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Caso Clínico COQUELUCHE. Internato em Pediatria – HRAS Luciana Maria Mendes Santiago Coordenação: Luciana Sugai Brasília, 17 de julho de 2012 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (ESCS) www.paulomargotto.com.br.
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Caso ClínicoCOQUELUCHE Internato em Pediatria – HRAS Luciana Maria Mendes Santiago Coordenação: Luciana Sugai Brasília, 17 de julho de 2012 ESCOLA SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA SAÚDE (ESCS) www.paulomargotto.com.br
IDENTIFICAÇÃO: LMR, 3 meses, branco, masculino, Natural de Brasília. DN: 11/03/12 • Informante: Mãe (Boa informante). • QP: “ Tosse e cansaço há 14 dias” Caso clínico
HDA: Mãe refere que há 14 dias criança iniciou quadro de tosse intensa, seca, pior durante a noite e madrugada, associada a intenso desconforto respiratório e chiado no peito. • Há 13 dias procurou o posto de saúde, sendo suspeitado de sibilância e prescrito prednisolona (1,5mg/kg/dia) + NBZ com Fenoterol por 5 dias. Criança não teve melhora do quadro com medicações, segundo a mãe. • Evoluiu, há 4 dias, apresentando tosse produtiva, emetizante, com expectoração esverdeada, associada a hiporexia. Mãe resolveu procurar novamente o posto, onde foi orientada a continuar usando a Prednisolona, agora na dose de 1,1mg/kg/dia e a NBZ com Fenoterol. Por não apresentar melhora, deu entrada no PS do HMIB. • No momento da admissão, a criança estava bem, mantendo desconforto respiratório leve e tosse. Mãe se queixa de diminuição da diurese. Não apresentou nenhum pico febril desde o início do quadro. Caso Clínico
Antecedentes Fisiológicos: • Mãe realizou pré-natal (8 consultas), refere ter apresentado colelitíase e pancreatite por volta da 21ª sem de gestação, nega outras intercorrências. • Nasceu de parto normal, a termo, 40semanas. Peso de nascimento: 4145kg, GIG, comp: 53,5 cm, PC: 36 cm. Apgar 8/9. Parto sem intercorrências. • Vacinação em dia. Caso Clínico
Antecedentes Patológicos:Nega doenças e internações anteriores, nega alergias, transfusões, traumas. • Antecedentes Familiares:Nega asma na famíliaPai: 33, Mãe: 34, Irmãos: 10 e 5 anos. Todos hígidos. Caso Clínico
Hábitos de Vida:- Mora em casa de alvenaria com mãe, pai e irmãos, local tem água encanada e fossa.- Nega contato com tabagistas- Não possui animais de estimação- Em aleitamento materno exclusivo Caso Clínico
Exame Físico da admissão: BEG, ativo, normocorado, hidratado, acianótico, anictérico, taquidispnéico.- Pele- Sem alterações- AR - MV rude, com creptos finos em base e sibilos leves expiratórios difusos. FR=70irpm. Sat O2: 89-94% (em ar ambiente).- ACV - BNF, RCR 2T sem sopros- ABD - Plano, flácido, RHA +, sem visceromegalias.- EXT- Bem perfundidas e sem edemas, TEC <3s- Neuro: ausência de sinais meníngeos. Caso Clínico
Hemograma: - Hem: 4,32 milhões • Hg: 10,7 • Ht: 32,3% • VCM: 74,8 • Plaq: 652 mil • RDW: 35% • Hipocromia +/ microcitose + - Leucometria: 59.600 • NT 37% (22.1 mil) / Bast 0% Eos 0% /Baso 0%/ Mono 8% (4.8 mil)/ Linf 55% (32.8 mil) Bioquímica: • TGO: 23 • TGP: 4 Exames Complementares:
RX de tórax (24/06/12): Infiltrados pneumônicos na língula. Opacidade projetada na região paravertebral direita, hemitórax superior. Exames Complementares:
-HV 62,5% do Holliday-Penicilina Cristalina – 150.000UI/kg/dia (D1) – trocada por Azitromicina 10mg/kg/dia no dia seguinte-Prednisolona – 1,1mg/kg/dia (D4)-Salbutamol – 3jatos 4/4h Conduta na Admissão
Desde sua admissão, ocorrida há 17 dias, evoluiu com tosse em crise, produtiva, frequente, emetizante, associada a cianose e pletora facial. Ao exame, apresentava-se taquipneico, com creptos em bases e poucos sibilos. Saturando bem, em uso de O2 suplementar sob CN. • Há 11 dias mãe relata redução das crises de tosse, dos episódios de cianose e vômitos. Ausculta pulmonar com creptos em base direita, sem sibilos, saturando 94-95% com CN a 0,5 L/minuto. Restante do exame físico sem alterações. Criança foi retirada do isolamento. Evolução
Há 6 dias paciente havia terminado antibioticoterapia e aguardava desmame de O2 para alta hospitalar. Então, evoluiu com 2 episódios de taquiarritmia em dias consecutivos, revertidas com cardioversão elétrica e drogas. Foi encaminhado à UTIP, onde apresentou estabilização do quadro. Evolução
Hemograma (03/07) - Hem: 4,7 milhões • Hg: 11,5 • Ht: 35% • VCM: 74,5 • Plaq: 650 MIL • RDW: 18,3% • Anisocitose + Microcitose + • Leucocitose com granulações tóxicas + Bioquímica (03/07): CL 99 / FÓSF 3.9 / Mg 2.4 / K 4.5 / NA 137. Exames Complementares
