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Primeira Carta de João

Primeira Carta de João. Seminário Bíblico Palavra da Vida Teologia Bíblica do Novo Testamento 1 Prof. Carlos Osvaldo Pinto. Questões de Introdução. Autoria – Anônima conforme o texto. Indícios de autoria – Externos Policarpo, discípulo de João, cita 1 Jo 4.2 em sua carta aos Filipenses.

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Primeira Carta de João

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Presentation Transcript


  1. Primeira Carta de João Seminário Bíblico Palavra da VidaTeologia Bíblica do Novo Testamento 1Prof. Carlos Osvaldo Pinto

  2. Questões de Introdução • Autoria – Anônima conforme o texto. • Indícios de autoria – Externos • Policarpo, discípulo de João, cita 1 Jo 4.2 em sua carta aos Filipenses. • Eusébio afirma que Papias, bispo de Hierápolis, citou a primeira carta de João. • Irineu de Lyon (c. a.D. 150) citou 1 Jo 2.18 e afirmou estar citando a carta de João.

  3. Questões de Introdução • Autoria – Anônima conforme o texto. • Indícios de autoria – Internos • Semelhança temática com o Discurso no Cenáculo. • paravklhto~ (advogado) – 2.2 – 14.16 • threvw (guardar) – 2.3-4 – 14.21 • ejntolhv (mandamento) – 2.8 – 13.34-35 • pneu`ma th`~ ajlhqeiva~ (espírito da verdade) – 4.6 – 14.17; 15.26

  4. Questões de Introdução • Autoria – Anônima conforme o texto. • Indícios de autoria – Internos • Uso comum de palavras importantes. • mevnw (permanecer) – 2.6 – 15.7 • lovgo~ (Verbo, Palavra) – 1.1 – 1.1-14 • ajlhqinov~ (verdadeiro) – 5.20 – 7.28 • u{dwr kai; ai|ma (água e sangue) – 5.6 – 19.34

  5. Questões de Introdução • Contestação da Autoria Joanina (Dodd) • Ausência de palavras chave • swthrivaeajpwvleia(salvação e perdição) • a[nwqenekavtw (em cima e em baixo) • ajpostevllw ezhtevw (enviar e buscar) • Diferenças teológicas entre as obras • Transferência de funções de Cristo para Deus (2.5) • Ênfase em crença correta sobre Cristo em lugar de fé em Cristo • Uma escatologia mais iminente que realizada (mais “primitiva”)

  6. Questões de Introdução • Refutação a C. H. Dodd • Diferenças de vocabulário • Os livros têm ênfases distintas. • Os livros têm temas distintos. • Os livros têm audiências distintas. • Os livros têm muitas palavra e expressões comuns. • Diferenças teológicas • A mesma transferência ocorre em Paulo (1 Ts); • O contexto polêmico obriga a “crença que”; • A escatologia do evagelho tem elementos de iminência (cf. Jo 14.1-5 e 1 Jo 2.28 – 3.3).

  7. Características dos Leitores • Tinham sido influenciados por falsos apóstolos e seus ensinos (4.1; 2.19). • Negavam a encarnação de Cristo (2.22; 4.1). • Afirmavam ter comunhão com o Pai (2.23). • Pregavam uma ética frouxa (2.15-17; 1.5-10). • Suas características como grupo: • Eram antigos pagãos (5.21). • Tinham experiência como cristãos (2.7; 3.11). • Inclinavam-se ao mundanismo (2.15-17). • Demonstravam falta de amor (2.7-11). • Faltava-lhes a certeza da salvação (5.13).

  8. Propósito da Carta • Há várias declarações de propósito na carta. • Em 1.3 – Promover a genuína comunhão cristã baseada no conhecimento correto de Deus e de Cristo. • Em 2.1 – Impedir o crescimento do pecado entre os crentes. • Em 5.13 – Oferecer certeza de salvação.

