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ECONOMIA POLÍTICA DOS AGROTÓXICOS O PAPEL DAS TRANSNACIONAIS. Horacio Martins de Carvalho (Setembro de 2010). - A - Pós década de 1990 alguns fatores interligados alteram a compreensão da racionalidade da oferta de agrotóxicos.
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ECONOMIA POLÍTICA DOS AGROTÓXICOS O PAPEL DAS TRANSNACIONAIS Horacio Martins de Carvalho (Setembro de 2010)
- A -Pós década de 1990 alguns fatores interligados alteram a compreensão da racionalidade da oferta de agrotóxicos
Produção de OGMsConcessão de patentes de invenções e de modelo de utilidade (Lei 9.279/1996)Lei de Cultivares (Lei 9.456/1997)Patentes permitem controlar propriedades ‘positivas’ e ‘negativas’ de novas variedadesGrupos industriais: posse de uma carteira de direitos de propriedade intelectual + produção das moléculas Biotecnologia nas mãos de empresas que controlam 4 áreas: sementes, agroquímicos, farmacêutica e veterinária;Nova concepção de agrotóxico: a quimiotoxidade e a biotoxidadePlantas produtoras de moléculas: diversifica fontes de fornecimento
- B -GRANDES EMPRESAS MULTINACIONAIS CONTROLAM DEMANDA E OFERTA DE AGROTÓXICOS
OGMs são parte das estratégias comerciais para vender pesticidasGrandes empresas de OGMs: Dupont, Sanofi-Aventis, AstraZeneca, MonsantoMaiores empresas produtoras de agrotóxicos: Syngenta, Bayer, Monsanto, Basf, Dow, DuPont e NufarmTodas as empresas de ponta na área das ciências da vida são grandes produtoras de substância químicas
27 corporações internacionais são detentoras do maior número de depósitos de patentes. 5 das 20 maiores organizações com patentes sobre plantas ou sementes transgênicas estão ligadas a organizações européias,2 são empresas japonesas 13 restantes estão fundamentadas nos Estados UnidosPesquisa realizada no Derwent (base de dados internacional sobre patentes) com 1.608 patentes sobre OGM revelou:1.296 pertencem somente a 13 organizações, 256 pertencem a institutos acadêmicos internacionais 48 pertencem a organismos governamentais americanos8 restantes apropriações dispersas
A maior parte do custo de um agrotóxico refere-se ao produto técnico, denominação dada ao ingrediente ativo (molécula específica) agregada a resíduos de síntese de difícil separação.As grandes transnacionais optaram por elaborar os produtos técnicos em um ou poucos lugares para abastecer todo o consumo do mundo, induzindo a especialização das unidades produtivas. No Brasil, algumas delas foram fechadas, enquanto outras se tornaram fornecedoras regionais ou mundiais de produtos técnicos.
Pressão social: o custo de desenvolvimento e registro de novas moléculas é hoje estimado em US$ 200 milhõesA possibilidade de encontrar novas moléculas é cada vez menor. Antes, a chance era de 1 para 5 mil moléculas estudadas, agora essa relação é de 1 para 50 mil.Existem cerca de 1.000 princípios ativos de agrotóxicos comercializados em mais de 10 mil formulaçõesNa década de 90 as empresas pesquisavam em média 50 mil componentes durante aproximadamente oito anos, com investimentos de US$ 152 milhões para se chegar a um novo produto. Dez anos depois, passaram a ser necessários 100 mil componentes, nove anos e US$ 184 milhões para cada defensivo.Atualmente, são gastos em média dez anos para combinar 150 mil componentes com aportes de US$ 256 milhões até se chegar a um novo produto.
Plantas produtoras de moléculas: exemploÁcido láurico usado para cosméticos e sabonetes O ácido láurico é extraído do óleo de palmeira e do côco.No entanto a CALGENE já comercializa a colza transgênica que produz ácido láurico, desde 1995.
Classificação dos agrotóxicos por finalidade de uso (poder de ação do ingrediente ativo): inseticidas, fungicidas, herbicidas, nematicidas, acaricidas, rodenticidas, moluscidas, formicidas, reguladores e inibidores de crescimento.Inseticidas, fungicidas e herbicidas representam 94,8% do consumo mundial de agrotóxicosO princípio ativo é importado, mas a formulação dos agrotóxicos é feita no BrasilExistem no Brasil 2.000 produtos comerciais registrados, mas somente 30% está no mercadoExistem 115 empresas cadastradas no MAPA Sendo que 38 com presença mais expressivaOs oito maiores grupos detinham em 2001 quase 85% do mercado. Em 2009, as oito maiores passaram a ter 77% do mercado.Os genéricos aumentaram a concorrência no setor.Agrotóxicos químicos tiveram em 2009 vendas de 12, 9 bilhões de reais, crescimento 1% em relação a 2008, devido aumento vendas de 16,9% fungicidas: tratamento preventivo da ferrugem asiática na cultura da soja.
