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E N D
1. Memorial do Convento XIV capítulo
2. pág. 165
“Já o padre Bartolomeu Lourenço regressou de Coimbra, já é doutor em cânones,…”
Antes, Bartolomeu era um simples padre, agora é doutor pois adquiriu mais e melhores conhecimentos.
“«Vive o padre nas varandas do Terreiro do Paço(…) cujo marido foi porteiro de maça até acabar morto de estoque numa rixa, »
Neste pequeno excerto podemos ver que padre Bartolomeu Lourenço vivia no Terreiro do Paço.
3. pág. 166
«mas por lhe querer bem el-rei (…) não só verá voar a máquina, como nela voará.»
O padre Bartolomeu Lourenço está a tentar tranquilizar D. João V, querendo que ele acredite no seu projecto; a preocupação do rei face à máquina prende-se mais com a vaidade de el–rei, pois se a máquina voasse o seu nome a ela ficaria associado, do que com o trabalho desenvolvido neste projecto.
«À lição assistem as (…) e outros eclesiásticos.»
o luxo e o exagero existentes no reinado de D.João V são uma constante.
4. «Il maestro vai corrigindo (…) só as mulheres, tenros corações, se deixam embalar pela música, e pela menina, mesmo tocando ela tão mal,…» - Mostra que só as mulheres têm sensibilidade, pois apesar da infanta não estar a tocar bem, deixam-se enlear pela música e pela menina.
pág. 167
« …é Escarlate o nome deste, e bem lhe fica, homem de completa figura (…) é a força da vida,…» - descrição de Scarlatti.
5. «Terminou a lição, desfez-se a companhia, rei para um lado, rainha para outro…»
Podemos ver o tipo de relação que havia entre o rei e a rainha. Era uma relação fria, contratual em que só estavam juntos para dar um herdeiro ao trono. Como diz o provérbio “termina a cerimónia acabou a companhia”
Da página 167 à 169 – assistimos à conversa entre padre Bartolomeu Lourenço e o músico Scarlatti.
Desta conversa surge a frase:
«… mas acredito na necessidade do erro.» Através das palavras de Scarlatti somos levados a reflectir sobre o “erro”, pois, segundo ele ,muitas vezes é preciso errar para se descobrir a verdade.
6. «Tendes razão, disse o padre, (…) não existe resposta para tal pergunta,…»
Neste pequeno excerto discute-se o conceito “verdade”.Chega-se mesmo a dar o exemplo de «quando Pilatos perguntou a Jesus o que era a verdade»
7. pág. 170
Surgem dúvidas ao padre Bartolomeu Lourenço quanto à questão da unidade ou da trindade de Deus «… que seja Deus uno em essência é ponto que nem heresiarcas negam, mas ao padre Bartolomeu Lourenço ensinaram que Deus, se sim é uno em essência, é trino em pessoa, e hoje as mesmas gaivotas o fizeram duvidar.» e o padre Bartolomeu sabe que está a cometer uma heresia quando Scarlatti faz a analogia com o grupo que eles constituíam «É uma trindade terrestre, o pai, o filho e o espírito santo,»
Nessa noite o músico Scarlatti toca uma música que se “espalha” por Lisboa e todos a ouvem, os soldados, a guarda, os marujos, os vadios, os frades, as freiras, um preso do Santo Ofício, Baltasar, Blimunda e Bartolomeu Lourenço. Todos eles se deixam encantar pela música; e o padre sentou-se a escrever o seu sermão de forma que « quando amanheceu ainda escrevia».
8. pág. 171
«…e do corpo do padre não se alimentaram esta noite as melgas.» - ironia, evidenciando a falta de higiene, tal como em capítulos anteriores (cap.1 pág. 16)
pp. 171/172
«Como se mostram variadas (…) fala das mãos, falo das obras.»
Jogo de palavras por parte de Saramago, para enfatizar a importância das mãos no quotidiano do ser humano.
9. pp. 172/173
Bartolomeu Lourenço decide contar o segredo da passarola a Scarlatti «…Então iremos amanhã a ver um segredo.»
Acto compromissivo
pág.173
«Estão parados diante do último pano da história de Tobias, aquele onde o amargo fel do peixe restitui a vista ao cego.» - intertextualidade - IV parte do Sermão do Padre António Vieira aos Peixes.
