270 likes | 435 Views
ANALFABETISMO FUNCIONAL VERSUS APRENDIZAGEM QUALIFICADA : A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA INTELECTUAL. aprendizagem; autonomia intelectual; analfabetismo funcional Prof ª .Dra.Rosilene Horta-Tavares (FaE-UFMG). Waismam. Natureza do Trabalho.
E N D
ANALFABETISMO FUNCIONAL VERSUS APRENDIZAGEM QUALIFICADA :A IMPORTÂNCIA DA AUTONOMIA INTELECTUAL aprendizagem; autonomia intelectual; analfabetismo funcional Profª.Dra.Rosilene Horta-Tavares (FaE-UFMG) Waismam
Natureza do Trabalho Análise parcial da seguinte investigação: Novas tecnologias da informação e comunicação nos processos ensino-aprendizagem presenciais: os desafios da educação a distância/EAD. Pesquisa iniciada em 2006, na Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais/UFMG, no âmbito da Didática Crítica. Objetivo específico deste Relatório de Pesquisa apresentado ao 14º Congresso da ABED: Descrever e problematizar os elementos de contextualização do ambiente de ensino-aprendizagem; elucidando a importância de tal procedimento para se planejar processos de ensino-aprendizagem socialmente qualificados, em quaisquer projetos educativos.
Autonomia Intelectual • Capacidade de os estudantes atuarem enquanto sujeitos de fato de seu processo de aquisição, desenvolvimento e produção de conhecimento. • Para serem sujeitos, nesse sentido, deve haver, no que produzem nas aulas, indícios de sua capacidade de atuarem como pesquisadores, críticos, com permanente disposição para aprender, para interagir e para cooperar com outros. • Sendo estas competências próprias de indivíduos autônomos (Piaget).
Analfabetismo Funcionalno Ensino Superior • Analfabetos funcionais são pessoas que, mesmo sabendo ler e escrever algo simples, não possuem as habilidades necessárias – nas quais identifico, para o ensino superior, a autonomia intelectual – para viabilizar o seu desenvolvimento pessoal e profissional (UNESCO, em 1978). • Um problema que decorre, segundo as premissas teóricas com as quais venho trabalhando, da histórica situação subdesenvolvida do Brasil.
Aprendizagem socialmente qualificada • A Didática – teoria pedagógica – estuda e ensina como transformar o saber escolar, ou seja, o processo de pedagogização do saber científico, o que, teoricamente, redundaria em uma aprendizagem qualificada. • Mas, para isto, tem de haver uma codificação proveitosa de conhecimentos, de produção própria de saberes e de transferência destes conhecimentos. • Porém, os conhecimentos tácitos (prévios ou de base) - subjacentes, portanto, àqueles que são transmitidos nas universidades - são difíceis de transferir instantaneamente; • E sem os conhecimentos tácitos não é possível que haja codificação das informações (Lastres). Ou que haja aprendizagem eficaz proveitosa, com qualidade social.
Aprendizagem socialmente qualificadaem ambientes virtuais • No ambiente virtual de aprendizagem: o mesmo pode ser susceptível de não questionamento, ou de ausência de crítica, no caso de que não existam ações contrárias a isto, e que fomentem a capacidade crítica do participante (Franco). • A existência, também, do «analfabetismo digital» limita, portanto, a investigação, competência essa fundamental para estudantes com autonomia intelectual. • «Ainda que uma rede possibilite a auto-organização, a seleção e a filtragem das informações, não existe uma estrutura interna naquilo que se seleciona, ou seja, um enquadramento analítico, racional, articulado e bem fundamentado.» (DYSON, 1998). • Portanto, «inclusão digital não é sinônima de computador, é sinônimo de capacitação e conhecimento distribuído». (Silveira)
Observação empírica • Primeiro, os dados: analfabetos funcionais sabem ler mas não compreender. De acordo com os dados do Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional/ INAF, de 2007, 75% dos brasileiros são considerados analfabetos funcionais. Três em cada quatro brasileiros. Destes, 8% são analfabetos absolutos, 30% lêem mais compreendem muito pouco e 37% entendem alguma coisa, mas são incapazes de interpretar e relacionar informações. • Pressuponho, no caso de minhas observações empíricas, que esteja neste último índice o caso de muitos de alunos na universidade. O estudo do INAF indicou que apenas 25% dos brasileiros com mais de 15 anos têm pleno domínio das habilidades de leitura e de escrita.
Observações empíricas • Em algumas atividades on-line ou presenciais nessa experiência de pesquisa-ensino: • Há alunos que não possuem conhecimentos tácitos, conhecimentos prévios, ou instrução de base; • para compreender, por exemplo, formulações nas quais se lhes solicita que estabeleçam uma relação entre as idéias de um autor e as suas próprias idéias; • em respostas de alunos também a trabalhos teóricos, nos quais há uma maior exigência de elaboração crítica própria, transparece a lacuna em sua formação de base. • por exemplo, atendo individualmente a alunos que demandam (felizmente alguns o fazem) a explicitação de idéias básicas de autores, em textos que são manuais de – didática!
Metodologia de investigação • Trata-se de uma pesquisa-ensino que tem sua base epistemológica no materialismo histórico, na dialética e na teoria crítica (Escola de Frankfurt). Com uma abordagem interdisciplinar. • Nessa pesquisa têm sido sistematicamente utilizados – como fontes de dados e como métodos e técnicas de ensino-aprendizagem – recursos permitidos pela plataforma Moodle, por e-mails e telefones, em disciplinas presenciais ou semi-presenciais em cursos de graduação. • Monitoramento semanal do processo pedagógico e sua relação com a sociedade: ensino- aprendizagem; planejamento; conteúdos; metodologia; técnicas e recursos didáticos; relação professora-estudantes e estudantes-estudantes; avaliação; bibliografias; relação universidade/escola básica.
