10 likes | 112 Views
A utilização de Atividades Artísticas e Expressivas como Instrumento de Avaliação, Expressão e Intervenção em Terapia Ocupacional. Juliana Cassol Bastos IC-Voluntária Orientador: Milton Carlos Mariotti. Resultados / Discussão
E N D
A utilização de Atividades Artísticas e Expressivas como Instrumento de Avaliação, Expressão e Intervenção em Terapia Ocupacional. Juliana Cassol Bastos IC-Voluntária Orientador: Milton Carlos Mariotti Resultados/Discussão A partir da análise temática tornou-se eminente os diferentes aspectos relacionados aos possíveis resultados positivos que este recurso pode proporcionar a saúde mental do individuo. Dentre alguns aspectos envolvidos encontra-se: prazer, concentração, realização, distanciamento dos problemas relativos à doença, melhora da auto imagem, espaços para trocas de experiências, diminuição dos sintomas de seus transtornos, melhora no relacionamento interpessoal, etc Os dados coletados foram classificados em categorias de acordo com o processo de analise de dados. A primeira categoria referiu-se a tipos de atividades artísticas, tendo sido elencadas diversas atividades como: desenho, modelagem , grafite e música. Dentro da classificação realizada por Nise da Silveira (1966) no grupo das atividades expressivas se incluem: pintura, modelagem, gravura, escultura em madeira, música (canto e instrumentos), dança, mímica, teatro. Apesar de ser realizada esta classificação relata a possibilidade que outros tipos de atividades possuem de serem expressivas, segundo a autora todas são. Sendo então importante para o Terapeuta Ocupacional saber realizar a observação de como o indivíduo desenvolve uma determinada atividade (SILVEIRA, 1966). A segunda categoria refere-se à autopercepção ao realizar a atividade, e foram citados os seguintes aspectos: prazer, concentração, bem estar, possibilidade de expressão, alívio e realização. Para esta categoria, o S.3 ao falar de outro tipo de atividade apresentou respostas relacionadas á insegurança e medo e quando falado a respeito de outra atividade de seu interesse essa opinião se modifica, tendo uma resposta positiva relacionada a possibilidade de expressão que a atividade gera, assim ajudando a melhorar os sintomas de seu transtorno mental. A resposta se modifica também para o S.2 que apesar de a atividade realizada possibilitar o bem estar, em alguns momentos também aparecem diversos sentimentos sendo citados os negativos como conflitos pessoais sem conseguir explicar o motivo desses sentimentos. O surgimento de certos tipos de sentimentos pode ser caracterizado como conseqüência do tipo de atividade realizada. Falando a respeito da modelagem em argila CHAMONE (1981) afirma que: “esta atividade esta voltada para a expressão profunda do ego”. Conforme o indivíduo cria, passa a este material a leveza de seus pensamentos, criando maior liberdade. Em contato com ele o indivíduo é levado a criar formas sugestivas e estimulantes. Este material é passível de gerar ansiedades, é criador de resistências por suas características, ao entrar em contato com ele gera-se um sentimento de insegurança. Devem-se tomar precauções para sua prescrição, prematuramente indicada pode gerar uma maior resistência. A argila é geradora de uma alta carga expressiva e emocional (CHAMONE, 1981). A terceira categoria envolveu melhoras na saúde mental e foram citados os seguintes aspectos: distanciamento dos problemas , melhora da auto imagem, sentimento de aceitação , possibilidade de espaços para trocas de experiências, diminuição dos sintomas de seus transtornos, possibilidade de diversão , aumento da sua participação social e melhora no relacionamento interpessoal. Alguns autores relatam a importância que as atividades expressivas proporcionam para a melhora na vida social do individuo com transtorno mental. Falando em específico