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Afranio Tavares da Silva Engenheiro e Consultor Titular da JAC3 Consultoria, Assessoria e Projetos Ltda.
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Afranio Tavares da Silva Engenheiro e Consultor Titular da JAC3 Consultoria, Assessoria e Projetos Ltda.
O PGA (Pólo Gesseiro do Araripe) minera e processa industrialmente a gipsita na região do Araripe pernambucano, produzindo gesso para construção civil, gipsita industrializada para a indústria do cimento, gesso agrícola, e outros produtos adicionais. Segundo informações do Sindusgesso, a produção de gesso na região é superior a 3.000.000 de toneladas anuais, e o destino da gipsita ocorre de acordo com o quadro abaixo:
A quantidade de lenha consumida neste processo, considerando que algumas empresas utilizam outros combustíveis, foi de, aproximadamente : • 1.500.000 estéreos, que equivalem a • 510.000 toneladas
O PGA responde pelo maior consumo de lenha entre as indústrias pernambucanas. Na cadeia produtiva do gesso, é usada exclusivamente no processo de calcinação da gipsita, representando 76,2% dos combustíveis aqui utilizados. Seu uso intensivo e sem controle, no entanto, está causando uma imensa degradação ambiental, comprometendo a fauna e a flora da região em uma velocidade assustadora, levando as autoridades ambientais e governamentais a organizarem projetos de defesa.
Em um estudo de 2005, a SECTMA-PE expôs de uma forma muito clara a situação atual deste quadro complexo em que vive o PGA, destacando os seguintes tópicos:
O custo de aquisição da lenha é menor que os demais combustíveis, o que explica sua disseminação. A facilidade na sua obtenção, com o envolvimento de uma ampla cadeia logística e social, associado ao fato de a maioria das calcinadoras serem de pequeno e médio porte não buscando a eficiência necessária, são fatores que contribuem para sua ampla aplicação. Uma outra fonte também assevera que: ¨É inegável o fato de que a energia proveniente da biomassa tem baixo custo, o que associado à sua capacidade de renovação, contribui para aumentar a demanda sobre os produtos florestais. No entanto, no caso da Região do Araripe em Pernambuco, essas indústrias consomem a lenha sem se preocupar com a sustentabilidade e manutenção do estoque florestal. O fator decisivo que as leva à utilização do energético florestal é tão somente o seu baixo custo (FUPEF, 2007)¨ A tabela a seguir demonstra esta afirmação:
Embora já tenha um custo superior ao do coque, a lenha é acessível para os produtores de pequeno e médio porte e não demanda maiores controles operacionais, por isto é mais utilizada.
O menor custo é determinante, mas também pesa significadamente o ¨fornecimento regular e confiável¨não encontrado na biomassa. Em relação ao BPF, este tem um preço muito superior.
Podemos chegar à mesma conclusão se fizermos uma simulação: qual o preço necessário para o GN chegar ao mesmo custo final da lenha? Vejamos:
Vê-se, portanto, a dificuldade de o PGA receber o GN, que ainda teria uma fase de compressão (em Caruaru), depois teria um transporte ultra-especializado e, por fim, a descompressão, além dos investimentos de adaptação em cada fábrica. Se considerarmos a construção de um gasoduto Caruaru/Trindade, o custo seria de R$ 800 milhões, aproximadamente. Para efeito de comparação, o valor da duplicação da BR 232, de Recife a Caruaru, foi de R$ 335 milhões, e foi bancado com a verba resultante da venda de uma estatal, a Celpe.
Preço do gás no país é dos mais altos do mundo. Indústria culpa a Petrobras pela desorganização no mercado de gás e cobra uma política para o combustível; estatal não se pronuncia . Petrobras tem feito leilões com as sobras do gás, o que reduziu parte do problema do preço e da oferta, mas ainda assim o país transformou em fumaça, em média, neste ano, 9,88 milhões de metros cúbicos por dia nas plataformas, segundo o último relatório de acompanhamento do Ministério de Minas e Energia. O volume é espantoso - equivale 86,5% do que diariamente foi fornecido pela Comgás, a maior distribuidora do país. A Nadir Figueiredo, uma das gigantes do setor, alega que os ganhos na exportação para 120 países foram zerados diante da atual política interna de preços. A Abividro, grande consumidora de gás, critica a política pendular da estatal. "No primeiro momento, estimulou o consumo para justificar os investimentos na Bolívia e agora trata os mercados industrial, veicular e residencial como questão secundária“.
