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Gemelaridade imperfeita: uma análise dos aspectos éticos envolvidos na sua abordagem. Relato de caso. Gemelares xifópagas, prematuras, parto cesáreo, mãe 16 anos, sem controle pré-natal, admitida no hospital em trabalho de parto
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Gemelaridade imperfeita: uma análise dos aspectos éticos envolvidos na sua abordagem
Relato de caso • Gemelares xifópagas, prematuras, parto cesáreo, mãe 16 anos, sem controle pré-natal, admitida no hospital em trabalho de parto • Dopplerecocardiograma ao nascimento: coração único, conexão atrioventricular univentricular, valva atrioventricular única com insuficiência leve
Relato de caso • A mãe manifestou espontaneamente o desejo de separar as filhas, mesmo que isso custasse a vida de uma delas
A questão da separação • É justo matar um deles, o mais fraco, para salvar a vida do mais forte? • É justo que a vontade dos pais, dos médicos, dos juízes ou da sociedade suprima o destino, não permitindo que a vida siga seu curso natural?
A questão da separação • A separação que resulta na morte de um dos envolvidos pode ser considerada como mutilação, a qual não é eticamente aceitável (WATT, 2001) • O direito à vida constitui uma regra fundamental tanto da moral quanto do direito. Deve este respeito à vida ser observado de modo absoluto? (PERELMAN, 1996)
A questão da separação • Matar um recém-nascido pela razão de que ele deverá ficar doente por toda a vida é tomar o lugar do destino por um ato voluntário (SFEZ, 1996) • Tentar consertar o que foge à nossa visão do normal é não reconhecer os limites éticos da ação humana
A questão do diferente • Ao serem denominados imperfeitos, os gêmeos já são marcados como seres a serem consertados • Aparência “monstruosa”: curiosidade, repulsa e medo • Intolerância da sociedade em relação ao diferente
Conclusão • O que seria melhor para os gêmeos: a preservação da vida de um às custas da morte do outro ou mantê-los unidos até a morte inevitável de ambos? • Existem critérios morais diferentes e discrepantes • Urge que se faça uma discussão de cada situação, respeitando a sua singularidade
Conclusão • Se concordarmos ser a vida humana inviolável e inalienável, ela deve ser sempre protegida e todos temos dever de proteger os mais vulneráveis – neste caso o gêmeo mais frágil – como justificar sacrificá-lo em prol do mais saudável?
Ladeira escorregadia • O Dr. Leo Alexander, que atuou como assistente de acusação no julgamento dos médicos nazistas em Nuremberg (1946-1947) utilizou o conceito da ladeira escorregadia para tentar explicar os fatos ocorridos nos campos de concentração e nas ações eugênicas propostas durante o regime nazista: "Whatever proportions these crimes finally assumed, it became evident to all who investigated them that they had started from small beginnings. The beginnings at first were merely a subtle shift in emphasis in the basic attitude of physicians. It started with the acceptance of the attitude ... that there is such a thing as life not worthy to be lived.... Gradually the sphere of those to be included in this category was enlarged to encompass the socially unproductive, the ideologically unwanted, the racially unwanted and finally all non-Germans.... It is, therefore, this subtle shift in emphasis of the physicians' attitude that one must thoroughly investigate."