  9. Uma Proposta de Propósito • Propósito – Conduzir os crentes ao pleno desfrute da comunhão espiritual e da certeza de salvação pessoal, • Meio – apresentando os critérios que definem a genuína comunhão cristã com um Deus que é santo e amoroso.

  10. Uma Proposta de Esboço • Prólogo (1.1-4) • Cristérios para comunhão com o Deus que é Luz (1.5 – 2.27). • Evitar o pecado (1.5 – 2.2) • Guardar os mandamentos (2.3-11) • Evitar o erro dos falsos mestres (2.12-19) • Guardar-se fiel à verdade (2.20-27) • Critérios para comunhão com o Deus que é Amor (2.28 – 5.17). • Distinção entre filhos de Deus e de Satanás (2.28 – 3.10) • Amor fraternal (3.11-18) • Segurança como privilégio da filiação (3.19-24) • Discernimento entre influências divinas e satânicas (4.1-6) • Amor fraternal (4.7-21) • Segurança como resultado de crença correta (5.1-17) • Epílogo (5.18-21)

  11. Duas Passagens Problemáticas – 3.9 • 1 Jo 3.9 – Todo o que é nascido de Deus não peca (aJmartiva ouj poiei`), porque a Sua semente nele permanece, e não pode pecar (ouj duvnatai aJmartavnei), porque é nascido de Deus. • A natureza do problema - João afirma que uma pessoa que é nascida de Deus não pode pecar. Esse tipo de linguagem cria duas dificuldades: • Primeiramente, ela aparentemente nega a realidade e a clara possibilidade do pecado contemplada em 1.5 -2.2. • Em segundo lugar, torna sem sentido as repetidas exortações à pureza e justiça ao longo da carta (2.1, 15, 29; 3.12, 18). • Por fim, tal idéia é negada pela experiência cristã real.

  12. Duas Passagens Problemáticas – 3.9 • A Explicação Wesleyana • Redefinir “pecado” de modo a que a palavra se refira apenas a violações deliberadas da lei de Deus, reconhecidas como tal no momento em que serão cometidas. Em outras palavras, pessoas verdadeiramente nascidas de Deus não pecam deliberadamente. • Refutação dessa Explicação • Infelizmente, não há qualquer prova de que João estivesse usando tal definição de “pecado”, a despeito do uso da palavra ajnomiva em 3.4. • Se esse critério fosse aplicado a outras ocorrências de “pecado” na carta aconteceria um caos hermenêutico. • A experiência prática dos crentes milita contra esta solução. Isso gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual corrente do indivíduo.

  13. Duas Passagens Problemáticas – 3.9 • A Explicação de Stott-Westcott • Westcott (Epistles, 104) e Stott (The Epistles of John, 135-6) e vários outros sugerem que o verbo no tempo presente indica uma ação contínua, sugerindo que se trata do pecado como estilo de vida. • Refutação dessa Explicação • Infelizmente, se esse critério fosse aplicado de maneira consistente a outras ocorrências de “pecar” na carta, aconteceria um caos hermenêutico. • De igual modo, a experiência prática dos crentes milita contra esta solução. Isso gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual inicial do indivíduo.

  14. Duas Passagens Problemáticas – 3.9 • A Explicação Contextual na Carta • Relacionar esta passagem a 5.16-18, afirmando assim que um crente não pode cometer o pecado para a morte. Somente um descrente pode cometer tal pecado. • Refutação dessa Explicação • Um dos problemas é que em 1 Jo 5 a distinção não se dá entre crentes e descrentes, mas entre dois tipos de pecado cometido por crentes (“irmão”), que exigiam reações diferentes de seus companheiros de fé. • Não faria sentido omitir a explicação na primeira ocorrência da idéia para inseri-la na segunda, usando ainda termos que contradiriam o uso na primeira vez. • A compreensão (ou falta de) popular de 1 Jo 5.16-18 gera o problema da insegurança quanto ao status espiritual inicial do indivíduo.

