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Complicações na Gravidez..... Professora e enfermeira : Drª Carla Gomes Aula 3
Complicações ..... • A maioria das gestações evolui sem problemas e a maioria das complicações pode ser tratada. • As complicações incluem: • o aborto espontâneo, a gravidez ectópica, • a anemia, a incompatibilidade de Rh, • problemas da placenta, • o vômito excessivo,DMG, DHEG • a pré-eclâmpsia, a eclâmpsia • erupções cutâneas, • trabalho de parto prematuro • ruptura prematura das membranas.
Aborto Espontâneo e Concepto Natimorto • Um aborto espontâneo é a perda de um feto por causas naturais antes da 20ª semana de gestação. • Um concepto natimorto é a perda de um feto por causas naturais após a 20ª semana de gestação. • O termo aborto é utilizado pelos médicos para designar tanto o aborto espontâneo como o aborto induzido (interrupção da gravidez realizada por um médico). • A respiração espontânea e a presença de batimentos cardíacos após o nascimento caracterizam um recém-nascido vivo, qualquer que seja o estágio da gestação. • Quando ele morre pouco após o nascimento, • a sua morte é denominada morte neonatal.
Aproximadamente 20 a 30% das mulheres grávidas apresentam algum sangramento ou alguma cólica pelo menos uma vez durante as vinte primeiras semanas de gestação. • Aproximadamente 50% desses episódios acaba em aborto espontâneo. • Aproximadamente 85% dos abortos espontâneos ocorrem durante as doze primeiras semanas de gestação e, geralmente, estão relacionados a anomalias fetais. • Os 15% restantes dos abortos espontâneos ocorrem entre a 13ª e a 20ª semana e aproximadamente dois terços deles são decorrentes de problemas maternos e um terço é de causa desconhecida. • Muitos estudos demonstraram que distúrbios emocionais maternos não estão relacionados aos abortos espontâneos.
Problemas maternos que podem causar um aborto espontâneo • Útero anormal • Colo do útero fraco (incompetente), o qual pode dilatar à medida que o útero aumenta de volume • Hipotireoidismo • Diabetes • Infecções (p.ex., infecção por citomegalovírus ou rubéola) • Uso de cocaína, especialmente o crack • Lesões • Deficiências dietéticas
Terminologia do Aborto • PrecocePerda do feto antes da 12ª semana de gestação • TardioPerda do feto entre a 12ª e a 20ª semana de gestação • EspontâneoPerda do feto ocorrida naturalmente • InduzidoInterrupção médica da gravidez Terapêutico Remoção do feto para salvar a vida da mãe ou preservar sua saúde • Ameaça de AbortoSangramento ou cólicas nas primeiras 20 semanas da gestação, indicando que o feto está em perigo
InevitávelDor ou sangramento intoleráveis com dilatação do colo útero que indicam a perda do feto • IncompletoExpulsão de apenas parte do conteúdo uterino ou ruptura das membranas • CompletoExpulsão de todo o conteúdo uterino • HabitualTrês ou mais abortos espontâneos • OcultoRetenção de um feto morto no útero por 4 semanas ou mais • SépticoInfecção do conteúdo uterino antes, durante ou após um aborto
Sintomas e Diagnóstico • Antes de um aborto espontâneo, a gestante geralmente apresenta perdas sangüíneas discretas ou um sangramento mais importante e algum tipo de secreção vaginal. • O útero contrai, provocando cólica. • Quando o abortamento prossegue, o sangramento, a secreção e a cólica tornam-se mais intensos. • Finalmente, pode ocorrer a expulsão de parte ou de todo o conteúdo uterino. • Nos estágios iniciais de um aborto espontâneo, a ultra-sonografia pode determinar se o feto ainda está vivo. • A ultra-sonografia e outros exames podem ser realizados após um aborto espontâneo para se determinar se todo o conteúdo uterino foi realmente expelido.
