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São Bernardo. São Bernardo autor Graciliano Ramos. É um dos romances mais densos da literatura brasileira.
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São Bernardo autor Graciliano Ramos • É um dos romances mais densos da literatura brasileira. • Uma das obras primas de Graciliano Ramos. É narrado em primeira pessoa por Paulo Honório, que se propõe a contar sua dura vida em retrospectiva, de guia de cego a proprietário da fazenda São Bernardo.
Paulo Honório sente estranha necessidade de escrever, numa tentativa de compreender, pelas palavras, não só os fatos de sua vida como também a esposa, suas atitudes e seu modo de ver o mundo. • A linguagem é seca e reduzida ao essencial, • Paulo Honório narra a difícil infância, da qual pouco se lembra excetuando o cego de foi guia e a preta velha que o acolheu.
Chegou a ser preso por esfaquear João Fagundes motivado pelas “dores” de uma antiga amante. • Possuidor de fino trato para os negócios, viveu de pequenos biscates pelo sertão até se aproveitar das fraquezas de Luís Padilha- jogador compulsivo.
Comprou a fazenda São Bernardo onde trabalhara anos antes, • Astucioso, desonesto, não hesitando em amedrontar ou corromper para conseguir o que deseja, vê tudo e todos como objeto, cujo único valor é o lucro que deles possa obter. • Trava um embate com o vizinho Mendonça, antigo inimigo dos Padilhas, por demarcação de terra. • Mendonça estava avançando suas terras em cima de São Bernardo. • Logo depois, Mendonça é morto enquanto Honório está na cidade conversando com Padre Silveira sobre a construção de uma capela na sua fazenda.
São Bernardo vive um período de progresso. Diversificam-se as criações, invade terras vizinhas, constrói o açude e a capela. Ergue uma escola em vista de obter favores do Governador. Chama Padilha para ser professor. • Estando a fazenda prosperando, Paulo Honório procura uma esposa a fim de garantir um herdeiro. Procura uma mulher da mesma forma que trata as outras pessoas: como objetos. • Idealiza uma mulher morena, perto dos trinta anos, e a mais perto de sua vontade é Marcela, filha do juiz.
Porém, conhece uma moça loura, da qual já ouvira falar. Decide por escolher essa. • A moça é Madalena, professora da escola normal. Paulo Honório mostra as vantagens do negócio, o casamento, e ela aceita. Não muito tempo depois de casado, começam os desentendimentos. Paulo Honório, no início, acredita que ela com o tempo se acostumaria a sua vida,
Madalena, mulher humanitária e de opinião própria, não concorda com o modo como o marido trata os empregados, explorando-os. • Ela torna-se a única pessoa que Paulo Honório não consegue transformar em objeto. • Dotada de leve ideal socialista, Madalena representa um entrave na dominação de Honório. O fazendeiro, sentindo que a mulher foge de suas mãos, passa a ter ciúmes mórbidos dela, encerrando-a num círculo de repressões, ofensas e humilhações.
O casal tem um filho mas a situação não se altera. Paulo Honório não sente nada pela sua criança, e irrita-se com seus choros. • A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório acabam desesperando Madalena, levando-a ao suicídio. • Paulo Honório é acometido por imenso vazio depois da morte da esposa. • Sua imagem o persegue. As lembranças persistem em seus pensamentos. • Então, pouco a pouco, os empregados abandonam São Bernardo.
Os amigos já não freqüentam mais a casa. • Uma queda nos negócios leva a fazenda à ruína. • Sozinho, Paulo Honório vê tudo destruído e, na solidão, procura escrever a história da sua vida. • Considera-se aleijado, por ter destruído a vida de todos ao seu redor. Reflete a influência do meio quando afirma: “A culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.”
Roteiro em fatos O social e o psicológico se fundem em São Bernardo para criar uma obra de profunda análise das relações humanas. Este é, um dos romances mais densos da literatura brasileira, uma das obras primas de Graciliano Ramos. É narrado em primeira pessoa por Paulo Honório, que se propõem a contar sua dura vida em retrospectiva, de guia de cego a proprietário da fazenda São Bernardo.
Paulo Honório narra a difícil infância, da qual pouco se lembra excetuando o cego de que foi guia e a preta velha que o acolheu. Chegou a ser preso por esfaquear João Fagundes por causa de uma antiga amante. Possuidor de fino tato para os negócios, viveu de pequenos biscates pelo sertão até se aproveitar das fraquezas de Luís Padilha – jogador compulsivo. Comprou-lhe a fazenda São Bernardo onde trabalhava anos antes. Astucioso, desonesto, não hesitando em amedrontar ou corromper para conseguir o que desejava, vê tudo e todos como objetos, cujo único valor é o lucro que deles possa obter.
