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HM Cardoso Fontes Serviço de Cirurgia Geral Sessão Clínica – 21/10/04. Isquemia Mesentérica. Diego Teixeira Alves Rangel. Caso Clínico. Id: RL, masculino, 55 anos, branco, casado, professor, natural do RJ.
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HM Cardoso FontesServiço de Cirurgia GeralSessão Clínica – 21/10/04 Isquemia Mesentérica Diego Teixeira Alves Rangel
Caso Clínico Id: RL, masculino, 55 anos, branco, casado, professor, natural do RJ. Admissão na emergência do HMCF (06/10/03): queixa de dor abdominal, de início há cerca de 07 dias, de forte intensidade, tipo cólica, em meso e epigástrio, s/ irradiação, acompanhada de náuseas e vômitos. Nega febre, alterações urinárias e do trânsito intestinal. Sabidamente hipertenso, com tratamento irregular. Ao exame físico: Hipoidratado (+1/+4), PA: 170/110mmHg, FC: 88bpm. Abdome: peristalse ausente, tenso, levemente distendido, doloroso difusamente, defesa voluntária em andar superior, sem descompressão dolorosa. Laboratório: Leuc: 16400; Bast: 10%; Hgb: 14,4; Ht: 41,4%; Amilase: 45; Glicose:131; Lipase:10 Rotina de abdome agudo: sem alterações. 07/ 10: USG abdome: normal. TC abdome: moderada distensão de alças de intestino delgado. Laboratório: Leuc: 21100; Bast: 6%; Hgb: 14,4; Ht: 41,8%; Glicose:114; Creatinina:1,3; Na:133; K:3,8. Isquemia Mesentérica
Caso Clínico 08/ 10: Abdome com descompressão dolorosa presente. Leuc: 22900; Bast: 6%; Hgb: 14,7; Ht: 42,9%; Glicose:124; Creatinina:1,5; Na:134; K:3,6. Cirurgia: encontrado em torno de 1,5m de íleo necrosado compatível com intarto êntero-mesentérico. Realizado enterectomia da área comprometida, a 30 cm da válvula íleo-cecal, e anastomose término-terminal. Iniciado ciprofloxacin e metronidazol. Alta hospitalar dia 20/10/03 sem intercorrências. Patologia: 1,2m de intestino delgado com paredes necrosadas e mucosas edemaciadas. Infarto hemorrágico segmentar. Trombose em organização em vaso de gordura mesentérica. Margens sem sinais de necrose. Acompanhamento ambulatorial: ECG normal, ECO: insuf. Mitral leve, USG com doppler normal, coagulograma normal, retossigmoidoscopia: pólipos sésseis e hemorróidas grau II, colonoscopia: 03 pólipos sésseis. Isquemia Mesentérica
Caso Clínico Acompanhamento setor de hematologia no HUCFF: Pesquisa de coagulopatias. Laboratório do Hemorio: paciente apresenta mutação 1691A no gene do Fator V (Fator V Leiden). Risco trombótico moderado. Sugerimos a complementação da investigação com dosagens de anticorpos anticardiolipina, ptn S e homocisteína. Isquemia Mesentérica
Fator V Leiden • Histórico. • Mutação na posição 1691 do gene do fator V. • Substituição de aminoácido arginina por glutamina. • Fator V resistente à ação da proteína C ativada. Isquemia Mesentérica
Fator V Leiden Nicolaes GAF et al. Activated protein C resistance and trombosis. Hematol Oncol Clin N AM 2003;17:37-61 Isquemia Mesentérica
Isquemia Mesentérica • Insuficiência circulatória, aguda ou crônica, em que a demanda de aporte sangüíneo pelo intestino suplanta o suprimento oferecido pelo mesentério. Isquemia Mesentérica
Isquemia Mesentérica • Incidência: 1:1000 admissões hospitalares (EUA). • 1 – 2:100 admissões por dor abdominal (EUA). • Mortalidade : 70%. • Atraso no diagnóstico, idade avançada, comorbidades. Isquemia Mesentérica
Mortalidade Brandt LJ et al. AGA technical review on intestinal ischmia. Gastroenterology 2000;118:954-68. Isquemia Mesentérica
Mortalidade Isquemia Mesentérica
Etiologia Isquemia Mesentérica
Fatores de Risco Isquemia Mesentérica
Diagnótico Quanto mais precoce o diagnóstico, maior a viabilidade intestinal e por conseguinte menor a mortalidade na isquemia mesentérica. Sacco O et al. Embolectomy in Mesenteric Ischemia. Rev Esp Dig 1993;83:351-4. Isquemia Mesentérica