Tratamento • Nenhum tratamento é necessário quando todo o conteúdo uterino é expelido (aborto completo). • Quando apenas parte dele é expelida (aborto incompleto), pode ser realizada uma curetagem com aspiração para esvaziar o útero. • Quando o feto morreu mas permanece no útero (aborto oculto), o médico deve remover o feto e a placenta, geralmente através da curetagem com aspiração. • Nos casos de abortos ocultos tardios, o médico pode usar uma droga (p.ex., ocitocina) que provoca a contração do útero e a expulsão do conteúdo. • Quando o sangramento e as cólicas ocorrem durante as vinte primeiras semanas de gestação (ameaça de aborto), é aconselhável que a gestante faça repouso ao leito, pois essa medida geralmente reduz os sintomas.
Quando possível, a gestante não deve trabalhar e não deve permanecer em pé em casa. • A relação sexual deve ser evitada, embora isto não tenha sido relacionado de modo definitivo aos abortos espontâneos. • Hormônios não são administrados porque eles quase sempre são ineficazes e podem causar defeitos congênitos, sobretudo do coração ou dos órgãos reprodutivos. • Por exemplo, a exposição de um feto do sexo feminino ao hormônio sintético dietilestilbestrol nesse estágio do desenvolvimento pode causar posteriormente um câncer de vagina. • Uma ameaça de aborto pode ocorrer quando o colo do útero abre prematuramente em decorrência da fraqueza do tecido fibroso. • Algumas vezes, o orifício cervical pode ser fechado cirurgicamente (cerclagem) com pontos que são removidos imediatamente antes do parto. • Um aborto séptico é uma infecção muito grave. • O conteúdo uterino deve ser imediatamente removido e a infecção deve ser tratada com altas doses de antibióticos.
Gravidez Ectópica • É aquela na qual o feto desenvolve-se fora do útero, seja em uma tuba uterina, no canal cervical ou na cavidade pélvica ou abdominal. • Normalmente, um óvulo é liberado de um ovário e conduzido até a abertura de uma das tubas uterinas. • No interior da tuba, o óvulo é impulsionado por diminutos cílios (estruturas semelhantes a pêlos) que a revestem, chegando ao útero após alguns dias. • Geralmente, o óvulo é fertilizado na tuba uterina e implanta-se no útero. • Contudo, quando a tuba está obstruída (p.ex., devido a uma infecção prévia), o ovo pode se mover lentamente ou ficar retido. • O ovo pode nunca chegar ao útero e pode ocorrer uma gravidez ectópica. • Uma em cada 100 a 200 gestações é uma gravidez ectópica. • Por razões ainda não completamente esclarecidas, a gravidez ectópica vem se tornando mais comum. • Um antecedente de um distúrbio que afetou ambas as tubas uterinas, uma gravidez ectópica anterior, a exposição fetal ao dietilestilbestrol ou a ligadura tubária (procedimento de esterilização no qual as tubas uterinas são seccionadas ou obstruídas) são fatores que aumentam as probabilidades de gravidez ectópica.
Características • A gravidez ectópica é menos comum entre mulheres da raça branca que entre as de outros grupos raciais. • Nos raros casos em que a mulher engravida mesmo com um dispositivo intrauterino (DIU) corretamente posicionado, o risco de gravidez ectópica é maior. • A gravidez ectópica geralmente ocorre em uma tuba uterina (gravidez tubária). • Raramente, ela ocorre em outros locais (p.ex., canal cervical, ovário, cavidade pélvica ou cavidade abdominal). • A gravidez ectópica é potencialmente letal e deve ser interrompida o mais breve possível. • Nos Estados Unidos, 1 em cada 826 mulheres com gravidez ectópica morre devido a complicações.
Sintomas • Os sintomas de uma gravidez ectópica incluem perdas sangüíneas discretas e cólicas, associadas ao atraso menstrual. • Esses sintomas occorrem porque, após a morte do feto, o endométrio (revestimento uterino) é eliminado como se fosse uma menstruação normal. • Quando o feto morre em uma fase precoce, a tuba uterina não é lesada. • No entanto, se ele continua a crescer, o feto pode lacerar a parede da tuba uterina e causar sangramento. • Quando o sangramento é gradual, ele causa dor e, algumas vezes, uma sensação de pressão na região abdominal inferior por causa do acúmulo de sangue.
