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Meados do séc. XIX: para superar a etapa de estagnação , o Brasil necessitava reintegrar-se nas linhas de expansão do comércio internacional Porque não havia se desenvolvido tecnologia própria nem se formavam capitais
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Meados do séc. XIX: para superar a etapa de estagnação, o Brasil necessitava reintegrar-se nas linhas de expansão do comércio internacional • Porque não havia se desenvolvido tecnologia própria nem se formavam capitais • “Para levantar recursos nos mercados de capitais era necessário apresentar projetos com perspectivas muito atrativas ou oferecer garantias de juros subscritas por quem tivesse o necessário crédito”
Açúcar: preço declinante; mercados inglês atendido pelas colônias inglesas; mercado americano atendido por Cuba Algodão: concorrência da produção americana (com fretes mais baixos, terras de boa qualidade...) a situação do Brasil melhorou com a Guerra Civil (década de 1860) Outros produtos eram “menores”: fumo (perda do mercado africano); couros (produzido no Rio da Prata); arroz (EUA) e cacau
“O problema brasileiro consistia em encontrar produtos de exportação em cuja produção entrasse com fator básico a terra. A terra era o fator de produção abundante no país. Capitais praticamente não existiam e a mão-de- obra era basicamente constituída por um estoque de pouco mais de dois milhões de escravos, parte dos quais permaneciam imobilizados na indústria açucareira ou prestando serviços domésticos”
Empresa cafeeira: utilização intensiva de MDO escrava, tal qual açucareira. Mas tem grau de capitalização muito mais baixo, porquanto se baseia na utilização do fator terra” Seu K também está imobilizado, mas seu equipamento é mais simples e quase sempre de fabricação local Tinha custos monetários mais baixos que o açúcar: somente uma forte alta nos preços da MDO poderia interromper seu crescimento, porque havia muita terra
Economia cafeeira (RJ & MG): no início, havia MDOescrava subutilizada na região da mineração • por isso teria crescido muito apesar da queda dos preços (1830-1850) No 3º quartel do século, os preços do café sobem, e os preços do açúcar caem Transferência de MDO escrava do norte para o sul
Origem: comerciantes de gêneros e animais do sul de MG que haviam abastecido o RJ a partir a chegada da Corte Na época do açúcar, os comerciantes estrangeiros controlavam o negócio Agora, com o café, “sua vanguarda esteve formada por homens com experiência comercial. Em toda a etapa de gestação os interesses da produção edo comércio estiveram entrelaçados”
“A nova classe dirigente formou-se numa luta que se estende em uma frente ampla: aquisição de terras, recrutamento deMDO, organização e direção da produção, transporte interno, comercialização nos portos, contatos oficiais, interferência na política financeira e econômica Proximidade do RJ era vantajosa: “Desde cedo eles compreenderam a enorme importância que podia ter o governo como instrumento de ação econômica”
Em meados do séc. XIX, havia no máximo 2 milhões de escravos: inelasticidade da oferta de trabalho [1850: fim do tráfico] Censo de 1872: 1,5 milhão de escravos. Em1800, o nº de escravos era > 1 milhão Como no período haviam sido importados mais de 500 mil “peças”, “a taxa de mortalidade era > natalidade” (Nos EUA era o contrário, talvez porque a maioria vivesse em pequenas propriedades)
Questão da MDO: Brasil ≠ Europa Europa: industrialização = revolução tecnológica = urbanização = melhores condições sociais = maior crescimento vegetativo da população = MDO + do que suficiente = queda dos salários Brasil: crescimento extensivo = maior utilização da terra mediante incorporação de MDO “O problema econômico estava, portanto, na oferta de MDO”
A ‘roça’ era a base da economia de subsistência Mas “do ponto de vista social a unidade + significativa era a que tinha como chefe o proprietário de terras. A este interessava que o maior nº de pessoas vivesse em suas terras, cabendo a cada um tratar de sua própria subsistência Desta forma, no momento oportuno poderia dispor da MDO que necessitasse” Os “senhores da terra” resistiram a propostas de recrutamento (transferência regional) de MDO
