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Fome de quê? Processo de montagem de espetáculo através da máscara

Fome de quê? Processo de montagem de espetáculo através da máscara. Proponente/Direção Lenine Martins Oficinão 2009. A PERGUNTA DA PERGUNTA.

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Fome de quê? Processo de montagem de espetáculo através da máscara

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  1. Fome de quê?Processo de montagemde espetáculo através da máscara Proponente/Direção Lenine Martins Oficinão 2009

  2. A PERGUNTA DA PERGUNTA • A proposta deste projeto se baseia na inter-relação entre pesquisas e pesquisadores, no desenvolvimento do trabalho da máscara e na construção de um espetáculo de autoria própria. Eu, Letícia, Ricardo e Juliana montamos o segundo espetáculo de formatura de Teatro do CEFAR, Estamos trabalhando para você, a partir de uma pergunta. Deste modo, estruturamos o eixo-temático individual e coletivo para a construção da obra cênica. Percebemos a potência do trabalho desenvolvido e o interesse de possibilitar um aprofundamento dos elementos tocados: narrativa épico-dramático, corpo sonoro, relação direta com o espectador, inserindo-o no jogo teatral, através da linguagem da máscara. Convidamos outro pesquisador, Cristiano Peixoto, para se juntar a este projeto como preparador vocal. Será desenvolvido o diálogo entre voz, fala e som, que serão bases para o jogo entre o grammelot e a narrativa. • A proposta temática deste oficinão será ativada pela pergunta-eixo, que se encontra conectada à linguagem da máscara – Você tem fome de quê? A pergunta que vem em seguida é – Por que fome? Porque ativa o social, o vital, o necessário, o instintivo, o ético, o humano. Pergunta que ativa o perguntar, que determina o sujeito que indaga e que gera outras perguntas. O que lhe falta? O que lhe consome? O que lhe devora por dentro? O que você busca? Que alimento necessita? O que o alimenta em sua busca? O que busca no teatro? Em seu fazer? O que lhe basta? Quanto lhe basta? O que lhe completa? Qual é sua incompletude? A pergunta “fome de quê?“ será norte da montagem e, atrelada à ela, lançaremos núcleos-temáticos, pois desta forma, cada ator poderá dialogar e inserir suas próprias questões. São eles:

  3. Eixos-Temáticos: • Fome e espaço público • Fome e ponto de vista • Fome e crime • Fome e consumo • Fome e antropofagia • Fome e grotesco • Fome e memória • Fome e anonimato • Fome e espaço privado • Fome e fúria. • O antropólogo José Márcio será nosso preparador conceitual, que atuará como um provocador para diversificar nosso olhar sobre o tema-pergunta, incitando reflexões sobre o fazer e sobre o expressar, dilatando o raio de ação de nossas discussões, mantendo em processo a pergunta e eliminando o risco da resposta fácil: perguntar, não por perguntar, mas para não pararmos de procurar.

  4. A CERTEZA SEM RESPOSTAS - para não nos perdermos no mar das dúvidas • A obra final, o espetáculo, terá dramaturgia própria construída em processo, contendo narrativas épico-dramáticas e o uso do grammelot. Terá máscaras geométrico-grotescas-expressivas impulsionadas pelos jogos sonoros realizados, pela utilização de captadores, manipulação do som em cena e de composições eletrônicas realizadas ao vivo, o público estará inserido no espaço cênico, sendo parte da trama ficcional. SOBRE CADA CERTEZA: MÁSCARA TEATRAL (Lenine Martins e Juliana Pautilla) • A máscara é uma importante ferramenta para a compreensão da arquitetura do jogo teatral. A linguagem da máscara proporciona a percepção da relação corpo-espaço-objeto, do estado de presença, e por que não da relação do ator com o constante vir a ser, em que se deixa "manipular" pela máscara ao mesmo tempo em que a “manipula” (ou a usa). • Em nosso processo o treinamento para a mascará se tornará parte da preparação do ator para o espetáculo, assim como a preparação vocal por meio do grammelot e da narrativa épico-dramática. Portanto, passaremos pelas sequintes máscaras:

