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Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Enfermagem - CEEH Disciplina de Especialidade - CTI. Seminário: “Prevenção dos riscos ocupacionais da equipe de enfermagem intensivista”. Discente: Polyanne Andréia Silva Docente: Anadias Trajano Camargos. Belo Horizonte – MG 2009. INTRODUÇÃO.
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Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Enfermagem - CEEH Disciplina de Especialidade - CTI Seminário: “Prevenção dos riscos ocupacionais da equipe de enfermagem intensivista” Discente: Polyanne Andréia Silva Docente: Anadias Trajano Camargos Belo Horizonte – MG 2009
INTRODUÇÃO • O trabalho é essencial para a inserção do indivíduo no meio social. Contribui para a formação de sua identidade, auxilia na construção de sua subjetividade e permite seu desenvolvimento na esfera individual e coletiva. Contudo, a maneira com que esse está organizado e é executado por grande parte dos trabalhadores, gera efeitos negativos. (CAVALCANTE et al., 2006). • O ambiente de trabalho hospitalar é caracterizado como insalubre, visto que agrupa pacientes portadores de diversas doenças infectocontagiosas e viabiliza vários procedimentos de risco para acidentes e doenças ocupacionais. Portanto, os trabalhadores hospitalares estão expostos a riscos potenciais, dependendo da atividade que desenvolvem e do seu local de trabalho. (NISHIDE; BENATTI e ALEXANDRE, 2004). • Os profissionais de enfermagem intensivistas enfrentam em seu cotidiano situações limite, fornecendo assistência integral e contínua a pacientes críticos, e convivem em um ambiente de trabalho com riscos resultantes de agentes biológicos, químicos, físicos e psíquicos, capazes de gerar danos à saúde do trabalhador. (SANTOS; OLIVEIRA e MOREIRA, 2006).
Analisando o adoecimento da equipe de enfermagem em um hospital escola, Silva e Marziale (2002) encontraram que os trabalhadores de enfermagem de UTI tiveram o maior índice de absenteísmo-doença. • UTI -> ambiente de trabalho que implica em grandes exigências para o profissional de enfermagem -> físicas (desgaste gerado pelo atendimento), mentais (estado de alerta permanente), sociais (carências dos pacientes/família) e espirituais (convívio constante com o sofrimento, dor e morte) -> próprias características de volume e demanda de atividades envolvidas na rotina de trabalho -> predisposição do trabalhador a inúmeros riscos ocupacionais. • Para Spíndola (2003) o trabalho em terapia intensiva, em certas ocasiões, é visto como um local de aprimoramento de experiências e conhecimentos, onde se desenvolvem atividades complexas e diferenciadas, gerando prazer; em outras ocasiões se destaca, na visão dos profissionais, como uma unidade emocionalmente desgastante e revestida de cansaço físico, decorrente de atividades contínuas por um período de 12 horas consecutivas. • Entende-se que a implementação de medidas preventivas de acidentes e doenças ocupacionais em trabalhadores de enfermagem intensivistas poderá corroborar para a manutenção da saúde do trabalhador e de sua qualidade de vida, diminuindo e/ou evitando o absenteísmo-doença. É dever do enfermeiro, juntamente com a administração da instituição de saúde, zelar pela segurança e bem estar dos membros da equipe de enfermagem.
OBJETIVOS • Expor os riscos ocupacionais da equipe de enfermagem intensivista; • Descrever as principais medidas empregadas na prevenção dos riscos ocupacionais dos trabalhadores da equipe de enfermagem que atuam em unidades de tratamento intensivo; • Comparar o que preconiza a literatura (métodos preventivos de riscos ocupacionais) com o que se desenvolve num hospital universitário de BH.
Fundamentação Teórica • O ambiente hospitalar é reconhecidamente insalubre, pois agrupa indivíduos de várias enfermidades infecciosas, além de viabilizar procedimentos de risco para os trabalhadores destas instituições. (PRADO, 1999 apud SÊCCO; GUTIEREZ e MATSUO, 2002). • O ambiente de trabalho em UTI é caracterizado como estressante, em decorrência da constante expectativa de situações de emergência, de tecnologias sofisticadas e complexas e da centralização de pacientes críticos, sujeitos a mudanças repentinas em seu estado geral. (SANTOS, OLIVEIRA e MOREIRA, 2006). • Padilha e Kimura (2000) acrescentam outros fatores estressantes para a equipe que atua em terapia intensiva, como a dificuldade de aceitação da morte, a carência de recursos materiais e humanos e a tomada de decisões para resolução de conflitos.