Doença infecciosa aguda, altamente contagiosa, de distribuição universal, que compromete especificamente o aparelho respiratório (traqueia e brônquios) e se caracteriza por paroxismos de tosse seca. Definição
Era pré-vacinal:200-1000 casos/100.000 • Inicio de vacinação em massa na década de 50 – houve redução da incidência. No Brasil essa redução ocorreu em meados da década de 80. • Atualmente há elevação de incidência em adultos nos países desenvolvidos. No Brasil não há documentação até o momento. Epidemiologia
Doença de notificação compulsória • Agente Etiológico: Bordetellapertussis(bacilo gram negativo capsulado, aeróbio, imóvel) • Reservatório: Homem – Ainda não foi demonstrado se há portadores crônicos • Período de incubação: média de 5-10 dias, podendo variar de 1-3 semanas Epidemiologia
Modo de transmissão: Inalação de aerossóis (Transmissão por objetos é pouco frequente). • Período de transmissibilidade: final do período de incubação (5 dias) até 3 semanas após o inicio da fase paroxística. Epidemiologia
Resposta inflamatória – muco (obstrução) Necrose epitelial – paralisia ciliar Fisiopatologia
Pulmonares: Pneumonia e otite media por B. pertussis, pneumonias por outras etiologias, ativação de tuberculose latente, atelectasia, bronquiectasia, enfisema, pneumotórax, ruptura de diafragma; • Neurológicas:Encefalopatia aguda, convulsões, coma, hemorragias intracerebrais, hemorragia subdural, estrabismo, surdez; • Ocorrem devido ao aumento da pressão intra-abdominal: Hemorragias subconjuntivais, epistaxe, edema de face, hérnias (umbilicais, inguinais e diafragmáticas). • Ocorrem devido aos vômitos: desidratação, desnutrição, alcalose metabólica Complicações
- Caso Suspeito: • Indivíduo com tosse seca há 14 dias ou mais, associada a :tosse paroxística, guincho inspiratório ou vômitos pós-tosse. • Indivíduo com tosse seca há 14 dias ou mais e com história de contato com um caso confirmado de coqueluche pelo critério clínico. Diagnóstico
- Confirmado: • Critério laboratorial – Caso suspeito com isolamento de B. pertussis (cultura de nasofaringe). Pode ser coletada até 3 dias após início de antibioticoterapia • Critério clínico-epidemiológico – Caso suspeito que teve contato com caso confirmado pelo critério laboratorial durante o período de transmissibilidade. • Critério clínico – Caso suspeito com alteração no leucograma: leucocitose (acima de 20 mil leucócitos/mm3) e linfocitose absoluta (acima de 10 mil linfócitos/mm3), desde que não exista outro diagnostico confirmatório. • Métodos sorológicos não são recomendados devido à demora com que exibem positividade. • Obs: RX:Normal, hiperinsuflação, padrão intersticial, atelectasias, coração felpudo Diagnóstico
Macrolídeos – Eritromicina • O período catarral é o único onde uma melhora clínica pode ser evidente com o uso de antibiótico. • Durante o episódio de tosse paroxística a criança deve ser colocada em lateral ou decúbito de drenagem para evitar a aspiração de vômito e/ou de secreção respiratória. • Manter o paciente em isolamento por 5 dias após início de antibioticoterapia • Lactente em apneia ou cianose - oxigenoterapia Tratamento
Vacinação – Profilaxia - não confere imunidade permanente. - Esquema do MS: 2, 4 e 6 meses (tetravalente). Reforço aos 15 meses e 4-6 anos (DTP). DTP não deve ser aplicada em >7 anos (opção: vacina acelular) Medidas de Controle
Com vacinação básica completa: - Se menores de 7 anos, devem receber profilaxia com eritromicina por 10 dias e uma dose de vacina como reforço. • Se maiores de 7 anos: Eritromicina por 7 dias. • Sem vacinação completa: - Iniciar/completar vacinação em menores de 7 anos. Oferecer eritromicina por 7-10 dias • Pesquisa de novos casos Controle de Comunicantes
DOENÇAS INFECCIOSAS E PARASITÁRIAS – GUIA DE BOLSO – 8ª edição revista MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Vigilância em Saúde Departamento de Vigilância Epidemiológica 8ª edição revista BRASÍLIA / DF – 2010 • Luz PM, Codeço CT, Werneck GL -A reemergência da coqueluche em países desenvolvidos: um problema também para o Brasil? Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 19(4):1209-1213, jul-ago, 2003 • PIOVENSANA, A.M.S.G.; J.A; LIMA, C.L.A,et al .BEHRMAN, R. E KHEGMAN, R. M; JENSON, H.B.Nelson - Tratado de Pediatria. 16ª edição. Riode Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 2002 Bibliografia