua. Mulheres peneirando trigo, Mus. de Belas-Artes —Nantes
Contexto histórico: Europa: O Realismo foi um reflexo do materialismo que surgiu na segunda metade do século passado. Despontam teorias como o socialismo, o cientificismo, o evolucionismo e o positivismo. lutas antiburguesas. 2ª Rev. Industrial.
Brasil: Momento de crise social, quando a civilização burguesa e a urbana tomavam lugar da sociedade agrária, latifundiária e escravocrata. Abolição. República.
Estilos que : Se expressam por meio da prosa. Se opõem ao Romantismo no que diz respeito ao sentimentalismo, à imaginação e à idealização.
DIFERENÇAS ENTRE REALISMO E NATURALISMO REALISMO - Forte influência da literatura de Gustave Flaubert (França). - Romance documental, apoiado na observação e na análise. - A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “de dentro para fora”, por meio de análise psicológica capaz de abranger sua complexidade, utilizando a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar. - Volta-se para a psicologia, centrando-se mais no indivíduo. - As obras retratam e criticam as classes dominantes, a alta burguesia urbana e, normalmente, os personagens pertencem a esta classe social. - O tratamento imparcial e objetivo dos temas garante ao leitor um espaço de interpretação, de elaboração de suas próprias conclusões a respeito das obras.
NATURALISMO - Forte influência da literatura de Émile Zola (França). - Romance experimental, apoiado na experimentação e observação científica. - A investigação da sociedade e dos caracteres individuais ocorre “de fora para dentro”, os personagens tendem a se simplificar, pois são vistos como joguetes, pacientes dos fatores biológicos, históricos e sociais que determinam suas ações, pensamentos e sentimento. - Volta-se para a biologia e a patologia, centrando-se mais no social. - As obras retratam as camadas inferiores, o proletariado, os marginalizados e, normalmente, os personagens são oriundos dessas classes sociais mais baixas. - o tratamento dos temas com base em uma visão determinista conduz e direciona as conclusões do leitor e empobrece literariamente os textos.
Obra marco do Realismo O Realismo inicia-se no Brasil com a publicação do livro “ Memórias Póstumas de Brás Cubas ” de Machado de Assis (1881).
Características do REALISMO: Verossimilhança: procura apresentar a verdade, retratando o real na descrição dos personagens que são indivíduos e concretos, conhecidos, tipos particulares. Os incidentes de enredo decorrem do caráter dos personagens e os motivos urbanos dominam a ação.
Psicologismo: análise do mundo interior. A investigação da sociedade e dos caracteres individuais é feita “de dentro para fora”, isto é, por meio de uma análise psicológica capaz de abranger toda a sua complexidade, utilizando entre outros recursos a ironia, que sugere e aponta, em vez de afirmar.
Objetivismo: a vida é encarada objetivamente em todos os seus aspectos. O autor não intromete no andamento das ações, deixando que personagens e circunstâncias atuem uns sobre os outros, na busca da solução. Interpretação da vida: Através da percepção, da observação e da análise apurada de fatos e coisas, denuncia o adultério, a inveja, a corrupção, a miséria do comportamento moral da sociedade. Retrato da vida contemporânea: Interessa-lhe o fato presente, o homem, seu tempo, ao contrário dos românticos que amavam o passado.
A narrativa move-se lentamente: O Realismo apresenta, durante a narrativa, detalhes, aparentemente insignificantes, porém, reunidos e harmonizados, levam-nos ao descortinar da realidade. Linguagem simples: O realista procura utilizar a linguagem mais próxima da realidade, principalmente a dos personagens que deve aproximar-se da fala coloquial e retratar os diversos níveis pessoais.
Principal representante do REALISMO: MACHADO DE ASSIS
MACHADO DE ASSIS E O ROMANCE REALISTA 1ª FASE (Tendências românticas) Obras: Ressurreição, A mão e a luva, Helena, Iaiá Garcia Características Gerais: - crença nos valores da época; - estrutura de folhetim - esquematismo psicológico.
2ª FASE (Tendências realistas) Obras: Memórias Póstumas de Brás Cubas, Quincas Borba, Dom Casmurro, Esaú e Jacó e Memorial de Aires. Características Gerais: Análise psicológica (os seres vistos em sua complexidade psíquica) Análise dos valores sociais (os valores que a sociedade cria para justificar sua própria existência) Pessimismo (descrença nos indivíduos e na organização social) Ironia Refinamento da linguagem narrativa. Principais personagens: Brás Cubas, Vigília, Quincas – (Memórias Póstumas de Brás Cubas) Bentinho, Capitu, Escobar, José Dias, – (Dom Casmurro) Quincas Borba, O cão e o Filósofo, Rubião, Sofia e Palha – (Quincas Borba)
Memórias póstumas de Brás Cubas Memórias póstumas de Brás Cubas conta a história de Brás Cubas a partir de sua morte, já que inicialmente o próprio narrador observa que para tornar a narrativa mais interessante e "galante" havia decidido começá-la pelo fim.
