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Fundamentos religiosos da sociedade japonesa

Fundamentos religiosos da sociedade japonesa. Profa . Dra. Juliana Bastos Marques UNIRIO. Três correntes:. Confucionismo Budismo Xintoísmo. Kinkaku-ji (Templo do Pavilhão Dourado – 1397) Kyoto. CONFUCIONISMO. Confúcio (  K'ung-fu-tzu ) 551-479 a. C.

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Fundamentos religiosos da sociedade japonesa

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Presentation Transcript


  1. Fundamentos religiosos da sociedade japonesa Profa. Dra. Juliana Bastos Marques UNIRIO

  2. Três correntes: Confucionismo Budismo Xintoísmo Kinkaku-ji (Templo do Pavilhão Dourado – 1397) Kyoto

  3. CONFUCIONISMO Confúcio ( K'ung-fu-tzu) 551-479 a. C. Analectos (Lun Yu) – compilado por discípulos - aforismos, em 20 livros Temas: virtudes do cavalheiro governança caráter e ações morais Confúcio, desenho da era Tang (680-740)

  4. Princípios morais fundamentais • Tao – o caminho (japonês: do) • Soma total das verdades sobre o universo e o homem • Caminho pessoal “Escutar na manhã que o caminho prevalece significa poder morrer sem se lamentar à noite” IV, 8. • Te - a virtude (japonês: toku) • Herdada do Céu • “O Céu é o autor da virtude que há em mim” VII, 23.

  5. Fazer o bem (agir moralmente) como ato em si mesmo, já que não existe retribuição divina nem garantia de sucesso. Categorias de homens: • Sábio (sheng jen): “Não tenho qualquer esperança de encontrar um sábio.” VII, 26. • Homem bom (shan jen): “Tal homem não segue os passos de outras pessoas” XI, 20. • Homem completo (ch’eng jen): sábio, livre de desejos, corajoso e talentoso – XIV, 12.

  6. Homem ideal: “cavalheiro” (chuntzu) • Virtudes: • BENEVOLÊNCIA (jen) “... Um homem benevolente ajuda os outros a firmar sua atitude do mesmo modo que ele próprio deseja firmar a sua e conduz os outros a isso do mesmo modo que ele próprio deseja chegar lá. A capacidade de tomar o que está ao alcance da mão como parâmetro pode ser considerado o método da benevolência [shu].” VI, 30. “Tzu-kung perguntou: ‘existe uma palavra que possa ser um guia de conduta durante toda a vida de alguém?’ O Mestre disse: Talvez, a palavra shu. Não imponha aos outros aquilo que você não deseja a si próprio.” XV, 24. “shu” – o método para descobrir o que os outros querem ou não querem que seja feito a eles

  7. Benevolência Contexto político – Duque de Chou Sucessão: primogênito da esposa principal, outros filhos criam suas próprias casas nobres Senhores locais ↔ rei: vassalos e aparentados aliança política ↔ aliança familiar AMOR/FIDELIDADE: laços familiares - pai e filho - irmão mais velho e irmão mais novo “Ame seus semelhantes”, XII, 20. - cavalheiro deve ser generoso com o povo, e não amá-lo - nossa obrigação com os outros é proporcional ao benefício que recebemos deles

  8. Virtudes • SABEDORIA (chih) • CORAGEM (yung) “O homem sábio nunca fica indeciso [sobre o certo e o errado]; o homem benevolente nunca fica aflito; o homem corajoso nunca tem medo” XIV, 28. • CONFIABILIDADE (hsin) – manter a palavra • REVERÊNCIA (ching) – consciência da responsabilidade de promover o bem comum – aparência, modos (X kung: observância dos rituais) Analectos, livro II

  9. Decreto do Céu (t’ien ming) • Conceito antigo, teorizado pelo Duque de Chou: • O Céu se preocupa com o bem-estar comum, e o Imperador tem a função de promovê-lo. • Se o imperador falha, deve ser substituído. • Conduta moral ↔ governo • Fornecer as necessidades do povo: comida, armas e lealdade. • “Tzu-kung perguntou sobre o governo. O Mestre disse: ‘Dê-lhes comida suficiente, dê-lhes armas suficientes, e as pessoas comuns confiarão em você’. Tzu-kung perguntou: ‘Se alguém tivesse de abrir mão de um desses três, de qual deveria abrir mão primeiro?’ ‘Abra mão das armas’. Tzu-kung disse: ‘Se alguém tivesse que abrir mão de um dos dois restantes, de qual deveria abrir mão primeiro?’ ‘Abra mão da comida. A morte sempre esteve conosco, desde o começo dos tempos, mas quando não há confiança, as pessoas comuns não terão nada a que se agarrar’.” XII, 7.