“Também nas zonas urbanas se havia acumulado uma massa de população que dificilmente encontrava ocupação permanente” MAS... a adaptação à disciplina do trabalho agrícola e às condições de vida nas grandes fazendas era problemática • Opinião da época: a MDO livre (urbana + subsistência) não servia para a “grande lavoura” • Não evoluiu a ideia de recrutamento interno financiado pelo governo
Solução alternativa: imigração europeia, como mostrava o caso dos EUA MAS... Como atrair europeus para grande lavoura (plantation)? • os europeus iam para os EUA para trabalhar em pequenas propriedades (e depois, serem eles mesmos proprietários) • para as plantations, iam escravos “produzidos” nos EUA ou “sequestrados” no Atlântico para se tornarem “livres”
EUA: fretes baratos na volta, porque algodão ocupava muito espaço nos navios na ida • Mas “o fundamental era que os colonos contavam com um mercado em expansão ... que era em grande parte reflexo do desenvolvimento das plantações do sul” Brasil: as primeiras colônias (1824) careciam de fundamento econômico e eram totalmente financiadas pelo governo O objetivo do governo era “melhorar a raça”...
Para que as colônias tivessem êxito, seria necessário haver atividades produtivas rentáveis. Mas... • a produção para exportação estava organizada em grandes plantações além da necessidade de “imobilização de capital”, aos “barões do café” não interessava (financiar...) a concorrência • a expansão do mercado interno dependia do desenvolvimento das exportações, que dependia da oferta de MDO...
Década de 1860: aumento dos preços do café e do algodão maior demanda por MDO • Sistema de pagamento ao colono salário monetário anual fixo + variável de acordo com colheita • Pagamento da viagem: como não havia garantia de que o colono permaneceria na terra de quem o financiasse, coube ao governo arcar com os gastos de transporte
Ao fazendeiro cabia os custos durante o 1º ano de atividade + disponibilizar terras para o colono manter a família • Itália: unificação reduziu a competitividade das empresas no Sul do país: “sobrou” MDO 5. 1875-1900: dos 803 mil imigrantes que chegaram a São Paulo, 577 mil eram italianos
“Constituindo a escravidão no Brasil a base de um sistema de vida secularmente estabelecido ... Para o homem que integrava esse sistema a abolição do trabalho servil assume as proporções de uma ‘hecatombe social’.” “Prevalecia então a ideia de que um escravo era uma ‘riqueza’ e que a abolição da escravatura acarretaria o empobrecimento do setor da população que era responsável pela criação de riqueza no país.”
Por um lado...: riqueza privada desapareceria instantaneamente por um golpe legal • Por outro lado...: abolição traria a “liberação” de vultosos capitais, pois não haveria capital imobilizado em força de trabalho Celso Furtado: a abolição não destrói nem cria riqueza. “Constitui simplesmente uma redistribuição da propriedade dentro de uma coletividade”.
No Nordeste, as terras já estavam ocupadas “Os escravos liberados tiveram grande dificuldade para sobreviver” - As áreas de subsistência eram muito distantes - Nas cidades já havia excedente populacional Foram trabalhar em outros engenhos aceitando baixos salários
Na região cafeeira, já havia menor fertilidade do solo no RJ, MG e parte de SP Seria de se esperar que os libertos fossem procurar emprego em SP e Paraná Mas já havia forte migração de europeus A relativa abundância de terras permitia o aumento da economia de subsistência Mas a situação do antigo escravo no SE e no Sul era melhor do que a do NE
A abolição não provocou modificações na forma de organização da produção e mesmo na distribuição da renda “Sem embargo, havia-se eliminado uma das vigas básicas de poder formado na época colonial ... que constituía um fator de entorpecimento do desenvolvimento econômico do país”