OLIGOPÓLIO DA PRODUÇÃO DE MOLÉCULAS DE AROMAS6 (SEIS) EMPRESAS GIGANTESCAS (BIG BOYS)ATUAM QUASE NO ANONIMATOINTERNATIONAL FLAVORS & FRAGRANCES (EUA)GIVAUDAN ROURE (SUIÇA)QUEST INTERNATIONAL (GRÃ-BRETANHA)FIRMENICH (SUIÇA)SYMRISE (ALEMANHA)TAKASAGO (JAPÃO)GERAM 20 BILHÕES DE DÓLARES/ANODE ATIVIDADES ECONÔMICAS
A Monsanto tem hoje 25% do mercado brasileiro de sementes de hortaliças, que é estimado em US$ 200 milhões anuais. Comprou Seminis em 2005 e De Ruiter em 2008.Os embriões de verdura, legumes e frutas vão se tornar até 2012 tão relevantes no balanço mundial da Monsanto quanto a soja, segundo o planejamento estratégico da companhia. Objetivo: variedades adaptadas a cada região e com características como sabores diferentes entre si
A NUFARM é empresa transnacional, com sede na Austrália, instalada no Brasil em 2005, com fábrica no Estado do CearáÉ a segunda empresa no ranking dos fabricantes de produtos fitosanitários genéricosÉ a 8ª maior empresa no volume de vendas de agrotóxico no mundo. A empresa atua em mais de 100 países, com 14 fábricas. A entrada no mercado brasileiro ocorreu com a compra da empresa AGRIPEC e Farmacêutica. Seus produtos químicos destinam-se às culturas de citrus, cana, café, milho, tomate, feijão, soja, algodão, batata e pastagens. Desses, 60 % está destinado ao cultivo de soja
PLANTAS RESISTENTES À DOENÇAS E INSETOS:BACTÉRIA Bt (Bacillus thuringensis)PRODUZ TOXINAS QUE ATACAM SISTEMA DIGESTIVO DOS INSETOSJÁ TEM GERADO INSETOS RESISTÊNTESIMPACTOS SOBRE INSETOS NÃO-COMBATIDOS
Atualmente existem 84 fabricantes de agrotóxicos químicos, cuja representação sindical está a cargo do SINDAG. Se destaca a ANDEF, a ABIFINA (genéricos) e AENDA (genéricos). A distribuição de agrotóxicos químicos é realizada pelas revendas (6.000), representadas pela ANDAV, e cooperativas agrícolas (1.500), representadas pela OCB. O inpEV é a instituição que gerencia a destinação adequada de embalagens vazias de agrotóxicos químicos, dispondo de 412 unidades de recebimento
As esferas política e econômica da sociedade mutuamente se determinam. As ações de lobby junto ao setor público estão ancoradas no desenvolvimento de competências – gerenciais, técnicas, formação de associações representativas, tal qual a ANDEF, a AENDA, o SINDAG, que permitem às empresas influenciar direta ou indiretamente o processo de construção de marcos regulatórios.
- E - Poder estratégico imperial do setor da indústria químicasobre as “ciências da vida”
Consumo mundial de agrotóxicos determina e é determinado pela combinação do controle privado das patentes de OGM e das fusões das empresas da área da indústria química, em particular das áreas “das ciências da vida”Privatização e oligopólio da oferta de variedades de plantas comerciais Um novo modelo produtivo econômico, político e cultural.Plantas deixaram de ser espécies vegetais para se tornarem unidades de produção de moléculas Estamos nos preparando para a diversificação que inevitavelmente ocorrerá no mercado de hortaliças. Não teremos mais, por exemplo, apenas um tipo de tomate para todo o Brasil, mas variedades adaptadas a cada região e com características como sabores diferentes entre si.Perspectivas: capital financeiro controlar as áreas de saúde e alimentação
ARTICULAÇÃO/INTEGRAÇÃO ENTREPATENTEAMENTO DOS GENES+ OGMs + PLANTAS PRODUTORAS DE MOLÉCULAS + UNIFORMIZAÇÃO BIOLÓGICA + CONCENTRAÇÃO DA TERRA+ CONTROLE PRIVADO DA CIÊNCIA + FUSÕES ECONÔMICASDETERMINAMNOVO SISTEMA AGROALIMENTARE MUNDIALUM MODELO CIVILIZATÓRIO MUNDIALMENTE DOMINANTESUPERAÇÃO DA DEMOCRACIA LIBERAL BURGUESANOVAS FORMAS DE GOVERNOS AUTORITÁRIOS