  10. Povo (min) • Lealdade ↔ medo da punição • Incapacidade intelectual: “Aqueles que nascem com conhecimento são os mais elevados. A seguir vêm aqueles que atingem o conhecimento por meio do estudo. A seguir vêm aqueles que se voltam para o estudo depois de terem passado por dificuldades. No nível mais baixo estão as pessoas comuns, por não fazerem esforço algum para estudar mesmo depois de terem passado por dificuldades.” XVI, 9. • Paternalismo: imperador é pai e mãe do povo

  11. Wen (“artes da paz”) • “beleza”, “equilíbrio” – padrão das estrelas, listras do tigre. No homem, qualidades belas adquiridas pela educação – “refinamento”. • Poesia e música: como demonstrar moralidade e domínio dos códigos de conduta Quadra sobre a Montanha Sagrada, atribuída ao imperador Gaozong (1107–1187), décimo imperador da dinastia Song.

  12. Neo-confucionismo • Chinês: Chu Hsi, Wang Yangming (fusão com elementos taoístas e budistas) – ortodoxia para testes de admissão à burocracia chinesa • Tao = li (princípio - puro) + qi (matéria – pode se degenerar) • Tomar ações para purificar o li • Conhecimento do bem e do mal é inato, e não racional • Período Edo (Tokugawa) Motoori Norinaga (Kojiki-den): influência do Shinto – povo japonês é o único que pode distinguir naturalmente entre o bem e o mal Arai Hakuseki: Decreto do Céu + shogun Arai Hakuseki (1657–1725)

  13. BUDISMO Grande Buda (Amida Buda) de Kamakura (1252)

  14. Sidarta Gautama (563-483 a.C.) • Expressão suprema de Buda (x fundador do budismo) • Ciclo (histórico?): nascimento, maturidade, renúncia, busca, despertar e liberação, ensinamento, morte. Buda iluminado sobre a Flor de Lótus

  15. Os três princípios • Princípio da impermanência • Nada é estável, todas as coisas se encontram em um constante vir-a-ser, tudo é impermanente e efêmero. • Princípio da insubstancialidade ou do não-eu • Nada é substancial e definitivo. Nenhum fenômeno existe independentemente do contexto em que ele se situa, e o seu destino é transformar-se quando o contexto se modifica. • Princípio do incondicionado ou do Nirvana • Há um Real Incondicionado por trás dos fenômenos, atingível pelo desapego do que é efêmero e relativo, estado em que cessa o sofrimento.

  16. As Quatro Nobres Verdades • A Natureza do Sofrimento (Dukkha):O nascimento é sofrimento, envelhecimento é sofrimento, enfermidade é sofrimento, morte é sofrimento; tristeza, lamentação, dor, angústia e desespero são sofrimentos; a união com aquilo que é desprazeroso é sofrimento; a separação daquilo que é prazeroso é sofrimento; não obter o que queremos é sofrimento; em resumo, os cinco agregados influenciados pelo apego são sofrimento. • Origem do Sofrimento (Samudaya):A origem do sofrimento é o desejo, a frustração: é este desejo que conduz a uma renovada existência, acompanhado pela cobiça e pelo prazer, buscando o prazer aqui e ali; isto é, o desejo pelos prazeres sensuais, o desejo por ser/existir, o desejo por não ser/existir. • Cessação do Sofrimento (Nirodha):É o desaparecimento e cessação sem deixar vestígios daquele mesmo desejo, o abandono e renúncia a ele, a libertação dele, a independência dele. • O Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento:São os Oito Degraus do Dharma, o método ou doutrina pelo qual a autofrustração é aniquilada: entendimento (visão) correto, pensamento (compreensão) correto, linguagem (discurso) correta, ação correta, modo de vida (vocação) correto, esforço (aplicação) correto, atenção plena (recolhimento) correta, concentração (contemplação) correta.

  17. O caminho do meio O pequeno Buda, Bernardo Bertolucci, 1993.

  18. O Tríplice Refúgio Eu me refugio em Buda Eu me refugio na Lei (Dharma) Eu me refugio na Comunidade (Sangha) Os Cinco Preceitos Fundamentais Eu me comprometo a não matar. Eu me comprometo a não tomar nada que não seja dado voluntariamente por outrem.  Eu me comprometo a não me entregar aos prazeres proibidos. Eu me comprometo a não dizer nada de falso e a não dizer a verdade em ocasiões inoportunas. Eu me comprometo a não me intoxicar com bebidas ou entorpecentes. 

  19. Difusão do budismo no Oriente

  20. Introdução do budismo no Japão • Primeira expansão: imperador Asoka (268-236 a. C.) – fronteira oriental do mundo helenístico • Rota da Seda – leva o budismo à China (2 a. C.) • Século VI d. C. – península coreana (guerras – monges refugiados na China e no Japão) • Japão: reino de Yamato – tradução e divulgação dos textos dos sutras para o chinês

  21. Até séc. XIII – associação entre imperador e famílias aristocráticas (Soga, Fujiwara) • Príncipe Shotoku (577-622): grande incentivador do budismo – construção de templos • Reforma Taika (645) – terras pertencem ao imperador, com isenções e tributos especiais para templos • Budismo – religião “oficial” de Nara Templo Horyu-Ji (607), Nara

  22. Ramos budistas no Japão • Shingon (séc. IX) - budismo esotérico/ascetismo monástico (meditação: mandras, mudra e mandalas) • Tendai (séc. IX) – Ecletismo, associado ao Shinto (deuses são representações do Buda universal) • Terra Pura (camadas populares – devocional, salvação pela fé, iluminação atingível por qualquer um) • Nichiren – Sutra do Lótus (SokaGakkai, séc XX) • Zen (período Kamakura – samurais)

  23. XINTOÍSMO (SHINTO) Santuário da deusa Amaterasu, em Ise, reconstruído a cada 20 anos (primeira construção pelo Imperador Temmu, séc VII d. C.)