  5. Máscaras • Máscara Neutra - Propõe o trabalho sobre o estado de calma e presença do ator. Na sua confecção, busca-se a simetria de traços como tentativa de minimizar qualquer aspecto expressivo que possa sugerir um caráter. O objetivo é esclarecer para o ator as regras gerais de funcionamento da linguagem. Isso significa utilizá-la como ferramenta para entender e assimilar os princípios técnicos da ação e reação – que o conduzirão ao entendimento da improvisação, do foco e da triangulação, o 'princípio da necessidade' e, sobretudo, para desenvolver a continua relação com o momento presente concreto. Estes princípios considero, até o presente momento, fundamentais para o funcionamento do jogo da máscara na cena. Máscaras Geométricas - São máscaras que propõem ao corpo uma relação estreita com o espaço e o ritmo. Confeccionadas a partir de formas geométricas, pouca ou nenhuma semelhança apresentam em relação à anatomia do rosto humano. O grupo criará máscaras-cabeça (que cobrem todo o crânio e não apenas a face) utilizando as formas geométricas básicas (cubo, esfera, pirâmide, paralelepípedo) e máscaras em que essas formas misturam-se, gerando geometrias menos simétricas. Máscaras Expressivas - A máscara expressiva, por sua vez, encerra um caráter, uma 'personalidade'. O ponto de partida para se entender esse caráter é, sem dúvida, a relação concreta entre o ator e a própria máscara a partir de suas formas: traços, linhas, volumes. A descoberta de qualidades de movimentos específicas de cada máscara, estados de presença e ritmos corporais diferenciados.

  6. O CORPO SONORO(Lenine Martins e Ricardo Garcia) • Conceitos relacionados à música e à composição musical, como altura, timbre, ritmo, velocidade, repetição, simultaneidade, servirão como ponto de partida para composição da partitura cênica. A relação ampliada do ouvir/reagir aos estímulos sonoros é buscada através de exercícios práticos que potencializam o trabalho do ator, em sua relação com os elementos de composição da cena, tais como o som e o espaço. A conexão entre audição e imaginação é também um dos princípios de trabalho do Corpo Sonoro. Dada a materialidade do estímulo sonoro, a sensação que proporciona o ouvir é física, vibratória e, portanto, precisa ser trabalhada no plano real e não apenas no ficcional pelo ator. O som, pensado a partir dessa perspectiva, funciona no corpo do ator como elemento de ativação imaginário, concepções de mundo que podem ser explorados em cena.   • Por sua vez, no campo do som, o foco da investigação será a produção sonora através de meios digitais e a amplificação da voz e dos ruídos da cena. A utilização dos recursos tecnológicos na cena (captadores, microfones, amplificação) é uma forma de explorar as múltiplas possibilidades de diálogo da atuação com os elementos sonoros.

  7. DRAMATURGIA(Letícia Andrade e Lenine Martins) • Etapas e Ações: 1. Oficina de criação de roteiros teatrais e desenvolvimento de jogos épico-dramáticos • Visará instruir o ator na prática de elaboração de roteiros e criação de cenas que irão compor o espetáculo. Percebendo a dificuldade por parte dos atores em desenvolver roteiros em montagens anteriores em que a dramaturga realizou, propomos uma prática na qual o ator-dramaturgo-criador poderá desenvolver seus materiais através de instrumentos de criação dramatúrgica, tais como as bases explicitadas abaixo. • . A cena dramática: Ação, personagem, conflito. A situação e o diálogo dramáticos. Construção de roteiros a partir de diversos materiais: desejos e defesas pessoais, imagem, ação, espaço, luz e som. • . A cena contemporânea: o elemento épico, a fragmentação da fábula e do caráter, a simultaneidade de acontecimentos e a polifonia como recurso discursivo da cena. • . A linguagem épico–dramática que visa uma obra polifônica para a criação da cena, com base no sistema narrativo. 2. Elaboração a partir dos percursos por espaços públicos e privados e edição de materiais • . A edição de materiais como ponto de partida, que faz uma seleção de material escrito, informacional e imagético, através de workshops e percursos realizados em diversos espaços, para levantamento do tema e linguagem do processo; • . A edição-montagem, realizada pela dramaturga, que organiza em uma provável seqüência estrutural de cenas os materiais improvisados, as imagens e ações produzidas pelos atores e direção, na forma de dois roteiros: um primeiro roteiro de ações e o segundo já apresentando propostas de discurso teatral; • A edição-textual, ou seja, o acabamento do texto final do espetáculo; 3. A transcriação e experimentação da obra Mastigando Humanos – um romance psicodélico, de Santiago Nasarian,para o âmbito teatral, auxiliada pela orientação da dramaturga. O livro apresenta um jacaré narrando suas peripécias no universo grotesco do esgoto de uma cidade urbana, abordando uma relação entre fome, humanidade e os animais; Transcrição de textos documentais, teóricos e literários sobre o tema-eixo, selecionados pela dramaturga, diretor, equipe criativa e atores.