Trava uma briga com o vizinho Mendonça, antigo amigo dos Padilhas, por motivo de demarcação de terra. Mendonça estava avançando suas terras em São Bernardo. Logo depois, Mendonça é morto enquanto Honório está na cidade conversando com o Padre Silveira sobre a construção de uma capela na sua fazenda. São Bernardo vive um período de progresso. Diversificam as criações, invade-se terras vizinhas, constrói o açude e a capela. Ergue uma escola em vista de obter favores do Governador. Chama Padilha para ser professor.
Estando a fazenda prosperando, Paulo Honório procura uma esposa a fim de garantir um herdeiro. Procura uma mulher da mesma forma que trata as outras pessoas: como objetos. Idealiza uma mulher morena, perto dos trinta anos, e a mais perto da sua escolha é Marcela, filha do juiz. Encontra uma moça loura. Decide por escolhê-la. A moça chama-se Madalena, professora da escola normal. Paulo Honório mostra a todos a vantagem do negócio, o casamento, e ela aceita.
Não muito tempo depois de casado, começam os desentendimentos. Paulo Honório, no início, acredita que ela com o tempo se acostumaria a sua vida. Porém, Madalena, mulher humanitária e de opinião própria, não concorda com o modo como o marido trata os empregados, explorando-os. Ela torna-se a única pessoa que Paulo Honório não consegue transformar em objeto. Dotada de leve ideal socialista, Madalena representa um entrave na dominação de Honório. O fazendeiro, sentindo que a mulher foge de suas mãos, passa a ter ciúmes excessivos dela, colocando-a num círculo de repressões, ofensas e humilhações.
O casal tem um filho mas a situação não se altera. Paulo Honório não sente nada pela sua criança, e irrita-se com seus choros. A vida angustiada e o ciúme exagerado de Paulo Honório acabam desesperando madalena, levando-a ao suicídio.
É acometido por imenso vazio depois da morte da esposa. Sua imagem o persegue. As lembranças persistem em seus pensamentos. Então, pouco a pouco, os empregados abandonam São Bernardo. Os amigos já não freqüentam mais a casa. Uma queda nos negócios leva a fazenda à ruína.
Sozinho, Paulo Honório vê tudo destruído e, na solidão, procura escrever a história da sua vida. Considera-se aleijado, por ter destruído a vida de todos ao seu redor. Reflete a influência do meio quando afirma: “a culpa foi minha, ou antes, a culpa foi desta vida agreste, que me deu uma alma agreste.”
Personagens • Paulo Honório e Madalena são os protagonistas desta obra. • Paulo Honório – como já pudemos perceber pela trajetória de sua vida, é o capitalista tacanho,( homem que se faz por si mesmo),que se tornou superior à sua classe, passando de trabalhador braçal a proprietário. Para realizar esta travessia, foi necessária a sua desumanização, a coisificação de sua humanidade por meio da qual pôde exercer o domínio sobre os outros: matando, roubando, mentindo, trapaceando.
Assim, a violência da tradicional dominação patriarcal, que não condiz com a modernidade do modelo produtivo que imprime em São Bernardo, também não condiz com a relação afetiva, especialmente em se tratando de uma pessoa delicada e instruída como Madalena. • O casamento, que deveria consolidar a vitória do proprietário, dando-lhe um descendente, transforma-o em derrota, uma vez que aos olhos de Madalena o seu sucesso é mesquinho, prepotente, destituído de qualquer positividade.
Quando perde a esposa, Paulo Honório, que até então não a compreendia nada que fosse alheio ao mundo, começa a adquirir consciência da bondade, da intensidade humana de Madalena, e conseqüentemente de seu próprio embrutecimento. Esta consciência, embora não lhe mude os modos por demais enraizados, é transformadora: de proprietário se converte em homem, abandonado a vertigem da posse e substituindo-a pela procura de si mesmo.
Madalena • Professora loura e de olhos azuis, de quase trinta anos, que se recusa a ser objeto de posse de Paulo Honório, é o avesso dele: com grande sensibilidade, preocupada com as condições de vida dos trabalhadores, incapaz de assumir a passividade da condição de esposa, sente necessidade de trabalhar e de andar pela fazenda, o que a leva a rejeitar o mundo de Paulo Honório.
