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RUPTURA ESPONTÂNEA DE BAÇO POR DENGUE. HGJ – Serviço de Cirurgia Geral Sessão Clínica Maria Roberta M. Seravali (R1). CASO CLÍNICO 1. ID: JCMS, 27 anos, solteiro, 3 filhos, natural do Rio de Janeiro, trabalha em depósito de bebidas QP: “Dor no corpo”
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RUPTURA ESPONTÂNEA DE BAÇO POR DENGUE HGJ – Serviço de Cirurgia Geral Sessão Clínica Maria Roberta M. Seravali (R1)
CASO CLÍNICO 1 • ID: JCMS, 27 anos, solteiro, 3 filhos, natural do Rio de Janeiro, trabalha em depósito de bebidas • QP: “Dor no corpo” • HDA: Pct deu entrada na emergência do HGJ 02/01/08 com quadro de mialgia intensa, distensão e dor abdominal difusa, taquicardia, taquipneia, sudorese fria, pulsos fracos.
CASO CLÍNICO 1 Exames Laboratoriais: • Htc 12,8 Hgb 4,4 • leuc 12300 (0/1/0/1/22/42/32/2) – anisocitose, atipia linfocitária, hipoplaquetemia, macroplaquetemia • Plaq 77300 • TAP 38%, PTT 80 seg • Cr 1,7 Ur 44 • TGO 64 TGP 71 FA 100 GGT 18 • Ptn total 2,6 (1,7 alb/ 0,9 glob) • K 3,6 glicose 369 • Indicado LPD - positivo para sangue.
CASO CLÍNICO 1 Relato cirúrgico: • Encontrado: • Volumoso hemoperitoneo (3l) • Esplenomegalia com ruptura do 1/3 médio e discreto hematoma ao seu redor • Fígado, estômago, vesícula, intestino sem alterações • Realizado: • Esplenectomia com ligadura da a. esplênica após abertura da retrocavidade dos epíplons, seguido por dissecção do hilo esplênico, com nova ligadura do hilo e descolamento dos ligamentos • Apendicectomia incidental • Revisão da hemostasia
CASO CLÍNICO 1 • 02/01/08: Pct admitido no CTI obnubilado, desorientado, abertura ocular ao estímulo verbal e doloroso, hipocorado (4+/4+), edema conjuntival (2+/4+), acianótico, anictérico, acoplado à VM por TOT em modo IPPV ( VC 500 PEEP 7 FiO2 60%) • PA 150x100mmHg FC 135bpm FR 20 irpm • Cd: Transfusão de 2 HC, sorologia p/ dengue, toxo,CMV, leptosp. Pct foi extubado
CASO CLÍNICO 1 • 03/01/08: • D1PO • Retirado SNG • Aceitou dieta líquida de prova • D1 Clavulin (fez 9d) • Sorologia para dengue 1ª amostra: • IgG +, IgM fracamente reativo • Sorologia: • Epstein Barr: IgM – IgG + • Mononucleose: - • Toxo IgM – IgG +, • AntiHbs + Anti HBC – Anti HCV -, CMV IgM – IgG +
CASO CLÍNICO 1 • 04/01/08: • D2PO • Admitido na UICIR estável hemodinamicamente, evacuando, recebeu 1 HC • Evoluiu com queda do HTC • FC 130bpm, taquipneico, hipocorado (4+/4+), abd tenso, curativo sujo de sg • USG: imagem heterogênea com componente ecogênico e hipoecoico de aproximadamente 11,5cm no eixo longitudinal, ocupando loja esplênica sugerindo coágulo. Imagem semelhante em fundo de saco post. Moderada qtde de líquido livre na cavidade. • Cd: Laparotomia exploradora
CASO CLÍNICO 1 Relato cirúrgico • Encontrado: • Hemoperitoneo com gde quantidade de coágulo em HE e goteira parietocólica E • Realizado: • Lavagem exaustiva da cavidade sem evidências de sangramento ativo. Colocados 2 drenos de Penrose em HE • Pct voltou ao CTI intubado
CASO CLÍNICO 1 • 31/01/08: • Alta hospitalar • Vacinação pneumococo e haemophilus • 08/02/08: • Ambulatório – queixando-se de dormência em mmii bilateral e língua, nega dor abd, náuseas, vômitos ou febre. FO em bom aspecto • 01/03/08: • Ambulatório – s/ queixas, em bom estado geral • 01/04/08: • Ambulatório – s/ queixas, em bom estado geral
CASO CLÍNICO 1 Histopatológico: • Macroscopia: Baço pesando 489g, medindo 18x13x8cm marcado com fio de sutura numa das faces e na outra lesão elevada cinza escura com área de solução de continuidade. Aos cortes, hematoma com 8cm no maior eixo que esta próximo a solução de continuidade já mencionada. O restante apresenta polpa vermelha e vinhosa. Apêndice de aspecto habitual medindo 7x0,5cm. Aos cortes luz virtual. Parede com até 0,2cm de espessura. • Conclusão: Baço - os cortes revelam cápsula espessada, hiperplasia folicular reativa, congestão dos sinusóides (ectasia) com áreas hemorrágicas e áreas de proliferação capsular. Apêndice – apendicite aguda.