sobre a música CHAMONE (1981) relata a sua possibilidade para a melhora na vida social do indivíduo, aumentando a auto estima. A música tem a capacidade de organizar grupos e pessoas isoladamente, elas exercem uma forte Influência sobre o homem. Através da música os indivíduos podem expressar sentimentos reprimidos (CHAMONE, 1981). Em relação às diversas atividades artísticas, os sujeitos que vivenciaram a experiência da loucura constroem novos vínculos e relações com o circuito social e incluem-se no mundo da cidadania. Amplia-se, portanto, seu universo de relações, sua circulação social e desenvolvem-se alternativas para a inserção de singularidades na sociedade (LIMA, 2004). A quarta categoria envolveu orientação da atividade pelo terapeuta ocupacional e foram apresentados aqui os seguintes resultados: possibilidade de liberdade de criação, expressão de sentimentos e emoções e a presença/acompanhamento do Terapeuta Ocupacional. A liberdade de criação se torna um potencial para a intervenção em Terapia Ocupacional quando se deseja a expressão do paciente e seu aprendizado.Segundo Chamone (1990) o uso de atividades livres e criativas favorece a ação do paciente sobre o mundo externo, havendo uma compreensão do fazer terapêutico. Não há necessidade que o profissional comande ainda mais a relação do paciente com os materiais no momento em que se esta produzindo. A liberdade segundo este autor não esta relacionada com a ausência de interferências, mas é caracterizada pela possibilidade de o terapeuta ser um facilitador, eliminando os obstáculos existentes para a liberdade do paciente. Os objetivos do fazer livremente envolvem a satisfação de curiosidades, anseios, intenções. (CHAMONE,1990). Em relação a expressão de sentimentos e emoções durante a realização da atividade alguns relatos trouxeram elementos relacionados a saudades da família e a insegurança provocada por situações novas, causando crises depressivas. É através da atividade criativa que se torna possível a expressão emocional, uma comunicação para o paciente psiquiátrico. O contato com esse processo ajuda na assimilação de novas representações psíquicas (AMENDOEIRA, 2006). A arte além de ser uma alternativa para revelar a verdade, representando de forma concreta e figurada o que agita a alma humana, é a própria expressão dessa humanidade. A criação nos torna capazes de compartilhar com os outros nossos medos e encantamentos (AMENDOEIRA, 2006). Em relação a presença/acompanhamento do Terapeuta Ocupacional,de acordo com a resposta do S.3 foi possível constatar que durante a realização da atividade o Terapeuta Ocupacional mesmo deixando a atividade livre observava e auxiliava , acompanhando usuário . A respeito desta observação, pode-se fazer a correlação com o que Nise da Silveira (1966) relata: “O terapeuta que verdadeiramente deseja entrar em contato com seu doente terá de aprender a ler sua expressão corporal, a captar as veladas expressões de suas tentativas de comunicação”. Introdução/Objetivos O tratamento oferecido a pessoas com transtornos mentais passou por diferentes metodologias, focos e contextos até chegar ao modelo atual. Se antigamente o trabalho era o principal meio de tratamento utilizado em hospitais psiquiátricos, em momentos posteriores estudiosos buscaram alternativas para mudar esta realidade. A utilização de atividade artística e expressiva como recurso alternativo de tratamento foi desenvolvido. É importante perceber todo o processo de transformação de sua utilização, a sua grande relação com a psiquiatria, a evolução de seu reconhecimento com o passar do tempo por diversos estudiosos e sua influência para diversos profissionais na mudança do tratamento de pessoas com transtornos mentais. O trabalho desenvolvido por alguns Terapeutas Ocupacionais brasileiros citados neste estudo são de extrema importância para