Quando o sangramento é rápido, ele pode causar uma queda acentuada da pressão arterial e inclusive levar ao choque. • Comumente, após aproximadamente 6 a 8 semanas, a mulher sente uma dor intensa na região abdominal inferior, a qual é acompanhada por desmaio. • Esses sintomas geralmente indiquem a ruptura da tuba uterina, com um sangramento intenso para o interior da cavidade abdominal. • Algumas vezes, a gravidez ectópica ocorre parcialmente no interior de uma tuba uterina e parcialmente no interior do útero. • As cólicas e o sangramento discreto são comuns. • Nesse local, o feto tem mais espaço para crescer e, por essa razão, a gravidez ectópica geralmente rompe mais tarde, comumente entre a 12a e a 16a semana de gestação. • Essa ruptura pode ser catastrófica, com uma taxa de mortalidade mais elevada.
Diagnóstico e Tratamento • O médico pode suspeitar que uma mulher apresenta uma gravidez ectópica quando os exames de urina e de sangue para o diagnóstico de gravidez são positivos, mas o seu útero é menor do que o esperado para o tempo de gestação. • A ultra-sonografia pode revelar que o útero se encontra vazio e a presença de sangue no interior da cavidade pélvica ou abdominal. • O médico pode então utilizar um laparoscópio (tubo de visualização de fibra óptica que é inserido no interior da cavidade abdominal através de uma pequena incisão realizada no abdômen) para visualizar diretamente a gravidez ectópica. • Para ajudar na confirmação do diagnóstico, o médico pode realizar uma culdocentese (inserção de uma agulha através da parede vaginal até o interior da cavidade pélvica) e remover o sangue acumulado em decorrência de uma gravidez ectópica que está sangrando.
Ao contrário do sangue venoso ou arterial, esse sangue não coagula. • Geralmente, a gravidez ectópica deve ser removida cirurgicamente. • Quando ela está localizada em uma tuba uterina, o médico geralmente realiza uma incisão na tuba e remove o feto e a placenta. • A tuba é deixada aberta, permitindose a sua restauração sem a formação de tecido cicatricial, pois a presença de cicatrizes na tuba podem tornar uma nova gravidez mais difícil. • Algumas vezes, o procedimento é realizado através de um laparoscópio. Em raros casos, a tuba está tão lesada que não pode ser reparada e deve ser removida. • Para tratar uma gravidez tubária em fase inicial sem evidências de batimentos cardíacos fetais, o metotrexato pode ser administrado no lugar da cirurgia.
Anemias • As anemias são doenças nas quais o número de eritrócitos (glóbulos vermelhos, hemácias) do sangue ou a quantidade de hemoglobina (a proteína que transporta o oxigênio) contida nessas células encontram-se abaixo do normal. • O volume sanguíneo aumenta durante a gravidez, de modo que uma redução moderada da concentração de eritrócitos e de hemoglobina no sangue (hemodiluição) é normal. • Durante a gravidez, a necessidade de ferro (o qual é indispensável para a produção de eritrócitos) aumenta para suprir as demandas da mãe e do feto. • O tipo mais comum de anemia durante a gravidez é a anemia ferropriva (por deficiência de ferro), a qual é geralmente causada por uma quantidade inadequada de ferro na dieta.
No entanto, este tipo de anemia também pode ser conseqüência de uma deficiência de ferro pré-existente decorrente da perda de ferro durante a menstruação ou de uma gravidez anterior. • Menos comumente, a anemia é conseqüência de uma dieta deficiente em ácido fólico (folato), uma vitamina do complexo B, a qual também é necessária para a produção de eritrócitos.
Diagnóstico e Tratamento • O diagnóstico é baseado nos exames de sangue que determinam a contagem de eritrócitos, a concentração de hemoglobina e a concentração de ferro. • A anemia ferropriva é tratada com comprimidos de ferro. O suplemento de ferro não apresenta qualquer risco ao feto, mas pode causar desconforto gástrico e constipação na mãe, especialmente quando a dose é alta. • Existem controvérsias em relação à necessidade de toda mulher grávida ter que tomar suplementos de ferro. • Contudo, geralmente é aconselhado à gestante que ela tome suplementos de ferro, mesmo quando a contagem eritrocitária e a concentração de hemoglobina estão normais, como uma garantia de que ela terá ferro suficiente para si mesma e para o feto à medida que a gravidez evolui. • A anemia causada pela deficiência de ácido fólico é tratada com comprimidos de folato. • Para as mulheres grávidas que apresentam anemia falciforme (doença hereditária na qual a hemoglobina é anormal), o tratamento é mais controverso. • Algumas vezes, a transfusão sangüínea é necessária.