  24. Primeiros registros • Kojiki (712) • Nihon Shoki (720) • Criação do mundo • Amaterasu e Susa-no-o • Imperador Jimmu (data?) Kimmei (509-571), 29° imperador Kobayashi Eitaku, Izanagi e Izanami, c. 1885

  25. Kigensetsu • Data do nascimento do Japão: 11 de fevereiro de 660 a. C. (ascensão do imperador Jimmu) • Estabelecida em 1872 pelo governo Meiji Novembro de 1940, comemoração de 2600 anos do Império Japonês

  26. Kami (“espíritos”) A viagem de Chihiro (trailer), Hayao Miyazaki, 2001.

  27. Características dos kami • Entidades sobrenaturais misteriosas • Poder criativo ou destrutivo (≠ bem X mal) • Revelam-se nos elementos da natureza, nos animais e nos homens • Fé popular: deuses da Terra, entidades protetoras (amuletos) Chihiro e Kaonashi (“Sem-rosto”) Daruma - amuleto

  28. Importância da pureza • Puro/impuro ≠ pecado, violação moral • Tsumi, impureza ritual • Purificação traz de volta a harmonia e a clareza interior: “o ato de purificar torna-se, na prática shinto, uma concentração silenciosa da mente, a busca de uma dimensão de clareza interior, de limpidez, de sinceridade, vista como perfeita aderência, além do bem e do mal, entre o pensamento e as ações – isso influencia profundamente os ideais estéticos da tradição japonesa, enfatizando a busca da simplicidade, da essencialidade linear, da fresca naturalidade.” Raveri, M. Índia e Extremo Oriente: via da libertação e da imortalidade. São Paulo: Hedra, 2005.

  29. Espaços sagrados • Santuários – natureza (ex: montanhas, floresta) • Experiências místicas – monte Fuji • Ritos comunitários - Matsuri • Clã (ie) – kami dos antepassados Monte Fuji, com cerejeira e templo em primeiro plano.

  30. Tipos de Shinto • Altares em vilarejos (festas comunitárias) • Culto Imperial • Tradições folclóricas (sincretismo) • Seitas nacionalistas Altar rural Sacerdotes shinto

  31. Kokkashinto (religião do Estado) • Escola Kokugaku (período Tokugawa): shinto como agente unificador da nação • Modernização – necessidade de definição da identidade japonesa perante o mundo • 1868 – Ministério dos Ritos Divinos • 1872 – Ministério da Doutrina • Perseguição ao budismo

  32. As religiões e o Rescrito Imperial sobre Educação (1890) Sabei, súditos nossos, Os nossos Antepassados Imperiais fundaram o Nosso Império numa base ampla e duradoura e nele implantaram fundo e firmemente a virtude; os Nossos súditos, sempre unidos na lealdade e na devoção filial, ilustraram, de geração em geração, a sua beleza. Esta é a glória do caráter fundamental do Nosso Império e também aqui reside a fonte da Nossa educação. Vós, Nossos súditos, sede filiais com os vossos pais, afetuosos com os vossos irmãos e irmãs; como maridos e mulheres, sede harmoniosos, como verdadeiros amigos; comportai-vos com modéstia e moderação; espalhai por todos a vossa benevolência; continuai a aprender e cultivai as artes e, desse modo, desenvolvei as vossas faculdades intelectuais e aperfeiçoai as vossas capacidades morais; para além disso, promovei o bem público e os interesses comuns; respeitai sempre a Constituição e observai as leis; em caso de emergência, oferecei-vos corajosamente ao Estado; e, assim, guardai e mantende a prosperidade do Nosso Trono Imperial, tão antigo como o céu e a terra. Assim, não sereis apenas Nossos bons e fieis súditos, mas tornareis ilustres as melhores tradições dos vossos antepassados. O Caminho que aqui se delineia é, de fato, o ensino legado pelos Nossos Antepassados Imperiais para ser observado quer pelos Seus Descendentes, quer pelos súditos, infalível em todas as épocas e verdadeiro em todos os lugares. É Nosso desejo assumirmos reverentemente, em conjunto convosco, Nossos súditos, o objetivo de alcançarmos todos a mesma virtude.

  33. Material adicional • Página do Prof. André Bueno - http://orientalismo.blogspot.com • Coleção do Victoria&AlbertMuseum – Londres: http://www.vam.ac.uk/collections/asia/asia_features/buddhism/index.html • SokaGakkai do Brasil - http://www.bsgi.org.br • Cultura japonesa: Religião (JapanFoundation Brasil) - http://www.fjsp.org.br/guia/cap19.htm • Analectos, texto completo em português - http://www.confucius.org/lunyu/langp.htm

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