A dimensão humana dessa personagem, a sua solidariedade e o seu inconformismo diante do sofrimento das pessoas, especialmente os de condição social inferior, assim como a sua formação de “escola normal”, precária, mas claramente incompatível com a brutalidade do sistema patriarcal, não conseguem impedi-la de se destruir.
Ao mesmo tempo em que revela a fragilidade e a impotência da condição feminina diante de um mundo que restringe radicalmente o seu espaço de ação, este fato possui uma função precisa no romance: por meio dele, a fragilidade e a fraqueza transformam-se em força, em móvel de uma revolução interna, a recuperação da humanidade de Paulo Honório, pelo afeto que dedicava à Madalena, pela lembrança de sua presença.
Nesse sentido, é magistral a revelação da suavidade de Madalena, da forma íntegra como se conduz moral e existencialmente, através da incompreensão, da dúvida, da maledicência atormentada e algumas vezes reconhecida de Paulo Honório. Procurando destruí-la, e ao mesmo tempo mostrando este fato ao leitor, ele, na verdade, agiganta-a aos nossos olhos.
Luís Padilha • Antigo dono de São Bernardo, é um personagem profundamente antipatizado pelo narrador. Fraco, submisso, covarde, ele ensina comunismo aos trabalhadores.
Marciano • Velho e doente, marido de Rosa, a mulher com quem Paulo Honório tinha encontros amorosos clandestinos.
Padre Silvestre • Descrito como uma personalidade estreita, que impossibilitado de admitir coisas contraditórias, lê apenas as folhas da oposição. Muito liberal, “anda no mundo da lua”, no dizer de Paulo Honório.
João Nogueira • O advogado que auxiliou Paulo Honório nas falcatruas.
Azevedo Gondim • O jornalista, o primeiro mais moderado e o segundo mais radical, são exemplos do pensamento conservador da oligarquia, ardente e confusamente defendida por João Nogueira no romance. A imprensa – representada por Gondim e também pelo Brito, o jornalista surrado por Paulo Honório por difamá-lo – aparece em sua corrupção e venalidade, e também em sua linguagem retorcida, criticadas e ironizadas pelo narrador.
Além da ironia com que se refere a episódios e ao mesmo tempo aos personagens ligados à política, que despreza, Paulo Honório demonstra claramente em sua narração que se relaciona de forma utilitária, isto é, de acordo com os interesses do momento, com os personagens mencionados. Assim, afirma não saber quanto o Padilha vale, embora o contrate por um preço baixo para trabalhar na escola São Bernardo. Protege o Pereira, agiota e chefe político, até que este caia do poder; julga-se superior ao João Nogueira, apesar de ter menos ciência e menos manha que ele, desprezando mas achando úteis suas habilidades.
Paulo Honório o criticava. Achava suas habilidades intelectuais inoperantes, inócuas, por ser este um dos eixos de sua inferioridade em relação à Madalena, que conversava longamente com todas as pessoas, menos com ele, durante as crises entre os dois.
Seu Ribeiro • Guarda-livros a cuja história de vida Paulo Honório dedica um capítulo, de Major do lugarejo em que morava, fazendo às vezes de justiceiro e de homem sábio em várias funções, passou a indigente solitário, devido à vinda do progresso. Paulo Honório demonstra simpatia por ele, uma vaga solidariedade que destoa do seu habitual desrespeito pelas pessoas e que se acentua em outros personagens.
Casimiro Lopes • Capanga que tem “faro de cão e fidelidade de cão”, crédulo como um selvagem, o único a se interessar pelo filho abandonado por todos, cantando para embalar as cantigas do sertão, possui a estima de Paulo Honório, que inclusive se identifica com o capanga nos momentos de grande solidão.
Margarida • Preta velha que criou, é outro referencial afetivo do narrador: ele a redescobre, manda buscá-la e a alimenta em São Bernardo, o mesmo amparo financeiro oferecido à Dona Glória.
Dona Glória • Tia de Madalena avessa ao campo e cuja urbanidade a irritava quando esta se vai, após a morte de Madalena. • Conclusão: • Paulo Honório tem a sua brutalidade relativa por esses personagens e também pelas referências tímidas que faz à necessidade de auxiliar as filhas do velho Mendonça, o vizinho que mandou matar. A referência aos raros momentos de união e de harmonia que vivia com Madalena, quando não precisavam brigar e conversavam longamente durante os serões, faz parte deste lado humano da personagem.