Incompatibilidade de Rh • A incompatibilidade de Rh é a incompatibilidade do grupo Rh entre o sangue da gestante e do feto. • Como resultado da incompatibilidade de Rh, a gestante pode produzir anticorpos contra os eritrócitos do concepto. • Os anticorpos provocam a ruptura dessas células, causando algumas vezes a doença hemolítica (um tipo de anemia) no concepto. • O grupo sangüíneo de um indivíduo refere-se às moléculas localizadas sobre a superfície dos eritrócitos • que identificam as células como exclusivas • desse indivíduo. • O grupo sangüíneo Rh inclui algumas dessas • moléculas. • Uma delas, a Rh0(D), é a que geralmente • causa problemas de incompatibilidade de Rh.
Quando os eritrócitos possuem moléculas moléculas Rh0(D), o sangue é Rh positivo. • Quando eles não as possuem, o sangue é Rh negativo. • Os problemas ocorrem quando a mãe possui um sangue Rh negativo e o feto possui um sangue Rh positivo, herdado do pai que possui um sangue Rh positivo. • Parte do sangue do feto pode entrar em contato com o sangue da mãe através da placenta, sobretudo no final da gestação e durante o parto. • O organismo da mãe pode considerar os eritrócitos do feto como substâncias estranhas, produzindo anticorpos para destruí-los (anticorpos anti-Rh). • A concentração de anticorpos na mãe aumenta durante toda a gravidez e eles conseguem atravessar a placenta e chegar ao feto, onde eles podem destruir alguns de seus eritrócitos. • Como conseqüência, pode ocorrer a eritroblastose fetal (doença hemolítica do feto) ou a eritroblastose neonatal (doença hemolítica do recém-nascido).
No entanto, durante a primeira gravidez, o feto ou o recém-nascido raramente apresentará problemas porque não é comum não ocorrer um contato significativo entre o sangue do feto e o da mãe até o momento do parto. • Entretanto, em cada gravidez posterior, a mãe torna-se mais sensibilizada ao sangue Rh positivo e, em cada gravidez, ela produz anticorpos cada vez mais precocemente. • No feto, a destruição dos eritrócitos do feto pode acarretar anemia e aumento da concentração de bilirrubina (um produto metabólico da destruição dos eritrócitos do sangue) no sangue. • Quando a concentração de bilirrubina aumenta demasiadamente, pode ocorrer lesão cerebral no feto. • Dentre os norte-americanos da raça branca, 85% possuem sangue Rh positivo e, em 13% dos casamentos, o homem possui sangue Rh positivo e a mulher possui sangue Rh-negativo. • Dos bebês nascidos desses casais, 1 em cada • 27 apresenta anemia hemolítica.
Prevenção e Tratamento • Na primeira consulta médica durante a gravidez, é solicitada a tipagem sanguínea da gestante. • Quando ela possui sangue Rh negativo, o tipo sangüíneo do pai é determinado. • Quando ele possui sangue Rh positivo, é realizada a dosagem da concentração de anticorpos anti-Rh na mãe. • O sangue da mãe e o do concepto podem entrar em contato durante o parto, fazendo com que a mãe produza anticorpos. • Por essa razão, como precaução, anticorpos anti-Rh sob a forma de imuno globulina Rh0(D) são administrados através de uma injeção à mãe com sangue Rh negativo dentro das 72 horas que sucedem o parto de um concepto com sangue Rh positivo, inclusive após um aborto espontâneo ou induzido.
