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Aspectos da organização rítmica em português europeu e brasileiro: uma análise do acento secundário baseada em hierarquia de restrições Maria Bernadete M. Abaurre. Colóquio do Projeto Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança lingüística: Perspectivas e Resultados
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Aspectos da organização rítmica em português europeu e brasileiro: uma análise do acento secundário baseada em hierarquia de restriçõesMaria Bernadete M. Abaurre Colóquio do Projeto Padrões rítmicos, fixação de parâmetros e mudança lingüística: Perspectivas e Resultados IEL/Unicamp, 16 de agosto de 2002
As perguntas iniciais pode-se definir, de maneira não intuitiva, o padrão prosódico preferencial de uma dada língua? qual a natureza da diferença entre os padrões prosódicos do PB e do PE? de que maneira as configurações prosódicas abstratas de diferentes domínios realizam-se no output, quando tais domínios concatenam-se em domínios hierarquicamente superiores?
Primeiras aproximações Levantamento empírico de ocorrências de diferentes pés fonéticos em corpora representativos de PB e PE (relatos espontâneos, Missa)
Contagens e transcrições... Relatos fluentes (sujeitos adultos, sexo masculino) Sujeito 1 (PB/Sta. Catarina): TROQUEUS: 71% DÁTILOS: 23% PEÕES: 4% DEGENERADOS: 2%
Sujeito 2 (PB/Rio Grande do Sul ): TROQUEUS: 79% DÁTILOS: 17% PEÕES: 2% DEGENERADOS: 2% Sujeito 3 (PE/Lisboa): TROQUEUS: 78% DÁTILOS: 9% PEÕES: 0% DEGENERADOS: 13%
Português do Brasil (Missa) a. (irmãosb.) . * / . * . * . . * / AR ____________________________________________________ TF irmãos...o quedevemos fazer?... . * / . * . * . . * APv . * . . . * . . * APm b. (recebereisb.) . * / . * . * . * . * . . * . / AR _____________________________________________________TF e vós...recebereis o dom do Espírito Santo... . * . * . * . * . . * . . * . Apv . * . . . * . * . . * . . * . APm
Português de Portugal (Missa) a. (irmãosp.) * * . . * . * / AR _____________________________________________________ TF quehavemos de fazer irmãos?... . * . . * / . * / APv . . * . . . * . * APm b. (recebereisp.) * . * . * . * . * . . * . / AR ________________________________________________ TF recebereis então o dom do Espírito Santo... * . * . * / . * . * . . * . APv . . . * . * . * . . * . . * . APm
Hierarquia de restrições: primeiros insightsAbaurre, M.B.M& C. GalvesAs diferenças rítmicas entre o português europeu e o português brasileiro: uma abordagem otimalista e minimalista Em: D.E.L.T.A 14, pp.377-403. 1998
Objetivo do trabalho: discutir algumas diferenças rítmicas entre o PE e o PB e a relação entre tais diferenças e fenômenos de redução de vogais pretônicas em ambas as línguas. Sobre a redução das pretônicas: Os historiadores da língua portuguesa concordam em afirmar que a pronúncia do PB é mais próxima da do Português Clássico do que a do PE. Este sofreu, com efeito, possivelmente na segunda metade do séc. 18 (cf: Révah, 1958; Teyssier, 1980), uma mudança fonológica que está na origem da pronúncia moderna: a chamada redução das sílabas pretônicas.
Paul Teyssier (op. cit.:77) afirma: En réalité, tout nous donne à penser que ce que nous appelons la "réduction" de e et o prétoniques a eu lieu dans le cours du XVIIIe siècle, et même dans la seconde moitié de ce siècle.
