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Atenção à Mulher em Situação de Violência

Atenção à Mulher em Situação de Violência. Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres Sueli Galhardi. O Que é Violência?. Fenômeno mundial e histórico de caráter sócio-cultural.

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Atenção à Mulher em Situação de Violência

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Presentation Transcript


  1. Atenção à Mulher em Situaçãode Violência Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres Sueli Galhardi

  2. O Que é Violência?

  3. Fenômeno mundial e histórico de caráter sócio-cultural.

  4. A violência, além de ser uma questão política, cultural, policial e jurídica, é também, e principalmente, um caso de saúde pública. A violência não é um problema específico da área da saúde. No entanto, ela a afeta, já que muitas vítimas adoecem a partir de situações de violência.

  5. Considera-se que a violência é um fenômeno complexo, que envolve fatores sociais, ambientais,culturais, econômicos e políticos. Logo, para compreender e enfrentar essa problemática,devemos analisar um conjunto de fatores, como condições de vida, questões ambientais, trabalho, habitação, educação, lazer e cultura.

  6. Ela está presente na vida de todas as pessoas, sejam como vítimas sejam como agressores. Reproduz-se nas estruturas e subjetividades em diferentes espaços, como na família, escola, comunidade, trabalho e instituições. Ou seja, é um fenômeno socialmente construído, que necessita ser desconstruído, a partir de uma ação intersetorial e multidimensional.

  7. É importante destacar que a violência acontece no mundo todo e atinge pessoas de todas as idades; independe de sexo, raça, religião, nacionalidade, escolaridade, orientação sexual ou condição social. No entanto, a violência apresenta-se nas classes menos favorecidas com mais facilidade devido às condições precárias de sobrevivência.

  8. O que é Violência Contra a Mulher?

  9. Dados cerca de uma em cada cinco mulheres (18%) consideram já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”. Fonte:Pesquisa Fundação Perseu Abramo, 2010

  10. Dados Diante de 20 modalidades de violência citadas, duas em cada cinco mulheres (40%) já teriam sofrido alguma, ao menos uma vez na vida, sobretudo algum tipo de controle ou cerceamento (24%), alguma violência psíquica ou verbal (23%), ou alguma ameaça ou violência física propriamente dita (24%). Fonte:Pesquisa Fundação Perseu Abramo, 2010

  11. Dados Entre as mulheres vítimas de assassinato, cerca de 40 a 70% foram mortas por seus maridos e namorados (OMS, 2002).

  12. Dados Estima-se que uma em cada três ou quatro meninas jovens é abusada sexualmente antes de completar 18 anos (UNESCO, 2004);

  13. Definição • A Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência Contra a Mulher (Convenção de Belém do Pará, 1994) define a violência contra a mulher como: “qualquer ato ou conduta baseada no gênero, que cause morte, dano ou sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto na esfera pública como na esfera privada”

  14. A Conferência das Nações Unidas sobre Direitos Humanos (Viena, 1993) reconheceu formalmente a violência contra as mulheres como uma violação aos direitos humanos. Desde então, os governos dos países-membros da ONU e as organizações da sociedade civil têm trabalhado para a eliminação desse tipo de violência, que já é reconhecido também como um grave problema de saúde pública.

  15. forma de violência é justificada em normas sociais baseadas nas relações de gênero, ou seja, em regras que reforçam uma valorização diferenciada para os papéis masculinos e femininos e uma autoridade do homem sobre a mulher.

  16. As relações de gênero são marcadas por: • assimetria de poder entre os sexos; • uso da violência como forma de dominação.

  17. A violência no âmbito doméstico é “naturalizada”, tolerada e legitimada “Em briga de marido e mulher ninguém mete a colher”

  18. Naturalização da violência • Apesar de contarmos com uma lei específica, a Lei Maria da Penha, a violência doméstica ainda não é socialmente reconhecida como crime;

  19. Naturalização da violência Segundo dados da Fundação Perseu Abramo, em 2001 as mulheres só denunciaram a violência sofrida dentro de casa a algum órgão público quando se sentiram ameaçadas em sua integridade física

  20. Violência Contra a mulher principal problema: invisibilidade: • São poucas as mulheres que reconhecem as agressões praticadas pelos maridos como violência. • Estudo em uma UBS de SP, mostrou que apenas 55% das mulheres que relataram agressão física e/ou sexual perceberam o vivido como violência. (Schraiber, 2002)

  21. Violência Contra a mulher Invisibilidade (condicionantes): • Dificuldade dos profissionais em trabalhar com questões percebidas como culturais e/ou sociais. • Racionalidade biomédica de intervenção: que tem na doença o seu alvo de atuação. • Os currículos não contemplam questões relacionadas à violência doméstica.