CASO CLÍNICO 2 • ID: TSJ, 20 anos, solteiro, s/ filhos, natural do Rio de Janeiro, estudante de engenharia • HDA: Pct deu entrada na emergência do HGJ no dia 23/03 com queixa de febre alta, cefaléia e mialgia há 6d, dor abd em HD irradiada para flanco E e diarréia. • Exame Físico: Pct orientado, eupnêico, afebril. Abd – flácido, indolor à palp sup e prof. (Dengue? Hepatopatia aguda?)
CASO CLÍNICO 2 Exames Laboratoriais: • Htc 46,6Hgb 15,7 • Leuc 27700 (0/0/0/0/16/44/39/1) linf atípicos • Plaq 28100 • EAS ptn ++ 5-7 pioc 2-4 hemac
CASO CLÍNICO 2 • 24/03/08: • Htc 42Hgb 14,1 • Leuc 45300 (0/0/0/0/21/55/17/7) linf atípicos, anisocitose, hipoplaq • Plaq 46800BT 3,13 (1,69 BD/1,44 BI) • Amilase 64 Cr 1,9 Ur 80 glic 149 • TGO 3964TGP 1240
CASO CLÍNICO 2 • Pct nega contato com urina de rato ou viagens recentes, nega antecedentes de dçs infecciosas, nega tabagismo, etilismo ou uso de drogas ilícitas. • HD: Sd febril aguda + dor abd Sepse grave Dengue superposta Hepatite aguda viral Leptospirose • Internado na CM para investigação
CASO CLÍNICO 2 • 25/03: • Iniciou Penicilina + Amicacina + Gentamicina (endocardite?) • Sorologia para dengue IgG+ IgM+ em duas amostras. • Sorologias Hep A, Hep B, Hep C, mononucleose • USG: baço aumentando (15cm) difusamente heterogêneo, ascite moderada.
CASO CLÍNICO 2 • TC tórax, abd e pelve: derrame pleural bilat, extensas opacidades não homogêneas nas bases pulm, ascite, aumento das dimensões hepáticas e esplênicas e densidade heterogênea, pânc com dimensões e densidade normais. Rins normais, eliminando contraste simetricamente. Aorta e veia cava inf de dimensões normais. Bexiga repleta, de paredes finas. Ausência de linfonodomegalias.
CASO CLÍNICO 2 • 26/03/08: • Admitido no CTI taquicárdico, taquipnêico, hipocorado (2+/4+), ictérico (+/4+). AR – estertores crepitantes difusos, MV diminuído em bases, sibilos esparsos. • 28/03/08: • Htc 22,6 Hgb 7,9 • Leuc 17700 (0/0/5/8/22/45/15/5) – anisocitose, atipia linf, neut com granulações grosseiras, policromasia, eritroblastos • Plaq 137000 amilase 127 • BT 3,43 (1,38BD/ 2,05 BI) • Ca 7,5 Cl 107 Cr 1,2 Ur 53 • TGO 1837 TGP 925 TAP 52% PTT 41seg
CASO CLÍNICO 2 • 2 HC • Piora da dor em HE • TC: derrame pleural bilateral, ascite moderada, baço congesto e aumentado, contendo grande hematoma subcapsular, focos hemorrágicos no parênquima renal.
CASO CLÍNICO 2 • Laparotomia exploradora: - Encontrado: Baço aumentado de tamanho com grande hematoma subcapsular. - Realizado: acesso à retrocavidade dos epíplons, isolamento, ligadura tripla e secção da artéria e veia esplênica, secção dos ligamentos esplênicos e retirada do baço. Revisão da hemostasia e lavagem da cavidade.
CASO CLÍNICO 2 • 30/03/08: • Aceitou dieta líquida de prova • 03/04/08: • Enfermaria de CM • 09/04/08: • Alta hospitalar • 05/05/08: • Ambulatório: Bom estado geral, s/ queixas, vacinação em dia.
CASO CLÍNICO 2 Histopatológico • Macroscopia: baço pesando 785g e medindo 16,5x9,5x8cm, apresentando cápsula acinzentada, de aspecto granuloso. Observa-se áreas de solução de continuidade, que mede 7x6cm. Aos cortes, mostra-se avermelhado, de aspecto esponjoso, com pontos brancacentos subcorticais, ao lado de extensas áreas amarelas e friáveis. • Conclusão: cortes histopatológicos de tecido esplênico revelam dilatação sinusoidal em meio a extensas áreas de hemorragia, depósitos de hemossiderina, processo inflamatório agudo e crônico, ao lado de grandes áreas de necrose. Observa-se ainda espessamento capsular leve.