Algumas das características principais do PGA - Pólo Gesseiro do Araripe, como: • imensa reserva de gipsita, com perspectiva de produção por dezenas • (ou centenas) de anos; • grande distância dos centros abastecedores de insumos e • combustíveis; • afastamento geográfico dos centros de decisão política; • existência de áreas de florestas nativas junto com áreas degradadas, • onde ambas podem ser usadas economicamente; • preço baixo do hectare de terra; podem (e devem) nos levar a pensar uma matriz energética sustentável e autônoma. O histórico do uso de combustíveis no Pólo aponta para algumas frustrações com impactos econômicos e financeiros de expressão, como o uso do BPF e do GLP.
A imensa reserva de gipsita aponta para a necessidade de termos uma alternativa sustentável, duradoura, equilibrada com o meio ambiente e com o conjunto da sociedade. Daqui a 50 anos vai continuar a existir produção de gesso no Araripe e podemos definir seus paradigmas desde hoje; • A biomassa pode vir a ser a grande alternativa de combustível. Vir a ser não, porque já é (a lenha), mas tornar-se uma alternativa legalizada, rentável, com possibilidade ilimitada de uso e expansão; • Vejamos estas alternativas que hoje se colocam:
PLANOS DE MANEJO DA LENHA NA CAATINGA Diversos estudos já foram realizados mostrando a possibilidade de uso da lenha da caatinga, desde que com um plano de manejo adequado. No entanto, não tiveram a conseqüência prática necessária para ocupar um espaço de destaque no fornecimento de combustível para as calcinadoras. A SECTMA-PE, no seu ¨Região do Araripe: diagnóstico florestal¨ de 2007, inventaria os estoques remanescentes da caatinga, com resultados fundamentais para o planejamento de qualquer política para a região. Veja-se o Quadro abaixo:
Temos, então, na Região do Araripe, um volume florestal de • 111.650.131 estéreos de lenha que podem ser manejados. • Indo mais adiante e inventariando o estoque florestal da APA do • Araripe, excluindo os territórios cearenses e piauienses, e usando os • mesmos critérios aplicados até agora, como a exclusão das áreas de • uso restrito e de reserva legal, chega-se aos números abaixo:
Somando os números anteriores (Região do Araripe) com os da APA, e • excluindo as áreas de Tipologia 2 (áreas de caatinga arbustiva e de • regeneração serão utilizadas no futuro) teremos:
Ainda de acordo com o estudo da SECTMA, esta área total de 595.425,19 • hectares corresponde a um estoque volumétrico aproximado de • 128.666.055 st de lenha. No entanto, se apenas os espaços com áreas • mínimas de 300 ha forem consideradas, subtraindo-se as áreas menores, • chega-se assim aos números abaixo: • 388.397,79 hectares com potencial de manejo na Região do • Araripe. • Esta área corresponde a um volume de 83.929.332 estéreos de • lenha manejada, mais do que suficientes para abastecer o • consumo atual e um aumento na produção de gesso na ordem • de 70%, sem considerarmos ainda outros volumes de diversas • origens, como de renovação de lavouras de fruteiras (cajueiros), • obras (Transposição do São Francisco), e outra.
Produção de Biomassa – Plantio Industrial EUCALIPTO O manejo da biomassa nativa da caatinga pode ser combinado com outras fontes exóticas, como o eucalipto. Alguns estudos sobre o plantio de florestas de eucalipto no Nordeste já vem sendo realizados há algumas décadas. Quer para celulose, quer para carvão (usado na produção de ferro gusa), o eucalipto tem aparecido com força na região.