Nascimento e Trentini (2004, p. 251) advertem que “O cuidado de enfermagem se dá, nesse conturbado ambiente de aparelhagens múltiplas, desconforto, impessoalidade, falta de privacidade, dependência da tecnologia, isolamento social, dentre outros. A UTI é totalmente diferente de outras unidades de internação [...]”. • Veiga (2007) expõe que o ambiente de trabalho, quando árduo e insalubre, não oferecendo condições favoráveis à saúde do trabalhador, pode levar à precarização do trabalho devido à intensa atividade física e mental, duplas jornadas de trabalho, remuneração insuficiente ou até mesmo pelo sistema de vínculo empregatício. • Segundo Marziale (1999), os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais podem ser causados por fatores de riscos, dentre os quais estão os riscos ergonômicos, psicossociais, químicos, físicos e biológicos, potencialmente capazes de prejudicar a produtividade, a qualidade da assistência prestada e a saúde dos trabalhadores.
Tabela 1. Riscos ocupacionais de enfermagem, segundo sua natureza. Adaptado de Bulhões (1994).
Segundo Beck et al. (2006) as cargas de trabalho acumuladas pelo profissional geram, ao longo do tempo, desgaste das capacidades vitais do trabalhador. • Precárias condições de trabalho -> induzem a agravos à saúde do trabalhador de enfermagem -> provocando transtornos na alimentação e no sono, fadiga, prejuízos aos sistemas corporais, redução do estado de alerta, estresse, desorganização no ambiente familiar e neuroses -> levam muitas vezes a afastamentos no trabalho. (BARBOZA e SOLER, 2003). • Marcas físicas -> envelhecimento precoce e incapacidades causadas por doenças ocupacionais e acidentes de trabalho ; Marcas psíquicas -> se dão principalmente pelo alcoolismo e uso indiscriminado de psicofármacos. (ABEN, 2006). • A elevação do absenteísmo por licença-saúde na enfermagem -> problema oneroso e complexo para as instituições. Hospital -> a assistência não pode ser adiada -> falta de um trabalhador -> perturbação aos demais integrantes da equipe, além de reduzir a produção, aumentar os custos operacionais, dificultar a substituição de trabalhadores diretamente ligados à assistência e diminuir a qualidade da assistência. (ALVES, 1996 apud MARZIALE, 2006).
Metodologia • Este estudo baseia-se na revisão de literatura e na entrevista com um enfermeiro intensivista de um Hospital Universitário de BH, com o intuito de estabelecer uma comparação entre o que é recomendado na literatura quanto às medidas preventivas de acidentes e doenças ocupacionais em terapia intensiva e o que é realizado na prática diária do enfermeiro intensivista sob a mesma óptica.
Resultados e Discussão Buscou-se na literatura as principais medidas de prevenção de riscos ocupacionais da equipe de enfermagem intensivista, no intuito de se diminuir as cargas de trabalho em UTI e subsidiar o processo de tomada de decisão do enfermeiro, enquanto um dos responsáveis pela segurança de sua equipe. Comparamos as recomendações da literatura com o desenvolvido no Hospital Universitário (tabela 2).
Tabela 2. Principais medidas preventivas de acidentes e doenças ocupacionais em UTI e sua comparação com o desenvolvido no HRTN.
Considerações Finais • A prevenção dos riscos ocupacionais é de extrema necessidade para se minimizar as doenças e acidentes relacionados ao trabalho, e toda a gama de problemas decorrentes dos mesmos, de forma a propiciar melhores condições de saúde e qualidade de vida no trabalho de enfermagem, particularmente, em terapia intensiva, na qual o trabalhador lida constantemente com riscos e desenvolve seu trabalho em situações estressantes, que exigem dele alto grau de resistência física e mental. • Acredita-se que viver a enfermagem de um modo digno e prazeroso, sem prejuízos à saúde de seus trabalhadores deve ser uma meta constante, afinal, quem cuida de quem cuida? Espera-se que este estudo tenha contribuído para o conhecimento dos riscos ocupacionais e suas formas de prevenção em unidades de terapia intensiva, minimizando a ocorrência de acidentes e doenças ocupacionais.