  8. PARCERIAS • ATELIER - Precisaremos instaurar um Atelier para a confecção das máscaras que farão parte do espetáculo. Luciene Borges me falou a respeito do mesmo interesse poderíamos juntos montar o atelier de Máscaras deixando como acervo os moldes das máscaras produzidas. Em diálogo com o Sabadão chamaríamos o grupo Moitará para estruturar o atelier dando uma oficina de confecção. • SABADÃO– O tema para o debate seria “A PESQUISA DE MÁSCARA NO BRASIL: Tradição e transformação”. Os convidados dariam uma oficina conjuntamente explorando as possibilidades de funcionamento das máscaras por nós produzida. Seria um evento envolvendo exposição de máscaras, debate, oficina e espetáculos. • CENAS CURTAS – Nosso interesse é fazer os entreatos das cenas com jogos individuais ou em duplas explorando pequenos roteiros com máscara, a captação do som como trilha e o grammelot amplificado por microfones. • CENTRO DE PESQUISA E MEMÓRIA – Gostaria de propor como uma das peças gráficas um PROGRAMA LIVRO contendo artigos dos profissionais, fotos do processo e o texto dramatúrgico, para isso, é necessário um registro contínuo do processo de trabalho, ensaios fechados e abertos, experimentos em espaços públicos, artigos dos profissionais que relacionarem com o Oficinão.

  9. CRONOGRAMA DE TRABALHO • As etapas do processo (Confecção de máscaras, elaboração do roteiro dramatúrgico, encenação e produção) serão desenvolvidas de acordo com a proposta descrita abaixo e terão os ajustes de planejamento em conjunto com a produção do Galpão Cine Horto. A seguir, segue quadro de planejamento do ano.

  10. Ficha Técnica • EQUIPE BASE • Direção – Lenine Martins • Dramaturgia – Letícia Andrade • Direção Musical – Ricardo Garcia • Preparação do ator em máscara – Juliana Pautilla e Lenine Martins • Responsável pela confecção das máscaras – Juliana Pautilla • Preparação Vocal – Cristiano Peixoto • EQUIPE CONVIDADA • Preparação Conceitual – José Márcio Barros • Iluminação – Felipe Cossi e Juliano Coelho • Figurino – Mônica Andrade • Cenário – Marcos Paulo Rolla

  11. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A SEREM ADOTADAS COMO BASE TEÓRICA E PRÁTICA DA MONTAGEM: ABREU, Luís Alberto de. A personagem contemporânea. Sala Preta. São Paulo, p. 61-67, jun. 2001. BONFITTO, Matteo. O Ator Compositor. São Paulo: Perspectiva, 2002. COHEN, Renato. Work in Progress na Cena Contemporânea. São Paulo: Perspectiva, 1998. COSTA, José da. Narração e representação do sujeito no teatro contemporâneo. O percevejo. Rio de Janeiro, 8 (9): 3-24, 2000. FERRACINE, Renato. A arte de não interpretar como poesia corpórea do ator. São Paulo: Ed. Unicamp e Imprensa Oficial de S.P, 2001. FERNANDES, Sílvia. Apontamentos sobre o texto teatral contemporâneo. Sala Preta, São Paulo, p. 69-79, jun. 2001. ­­­­­­­­­­FERNANDES, Sílvia . Notas sobre dramaturgia contemporânea. O percevejo. Rio de Janeiro, p. 25-38, 2000. FO, Dario. Manual mínimo do ator/Dario Fo; Franca Rame (Organização). Trad. De Lucas Baldovino, Carlos David Szlak. São Paulo: editora Senac São Paulo, 1999. GUINSBURG, Jacó; COELHO NETO, José T. e CARDOSO, Reni C. (org.). Semiologia do teatro. São Paulo: Perspectiva, 1978. LEHMANN, Hans-Thies. Teatro Pós-Dramático e Teatro Político. Trad. Rachel Imanishi. Sala preta - Revista do Departamento de Artes Cênicas - ECA-USP. São Paulo, n. 3, p. 9-19, 2003. NAZARIAN, Santiago. Mastigando Humanos: um romance psicodélico. Rio de janeiro: Nova Fronteira, 2006. NUNES, Luiz Arthur. Do livro para o palco: formas de interação entre o épico literário e o teatral. O percevejo. Rio de Janeiro, p. 39-51, 2000. PALLOTTINI, Renata. Dramaturgia: a construção da personagem. São Paulo: Ática, 1989. PALLOTTINI, Renata. Iniciação à dramaturgia. São Paulo: Brasiliense. PAVIS, Patrice. Dicionário de teatro. Trad. de M. L. Pereira et al. São Paulo: Perspectiva, 2000. PAVIS, Patrice. A Análise dos Espetáculos. Trad. de S. S. Coelho. São Paulo: Perspectiva, 2000. REWALD, Rubens. CAOS/DRAMATURGIA. São Paulo: Perspectiva, 2005. SACKS, Oliver, Alucinações Musicais: relatos sobre a música e o cérebro. Trad. de Laura Teixeira Mota. São Paulo: Cia. Das Letras, 2007. SARRAZAC, Jean-Pierre. O Futuro do drama: escritas dramáticas contemporâneas. Trad. Alexandra Moreira da Silva. Porto: Campo das Letras, 2002.

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