Diagnótico Manifestações Clínicas Êmbolo em AMS: agudo, dor súbita intensa + esvaziamento intestinal (vômitos, diarréia).Trombose em AMS: começo insidioso que evolui para dor súbita intensa + esvaziamento intestinal. História de angina intestinal.IMNO: pacientes graves, comorbidades, distensão abdominal sem dor (25%).Trombose em VMS: subagudo, dor abdominal difusa, intermitente, duração de dias ou semanas (5 – 14 dias). Exame físico sem alterações no início. Dissociação entre história e exame físico. Presença de distenão abdominal, ausência de peristalse, descompressão dolorosa sinal de gravidade, possível necrose de alça intestinal. Isquemia Mesentérica
Diagnótico Exames Laboratoriais Leucocitose > 15000 com de bastões.Hemoconcentração.Acidose metabólica com hiato aniônico ( lactato). amilase, LDH, TGO, CPK = isquemia grave, fase avançada.Futuro: proteína intestinal ligadora de ácido graxo na urina quando há isquemia de enterócitos (12hs para resultado). Isquemia Mesentérica
Diagnótico Imagem Radiografia simples de abdome: exame inicial, exclusão de outras doenças.25% RX abdome são normais. Normal 29% mortalidade Alterado 78% mortalidade Ritz E et al. Prognostic factor in mesenteric ischemia. Zentralblatt Chir 1997;122:332-8. Isquemia Mesentérica
Diagnótico Imagem Ultra-som de abdome Tomografia Computadorizada: • Método – ouro para trombose de VMS: identificação do trombo e outros sinais radiológicos. Sensibilidade: 90 – 100%. Rhee R et al. Mesenteric Venous Thrombosis. Surg Clin N Am 1997; 77: 2: 327-40. • Sinais: edema de parede intestinal e/ ou mesentério, pneumatosis intestinalis, gás na veia porta, distenção de alças Isquemia Mesentérica
Diagnótico Angiografia Método – ouro de diagnóstico: • INMO • EAMS • TAMS Terapêutico: papaverina, trombolíticos. Isquemia Mesentérica
Diagnótico Brandt LJ et al. AGA technical review on intestinal ischmia. Gastroenterology 2000;118:954-68. Angiografia de rotina na suspeita de IMA
Isquemia Mesentérica Não-Oclusiva Isquemia Mesentérica
Tratamento Medidas Gerais Ressucitação volêmica. Descompressão intestinal com CNG. Retirar ou evitar fatores precipitantes se possível (vasoconstritores). Antibioticoterapia de amplo espectro. Anticoagulação plena: heparina (PTT INR: 2,0) • Sinal de irritação peritonial = laparotomia exploradora. Isquemia Mesentérica
Êmbolo em Artéria Mesentérica Superior C/ irritação peritonial Infusão contínua de papaverina no pré- operatório S/ irritação peritonial Embolectomia e/ou Ressecção cirúrgica CI a cirurgia Infusão contínua de papaverina no pós- operatório Infusão contínua de papaverina Uso de trombolíticos Repetir Angiograma e possível relaparotomia Repetir Angiograma Brandt LJ et al. Intestinal Ischemia. Gastroenterol Clin N Am 2003;32:1127-43. Isquemia Mesentérica
Trombose em Artéria Mesentérica Superior C/ irritação peritonial S/ evidência Angiográfica de colatreais S/ irritação peritonial Enchimento de AMS ausente ou pobre C/ evidência Angiográfica de colatreais Infusão contínua de papaverina no pós- operatório Bom enchimento de AMS Revascularização e/ou Ressecção cirúrgica Observação Repetir Angiograma e possível relaparotomia Brandt LJ et al. Intestinal Ischemia. Gastroenterol Clin N Am 2003;32:1127-43.
Isquemia Mesentérica Não-Oclusiva C/ irritação peritonial S/ irritação peritonial Infusão contínua de papaverina no pré- operatório Infusão contínua de papaverina Laparotomia c/ ou s/ Ressecção cirúrgica Observar Infusão contínua de papaverina no pós- operatório Repetir Angiograma Repetir Angiograma e possível relaparotomia Brandt LJ et al. Intestinal Ischemia. Gastroenterol Clin N Am 2003;32:1127-43. Isquemia Mesentérica
Trombose de Veia Mesentérica C/ irritação peritonial S/ irritação peritonial Laparotomia Heparina c/ ou s/ trombolítico Nâo-Viável Viável Ressecção Trombectomia, Heparina Trombolítico Heparina Relaparotomia c/ ou s/ ressecção Warfarin Brandt LJ et al. Intestinal Ischemia. Gastroenterol Clin N Am 2003;32:1127-43.
Anticoagulação Fator V Leiden Anticoagulação a longo prazo Trombose recorrente. Trombose com risco de vida. Homozigotos para a mutação (RR: 80). Heterozigoto para Fator V Leiden associado a outras coagulopatias. Anticoagulação em situações de risco Trombose única sem risco de vida. Heterozigotos sem outras coagulopatias associadas. Isquemia Mesentérica