Este tratamento destrói qualquer célula do concepto que possa sensibilizar a mãe. • Conseqüentemente, as gestações posteriores geralmente não são ameaçadas. • No entanto, em aproximadamente 1 a 2% das mães, a injeção não impede a sensibilização. • Acredita-se que isto se deve ao fato da mãe ter sido sensibilizada no início da gravidez. • Para evitar a sensibilização precoce, o médico administra à mãe uma injeção de anticorpos anti-Rh na 28ª semana de gestação e também após o parto. • Ao mensurar periodicamente as variações da concentração dos anticorpos anti-Rh na mãe, o médico pode prever se o concepto apresentará problemas. • Quando a concentração de anticorpos anti-Rh maternos aumenta demasiadamente durante a gestação, uma amniocentese pode ser realizada. • Neste procedimento, uma agulha é inserida através da pele para coletar líquido da bolsa amniótica, a qual envolve o feto no interior do útero. • A concentração de bilirrubina no líquido amniótico é mensurada.
Quando esta concentração encontra-se demasiadamente elevada, é realizada uma transfusão sangüínea no feto. Transfusões adicionais geralmente são realizadas a cada 10 a 14 dias até em torno da 32 a 34ª semana de gestação. • O trabalho de parto geralmente é induzido neste momento e, após o nascimento, uma ou mais transfusões são administradas ao recém-nascido. • Nos casos menos graves, não são realizadas transfusões até após o nascimento.
Problemas com a Placenta • Normalmente, a placenta está localizada na parte superior do útero, firmemente aderida à parede uterina. • No descolamento prematuro da placenta, a placenta descola da parede uterina prematuramente, acarretando sangramento uterino e reduzindo o aporte de oxigênio e de nutrientes ao feto. • Uma mulher que apresenta este quadro deve ser hospitalizada e o parto pode ocorrer prematuramente. • Na placenta prévia, a placenta está localizada acima do colo do útero ou próximo dele, na parte inferior do útero. • Os sintomas incluem um sangramento indolor com início no final da gestação, o qual pode tornar-se intenso. • Geralmente, o concepto é liberado através de uma cesariana.
Descolamento Prematuro da Placenta • O descolamento prematuro da placenta (abruptioplacentae) é o descolamento precoce de uma placenta em posição normal da parede uterina, a qual ocorre durante a gestação e não após o parto. • A placenta pode descolar de modo incompleto (às vezes 20 ou 30%) ou totalmente. A causa do descolamento prematuro da placenta é desconhecida. • O descolamento ocorre em 0,4 a 3,5% de todas as gestações. As mulheres com hipertensão arterial, doenças cardíacas, diabetes ou doença reumatóide e aquelas que fazem uso de cocaína apresentam uma maior probabilidade de apresentar essa complicação.
Sintomas e Diagnóstico • Ocorre uma hemorragia no útero através do ponto de inserção da placenta. • O sangue pode passar através do colo do útero e sair pela vagina (hemorragia externa) ou pode ficar retido atrás da placenta (hemorragia oculta). • Os sintomas dependem do grau de descolamento da placenta e da quantidade de sangue perdido. • Eles incluem o sangramento vaginal, dores abdominais súbitas (contínuas ou tipo cólica) e a dor a palpação abdominal. • O diagnóstico geralmente é confirmado através da ultra-sonografia. • O descolamento reduz o aporte de oxigênio e de nutrientes ao feto, podendo inclusive causar a sua morte. • As complicações na gestante incluem o sangramento potencialmente perigoso, a coagulação intravascular disseminada (que se propaga no interior dos vasos sangüíneos), a insuficiência renal e o sangramento da parede uterina. • Essas complicações são mais prováveis na mulher grávida com pré-eclâmpsia e podem indicar sofrimento ou morte fetal.
Tratamento • Assim que o diagnóstico é estabelecido, a mulher é hospitalizada. • O tratamento usual é repouso ao leito, exceto quando o sangramento é potencialmente letal, quando o feto apresenta sofrimento ou quando a gestação está próxima do termo. • O repouso prolongado pode reduzir o sangramento. • Quando os sintomas diminuem, a mulher é encorajada a caminhar um pouco e inclusive pode receber alta hospitalar. • Quando o sangramento persiste ou piora, a melhor opção (tanto para a mãe como para o bebê) geralmente é o parto prematuro. • Quando o parto vaginal não é possível, é realizada uma cesariana.