a verificação, por meio de suas experiências de como a utilização específica das atividades artísticas e expressivas se tornam uma alternativa para o tratamento de indivíduos com transtornos mentais. Este estudo busca revisar a literatura nacional sobre o tema, bem como verificar a percepção de usuários sobre o uso de atividades artísticas e expressivas. Método Para a construção do referencial teórico foram realizadas consultas a livros, artigos científicos, teses e dissertações no portal da Capes. Foram feitos levantamentos nas bases de dados: bireme e Scielo, utilizando-se como descritores os termos: Saúde Mental e Terapia Ocupacional, excluindo-se os temas relacionados a trabalho e lazer e incluindo aqueles que estivessem relacionados a atividades expressivas e artísticas com publicações em português. Para a pesquisa de campo foi utilizada abordagem qualitativa com caráter descritivo e exploratório. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas para coleta de dados e análise temática para o tratamento dos mesmos. Foram entrevistados cinco sujeitos participantes do Programa de extensão da área de Saúde Mental do Curso e Departamento de Terapia Ocupacional da Universidade Federal do Paraná, sendo uma entrevista eliminada por o sujeito não apresentar respostas compreensíveis. O estudo é parte da pesquisa aprovada pelo comitê de ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Federal do Paraná com o registro do Comitê de Ética e pesquisa em Seres Humanos do Setor de Ciências da Saúde da UFPR - CEP: 1088.013.1103 • Referências • AMENDOEIRA, M. C.R.; MELLO, L. C.; CAVALCANTI, M .T.Esquizofrenia, Criatividade e Envelhecimento em quatro Artistas do Engenho de Dentro. Arquivos brasileiros de psiquiatria, neurologia e medicina Legal, vol 100, nº 01, jan/fev/mar 2006, p.39-43. AMENDOEIRA, M.C. R. A importância da interseção dos campos da arte, psiquiatria e sociologia. Um exemplo no estudo das imagens de uma paciente esquizofrênica: Adelina Gomes. XII Encontro do PPGAV, EBA. UFRJ,2005. • ANDRIOLO, A. A "psicologia da arte" no olhar de Osório Cesar: leituras e escritos. Psicol. cienc. prof. v.23 n.4 Brasília dez. 2003,p.75-80. • BELL, T.Projeto de Pesquisa:Guia para pesquisadores iniciante em educação,saúde e ciências sociais.4 ed.Porto Alegre:Artned,2008,p.15 • BENETTON, J. Trilhas Associativas: Ampliando Recursos na Clínica de Psicose . São Paulo: Lemos, 1991, p.18-34. BEZERRA, D. B;OLIVEIRA.J. M . A atividade artística como recurso terapêutico em saúde mental. Boletim da Saúde, v. 16, n. 2, 2002,p,135,136. BRASIL.Legislação brasileira sobre pessoas portadoras de deficiência. 7. ed. – Brasília : Câmara dos Deputados, Edições Câmara, 2011. Disponível em : <http://bd.camara.gov.br/bd/b> Acesso em :13/03/2013 BROCH,A. RUCH,F.Abordagens da Terapia Ocupacional Psicodinâmica.148f. Monografia (Grau em Terapia Ocupacional).Setor ciências da saúde,Faculdades de Ciencias da Saúde de Joinville. , 2007, p. 29,30. Disponível em:<http://pt.scribd.com/doc/6799817/> Acesso em : 20/08/2012 • CASTRO, E. D. LIMA, E. M. F. A Resistência, inovação e clínica no pensar e no agir de Nise da Silveira.Interface (Botucatu) vol.11 no.22 Botucatu May/Aug. 2007,p.366-367,369-370 • CASTRO, E.D;SILVA,D .M. Habitando os campos da arte e da Terapia Ocupacional: percursos teóricos e reflexões. Rev. Ter. Ocup. Univ. São Paulo v.13 n.1 São Paulo abr. 2002, p.5-7 CERVO, A. L; BERVIAN, P. A; SILVA, R. Metodologia cientifica. 