Em 2002 e 2003, foram instalados clones de eucaliptos desenvolvidos pela empresa Suzano na E. E. Araripina do IPA – Empresas Pernambucana de Pesquisa Agropecuária, que vem sendo avaliados pelo Prof. José Antonio Aleixo, da UFRPE, e pelo Agr. João Luís B. Coutinho, atualmente Gerente da SDEC. Após 7 (sete) anos de diversos estudos e aplicações industriais, estes experimentos evoluíram e já apontam uma tendência que o PGA pode – e deve – utilizar. ¨Cálculos volumétricos recentes indicam que os melhores clones (de eucalipto) apresentaram um IMA em torno de 28 m3/há. As essências nativas e exóticas ainda não apresentaram o diâmetro mínimo considerado para se fazer simulações volumétricas. Vale salientar que estudos em áreas semelhantes mostram que o IMA da vegetação nativa do Araripe está em torno de 9,14 st/há/ano. Observe-se que, transformando os valores de m3/há/ano em st/há/ano considerando o fator de 2,00 (3,40 é usado na região), se obtém (para o eucalipto) um valor de 56 st/há/ano.¨ (ALEIXO, 2005)
Na referencia acima, (ALEIXO, 2005) destaca uma produtividade bastante superior do eucalipto diante das espécies nativas. Ele também observava, naquela data: • ¨Segundo Ribaski (1994), em condições semi-áridas, algumas espécies deste gênero (do eucalipto) podem alcançar uma produtividade quatro vezes maior que a vegetação nativa¨. (ALEIXO, 2005) • O eucalipto, por ser uma espécie que tem rápido crescimento e manejo florestal sustentado, tem se mostrado como uma excelente alternativa (não a única, evidentemente) para a criação de florestas de produção, visando o abastecimento do PGA e reduzindo drasticamente a pressão predatória sobre a caatinga sertaneja.
O uso do plantio adensado do eucalipto, visando especificamente a produção de biomassa para energia, tem se mostrado bem sucedido. A principal finalidade do sistema de plantações adensadas de eucaliptos clonais é produzir em curta rotação, biomassa florestal para ser utilizada na produção de cavacos para geração de vapor para indústrias diversas, para a produção de pellets e briquetes para exportação e outros usos ligados à produção de energia. A principal vantagem do sistema adensado em relação ao sistema tradicional é a possibilidade de obter uma grande produção de biomassa por hectare, em um espaço de tempo ou rotação três a cinco vezes menor do que a rotação tradicional.
De uma maneira geral, no Brasil, os plantadores de eucalipto, sejam eles produtores rurais ou empresas, utilizam o espaçamento inicial de 3m x 2m, no caso de mudas originárias de sementes, e 3m x 3m no caso de clones, mudas originárias de propagação vegetativa. Neste caso, a rotação ou idade de corte da plantação gira em torno de 5 a 7 anos, quando a madeira pode ser usada para lenha, para produção de carvão vegetal, celulose e papel e outros usos que não requeiram árvores de grandes diâmetros. O plantio adensado é uma técnica de se plantar com um espaçamento inicial mais denso, ou seja, com um número maior de mudas por hectare (6 mil mudas no 3m x 0,5m contra 1.667 mudas no 3m x 2m e contra 1.111 mudas no 3m x 3m). O objetivo, neste caso, é maximizar a produção de biomassa de madeira por hectare, em uma rotação mais curta, 1 a 2 anos contra 5 a 7 anos do plantio tradicional.
Uma floresta plantada, de de eucalipto, juntamente com o uso de manejo da lenha da caatinga, seria suficiente para balancear o fornecimento de biomassa necessária para todo o Pólo, e ainda por cima abastecer uma Termoelétrica de 10.000 kw (10 MW), que poderá trazer uma faturamento de R$ 12 milhões anuais, como veremos adiante.
CAPIM ELEFANTE O capim elefante só recentemente despertou o interesse dos grandes consumidores e empresários de energia, após décadas de pesquisa científica. Trata-se de uma gramínea semelhante à cana, trazida da África há pelo menos um século e usada como alimento para o gado. O interesse energético por está espécie foi despertado por sua alta produtividade. Enquanto o eucalipto, árvore mais utilizada no Brasil para produzir celulose e carvão vegetal, fornece 7,5 toneladas de biomassa seca por hectare ao ano, em média, e até 20 toneladas nas melhores condições, o capim alcança de 30 a 40 toneladas, afirmou o técnico Vicente Mazzarella, que estuda esta espécie desde 1991 no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), do governo do Estado de São Paulo.Além disso, o eucalipto necessita de sete anos para atingir um tamanho conveniente para o corte, enquanto o capim oferece duas a quatro colheitas anuais, devido ao seu rápido crescimento.