  22. PORQUE É TÃO DIFÍCIL PARA AS MULHERES DIZEREM NÃO A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA?

  23. Ligação afetiva entre agredida e agressor; Receio que o agressor seja prejudicado socialmente; Culpa por sentir-se responsável pela violência;  Dependência econômica;  Medo que a violência se transforme em algo maior;  Receio de prejudicar ainda mais os filhos;  Vergonha diante dos familiares e amigos;  Valores : sociais, familiares, religiosos e culturais;  Fatores emocionais.

  24. Comportamentos apresentados pela mulher que sofre violência Vergonha Culpa Insegurança Medo Baixoautoestima Isolamento RM Dependência Insegurança

  25. Muitas mulheres que recorrem aos serviços de saúde com queixa de enxaquecas, gastrites, dores difusas e outros problemas vivem situações de violência dentro de suas próprias casas.

  26. IMPACTOS DA VIOLÊNCIA SOBRE A SAÚDE SOFRIMENTO CRÔNICO NEGLIGÊNCIA DE CUIDADOS ÁLCOOL, TABACO, DROGAS SEXO INSEGURO E ENTRADA TARDIA NO PRÉ-NATAL POLIQUEIXOSAS, SOMATIZADORAS

  27. Poliqueixosas?????? A QUEIXA MAIS APRESENTADA PELAS MULHERES QUE SOFREM VIOLÊNCIA É A DOR CRÔNICA EM QUALQUER PARTE DO CORPO OU MESMO SEM LOCALIZAÇÃO PRECISA. É A DOR QUE NÃO TEM NOME OU LUGAR!!!!!!!

  28. QUANDO SUSPEITAR????? Alguns sintomas são comuns e podem servir como critérios para quem perguntar: Transtornos crônicos vagos e repetitivos; Entrada tardia no pré-natal; Infecção urinária de repetição (sem causa secundária); Lombalgia; Distúrbios gastrintestinais; Complicações em gestações anteriores,abortos de repetição;

  29. QUANDO SUSPEITAR????? Dor pélvica crônica; Síndrome do intestino irritável; Transtornos na sexualidade; Fibromialgia: Depressão; Ansiedade; Obesidade; História de tentativa de suicídio Lesões físicas sem explicações coerentes.

  30. Por que o profissional não pergunta? • Tem pouco conhecimento sobre a violência doméstica; • Idéia naturalizada de que as mulheres merecem ou provocam os abusos (pensam, também, que as mulheres gostam de apanhar, senão não ficariam com o agressor); • É um problema social e legal e não de saúde; • Não saberia o que fazer se uma mulher lhe contasse; • Acredita que a violência é um problema pessoal e privado;

  31. Por que os profissionais não perguntaM? • Muita pressão para atender muitas pessoas por turno; • Acha que elas podem sentir-se ofendidas; • Pode conhecer pessoalmente o agressoroumembros de suafamilia e assimsente-se constrangidoemabordar o tema; • Tem medo de represáliaspor parte do agressor.

  32. COMO DETECTAR A VIOLÊNCIA • Tempo e condições de escutar; • Acolher e respeitar a mulher; • Valorizar seu relato e não julgar; • Garantir a privacidade e a confidencialidade; • Conhecer a relação da violência com a saúde; • Indicações claras de que o serviço é preocupado com o tema; • Compromisso institucional; • Conhecimento das alternativas assistenciais disponíveis (rede *).

  33. Acolhimento • Oferecer atendimento humanizado; • Tratar a paciente como gostaria de ser tratado; • Tratar a usuária com respeito e atenção; • Disponibilizar tempo para uma conversa tranqüila; • Manter sigilo das informações; • Proporcionar privacidade; • Notificar o caso*; • Colocar-se no lugar da paciente.

  34. Acolhimento • Evitar a revitimização*; • Não fazer perguntas indiscretas; • Não emitir juízo de valor; • Afastar culpas; • Validar sofrimento; • Ter conduta profissional frente à demanda da usuária, correspondendo às sua expectativas e necessidades. • * É a repetição de atos de violência pelo agressor ou a repetição da lembrança de atos de violência sofridos.

