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Geopolítica dos “Apartheids”: formas de segregação veladas no mundo globalizado. COLÉGIO e CURSO CONEXÃO-ETAPA Ensino Médio e Pré-Vestibular. Prof. Me. Leandro Marcos Tessari Araraquara – SP / 2014. A base histórica do Apartheid.
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Geopolítica dos “Apartheids”: formas de segregação veladas no mundo globalizado. COLÉGIO e CURSO CONEXÃO-ETAPAEnsino Médio e Pré-Vestibular Prof. Me. Leandro Marcos Tessari Araraquara – SP / 2014
A base histórica do Apartheid • O termo significa "separação" ou "identidade separada“. • Sua origem remonta ao período da colonização da África do Sul. Os primeiros colonizadores bôeres ou africânderes (grupos sociais europeus que vieram da Holanda, França e Alemanha) se estabeleceram no país nos séculos XVII e XVIII; • Após a guerra dos bôeres (1899-1902), com vitória dos ingleses, é fundada a União da África do Sul em 1910;
Apartheid • Na África do Sul esse regime ganhou dimensão de prática política– Uma estratégia de Governo; • Os efeitos da Grande Depressão de 1929 e da Segunda Guerra Mundial acarretaram problemas econômicos à África do Sul, convencendo o governo a aumentar essa separação de cores. • 1948 - após a eleição dos partidos políticos: o Partido Nacional Reunido e o Partido Africâner, fundiram-se no Partido Nacionalista (representando o interesse das elites brancas). • A base política desses partidos estava centrada na promessa de acentuar a separação entre brancos e negros (herança do período colonial de ocupação holandesa e britânica).
Apartheid • Após ser um regime de Governo se institucionalizou como um regime de Estado • A implantação do regime na África do Sul de segregação afetou todos os espaços e relações sociais, por exemplo: • Negros não podiam se casar com brancos; • Negros não podiam ocupar o mesmo transporte coletivo usado pelos brancos; • Proibição da propriedade da Terra aos negros (os brancos dominaram 87% do país); • Negros não podiam morar no mesmo bairro e nem realizar o mesmo trabalho, nem comprar e alugar terras; • As "Leis do Passe" obrigava os negros a apresentarem o passaporte para poderem se locomover dentro do território; • A discriminação se estendia também aos coloured (mestiços), indianos e brancos sul-africanos.
A legitimação da segregação • O Apartheid foi o único caso histórico de um sistemainstitucional racional legitimado no âmbito nacional, apesar de inúmeras resoluções da ONU condenando o regime; • Pós 1948: auge do regime com a abolição definitiva de alguns direitos políticos e sociais que ainda existiam em algumas províncias sul-africanas e a codificação das diferenças raciais para classificar a população de acordo com o grupo social;
Mandela, o símbolo da resistência • O líder anti-apartheid Nelson Mandela, entra para o Congresso Nacional Africano (CNA) em 1944 após graduação em direito e funda a Liga da Juventude. • Em 1948 o CNA inicia uma campanha de resistência pacífica contra as leis do regime, mas foi banido pelo Partido Nacional;
Os anos da resistência a partir da década de 60 • 1960: cerca de 10.000 negros queimaram seus passaportes no gueto de Sharpeville e foram violentamente reprimidos; • 67 negros são mortos e 180 ficam feridos. Estado de Emergência (ampliação do poder de defesa do Estado) é declarado, e o CNA, torna-se clandestino;
A luta armada e a resistência • 1961: é fundada a Lança da Nação, o braço armado do CNA; “A luta é a minha vida. Continuarei a lutar pela liberdade até o fim de meus dias.” Nelson Mandela • 1962 Mandela é preso e sentenciado a 5 anos de prisão. Acusação: incitar uma greve ilegal e sair do país sem passaporte;
A luta armada e a resistência • 1962 Mandela é preso e sentenciado a 5 anos de prisão. Acusação: incitar uma greve ilegal e sair do país sem passaporte; • 1963: Mandela é condenado à prisão perpétua “Tenho nutrido o ideal de uma sociedade democrática e livre, na qual todas as pessoas possam conviver em harmonia e com igualdade de oportunidades. É um ideal pelo qual espero viver e que espero verr realizado. Mas, meu Senhor, se preciso for, é um ideal pelo qual estou preparado para morrer.“
A luta armada e a resistência • Entre os anos 1970 e 1980, o apartheid provocou muita violência, tanto por parte dos que se manifestavam contra o regime quanto por parte dos soldados, que repreendiam os protestos, além da prisão de líderes antiapartheid, como aconteceu com Mandela. • Em 1976 - Um episódio marcante ocorreu quando crianças negras de Soweto, reduto pobre nos arredores de Johanesburgo, foram alvejadas com balas de borracha e gás lacrimogêneo enquanto protestavam contra o ensino da língua africâner.