6 ed. SP: Pearson Prenntce Hole,2006,p. 61-62. FORTUNA, S. M. C .B.Doença de Alzheimer, Qualidade de vida e Terapias Expressivas.Campinas,SP, Ed Alinea, 2005,p.39 FERRARI, S. M. L.Terapia Ocupacional espaço da narrativa entre forma e imagem. Revista do Centro de Estudos de Terapia Ocupacional - ano 4 - nº4 – 1999,p.6-8. FRANCISCO, B,R.Terapia Ocupacional.2 Campinas,SP:Papirus,2001,p.40-43. JORGE ,R,C. Chance para uma esquizofrênica.Belo Horizonte: Oficial,1981,p.37,38,41,43,45,51,52. JORGE ,R,C.OObjeto e a Especificidade da Terapia Ocupacional.Belo Horizonte: GESTO, 1990 ,p.13,18,19,63,65. LIMA, E, A. Arte Clínica e Loucura: Um território em mutação. São Paulo: Summus ,2009,p. 24,25. LIMA, E. A. Oficinas, Laboratórios, Ateliês, Grupos de Atividades: Dispositivos para uma clínica atravessada pela criação. Publicado em COSTA, Clarice Moura e FIGUEIREDO, Ana Cristina. Oficinas terapêuticas em saúde mental - sujeito, produção e cidadania. Coleções IPUB. Rio de Janeiro, Contra Capa Livraria, 2004, 59-81. MACHADO, R. et al. Danação da norma: medicina social e constituição da Psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: Graal, 1978,p. 154,458-460 MARCONI, M. A ; LAKATOS,E .M. Metodologia cientifica.5 ed.SP:Atlas S.A,2010,p. 268,270,279. • MARIÓTTI, M.C. Atividades Artísticase Saúde Mental em Terapia Ocupacional Dissertação. Programa de Pós Graduação em Educação, Universidade Federal do Paraná, 1999, p. 28,29,33. MARTINS, D. L. S.S; NALASCO, L. F. Reflexões do uso da arte como recurso terapêutico ocupacional. Publicado: Revista do Hospital Universitário; UFMA-Vol .8(1),JAN-JUN,2006,p.27. MINAYO, M. C. S. O Desafio do Conhecimento. Pesquisa Qualitativa em Saúde. São Paulo-Rio de Janeiro: Hucitec-Abrasco,1993,p.208-211 PÁDUA,F. H. P.MORAIS,M. L .S. Oficinas Expressivas: Uma Inclusão de Singularidades.Psicologia UsP, São Paulo, abril/junho, 2010,p.462. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/pusp/v21n2/v21n2a12.pdf > Acesso em :28/02/2013 RIBEIRO, M. B.C;OLIVEIRA,L.DE ROBERTO.Terapia Ocupacional e Saúde Mental. Comunic, Saúde, Educ, v.9, n.17, p.425-31, mar/ago 2005,p.427 • RIBEIRO,S. F. R. Grupo de expressão: uma prática em saúde mental.Rev. SPAGESP v.8 n.1 Ribeirão Preto jun. 2007,p.26-27 SILVEIRA, NISE DA. Terapia Ocupacional: Teoria e Prática. Rio de Janeiro: casa das palmeiras, 1966, p.29-33 Conclusão Através deste estudo pode-se conhecer e confirmar as potencialidades que a utilização de atividades expressivas e artísticas detém para ajudar na melhora da saúde mental desses indivíduos sendo possível uma correlação com o que foi descrito pelos autores estudados acerca do assunto abordado. Com este estudo foi possível aproximar-se da percepção que os indivíduos com transtornos mentais atendidos por Terapeutas Ocupacionais expõem acerca da utilização das atividades artísticas e expressivas, auxiliando assim para um melhor reconhecimento do profissional acerca de sua atuação e como a mesma pode ser potencializada de acordo com as necessidades de cada individuo. Constatou-se que os resultados encontrados são diversificados, mas em sua maioria positivos. Os sujeitos entrevistados revelaram que as produções de atividades artísticas e expressivas se tornam uma alternativa a ser aliada ao tratamento. Mesmo havendo em algumas respostas conteúdos de conflitos e inseguranças, de alguma forma isto os ajudou a expressar seus sentimentos, permitindo criar alternativas para o enfrentamento de seus medos e melhorarem sua saúde mental. São diversos os ganhos que estes indivíduos têm a partir desta pratica. Há possibilidade de enriquecer as relações desses sujeitos favorecendo sua vida social, gerando educação, autoconhecimento entre outros ganhos. Compreende-se então que o Terapeuta Ocupacional é uma peça importante para se chegar a esses resultados e deve ter a sensibilidade em analisar e selecionar a atividade que melhor se encaixa com as necessidades do paciente. Através deste estudo fica clara as potencialidades da intervenção da Terapia ocupacional através do uso de atividades artísticas e expressivas, a importância da relação terapeuta e paciente, do apoio que este deve dar ao mesmo, também para a melhor escolha das atividades que possibilitem a expressão e melhora na saúde metal.