Placenta Prévia • A placenta prévia é a implantação da placenta acima do colo do útero ou próximo dele, na parte inferior do útero. • No interior do útero, a placenta pode recobrir parcial ou totalmente a abertura do colo do útero. • A placenta prévia ocorre em 1 de cada 200 partos, geralmente em mulheres que já tiveram mais de uma gestação ou que apresentam anomalias uterinas (p.ex., fibromas). • O sangramento vaginal indolor inicia subitamente no final da gestação e pode tornar-se intenso. • O sangue pode apresentar uma cor vermelho vivo. • A ultra-sonografia ajuda o médico a estabelecer o diagnóstico e a diferenciar a placenta prévia de um descolamento prematuro da placenta.
Tratamento • Quando o sangramento é intenso, pode ser necessária a realização de várias transfusões sanguíneas. • Quando o sangramento é leve e o parto não é iminente, o médico geralmente prescreve apenas o repouso ao leite. • Quando o sangramento cessa, a mulher é encorajada a caminhar. • Quando o sangramento não recorre, a gestante recebe alta hospitalar e volta para casa, desde que ela possa retornar facilmente ao hospital. • A cesariana é quase sempre realizada, pois quando a mulher entra em trabalho de parto, a placenta tende a descolar muito precocemente, impedindo o suprimento de oxigênio ao concepto. Além disso, a gestante pode apresentar um sangramento intenso.
Hiperêmese Gravídica • A hiperêmese gravídica (vômito excessivo durante a gestação), ao contrário do mal-estar matinal normal, é a ocorrência de náusea e vômito extremamente graves que causam desidratação e inanição. • A causa da hiperêmese gravídica é desconhecida. • Fatores psicológicos podem desencadear o vômito ou torná-lo mais intenso. • A gestante com hiperêmese gravídica perde peso e desidrata. Quando a gestante apresenta mal-estar matinal mas ganha peso e não está desidratada, ela não apresenta hiperêmese gravídica. • A desidratação provoca alterações perigosas das concentrações dos eletrólitos no sangue e este torna-se demasiadamente ácido. • Quando o vômito persiste, o fígado pode ser lesado, algumas vezes rompendo e sangrando. • Uma outra complicação grave é o sangramento na retina (retinite hemorrágica), o qual é causado pelo aumento da pressão arterial durante o vômito.
Tratamento • Como a hiperêmese da gravidez pode colocar em risco a vida da gestante e do concepto, a mulher é hospitalizada e é realizada a reposição intravenosa de líquido, glicose (um açúcar simples), eletrólitos e, ocasionalmente, vitaminas. • A gestante pode permanecer em jejum durante 24 horas. Medicamentos antieméticos (contra a náusea) e sedativos são administrados de acordo com a necessidade. • Assim que a desidratação é tratada e o vômito é interrompido, a gestante pode voltar a alimentar-se com porções pequenas e freqüentes de alimentos pastosos. • A quantidade das porções é aumentada à medida que ela consegue tolerar mais alimento. • Em geral, o vômito cessa em poucos dias. • Quando os sintomas recorrem, o tratamento é repetido.
Pré-eclâmpsia e Eclâmpsia • A pré-eclâmpsia, algumas vezes denominada toxemia gravídica, é a hipertensão arterial acompanhada de proteinúria (presença de proteínas na urina) ou de edema (retenção líquida) que ocorre entre a 20a semana de gestação e o final da primeira semana pós-parto. • A eclâmpsia é uma forma mais grave de pré-eclâmpsia que produz crises convulsivas ou o coma. • A pré-eclâmpsia ocorre em 5% das mulheres grávidas. • Ela é mais comum nas primeiras gestações e em mulheres que já apresentam hipertensão arterial ou algum distúrbio vascular. • A eclâmpsia ocorre em 1 de cada 200 mulheres com pré-eclâmpsia e é geralmente fatal, exceto quando tratada imediatamente. • A causa da préeclâmpsia e da eclâmpsia é desconhecida. Um risco importante da pré-eclâmpsia é o descolamento prematuro da placenta da parede uterina.