Ele era, portanto, não um autor defunto mas um defunto autor. Assim, o primeiro capítulo começa justamente com a morte de Brás e seu enterro. No capítulo XI do romance – O menino é o pai do homem – Brás Cubas relata sua infância: “cresci naturalmente, como crescem as magnólias e os gatos”. No entanto, o próprio narrador-personagem nega tal naturalidade.
Crescendo nesse contexto familiar que o favorece e justifica-lhe as traquinagens, transforma-se num adulto egocêntrico, mentiroso, cínico, entediado e petulante, atribuindo-se uma importância indevida, para assim disfarçar a seqüência de fracassos a que, de fato, sua vida se reduziu.
Na juventude, envolve-se com Marcela, uma cortesã espanhola que o ama “durante quinze meses e onze contos de réis”. O pai assustado com os gastos do filho, manda-o à Europa para estudos aos quais pouco se dedica. Ao retornar, almeja casar-se com Virgília, num negócio também arranjado pelo pai, que pretende torná-lo deputado. Ambos os projetos falham: Brás Cubas perde a noiva e o cargo para Lobo Neves. Mais tarde, almejando ser ministro, o que consegue é o amor adúltero de Vírgilia e o cargo de deputado.
Nhá Loló (Eulália), outra possibilidade de casamento, agora arranjada pela irmã, morre vitimiada por uma epidemia. Quincas Borba, um colega de infância que se diz filósofo, visita-o, rouba-lhe o relógio e desaparece, para retornar tempos depois, enriquecido graças a uma herança. Devolve-lhe então o relógio, conta-lhe sobre o Humanitismo, teoria filosófica que inventa, e mais tarde enlouquece.
Inventar um emplastro contra a hipocondria – a seu ver um remédio miraculoso que curaria os males da humanidade – constitui a última tentativa de Brás Cubas, o seu último projeto, sem sucesso como todos os outros. O que o impede de realizá-lo é a morte, causada pela pneumonia que, ironicamente, contrai ao sair de casa, a fim de patentear o invento.
Brás Cubas - narrador - morto aos 64 anos - “ainda próspero e rijo”, fidalgo Marcela - Segundo grande amor de Brás Cubas, uma prostituta de elite, cujo amor por Brás duraria quinze meses e onze contos de réis. Virgilia - filha do comendador Dutra, segundo o pai de Brás, Bento Cubas A “Ursa Maior” amante de Brás Cubas casa-se com Lobo Neves por interesse. Quincas Borba - menino terrível que dava tombos no paciente professor Barata, colega de escola de Brás que o encontrará mais tarde mendigo que rouba-lhe um relógio mas retorna-o ao colega após receber uma herança. Desenvolve a filosofia do humanismo: “Ao vencedor as batatas ao vencido ódio ou compaixão”.
Eugênia - Filha de Eusébia e Vilaça, menina bela embora coxa. Nhá Loló - moça simplória, tinha dotes de soprano - morre de febre amarela.. Cotrim - casado com Sabina, irmã de Brás; ambos interesseiros Nhonhô - filho de Virgília D. Plácida empregada de Virgília confidente e protetora de sua realção - extra conjungal Lobo Neves - casado com Virgília, homem frio e calculista.
Características do Naturalismo Romance de intenção e fisionomia científica. O homem é um ser escravo da hereditariedade, do meio social (determinismo). O naturalista dá preferência às personagens degeneradas, portadoras de patologias físicas e morais, taras e vícios. Aparecem os atos fisiológicos, instintos sexuais; é a presença do feio repulsivo na literatura.
O autor naturalista dá preferência às personagens e aos ambientes das classes sociais mais baixas. Amoralismo: tudo pode e deve figurar na literatura. O homem é encarado pelos seus aspectos fisiológicos; é um animal social que luta ferozmente pela sobrevivência.
Principais características: - Expressão de destaque no naturalismo brasileiro; - Sua linguagem literária era chocante, objetiva e direta. Procurava denunciar pela palavra a miséria, a corrupção moral. Muitos de seus personagens são doentes físicos, mentais, vítimas de suas próprias imperfeições. - Demonstrava nítida preocupação com as classes marginalizadas pela sociedade. OBRAS - O Mulato – obra marco do Naturalismo no Brasil - Casa de Pensão - O Cortiço (obra máxima do Naturalismo brasileiro).
O CORTIÇO - Revelação da miséria urbana - Enfoque nas classes marginais - Determinismo do meio (tese dominante) - Domínio do coletivo sobre o individual - Desagregação dos instintos - Principais personagens: João Romão, Bertoleza, Miranda, Jerônimo, Rita Baiana e Pombinha.
Outros autores e obras: Raul Pompéia - Uma Tragédia no Amazonas (1880) - seu 1º romance - O Ateneu (1888) - As Jóias da Coroa (1888) - Canções sem Metro (1900)
Principais características: - Nasceu em Angra dos Reis e suicidou-se no Rio de Janeiro, na noite de Natal. - Sua obra “O Ateneu” apresenta inspiração na adolescência do autor (estudou num colégio interno, o Colégio Abílio) - Sua técnica se prende ao Impressionismo em que o artista enfatiza a impressão que a realidade despertou nele.
Domingos Olímpio Luzia-Homem (1903) O Almorante (Anais, Rio, 1904-06)