Dengue • Mais impt arbovirose que afeta os humanos • 50-100 milhões pessoas infectadas/ano em mais de 100 países • Transm: Aedes aegypti, A. albopictus, gestação • RNA filamento único, esférico, envelopado • Família Flaviviridae • 4 sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4
Dengue • Histórico: • Séc XVIII – Ásia, África e Américas • Séc XIX (déc 20) - Brasil • Séc XX (déc 50) – Sudeste da Ásia • 1954 – Filipinas (dengue hemorrágica) • 1986-7/1998/2001-2: gdes epidemias
Dengue • Patogênese: Inoculação replicação(cél mononuc ou musc) Viremia 2ª replicação Cél mononuc Disseminação Tropismo por Macrof e Monoc, cél musc esq (mialgia) Liberação TNFα e IL6 (Sd febril)
Dengue • 4º d- IgM • 7º d- IgG (imunidade soroespecífica) • Formas graves: pcts já infectados • Virulência: 2>3>4 e 1
Dengue Infecção 1ª ac neutralizantes (ac homólogos) Imunidade cruzada (de curta duração) Nova infecção Ac heterólogos subneutralizantes (Teoria de Halsted)
Dengue Quadro Clínico • Período incubação 5-6d • Assintomático • Dengue clássica: • + comum • Febre alta (39-40ºC), início abrupto, calafrios • Cefaléia, dor retroorb., mialgia intensa, artalgia • Náuseas, vômitos, anorexia, prostração • Exantema morbiliforme ou escarlatiforme, centrífugo poupando reg palmoplantar às vezes pruriginoso • Hepatomegalia dolorosa, micropoliadenopatia • Fenômenos hemorrágicos (petéquias, equimoses, epistaxe...) • Duração 5-6d • Laboratório – leucopenia c/ linfocitose relativa, lif atípicos, trombocitopenia leve, Htc normal, transaminases ↑ 2-3x
Dengue • Dengue hemorrágica: • Fat risco: histórico dengue prévia, inf sorotipo 2, lact mães passado de dengue, cçs < 12a, sexo fem, raça branca • Alt hemodinâmicas e sistêmicas (hiperpermeabilidade capilar) – hipovolemia relativa, edema intersticial e derrames serosos • Trombocitopenia mod/grave, dist coag, CID • Duração 7-10d • Letalidade 5-50% • Prova do laço + e precede fenômenos hemorrágicos • Hepatoesplenomegalia • Derrame pleural (80%), ascite, insuf hepática fulminante, dçs miocárdicas, insuf renal
Dengue • Dengue hemorrágica: • Lab: Hemoconcentração (↑ Htc > 20% ou acima de 38%cçs, 40% mulheres e 45% homens), plaquetopenia < 100.000 com prova laço + ou hemorragia espontânea, leucopenia, ↑ transaminaes, alt coag • Classificação: • Grau I: prova laço + s/ manif hemorrágicas ou inst hemodinâmica • Grau II: fen hemorrágicos espontâneos • Grau III: hipot, pulso fraco, taquicardia, pele pegajosa e fria, inquietude • Grau IV: choque c/ ausência de pulso e PA inaudível
Dengue Diagnóstico • Gripe, leptospirose, viroses exantemáticas, hep A, infecções bact agudas, sepse bacteriana, meningococcemia, malária, febre amarela, febre maculosa, hantavirose • Sorologia (MAC ELISA): não é capaz de separar o sorotipo (só PCR) • ↑ > ou = 4x IgG de fase aguda para a de covalesc. • Começa a + a partir de 6d.
Dengue Tratamento • Sintomático • Notificar
Ruptura de Baço como complicação • A ruptura do baço pode ser subdiagnosticada e, apesar de rara, é uma complicação fatal • Baço está geralmente congesto com hematoma subcapsular em 15% dos casos • Prognóstico depende da rapidez do diagnóstico • Predomínio em homens (2/3)
Ruptura de Baço como complicação Formas de apresentação: • Forma Típica: • Maioria • Sd dor abdominal localizada em HE, irradiada para escápula • Forma Progressiva: • Piora da dor, tornando-se difusa, manifestações hipovolemia • Irradiação escapular inconstante (sinal de Kehr em 50% dos casos) pela irritação do diafragma • Forma Médico-legal
Ruptura de Baço como complicação Diagnóstico • Difícil • TC • RNM • LPD
Ruptura de Baço como complicação • Histopatólogico: • Baço bastante congesto com múltiplos focos de hemorragia, pesando 400-500g até 1Kg, hematoma subcapsular. O antígeno viral pode ser identificado • Acredita-se que a ruptura do baço seja causada pelo consumo de fatores de coagulação e pela severa trombocitopenia
Ruptura de Baço como complicação Tratamento Estado Hemodinâmico Estável Instável Observação Laparotomia Sucesso Transfusão Esplenect. Esplenorrafia 90% >2HC
Tto conservador é usado com sucesso nas causas traumáticas e há trabalhos documentando bons resultados na mononucleose Tto conservador evita as complicações da esplenectomia Causas de ruptura espontânea de origem infecciosa Mononucleose Varicela zoster CMV HIV Hep A Rubéola Dengue Aspergilose Leishimaniose Enterobactérias Endocardite Tuberculose Brucelose Legionelose Ruptura de Baço como complicação
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