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Prof. Dr. Fábio Luiz da Silva. Civilizações Africanas. Império de Gana (300-1075). Império de Gana (300-1075). Era também chamado de Ugadu Extração de ouro Ouro era monopólio do rei Outras atividades econômicas: tecelagem, metalurgia, produção agrícola, marfim e sal.
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Prof. Dr. Fábio Luiz da Silva Civilizações Africanas
Era também chamado de Ugadu • Extração de ouro • Ouro era monopólio do rei • Outras atividades econômicas: tecelagem, metalurgia, produção agrícola, marfim e sal
A capital de Gana era chamada KumbiSaleh • Foi fundada no século III • No século XI , tinha uma população de cerca de 30.000 habitantes • Tinha duas zonas diferenciadas: • Ao norte viviam os comerciantes muçulmanos que construíram doze mesquitas • Ao sul estava o palácio real rodeado por jardins e os edifícios administrativos. Conhecida como a Al-Ghana • A população estendia-se entre ambos centros.
O rei cobrava o imposto de um dinar de ouro para cada carga de asno com sal que entrava em seu país e dois dinares de ouro para cada carga de sal que saia. • (dinar era uma moeda de ouro criada pelos califas muçulmanos; seu equivalente em peso era o mitkal - 4,722 gramas).
A população de Gana, rodeada de hortas, pepinos, palmeirais e figueiras, vivia em uma espécie de oásis na fronteira sul do deserto do Saara
Almorávidas (1056 – 1147) • Formados por várias tribos (lamtuna e chadala) • No século XI, do Saara Espanhol ao Marrocos, surgiu um poderoso movimento berbere islâmico que varreu a costa setentrional da África até chegar à Península Ibérica
Os almorávidas desejavam era impor a verdadeira fé pela força aos que não eram muçulmanos • A partir de 1042, eles se lançaram em uma jihad [guerra santa] tendo Yacine como chefe espiritual e Yaya como general • Negros do Tekrur logo se juntaram a eles, desejosos de se opor ao Império de Gana.
Yacine fez com que as forças almorávidas ganhassem uma grande adesão de soldados • Cerca de 30.000 homens armados de lanças, machados, maças, a pé, a cavalo e em camelos
Yacine atacou o morreu no ano seguinte, quando os almorávidas passaram a ser dirigidos pelo emir Abu Bakr. • Este fundou, em 1062, a cidade de Marrakech, apoderou-se de Fez, Tlemcen e alargou seu poder até Argel. • Depois disso, Abu Bakr retornou para o sul e se instalou no Tagant, decidido a atacar e submeter o Império negro de Gana.
Os Almorávidas na Península Ibérica • Esses monges-soldados muçulmanos haviam declarado uma guerra santa contra “os muçulmanos depravados dos reinos ibéricos”.
Os governantes dos reinos de taifas, mais tolerantes com a convivência e a afinidade entre moçárabes e andaluzes, já não se interessavam pela guerra santa. • A palavra taifa (que significa “partido, facção”) designa os principados que se constituíram na Hispânia sobre os restos do califado omíada de Córdoba.
De um lado, cristãos peninsulares • De outro, muçulmanos ibéricos dos reinos de taifas auxiliados pelo conjunto de aliados da África do Norte, por sua vez intransigentes na ortodoxia. • Nesse contexto deram-se as vitórias portuguesas do primeiro rei de Portugal, Afonso Henriques, na batalha de Ourique (1146), e na tomada da cidade de Lisboa (1147).
Queda do Império de Gana • Até o avanço almorávida, o Império de Gana conseguira suportar os ataques estrangeiros, tanto de tribos inimigas quanto dos próprios bérberes, graças ao seu exército composto de guerreiros soldados, cavaleiros e arqueiros.
No entanto, apesar de uma forte resistência, eles foram derrotados pelos almorávidas e sua capital, KumbiSaleh, foi tomada e saqueada, por volta de 1076. • Mais tarde, Gana reconquistou sua independência, mas após a devastação e saque de sua capital, dez anos antes, o reino negro nunca mais conseguiu recuperar seu antigo poderio
Império Mali (1235 – 1500) • A queda do Império de Gana abriu um vácuo de poder. • A grande questão era: quem tomaria agora o controle das rotas comerciais próximas das fontes auríferas? • Os almorávidas fracassaram em sua tentativa de monopolizar o tráfico. • O reino que parecia mais próximo de conseguir esse intento era o reino sosso dos Kantés, ao sul de Gana.