Referências • ABEN/RJ. Cartilha do trabalhador de enfermagem: saúde, segurança e boas condições de trabalho. Rio de Janeiro, 2006. • BARBOZA, D.B.; SOLER, Z.A.S.G. Afastamentos do trabalho na enfermagem: ocorrências com trabalhadores de um hospital de ensino. Revista Latino-Americana de Enfermagem, v. 11, n. 2, p. 177-183, mar./abr. 2003. • BECK, C.L.C.; et al. O trabalho da enfermagem em unidades críticas e sua repercussão sobre a saúde dos trabalhadores. Escola Anna Nery, v. 10, n. 2, p. 221-227, ago. 2006. Disponível em: <http://www.portalbvsenf.eerp.usp.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-81452006000200008&lng=en&nrm=iso>.Acesso em 12 de maio 2009. • BULHÕES, I. Riscos do trabalho em enfermagem. Rio de Janeiro: Ideas, 1994. • CAVALCANTE, C.A.A.; et al. Riscos ocupacionais do trabalho em enfermagem: uma análise contextual. RevistaCiência, Cuidado e Saúde, Maringá, v.5, n.1, p. 88-97, jan./abr. 2006. • MARZIALE, M.H.P. Abordagem ergonômica do trabalho de enfermagem. [Tese]. Ribeirão Preto (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 1999. • MARZIALE, M.H.P. Subnotificação de acidentes com perfurocortantes na enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, v. 56, n.2, p. 164-168, mar./abr. 2003. • NASCIMENTO, E.R.P; TRENTINI, M. O cuidado de enfermagem na unidade de terapia intensiva (UTI): teoria humanística de Paterson e Zderad. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.12, n. 2, p. 250-257, mar./abr. 2004. • NISHIDE,V.M, BENATTI, M.C.C, ALEXANDRE, N.M.C. Ocorrência de acidente do trabalho em uma unidade de terapia intensiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v.12, n.1, p. 204-211, mar./abr. 2004. • PADILHA, K.G.; KIMURA, M. Aspectos éticos da prática de enfermagem em Unidade de Terapia Intensiva. Sobeti em Revista, v.1, n.1, p. 8-11, mar. 2000. • SANTOS, J.M.; OLIVEIRA, E.B.; MOREIRA, A.C. Estresse, fator de risco para a saúde do enfermeiro em centro de terapia intensiva. Revista Enfermagem UERJ, Rio de Janeiro, v. 14, n. 4, p. 580-585, out./dez. 2006. • SÊCCO, I.A.de O.; GUTIERREZ, P.R.; MATSUO, T. Acidentes de trabalho em ambiente hospitalar e riscos ocupacionais para os profissionais de enfermagem. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v.23, p. 19-24, jan./dez. 2002. • SILVA, D.M.P.P. da.; MARZIALE, M.H.P. O adoecimento da equipe de enfermagem e o absenteísmo-doença. Revista Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v.1, n.1, p. 133-136, 2002. • SPINDOLA, T. O mundo do CTI sob a ótica da enfermagem. 2a ed. Rio de Janeiro: T. Spindola; 2003. • VEIGA, A.R. Condições de trabalho, fatores de risco e problemas de saúde percebidos pelo trabalhador de enfermagem hospitalar. [Dissertação de Mestrado]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Faculdade de Enfermagem. 2007, 120 f.
“A Unidade de terapia Intensiva é considerada uma área crítica do hospital, devido a características próprias que possui, onde vários fatores contribuem no sentido de tornar cada vez mais o ambiente insalubre, gerando riscos ocupacionais e infecção hospitalar. O enfermeiro intensivista tem papel fundamental no sentido de promover um ambiente seguro e terapêutico.” (COSTA e DEUS, 1989, p. 106)