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Caso Clínico: Neurocisticercose 17-03-2010. Escola Superior de Ciências da Saúde- ESCS. Internato - Unidade de Pediatria - HRAS. Discentes Marcela de Paula Agostinho Thiago Librelon Pimenta. Docentes Dra. Luciana Sugai Dra. Sueli Falcão. www.paulomargotto.com.br. Brasília, 25/3/2010.
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Caso Clínico: Neurocisticercose17-03-2010 Escola Superior de Ciências da Saúde- ESCS Internato - Unidade de Pediatria - HRAS Discentes Marcela de Paula Agostinho Thiago Librelon Pimenta Docentes Dra. Luciana Sugai Dra. Sueli Falcão www.paulomargotto.com.br Brasília, 25/3/2010
Identificação M.L.A.C., sexo feminino,branca, 4 anos, 13,5 kg, natural e procedente de Brasília (DF); End.: SMPW Qd 26 Conj. 10 Lt. 06. Casa E – Núcleo Bandeirante. Queixa principal: “Desmaio há 20 dias”
H.D.A. Mãe refere que há 20 dias criança apresentou síncope na escola, associado a crise convulsiva parcial, caracterizada como movimentos repetitivos à E, não sabe a duração, sem liberação esfincteriana. Repetiu a crise cerca de 30 minutos após, com desvio da cabeça e dimídio para E e olhar fixo. Houve perda de consciência e permaneceu não responsiva por 2 horas. Foi atendida pela UTI vida, medicada com diazepan e trazida para HMIB.
H.D.A. Foi internada no HMIB para investigação do quadro. Realizou diversos exames. Inconclusivos. Não houve intercorrências na internação, recebendo alta 7 dias após, para investigação ambulatorial.
H.D.A. Realizado RNM 4 dias após a alta e pelas alterações apresentadas tornou-se necessário internação imediata para tratamento.
História fisiológica Mãe: GIIPIIA0. Gestação com ameaça de parto prematuro, usou inibina. Nega outras comorbidades. Parto cesárea. RNPT: 35 semanas, PN=2235g, E=44 cm. Apgar: 8 e 9. Alta 48h após o nascimento. SME até 3 meses, após complemento.
História Patológica Pregressa Criança acompanha com alergista há 5 meses por rinite alérgica. OMA há 4 meses, que evoluiu com hipoacusia, sendo orientada a usar corticoide (5ml 3x/dia) por otorrino. Estava no 20° dia de tratamento. Usou albendazol em novembro (GECA). Nega crises convulsivas anteriores, perda de consciência e desmaios.
História social Moram em casa no Park Way, criam gato e cachorro. Alto nível sócio-econômico. Pai é procurador e mãe trabalha no fórum. Criança estuda no colégio Mackenzie (Lago Sul). Na vizinhança temos a informação que criam apenas galinhas. Rede de esgoto e água encanada. Alimentação variada. Criança gosta de comer frutas e verduras. Come morango e tomates sem maiores cuidados.
Antecedentes familiares Pais sadios; Irmão – 12 anos: sadio; Nega epilepsia na família; Avós com história de HAS;
Exame físico BEG, LOTE, responsiva, agitada, corada, anictérica, hidratada, eupneica; AR: MVF sem RA; ACV: RCR 2 T sem sopro; Abd: flácido, RHA +, indolor, sem tumorações palpáveis. Neurológico: marcha, força muscular, pares cranianos, equilíbrio e sensibilidade normais.
H.D. • Convulsão febril • Abscesso Cerebral • AVCI • Neurocisticercose
Definições Convulsão: • perturbação episódica da função do SNC; • descarga neuronal excessiva autolimitada. Mal convulsivo: - Convulsão que dura mais de 30 minutos, contínua ou em crises recorrentes, sem recuperação da consciência. - É considerado REFRATÁRIO se apesar de tratamento ideal, durar mais de 60 min.
Classificação Crises generalizadas: as manifestações clínicas indicam envolvimento de ambos os hemisférios cerebrais desde o início. Há comprometimento da consciência e o envolvimento motor, quando presente, é bilateral e relativamente simétrico desde o início.
Classificação Crises generalizadas: - Tônico / Clônicas - Atônicas - Mioclônicas - Ausência
Classificação Tônico / clônicas Fase tônica • contração generalizada ininterrupta dos flexores ou extensores por alguns segundos. Fase clônica: • atividade rítmica e simétrico, contração e relaxamento • Remissão espontânea em 5 min. • Respiração:irregular e estridosa • Incontinência esfinctérica. • Ao término, período variável de confusão e letargia (persiste durante minutos a horas) o sono é comum.
Classificação Atônicas: - Perda abrupta do tônus postural e flacidez. Sinais e sintomas pós ictais presentes. Mioclônicas - Contrações muito breves e aleatórias de um músculo ou grupo de músculos que ocorrem em 1 ou ambos os lados e isoladamente ou em conjunto. A consciência costuma ser preservada
Classificação Ausência • Episódios muito curtos de alteração da consciência durante os quais há parada momentânea da atividade; “olhar no vazio”. Raramente são vistas antes dos 3 anos e a maioria inicia-se até 10 anos de idade
Classificação Crises parciais: - sugestivas de que apenas uma área restrita, ou hemisfério são envolvido. Podem generalizar-se.