O foco narrativo • O narrador de São Bernardo, Paulo Honório, é também o protagonista da história que conta. Temos, assim, um personagem-narrador que se coloca como autor, como alguém que pretende relatar sua própria vida, escrevendo uma romance. • Primeiro Paulo Honório faz uma divisão de trabalho. Distribui a cada amigo, de acordo com a sua especialidade, uma função na construção do romance. Entretanto, tal procedimento não dá certo:
Fragmento do livro: • João Nogueira queria o romance em língua de Camões, com períodos formados de trás para diante. Calculem. • Paulo Silvestre recebeu-me friamente ... Está direito: cada qual tem as suas manias. • Afastei-o da combinação e concentrei as minhas esperanças em Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, periodista de boa índole e que escreve o que lhe mandam...
O resultado foi um desastre. Quinze dias depois do nosso primeiro encontro, o redator do Cruzeiro apresentou-me dois capítulos datilografados, tão cheios de besteiras que me zanguei: • _ Vá para o inferno, Gondim. Você acanalhou o troço. Está pernóstico, está safado, está idiota. Há lá ninguém que fale dessa forma! • Azevedo Gondim apagou o sorriso, engoliu em seco, apanhou os cacos da sua pequenina vaidade e replicou amuado que um artista não pode escrever como fala. • _ Não pode? Perguntei com assombro. E por quê? • Azevedo Gondim respondeu que não pode porque não pode...
A relação de Paulo Honório com as pessoas se explicita neste trecho do primeiro capítulo do romance. Ele manda nelas sumariamente, como faz com Gondim, a quem considera “uma espécie de folha de papel destinada a receber idéias confusas”. Ao mesmo tempo, também sumariamente, rechaça os participantes do projeto de descrever o romance, ora os criticando (“João Nogueira queria o romance em língua de Camões... Calculem”) ora
Aceitando sua recusa (“está direito: cada qual tem as suas manias”), ora xingando (“Vá para o inferno, Gondim...”). • Nos três casos, a rispidez de Paulo Honório salta aos olhos. Com essa rispidez ele se propõe a realizar sozinho a tarefa, instigado por um pio de coruja que o faz pensar em Madalena, a esposa morta há dois anos.
Valendo-se de seus próprios recursos e sem indagar as vantagens materiais que o livro lhe traria, ou seja, mudando de atitude em relação à “divisão do trabalho” e ao retorno financeiro no início pretendido, Paulo Honório começa a escrever. • Ele, então, que apenas “traçaria o plano, introduziria na história rudimentos de agricultura e pecuária, faria as despesas e colocaria o nome na capa,” transforma-se no único autor do romance.
Um romance escrito com o sumarismo, a rispidez e a falta de cultura literária que demonstrou, mas no qual poderia revelar fatos que, cara a cara, não teria a coragem de revelar a ninguém. • As características da personalidade de Paulo Honório que nos foram desvendadas até agora são imprescindíveis para a compreensão do foco narrativo do romance: o proprietário da fazenda São Bernardo, por cuja posse lutou muitos anos, usando os expedientes do “capitalismo selvagem”, ou seja um narrador autoritário. Ele duela em vez de conversar com as pessoas, submete-as ao seu poder duramente conquistado, procura se restringir ao essencial, ao mais pragmático, ao longo da escritura.
Desta maneira, Graciliano Ramos nos apresenta um romance sintético, resumido, econômico como o seu narrador. Nele, consegue um nível de concisão de linguagem, de expressividade e ao mesmo tempo de desvendamento metalingüístico, isto é, de reflexão sobre o ato de escrever um romance enquanto este é escrito (através das digressões de Paulo Honório), que comprovam a sua maturidade literária.
A condensação e a densidade psicológica do romance, cuja verossimilhança ocorre pela narração em primeira pessoa, exclusivamente centrada em Paulo Honório, constituem os motivos principais da grande qualidade artística de São Bernardo. Um livro no qual o equilíbrio e a interpenetração entre o social e o individual, por um lado, e entre o regional e o universal, por outro, demonstraram a superioridade deste escritor no contexto de sua geração e da modernidade literária do país.
Contexto literário • A obra São Bernardo pertence a segunda geração Modernista brasileira – a geração de 1930- cujo autor Graciliano Ramos foi um dos principais representantes. Figurando entre muitos nomes que elevaram nossa literatura ao conhecimento do mundo. • Trabalhou na obra São Bernardo o regionalismo realista da época fazendo um paralelo entre o social e o individual claramente descritos de forma profunda, psicológica do ser em relação ao espaço em que vive.
A leitura integral da obra é recomendada para todos que desejam obter sucesso no vestibular da UFPR. • Boa leitura! Sorte! • O teu sucesso enaltece a minha vontade de trabalhar arduamente para que sejas a cada dia ainda mais feliz e realizado! • Um abraço da professora Margarete!