10. « A amargura é o olhar dos videntes,…»
Saramago parece dizer-nos que, por vezes, mais vale ser cego do que ver as amarguras da vida; fazendo principal referência aos videntes, pois estes conseguem prever o futuro que, por vezes, é amargo.
pág.174
«… Só de olhos vendados se chega ao segredo, disse, sorrindo, e o músico respondeu, em tom igual, Quantas vezes assim mesmo se volta dele,…»
Neste pequeno excerto é-nos dito que muitas vezes é preciso “não ver” para se conseguir guardar um segredo. Neste caso, quantas menos pessoas soubessem do segredo da passarola menor era a probabilidade de este ser descoberto.
11. pp.174/175
«Na sua frente estava uma ave (…) não posso dar mais que mostrar o que aqui se vê…»
Descrição da passarola.
pág.175
Nesta página encontramos uma comparação feita por Scarlatti, de Baltasar e Blimunda com Vulcano e Vénus…
Scarlatti compara Blimunda a Vénus, deusa do amor; e Baltasar a Vulcano, deus do fogo. Contudo, Baltasar sai a ganhar desta comparação pois tal como nos diz no livro «… se deus perdeu a deusa, este homem não perderá a mulher.» e também porque Baltasar tal como Deus, segundo ele, são manetas (não têm a mão esquerda) ao contrário de Vulcano que é coxo.
12. pp.175/176
«Sentaram-se todos em redor da merenda, metendo a mão no cesto, à vez, sem outros, agora o cepo que é a mão de Baltasar, cascosa como um tronco de oliveira, depois a mão eclesiástica e macia do padre Bartolomeu Lourenço, a mão exacta de Scarlatti, enfim Blimunda, mão discreta e maltratada, com unhas sujas de quem veio da horta e andou a sachar antes de apanhar as cerejas. Todos eles atiram os caroços para o chão, el-rei que aqui estivesse faria o mesmo
13.
Neste excerto, podemos ver que os vários tipos de mãos representam os diferentes ofícios: a mão cascosa de Baltasar e a mão maltratada de Blimunda representam a vida do povo, pois é esta classe social que trabalha e, por vezes, sem quaisquer condições; a mão de Bartolomeu Lourenço e Scarlatti representam as classes privilegiadas, daí serem macias; A “mão de Baltasar, cascosa como um tronco de oliveira” ,representa o povo e o trabalho árduo e manual; a “mão eclesiástica e macia”do padre Bartolomeu é símbolo do trabalho intelectual e da actividade pensante; “a mão exacta de Scarlatti” acaba por se metáfora da música do seu cravo, produto de uma actividade definida e precisa, enquanto que a mão de Blimunda, “ mão discreta e maltratada, com as unhas sujas de quem veio da horta e andou a sachar antes de apanhar cerejas”, simboliza não só o trabalho manual, mas também a relação com a terra, o poder fertilizador, maternal, a força interior desta mulher que levanta a passarola com o poder das vontades que aprisiona.
14. Neste excerto podemos ainda ver que esta merenda tem um valor metafórico na medida em que nos está a comparar a partilha da merenda com a partilha da vida/do segredo da “passarola” pelas mesmas pessoas (Baltasar, Blimunda, Bartolomeu Lourenço e Scarlatii). Este partilhar da merenda é como que um pacto de amizade, de sangue, em que todos assumem um projecto e em que todos, um pouco à imagem dos Cavaleiros da Távola Redonda, comungam o mesmo ideal.
15. “Eu e Baltasar temos a mesma idade, trinta e cinco anos, (…) Tenho vinte e oito …”
Através destas idades podemos ver que desde o começo da história o tempo avançou, nove anos.
16. pp.179/180
«…e assim Deus não fica no homem quando quer, (…) a mesma impossibilidade, e contudo…»
Referência à injustiça cometida por Deus em relação a Adão. Este só porque comeu o fruto proibido Deus castigou-o e fechou-lhe as portas do paraíso, e nós que somos descendentes de Adão cometemos o mesmo pecado ou até pecados mais graves e não somos castigados, temos ainda o “privilégio” de o receber dentro de nós, nomeadamente, quando vamos à sagrada comunhão.
Este capítulo termina, assim, «…em tentação.»