Classificação Crises parciais Simples • Motoras ou sensitivas focais: espasmo focal da parte distal de um membro, que pode tornar-se em uma hemiconvulsão. • As crises sensitivas focais podem iniciar-se com uma sensação de dormência ou formigamento num membro, também pode alastrar-se.
Classificação Crises parciais complexas Expressões clínicas variadas com comprometimento de: • consciência • cognitivo • afetivo • somatossensorial • automatismos motores semivoluntários • formas compostas
Etiologia Fase pós-neonatal Febril - infecção intracraniana (meningite, encefalite, abscesso cerebral e tromboflebite dos seios durais) • infecção extracraniana (CF)
Etiologia Fase pós-neonatal Afebril • lesões intracranianas não evolutivas - Lesões intracranianas evolutivas - perturbações metabólicas - intoxicações exógenas - perturbações circulatórias gerais - epilepsia idiopática (por exclusão).
Diagnóstico - O diagnóstico é eminentemente clínico mesmo sem etiologia definida. Eliminar “falsas convulsões” Anamnese: - história neonatal - uso de medicamentos - traumas ou infecções recentes - quadros anteriores de vômitos recorrentes e/ou internações - antecedentes familiares e desenvolvimento neuropsicomotor. - Se epiléptico: falha no uso de medicação ou quadro infeccioso.
Diagnóstico Exame físico: - focos de infecção - dados do exame neurológico que possam auxiliar no diagnóstico. - Progressão da patologia de base
Diagnóstico Exames complementares Pacientes sem histórico de crises: - gasometria,sódio, potássio, cloro, cálcio, magnésio, glicemia, lactato, urina (verificar se há cetose nesse momento).
Diagnóstico Exames complementares LCR: - Pra qualquer suspeita clínica de infecção do SNC. Exames de neuroimagem: - Diferenciar de processos expansivos ou de lesão aguda do SNC.
Diagnóstico Exames complementares EEG: • Um EEG normal não descarta o diagnóstico (VPN) • EEG anormal não o confirma (VPP) Deve se levar em conta o contexto da idade, anamnese e achados físicos
Tratamento - Vias aéreas pérvias (posicionamento e aspiração) - oxigenação - acesso venoso - avaliação e estabilização hemodinâmica - Proteção mecânica
Convulsão febril • Desordem convulsiva mais comum da infância (3 a 4% em pré-escolares); • 9 meses e 5 anos de idade; • Investigar doença infecciosa; • Forte predisposição genética: gene nos cromossomos 19p e 8q13-21; • Rara progressão para epilepsia;
Convulsão febril - é geralmente benigna - episódio único - Dispensa a realização de exames complementares (EEG, punção lombar, exames de imagem) ou tratamento específico na maioria das vezes
Convulsão febril Fatores preditivos de recorrência: - menores de 18 meses. - história familiar de convulsão febril e/ou epilepsia. - febre pré-convulsional durando menos de 1 hora - Apresentação de complicações * Havendo um ou mais desses fatores, a profilaxia deve ser considerada
Riscos das crises • Após duas crises o risco de recorrência é em torno de 80 a 90%. • Os riscos conseqüentes às crises são: - Morte súbita; - lesão física; - comprometimento cerebral; - conseqüências psicossociais.
Abordagem da crise afebril • Toda crise convulsiva afebril deve ser avaliada clínica e laboratorialmente; • Exame físico e coleta de dados minunciosa; • Dosagem sérica de glicose em jejum e eletrólitos; • EEG; • RNM: epilepsia parcial complexa, sinais neurológicos focais durante ou após a crise, em crises que aumentam de frequência e intensidade e na evidência de aumento da PIC.
TRATAMENTO • 1a crise convulsiva afebril: observação e acompanhamento (70% jamais sofrerão nova convulsão); • Uma nova crise em intervalo curto de tempo, constitui-se indicação de tto. • A escolha da droga vai depender dos achados clínicos e EEG (tabela).
Tratamento • Após o início da terapia, as crianças que permanecerem livres por cerca de 2 anos e que não pertençam a grupo de risco podem ter suas drogas suspensas. • Grupo de risco: início após 12 anos, disfunção neurológica, historia de crise neonatal e múltiplas crises até o controle terapêutico adequado. • Cirurgia: opção para crises intratáveis em que o foco epilepitogênico é localizado com precisão.
Abscesso cerebral • Em crianças relacionado com • Cardiopatias congênitas; • Celulite orbitária; • Sinusite, otite, mastoidite; • Meningites; • Após procedimentos cirúrgicos e trauma craniano; • 30% sem causa subjacente; • Agentes: estreptococos, estafilococos e bacterióides, não sendo raro a coexistência de 2 ou mais agentes.