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Introdução: Atualmente a antropologia continua avançando em direção a diferentes campos. O diálogo existente entre a ciência antropológica e os museus é algo que expande a reflexão sobre a diversidade do “campo” e seus diferentes olhares. O museu abre suas portas e nele encontramos além de um fragmento de nossa história, um reflexo contemporâneo de nossa sociedade. O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore - MTB, localizado em Maceió-AL, é um desses acervos que mantém um diálogo constante com a sociedade que o cerca e com os debates antropológicos. Através dos seus projetos de extensão e pedagógico, pode-se perceber como a antropologia é vivenciada e debatida. Criado há 38 anos pela Universidade federal de Alagoas, para ser um museu de guarda das manifestações folclóricas, atualmente o MTB apresenta um vasto acervo com as mais diversas formas de fazer arte e história de diferentes grupos ligados as manifestações artísticas do Nordeste brasileiro. Assim, através do Museu Théo Brandão, analisaremos a sua história antropológica enquanto acervo fotográfico, sonoro e documental e seus atuais projetos de extensão e ensino antropológico dentro do Estado de Alagoas. Justificativa: Na trajetória histórica do museu Théo Brandão existem vários altos e baixos. Entre os maus momentos podemos citar o longo tempo que o palacete do MTB ficou fechado e abandonado. Depois de muito tempo de reforma o MTB foi novamente aberto ao público. Um dos bons momentos são os projetos de extensão promovidos pelo museu. Conhecer quais são esses projetos , como eles acontecem e por que eles acontecem é muito importante para compreendermos o museu como um espaço que não vive só de passado. Objetivo Geral: O objetivo deste trabalho é fazer uma exposição dos projetos desenvolvidos no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore e mostrar a relação museu e sociedade. Metodologia Para a realização deste trabalho o diálogo com os trabalhos escritos sobre a relação entre a Antropologia e o Museu foi essencial. Além disso, o “estar lá” foi importante. Durante dois anos em contato semanal com o Museu Théo Brandão pude conhecer e compreender como funciona um museu internamente. Resultados: O acervo que tem como interesse maior as diferentes formas de manifestações artísticas, como o artesanato e folclore, possui espaços diferentes onde são encontrados algumas referências da chamada cultura popular. Nesses espaços estão expostos panelas de barro, rendas e bordados como o filé alagoano e o rendendê. O museu possui salas como: a sala da fé, onde objetos da religiosidade afro-católica estão presentes, a sala dos folguedos populares, onde estão expostos os chapéus e outros acessórios usados pelos brincantes de danças como o Guerreiro alagoano e o pastoril e a sala do Carnaval, onde ficam expostos os estandartes de antigas agremiações e uma boneca gigante do Bloco Filhinhos da Mamãe. Possui uma biblioteca, aberta ao público, com muitos livros na área da antropologia e história, nas linhas do folclore e religiosidade popular. E um vasto acervo fotográfico ( com mais de três mil fotografias, registros antigo do folclore alagoano) e sonoro que ainda está em processo de higienização. O Museu possui atividades que atraem diferentes pessoas para o seu interior, entre os eventos, são realizados o Munguzá Cultural, momento que durante uma mesa, o pesquisador convidado dialoga com a comunidade sobre assuntos da área das manifestações artísticas; Oficinas de dança, momento que são ensinados aos inscritos os passos do Guerreiro, Reisado e Frevo; O bloco carnavalesco Filhinhos da Mamãe, na época do carnaval centenas de foliões se concentram no pátio do museu para cantar marchinhas e para o concurso de fantasias. Academicamente falando no espaço do museu Théo Brandão são realizadas as aulas da primeira turma de especialização em Antropologia da Universidade Federal de Alagoas. Conclusão: Podemos perceber que o museu é o espaço que o ontem e o hoje estão em sintonia. O Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore nos faz perceber e refletir como um espaço antes direcionado para o erudito, colocando uma barreira simbólica entre as diferentes classes sociais, se torna um lugar dinâmico e cheio de significados quando abre suas portas e janelas para receber pessoas que podem se ver um pouco refletida com os objetos que estão lá contidos e/ou com as atividades que lá acontecem. É claro, que infelizmente, muitas pessoas da cidade não conhecem este espaço ainda, um grande trabalho de divulgação, convidando as pessoas ainda está por ser feito em Maceió-AL. Contudo, queremos deixar claro que quando o muro que separa o Museu da sociedade é derrubado, muitos tendem a ganhar, inclusive o próprio museu. Referencial teórico bibliográfico: CHOAY, Françoise. 2006(2001). A Alegoria do Patrimônio. São Paulo, Estação Liberdade: UNESP. (3ª Edição). DACOSTA, Arsenio. “Musealizar La Tradición: reflexiones sobre larepresentación pública delpasado” Jaén (España), in Revista de Antropología Experimental nº 8, 2008. texto 8, pp. 97-106. GONÇALVES, José Reginaldo Santos. 2007. Antropologia dos objetos: coleções, museus e patrimônios. RIO, IPHAN (Col. Museu, Memória e Cidadania). MEDEIROS, Bartolomeu Tito Figueirôa de. 2005. Dilemas e Perspectivas da Cultura Popular Brasileira. Recife OLIVEIRA, Lúcia Lippi. 2008.Cultura é Patrimônio: um Guia. Rio de Janeiro: Editora da FGV. Antropologia no museu: a trajetória e os atuais projetos antropológicos no Museu Théo Brandão de Antropologia e Folclore. Juliana Gonçalves da Silva Universidade Federal de Pernambuco – UFPE Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES Boneca gigante do bloco carnavalesco maceioense Filhinhos da Mamãe: O museu abre suas portas para receber os foliões.