VANTAGENS DO CAPIM-ELEFANTE • Produtividade elevada (30 a 40 t m.s./ha/a) • Crescimento rápido (ciclo curto: dois cortes/ano << eucalipto-7anos) • Menores áreas, menor investimento em terras • Possível mecanização • Possível melhoramento genético futuro • Maior assimilação de C (C:N>100); melhor reforma nos projetos MDL • DESVANTAGENS DO CAPIM ELEFANTE • Elevado teor de água (até80%) : necessidade de secar no campo ou por processamento • Baixa densidade natural (seco ~100 kg/m3): necessidade de compactação para viabilizar estocagem e transporte • Custo logístico pode ser elevado: água(umidade) e ar(baixa densidade) • Teores de K e cinzas mais altos (em estudos)
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 Transporte de Capim Elefante na Inglaterra - 1
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 • POTENCIAL DO CAPIM-ELEFANTE : QUEM O PROCURA? • –Grandes consumidores de energia elétrica (uso próprio) • –Grandes grupos interessados na geração (venda) • –Grandes consumidores de carvão vegetal (gusa e aço verdes) • –Grandes consumidores de vapor e calor (processamento de • alimentos, química, secagem de grãos, etc.) • –Grandes exportadores (calefação residencial, institucional, • termogeração – países frios) • –Pequenos e médios usuários de energia térmica•
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 • A SYKUÉ BIOENERGYA • São Desidério, Bahia, a 1.000 km de Salvador e 570 km de • Brasilia • Potência Instalada de 30.000 Kw = 30 Mw • 4.000 hectares plantados com capim elefante • Energia gerada e vendida = 192.000 mwh anuais (faturamento • aproximado de R$ 28,8 milhões anuais) • O Grupo Pão de Açúcar vai construir mais 10.
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 • O ESTADO DA ARTE: COMBINAR A LENHA NATIVA (COM MANEJO) COM O EUCALIPTO OU CAPIM ELEFANTE, ABASTECENDO OS FORNOS DE CALCINAÇÃO DO PÓLO E PRODUZINDO ENERGIA ELÉTRICA EM UMA TERMOELÉTRICA DE 10,00 MW. • Vimos que é plenamente possível utilizar a lenha nativa, desde que com um plano de manejo coordenado pelas agencias governamentais; • Vimos também a possibilidade de utilizarmos os recursos de espécies exóticas, tipo EUCALIPTO e CAPIM ELEFANTE, que tem comprovado sua viabilidade em projetos já em operação.
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 • A implantação de uma UTE (unidade termoelétrica) de 10,00 MW permitirá uma alternativa de consumo de biomassa. Este consumo mais o das calcinadoras, viabilizarão um mercado consumidor estável e flexível ao mesmo tempo, de acordo com o contrato de venda de energia que for estabelecido. 5.000 hectares de eucalipto ou 1.500 hectares de capim elefante (referencias, apenas), podem ser suficientes para esta UTE. Acrescente-se a isto, as áreas necessárias produzir para o Pólo Gesseiro. • A UTE demandaria investimentos da ordem de 50 milhões de reais, para um faturamento anual de 12 milhões, com financiamento do BNB de 10 anos. • Alem das vantagens citadas, o fornecimento local faria que com que a energia na região passasse a ter uma estabilidade que hoje não tem.
TRANSPORTE DE CAPIM ELEFANTE NA INGLATERRA - 1 Os estudos já realizados por diversas entidades em vários momentos, já são suficientes para um Projeto objetivo que viabilize uma alternativa sustentável e duradoura para o Pólo Gesseiro do Araripe.
AFRANIO TAVARES DA SILVA 81.9606-6624 afranio.tavares@jac3.com.br WWW.jac3.com.br