  15. Duas Passagens Problemáticas – 3.9 • A Explicação Teológica • João faz aqui uma referência à incompatibilidade entre comunhão com o Deus regenerador e residente e o pecado. • Crentes agora vivem na era do Espírito (cri`sma)e possuem a semente de Deus (também uma referência à presença do Espírito). • Essa presença aponta para a realidade escatológica de que a ajnomiva será removida. • Assim, a possibilidade de viver sem pecar está ligada à manutenção da comunhão com Deus pela permanência nos Seus mandamentos (cf. 3.6) por meio da verdadeira instrução oferecida pelo Espírito. • Como os falsos mestres reivindicavam comunhão com Deus e insistiam em viver em pecado, o impacto da afirmação de João recai sobre a irrealidade da alegação dos falsos mestres, mais do que sobre qualquer idéia de impecabilidade.

  16. Duas Passagens Problemáticas – 5.16-17 • 1 Jo 5.16-17 – Se alguém vir seu irmão cometendo um pecado que não conduz à morte, pedirá e [Deus] lhe dará vida [zwhv], aos que não pecam para a morte. Existe pecado que conduz à morte [qavnato~]. Não é por esse [pecado] que digo que se ore. Toda injustiça é pecado, mas há pecado que não conduz à morte. • A Natureza do Problema – A distinção feita por João parece contrária ao tom geral das Escrituras, que afirma que a conseqüência do pecado é a morte. A linguagem joanina poderia criar dois problemas distintos: • Insegurança quanto à condição espiritual de crentes; • Liberdade para critérios alternativos de santidade.

  17. Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18 • Soluções propostas • O pecado para a morte é a apostasia definitiva. Ligam a passagem a Hebreus 6 e 10. • Aplicam a idéia aos falsos mestres. • Porém, • Não me parece a melhor interpretação de Hebreus 6 e 10 a idéia de apostasia (no sentido tradicional da palavra). • João jamais chamaria um falso mestre de irmão.

  18. Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18 • Soluções propostas • O pecado para a morte é a blasfêmia contra o Espírito Santo. Ligam a passagem à rejeição consciente e deliberadaa da verdade conhecida a respeito de Jesus (cf. fariseus em Mt 12.22-32). • Aplicam a idéia aos falsos mestres. • Porém, • Não há no contexto qualquer sugestão de que João esteja falando sobre o Espírito. • João jamais chamaria de irmão uma pessoa que estivesse blasfemando contra o Espírito.

  19. Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18 • Soluções propostas • O pecado para a morte é pecado cometido por uma pessoa que alega ser “irmão” mas não o é. • Alegam que como a resposta à oração é vida (v. 16), a pessoa em questão não pode ser ainda crente, pois nesse caso já teria vida. • Aplicam a idéia aos falsos mestres. • Porém, • Tal uso de ajdelfov~ produziria caos hermenêutico e espiritual na leitura de 1 João. • Em que sentido um pecado de uma pessoa não salva poderia ser “não para a morte”? • Nem todo uso de “vida” e “morte” no NT implica em eternidade.

  20. Duas Passagens Problemáticas – 5.16-18 • Soluções propostas • O pecado para a morte é pecado cometido de modo consciente e deliberado por uma pessoa que é crente. O resultado desse pecado é a morte física. • A oração recomendada (v. 16) é por um pecado que ainda não se tornou deliberado. A resposta à oração seria a preservação da vida física do ofensor arrependido. • O AT apresenta os casos de pecado “com atitude desafiadora” (Nm 15.30) e o NT tem os exemplos de Ananias e Safira (At 5) e do adúltero em 1 Coríntios 5. • As possíveis causas de tal tipo de pecado seriam incredulidade e endurecimento contra Jesus, induzidos pelos falsos mestres e demonstrados na desobediência aos Seus mandamentos (impureza e falta de amor).

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