Sosso: etnia • Kantés: família
Em 1180, surgiu um guerreiro, DiarraKanté, de um clã de ferreiros animistas adversários do Islão • Feiticeiro famoso e de prestígio, Kanté conseguiu tomar a cidade de KumbiSaleh, mas sem ocupar as jazidas de ouro • Controladas agora por uma tribo de camponeses, os malinqués (“homem de Mali”). • Kanté, após dominar o Dyara, o Bakunu e o Bumbu, apoderou-se da região do Buré.
Alguns reis do reino de Mali: • Hamana, DjiguiBilali (1175-1200) • MussaKeita • NaréFamaghan (1218-1230) • E principalmente Sundjata (ou MariDjata, o “Leão do Mali”) • todos com histórias recheadas de lendas e mitos e transmitidas pelos griot, os “transmissores de ouvido”
Na época de Sundjata, Mali era um reino essencialmente agrícola. • Os malinqués desenvolveram a cultura do algodão, do amendoim e da papaia, além da criação de gado. • Sundjata instituiu uma associação de trinta clãs • Com o crescimento do reino, a categoria dos escravos se multiplicou.
Com o filho de Sundjata, Mansa Ulé (1255-1270) e seus sucessores – Abubakar I, Sakura, Abubakar II – até Mansa Mussa (ou KanduMussa, 1312-1332), o reino de Mali passou a ser conhecido no mundo ocidental. • Em 1324, Mansa Mussa realizou uma peregrinação a Meca, passando pelo Egito e com a intenção de maravilhar os soberanos árabes
Sua peregrinação fez o Império de Mali ser conhecido por todo o mundo • Os mapas europeus passaram a citá-lo.
De regresso para Mali, o imperador trouxe consigo um poeta-arquiteto, Abu Issak, mais conhecido como Es Saheli. • Com ele, construiu a grande mesquita de Djinger-ber, em Tumbuctu.
Os sucessores de Mansa Mussa tiveram dificuldades de manter um território tão vasto. • O reino de Mali viu Tumbuctu ser saqueada, além de sucessivos assassinatos palacianos que enfraqueceram o império. • Lentamente a hegemonia passava para o reino de Gao
Em 1325, Gao foi conquistada pelo Império de Mali • Mas em 1337, dois irmãos e príncipes songaleses – Ali Kolen (ou Golon) e Suleiman Nar – conseguiram se desvencilhar da dominação mali • E Ali Kolen fundou a nova dinastia dos Sis (ou Sonnis).
Sonni Ali (1464-1493), ou Ali Ber (o Grande), ou ainda Dali (o Altíssimo), imperador songai e grande feiticeiro, é que o império se afirmou definitivamente. • Sonni Ali conquistou Tumbuctu realizando um verdadeiro massacre (1468)
Morreu em 1492 e seu filho Sonni Bakary assumiu a coroa, mas reinou pouco tempo. • Em seguida, houve uma tomada do poder: o filho de Sonni renegou a fé islâmica e um lugar-tenente chamado Mohammed Torodo, assumiu o trono, com o nome de Askia Mohammed (1492-1528).
o império adquiriu cada vez mais territórios, graças às guerras. • No tempo de AskiaMohammedBunkan (1531-1537), o imperador de Songai tinha uma grande corte com um harém • seus cortesãos recebiam roupas e braceletes • Uma orquestra, com novos instrumentos (trombetas e tambores) acompanhava o príncipe em suas viagens. • A guarda pessoal do soberano era composta de 1.700 homens. O império então se estendia por mais de dois mil quilômetros
Como Mussa, Askia também realizou uma luxuosa peregrinação a Meca em 1496, com quinhentos cavaleiros e mil homens a pé. • Esse mini-exército de escravos e homens livres levava consigo 300.000 peças de ouro, um terço distribuído em esmolas durante a viagem
Mais bem organizado e estruturado que o império de Mali • Songai estava fundado em torno da pessoa do imperador. • No dia de sua entronização, ele recebia um selo, uma espada e um Corão, além de conservar dois atributos mágicos antigos: o tambor e o fogo sagrado (dinturi).
A corte obedecia a um rígido protocolo, por exemplo: • o cuspe do príncipe não podia cair no chão, sendo recolhido nas mangas de qualquer um dos setecentos homens vestidos de seda que o acompanhavam • Como em Mali, todos os que se aproximavam dele deveriam cobrir a cabeça com pó, com raras exceções (no caso do general do exército, este utilizava farinha).
O ouro e o sal serviam de moeda corrente em Songai, mas a principal moeda eram os cauris, conchas de moluscos utilizadas como moeda de troca até meados do século XIX