Parte-se do pressuposto de que a discussão proposta deve necessariamente levar em conta a colocação do acento secundário. Apresenta-se a abordagem do acento secundário em português baseada na aplicação determinística de um algoritmo (cf. Fonologia Métrica). Mostra-se a inadequação da análise para explicar a posição variável do acento secundário em ambas as línguas com respeito às palavras com um número ímpar de sílabas pretônicas. (cf. PB cavalaria; PE cavalaria)
Argumenta-se a favor da interpretação do acento secundário, e portanto da construção de unidades rítmicas, na interface PF, conforme sugerido no Programa Minimalista chomskiano: “Assumir a variabilidade inerente ao fenômeno do ritmo lingüístico não implica, no entanto, assumir uma ausência de relação entre padrões rítmicos e fenômenos definidos por princípios gramaticais categóricos. É justamente nessa interface entre a gramática e o sistema de desempenho Articulatório-Perceptual (Chomsky, 1995) que se situa a análise comparativa do ritmo de PE e PB proposta neste artigo”.
Propõe-se, com base nas hierarquias de restrições da Teoria da Otimalidade, que essa interpretação deve levar em conta dois diferentes rankings de restrições, em PE e PB. PBPE Integridade da palavra fonológica Pé trocaico Binariedade do pé Integr. da palavra fonológica Pé trocaico Binariedade do pé Esses rankings diferentes explicariam, em última análise, as diferenças rítmicas entre as duas línguas, bem como o comportamento diferente das suas vogais pretônicas com respeito a processos de redução.
Abaurre, M.B.M.; Galves, C.; Mandel, A. & Sandalo, M.F.The Sotaq optimality based computer program and secondary stress in two varieties of Portuguese Em: Rutgers Optimality Archive: http://roa.rutgers.edu (# 463-080)
Basic claim: an OT analysis of secondary stress, based on a hierarchy of constraints, is superior to a rule-based analysis to account for the facts of Portuguese The computer based program SOTAQ allows for automatic testing, against large corpora, of proposed constraint hierarchies for Brazilian and European Portuguese http://www.ime.usp.br/~tycho/prosody/sotaq/index.html
ACENTUAÇÃO RÍTMICA EP: (1) a. A autoridade do governadordiminuiu ~ b. A autoridade do governador diminuiu BP: (2) a. A autoridade do governadordiminuiu ~ b. A autoridade do governadordiminuiu
EP: (3) a. A modernizaçãofoi satisfatória ~ b. A modernizaçãofoisatisfatória BP: (4) a. A modernização foisatisfatória ~ b. A modernização foi satisfatória. EP: (5) a. A catalogadora compreendeu o trabalhoda pesquisadora ~ b. A catalogadora compreendeu o trabalho da pesquisadora BP: (6) a. A catalogadora compreendeu o trabalho da pesquisadora ~ b. A catalogadora compreendeu o trabalho da pesquisadora
VARIAÇÃO LIVRE NA TEORIA MÉTRICA (Harris 1989) ( 7 ) ( x ) ( x ) (x )(x ) (x )(x ) constantinopolitanismo ( 8 ) ( x ) ( x ) ( x ) (x )(x )(x ) ( x ) (x )(x )(x ) constantinopolitanismo constantinopolitanismo ( 9 ) ( x ) (x )(x )(x ) (x ) constantinopolitanismo
An OT analysis: the constraints A. Faithfulness Constraint: Maxst: Deletion of lexical stresses is not allowed. Violated by a segment containing a lexically stressed syllable not tagged as the core.
B. Markedness Constraints: FootBin/BinGrad: Feet must be binary. A binary rhythm is enforced in OT by the prosodic markedness constraint. FootBin that was first formulated by Prince (1980) and adopted by (Prince & Ssmolensky 1993). It is violated by a regular segment that does not have exactly two syllables. BinGrad is a gradient form of the same restriction: long feet count one violation for each syllable exceeding the initial two.
Parse: All syllables must be parsed into feet. FootBin alone does not suffice to generate a binary rhythm. This requires that all syllables must be parsed into feet (Hayes 1980, Halle & Vergnaud 1987, Prince & Smolensky 1993). Violated by each pseudo-segment which is not a functional word.