Na pré-eclâmpsia, a pressão arterial encontrase acima de 140/90 mmHg, a face ou as mãos edemaciam (incham) e é detectada a presença de uma concentração anormalmente elevada de proteínas na urina. • Também considera-se que uma mulher cuja pressão arterial aumenta significativamente mas permanece inferior a 140/90 mmHg durante a gestação apresenta pré-eclâmpsia. • Os conceptos de mulheres com pré-eclâmpsia apresentam uma probabilidade quatro ou cinco vezes maior de apresentar problemas logo após o nascimento que os conceptos de mulheres que não a apresentam. • Os conceptos podem ser pequenos porque a placenta funciona inadequadamente ou porque são prematuros.
Tratamento • Ao contrário hipertensão arterial comum, a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia não respondem aos diuréticos nem a uma dieta pobre em sal. • A gestante é estimulada a consumir uma quantidade normal de sal e a ingerir mais água. • O repouso ao leito é importante. • Freqüentemente, a mulher também é estimulada a deitar-se em decúbito lateral esquerdo (sobre o lado esquerdo) para reduzir a pressão exercida sobre a veia cava inferior (uma veia grande localizada no abdômen) que transporta o sangue de volta ao coração. • Esta medida melhora o fluxo sangüíneo.
O sulfato de magnésio pode ser administrado pela via intravenosa para reduzir a pressão arterial e prevenir as crises convulsivas. • Para uma mulher que apresenta pré-eclâmpsia leve, o repouso ao leito em casa pode ser suficiente, mas ela deve ser examinada pelo médico a cada 2 dias. • Quando ela não melhora rapidamente, a gestante geralmente é hospitalizada. • Quando o problema persiste no hospital, o parto é induzido o mais breve possível. • Uma mulher com pré-eclâmpsia grave é hospitalizada e deve manter o repouso ao leito. • A administração intravenosa de líquidos e de sulfato de magnésio geralmente alivia os sintomas. • Em 4 a 6 horas, a pressão arterial geralmente retorna aos níveis normais.
A seguir, o parto pode ser realizado com segurança. • Quando a pressão arterial permanece elevada, serão administrados outros medicamentos antes de se tentar o parto. • Uma complicação importante da pré-eclâmpsia grave e da eclâmpsia é a síndrome HELLP (ACRÔNIMO DE HEMOLYSIS [hemólise], ElevatedLiverenzymes [enzimas hepáticas elevadas], LowPlateletcount [contagem plaquetária baixa]), a qual consiste no seguinte : • • hemólise (destruição dos eritrócitos do sangue);• elevação das enzimas hepáticas, indicando lesão hepática;• contagem plaquetária baixa, indicando comprometimento da capacidade de coagulação do sangue (um problema potencialmente grave durante e após o parto).
A probabilidade de ocorrência da síndrome HELLP é maior quando a instituição do tratamento da pré-eclâmpsia é retardada. • Quando a síndrome ocorre, o concepto será liberado através de uma cesariana, (o método mais rápido disponível), exceto quando o colo do útero encontra- se suficientemente dilatado e possibilita a realização de um parto vaginal imediato. • Após o parto, a mulher é controlada rigorosamente, sendo observada a ocorrência de sinais de eclâmpsia. • Um quarto dos casos de eclâmpsia ocorre após o parto, normalmente nos primeiros 2 a 4 dias. À medida que a condição da mulher melhora, ela é encorajada a caminhar um pouco. • Um sedativo leve pode ser administrado para controlar a pressão arterial.
A hospitalização pode durar desde alguns dias até semanas, dependendo da gravidade do problema e das possíveis complicações. • Mesmo após retornar ao lar, a mulher pode ter que tomar medicamentos para reduzir a pressão arterial. • Geralmente, ela é submetida a um check-up pelo menos a cada 2 semanas durante os primeiros meses após o parto. • A pressão arterial pode permanecer elevada durante 6 a 8 semanas. • Quando ela permanece elevada por um período maior, a sua causa pode não estar relacionada à pré-eclâmpsia.
Erupções Cutâneas • Algumas erupções cutâneas ocorrem apenas durante a gravidez. • Elas incluem o herpes gestacional e a urticária da gravidez. • Herpes Gestacional • O herpes gestacional é uma erupção intensamente pruriginosa com vesículas cheias de líquido que ocorre durante a gravidez. • O termo herpes é enganoso, pois a erupção não é causada pelo herpesvírus ou por qualquer outro vírus.