A luta armada e a resistência • No decorrer da década de 1980, a África do Sul sofreu uma série de embargos de outros países e ficou proibida de sediar eventos esportivos mundiais, encerrando de vez a ilusão de que o apartheid trouxe paz e prosperidade para a nação. • Em 1989, Frederic. W. de Klerk assumiu a presidência, naquele que seria o último mandato do Partido Nacionalista. • Em 1990, o novo presidente pôs fim ao apartheid.. • Neste mesmo ano, Mandela, que desde 1964 cumpria pena de prisão perpétua, foi posto em liberdade. • Nas primeiras eleições livres, em 1993, Mandela foi eleito presidente da África do Sul pelo CNA, e governou de 1994 a 1999.
Após Apartheid... • Passadas duas décadas do fim dessa política, o país ainda tenta igualar os padrões de vida entre brancos e não-brancos. • Hoje, com uma população acima de 50 milhões de habitantes (Censo 2012): • o desemprego afeta 4,5 milhões de pessoas, um quarto da força de trabalho; • o país lidera a lista das nações com grande desigualdade de renda, com 50% da população vivendo na linha de pobreza, a maioria negra.
Após Apartheid... • Mercado de trabalho limitado; • Acesso limitado a educação para as camadas mais pobres (17% de analfabetos); • A epidemia de Aids afeta aproximadamente 2,5 milhões de habitantes. O “vírus” - afeta diretamente a economia do país, • O país continua sendo governado pelo partido (CNA) que levou Mandela ao poder e que, ao longo dos anos, acumulou denuncias de corrupção.
Outras formas de “Apartheid” • Ao longo de toda a história, diversos povos tradicionais e grupos étnicos sofreram perseguição. • Durante a colonização das Américas, os indígenas e negros foram as grandes vítimas da escravidão. • Na Europa, os judeus e ciganos foram discriminados e expulsos de muitos países, em diferentes períodos, da Inquisição na Idade Média ao século 20, com o nazismo alemão.
“Apartheid” às minorias na Europa • Atualmente, entre os povos que mais sofrem discriminação estão os ciganos que vivem na Europa, oriundos em sua maioria do Leste Europeu, de países como Romênia e Bulgária. • A União Europeia estima que haja seis milhões de ciganos nos países do bloco. • A maioria vive em guetos e em situação de pobreza extrema.
“Apartheid” às minorias na Europa • Na França, onde moram cerca de 20 mil ciganos, a política anti-imigração iniciada com o governo de Nicolas Sarkozy e seguida por François Hollande já desmantelou acampamentos e expulsou centenas de ciganos para seu país de origem. • Em 2008, o premiê italiano Silvio Berlusconi já havia iniciado uma expulsão em massa dos ciganos do país.
“Apartheid” às minorias na Europa • Na Grécia e Irlanda, o governo já retirou crianças de casais ciganos que não se pareciam com os pais. • Em Portugal, dezenas de famílias de ciganos foram removidas para assentamentos “só para ciganos”. • Na Itália, causou polêmica a criação do bairro “La Barbuta”, construído nos arredores de Roma. O local é rodeado de cercas e câmeras e tende a isolar as famílias ciganas.
“Apartheid” às minorias na Europa • Na República Checa, onde vivem 200 mil ciganos, criaram-se escolas especiais para as crianças ciganas, que em alguns casos dividem a sala de aula com crianças incapacitadas. Há bairros que reúnem apenas essa população, separados do resto e sem acesso aos mesmos direitos, e muitos restaurantes proíbem a entrada de "romenis", na Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia e Bulgária. • Para Miguel de Cervantes, 1613, La Gitanilla, “Parece que os ciganos vieram ao mundo somente para ser ladrões: nascem de pais ladrões, criam-se com ladrões, estudam para ser ladrões (...).”
“Apartheid” às minorias na Europa • Os mulçumanos também constituem outra parcela da população de imigrantes, estigmatizada e alvo de xenofobia na Europa. As famílias de estrangeiros vivem concentradas nas periferias das grandes cidades. • A crise econômica dos países europeus e o aumento do desemprego têm levado os governos a desmantelar aos poucos, o antigo modelo do Estado de bem-estar social, que garante assistência social aos desempregados. • Como consequência, os políticos têm adotado medidas mais duras contra a imigração. E com o crescimento da extrema direita na Europa, a situação tende a piorar.