It follows from the binary rhythmic property of natural languages that adjacent stressed syllables are avoided. Two adjacent unstressed syllables are also avoided. Constraints enforcing avoidance of stress clashes have their roots in pre-OT work, for instance Liberman 1975, Liberman & Prince 1977, Prince 1983, Hammond 1984, Selkirk 1984. We use the following constraints that work against clashes:
NoClash: No stressed syllables can be adjacent. Violated by a pair of successive segments, the core of the first in the last syllable, the core of the second in its initial syllable. ClashInt: No stressed syllables within a lexical word can be adjacent. Like NoClash, but with the two cores in the same word. ClashExt: No stressed syllables in successive words can be adjacent. Like NoClash, but with the second segment starting at the beginnig of a lexical word.
NoLapse: No adjacent unstressed syllables inside a word-medial foot (Steriade 1995, Green & Kenstowicz 1995). Violated by a segment occurring not at the beginning or end of a lexical word containing two adjacent non-core syllables. Trochee: All feet must be left-headed (Hayes 1995) . Violated by a segment whose core is not its initial syllable.
C. Alignment Constraints: The notion of alignment originated in Prosodic Phonology (Selkirk 1986). Alignment serves to define the domains of prosodic constituents in OT. The different ranking of these constraints will generate the different secondary stress domains of Brazilian and European Portuguese.
Rightmost: Align (Hd-FT, Right, PrWd, Right). The constraints named after EDGEMOST (Prince & Smolensky 1993) align the strongest foot (or head foot) with a specified edge of the word. RIGHTMOST enforces that the head foot is the rightmost of a lexical word. Violated by a segment not containing the last syllable of a word, provided the segment's core has a lexical stress.
IntLex: A lexical word must be a prosodic word. Many languages require that lexical words be stressed, while functional words need not be stressed and are prosodically dependent on lexical words (Kager 1999). This is a strong requirement of BP which is enforced by this constraint that aligns a lexical word with a prosodic word. Violated by a segment that contains syllables of more than one word.
Align (Ft, L, PHP L): Every foot has its left boundary at the left edge of a phonological phrase. It is typical of stress languages that prosodic or syntactic constituents have a single prosodic peak (culminative property of stress), and it is also common that stress tends to be placed near edges of constituents. This is important for EP, which requires that phonological phrases have only one secondary stress that can be placed at its left edge. Following McCarthy & Prince, this fact is enforced here by an alignment constraint. Violated by a regular segment whose left boundary is not the left edge of a phonological phrase.
Example 1: Ranking:MAXst : Rightmost : ClashInt >> IntLex >> BinGrad : Parse : NoLapse >> ClashExt >>Trochee >> Align This is the one that best fits BP, so far. The output was: I: A in·te·li·gên·cia da ca·ta·lo·ga·do·ra foi de·ter·mi·nan·te [ | ~~ ^^^ [ |~~ ~~ ^^ [^^^| ~~~ ^^^ + O: |a |in|TEli|GÊNcia |da |CAta|LOga|DOra |FOI |deTER|miNANte [0] O: |a |INteli|GÊNcia |da |CAta|LOga|DOra |FOI |deTER|miNANte [2] Total cost: 2027. 19 syllables. 2 optimal segmentations. +147667381 possible segmentations (tableau lines)
Example 2: Ranking: MAXst : Rightmost : ClashInt >> Trochee >> Align: IntLex >> Parse >> ClashExt >> FootBin : NoLapse This is the one that best fits EP, so far. The output was: I: A in·te·li·gên·cia da ca·ta·lo·ga·do·ra foi de·ter·mi·nan·te [ |~~ ^^^ [ |~~ ^^ [^^^| ^^^ O: |a |INteli|GÊNcia |da |CAtaloga|DOra |FOI determi|NANte [0] O: |A inteli|GÊNcia |da |CAtaloga|DOra |FOI determi|NANte [2] O: |a |INteli|GÊNcia |DA cataloga|DOra |FOI determi|NANte [2] O: |A inteli|GÊNcia |DA cataloga|DOra |FOI determi|NANte [4] Total cost: 6003. 19 syllables. 4 optimal segmentations. +147667381 possible segmentations (tableau lines)
All constraints but one have categorical violations. FootBin/BinGrad is a manifestation of a same constraint with different ways to compute violation. Violations of FootBin are computed as categorical, violations of BinGrad are gradient. A long foot computes as a single violation of FootBin, whereas for BinGrad the number of violations increases with the length of the foot. The strong preference for binary feet in BP has been attested in many works (Bisol 1992, Collischonn 1993, Lee 1994, Massini-Cagliari 1995). Our handling of the data showed that FootBin is too weak to generate the correct facts of BP, while BinGrad is too strong for EP, even if very lowly ranked.