  35. Suspeita de violência Formas de perguntar indiretamente à mulher: • Está tudo bem em sua casa ou no seu trabalho? • Você acha que os problemas de relacionamento familiar está afetando sua saúde? • Você se sente humilhada ou agredida por algum familiar?

  36. Suspeita de violência Perguntar diretamente à mulher: • A violência física, psicológica ou sexual está presente na vida de muita gente e pode afetar a saúde mesmo depois de muitos anos. Você já sofreu ou sofre algum tipo de violência?

  37. Suspeita de violência Para a não revitimização, é importante evitar: • desconsiderar o sentimento da vítima; • falar frases como: “isso não foi nada”, “vai passar”, “não precisa chorar”; • excesso de zelo; • hostilidade; • culpar a vítima; • Fazer julgamento de valor, demonstrando surpresa, choro, horror (sinais de censura ou desaprovação); entre outras.

  38. Secretaria Municipal de Políticas para as Mulheres Política Municipal de Enfrentamento de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres:

  39. Diretrizes do Plano Municipal de Políticas para as Mulheres • Garantir o cumprimento dos tratados, acordos e convenções internacionais firmados e ratificados pelo Estado brasileiro relativos aos direitos humanos das mulheres; • Fomentar ações que visem desconstruir estereótipos, representações de gênero, mitos e preconceitos em relação à violência contra a mulher; • Garantir e proteger os direitos das mulheres em situação de violência;

  40. Assegurar atendimento integral, qualificado e humanizado às mulheres em situação de violência, considerando as questões étnico-raciais, geracionais, de orientação sexual, de deficiência e de inserção social e econômica; • Promover a integração e a articulação dos serviços e instituições de atendimento às mulheres em situação de violência, por meio do fortalecimento da Rede Municipal de Prevenção e Enfrentamento da Violência Doméstica e Sexual.

  41. Serviços/programas municipais especializados • Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM) • Casa Abrigo Canto de Dália • Programa Rosa Viva

  42. Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM) • Serviço criado no ano de 1993 • Objetivo: prestar atendimento social e psicológico à mulheres em situação de violência doméstica e sexual

  43. Centro de Referência e Atendimento à Mulher (CAM) • Nº acumulado de mulheres atendidas até dezembro de 2010: ...................8994 • Nº de mulheres atendidas em 2011: ....369 • Nº de atendimentos em 2011............5650

  44. Casa Abrigo Canto de Dália • Serviço criado no ano de 2004 • Objetivos: • Abrigar temporariamente as mulheres em situação de violência e risco de mortes e seus filhos/as menores de 18 anos • Oferecer atendimento interdisciplinar visando a reestruturação psico-social das mulheres atendidas. • Garantir a integridade física e emocional de mulheres em situação de violência doméstica que estejam correndo risco de morte.

  45. Casa Abrigo Canto de Dália • Nº acumulado de pessoas atendidas De 2004 à dezembro de 2011: Mulheres:....................................370 Crianças e adolescentes:..................557 • Nº de pessoas atendidas no ano de 2011 Mulheres:......................................53 Crianças e adolescentes:....................81

  46. Outros serviços especializados • Programa Rosa Viva (violência sexual) • Delegacia da Mulher • Vara Maria da Penha

  47. *Rede Municipal de Enfrentamento a violência doméstica e Sexual Objetivos: • Melhoria da qualidade dos serviços; • Estabelecimentos de fluxos e protocolos de atendimento; • Melhoria de acesso das usuárias aos serviços.

  48. Outros serviços que compõem a Rede • UBS, CAPS, CRAS, CREAS; • Hospitais Públicos e Privados, IML; • Conselho Tutelar; • Ministério Público; • Secretarias Municipais de Saúde, Assistência Social, Educação; • Núcleos de Práticas Jurídicas das Universidades; • Conselhos de Direitos;

  49. Profissionais de Saúde: A violência é crime! Nenhuma vítima é capaz de se esquecer disso. Mas um atendimento acolhedor, receptivo e, acima de tudo, humano pode ajudá-la a superar.

  50. Sentimentos Profissionais de Saúde: No enfrentamento da violência encontraremos nosso despreparo, tabu, medos, desejo de revanche, impotência na resolução dos casos, direito a escolha, sofrimento, culpa, vivência da solidariedade, a capacidade de sermos humanos e poder de mudança na vida de quem sofre. Nessa experiência é importante compartilhar decisões, dúvidas, temores e sentimentos com a equipe multidisciplinar.

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