MAXst is not dominated by other restrictions, in this proposal. There are, however, circumstances of primary stress retraction in PB, as discussed by Sandalo & Truckenbrodt, Some notes on phonological phrasing in Brazilian Portuguese. (MIT Working Papers in Linguistics. 2001)
In the OT system, this fact can be captured by other constraints that are not listed here. These constraints will be explored in future developments of this work.
They are: Align-XP,R: The right edge of each lexical XP coincides with the right edge of a p-phrase. (Selkirk 1986) Uniformity: Subject and verb (if adjacent) are phrased in same length units. (Sandalo & Truckenbrodt 2002)
# Frase 1 # Lu2-11.wav # I: A mo · der · ni · za · ção foi sa · tis · fa · tó · ria [ | ~~ + ^^^ [^^^ | ~~ + ^^ O: |a |MOderni|zaÇÃO |FOI |SAtisfa|TÓria [0] Total cost: 1214. 12 syllables. 1 optimal segmentation. +51092 possible segmentations (tableau lines).
L.E. TenaniDomínios prosódicos no Português do Brasil: implicações para a prosódia e para a aplicação de processos fonológicos Tese de doutorado IEL/unicamp 2002
Objetivos • Caracterizar, por meio de evidências segmentais, rítmicas e entoacionais, os domínios , I e U em PB; • Comparar as evidências dos domínios prosódicos do PB com as do PE a fim de caracterizar a prosódia das duas variedades do Português.
Algumas conclusõessobre domínios prosódicos e ritmo Encontradas evidências entoacionais dos domínios , I e U em PB PB/PE: em ambas as variedades, I é o domínio importante para organizar o contorno entoacional. Diferença entre as variedades: em PB, diferentemente de PE, essa organização entoacional se articula com o domínio de , cuja proeminência é relevante para a distribuição dos eventos tonais.
A aplicação dos processos de vozeamento de fricativa, tapping, sândi vocálico e haplologia em PB e PE revela o tipo de estrutura silábica predominante em cada variedade. No PB, os processos fonológicos tendem a implementar estruturas silábicas CV sempre que há contexto para sua aplicação. No PE, os mesmos processos também implementam estruturas silábicas CV, porém são bloqueados sempre que ocorrer uma fronteira da frase entoacional (I). Disso decorre a expectativa de uma maior ocorrência de sílabas CV em PB, o que leva a um ritmo mais silábico do que o de PE. (Hipótese: o modo como os processos fonológicos afetam a estrutura silábica pode ser indício dos padrões rítmicos preferenciais em uma determinada língua).
Verifica-se a atuação de uma restrição rítmica para evitar choque de acentos dentro de . Essa restrição é visível em PB quando analisados os contextos de bloqueio da elisão e, em PE, os contextos da degeminação. Essas restrições bloqueiam a ocorrência de estruturas rítmicas mal-formadas. Quando considerados os contextos em que o choque de acentos se configura no input, verifica-se uma diferença entre o PB e o PE relativamente às estratégias de resolução do choque acentual. Enquanto PB recorre à estratégia de inserção de batida rítmica para resolver a adjacência de acentos de , o PE não ajusta essa configuração em que as proeminências rítmicas não alternam.