Metodologia de investigação • Registro das opiniões e análises dos alunos sobre a função epistemológica da utilização das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) nas disciplinas presenciais. • Análise dos dados pela pesquisadora, também tendo por base a pesquisa teórica acerca da intrínseca relação presencial e a distância; • e da conseqüente função econômica desta relação na “sociedade da informação”, que modifica os anteriores paradigmas científicos do papel da educação na sociedade capitalista.
Hipóteses Centrais • A explicitação e a análise econômica, política e social do contexto educativo atual são iniciativas preliminares para o planejamento e solução de problemas de ensino-aprendizagem, também em EAD. • Isso, para aqueles que ainda mantêm uma perspectiva teórica - e prática, principalmente – críticas, em relação à pós-moderna exploração do trabalho; e à contemporânea propagação (potencializada pelas TICs) da diversidade cultural da alienação política.
Objeto- problema • Para atingir objetivos de aprendizagens significativas - para os estudantes e para a solidificação de uma sociedade igualitariamente democrática - devem-se formar nos estudantes habilidades e conhecimentos que os auxiliem na formação de sua autonomia intelectual.
Justificativas • Elucidar o problema de qual (ou quais) tipo(s) de analfabetismo funcional existiria entre estudantes do ensino superior quiçá contribua com a necessária «identificação dos diferentes fatores que comprovadamente impactam na aprendizagem em EAD». • Este é um dos desafios apontados no texto de Apresentação do 14º CIAED, quando é ressaltada essa necessidade. • As Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) desempenham um papel crescente em âmbito global e em todos os setores da vida social. • E podem permitir o processamento, a ampliação, a geração, o controle dos fluxos de informação e de enormes quantidades de conhecimentos codificados, como analisam diversos estudiosos. • Por isso, é fundamental, para uma formação universitária contemporânea - que não seja unicamente instrumental - a ampliação do uso das tecnologias informacionais para seu sentido (também) emancipatório do ser humano.
Momento históricoMudanças na economia mundial • 1. Na organização do trabalho Taylorismo (planejamento x execução) > Fordismo (esteira rolante) >Toyotismo (envolvimento do trabalhador) • 2. Na gestão política da sociedade Estado > Transnacionais • 3. No desenvolvimento das forças produtivas Novas tecnologias > TICs • 4. Na educação - Escolar - Em serviço
Teorias críticas em Educação • Base analítica: estrutura da sociedade e sua divisão social. • Educação como meio de integração e submissão das maiorias. • Educação como meio de emancipação social e humana. • Crítica à Escola Tradicional (professor centro; passos Herbart). • E à Escola Tecnicista (treino; condicionamento). • Denúncia da racionalidade instrumental (Escola de Frankfurt). • Construção de uma sociedade sem exploração do trabalho e sem opressão política.
O Imaterial: Conhecimento, Valor e Capital (2003) André Gorz • Necessidade de se diferenciar o conhecimento, que pode ser codificado e apropriado privativamente ↓ • dos saberes vivos e vividos que não podem se desvincular das habilidades das pessoas e, sendo assim, não são passíveis de apropriação privada. • Dificuldade em se mensurar o novo trabalho, que ao contrário de outras épocas, não é medido através do número de horas, e sim de experiências diárias e interpessoais que agregam valor ao conhecimento tradicional. • Crítica à tentativa do pensamento dominante de subordinar a produção coletiva, mais simbólica que material, à lógica do lucro capitalista. • Para o autor, hackers e programadores de software livre, por exemplo, são peças-chave na economia do saber, pois ao produzir e transmitir conhecimento, montam estruturas não-hierarquicas e horizontais, tornando a sociedade mais rica. • Ver também Sem Logo, de Naomi Klein: movimentos alterglobalização que utilizam as TICs como formas emancipatórias de coletivização de saberes e lutas sociais.
Características do sistema Toyota . Mecanização flexível: uma dinâmica oposta à rígida automação fordista decorrente da inexistência de escalas que viabilizassem a rigidez. . Processo de multifuncionalização de sua mão-de-obra, uma vez que por se basear na mecanização flexível e na produção para mercados muito segmentados, a mão-de-obra não podia ser especializada em funções únicas e restritas como a fordista. • Para atingir seus objetivos os japoneses investiram na educação e qualificação de seu povo e o toyotismo, em lugar de avançar na tradicional divisão do trabalho, seguiu também um caminho renovado, incentivando uma atuação voltada para o “enriquecimento” do trabalho: especialmente em sua componente intelectual – “capital cultural ou humano”.
Indícios da Investigação em curso Fatores que, interligados e complexos, causariam, ao menos em parte, o problema da deficiência de autonomia de estudantes de cursos superiores na condução e responsabilidade sobre sua aprendizagem: • 1. A formação de base (Educação Básica e educação familiar) de estudantes do ensino superior, assim como a formação que têm na universidade, não parecem ter como objetivo central fomentar a capacidade discente em conduzir e se responsabilizar por sua própria aprendizagem.
Indícios da Investigação em curso Fatores que, interligados e complexos, causariam, ao menos em parte, o problema da deficiência de autonomia de estudantes de cursos superiores na condução e responsabilidade sobre sua aprendizagem: • 2. Parte considerável (cujo índice será detectado pela pesquisa) dos estudantes sujeitos da investigação - talvez por não saber como fazê-lo - não possuiria hábitos concretos e sistemáticos de estudos individuais, dentre os quais a leitura, prévia às aulas, de textos indicados pelos professores, condição fundamental para uma boa aprendizagem.
Indícios da Investigação em curso Fatores que, interligados e complexos, causariam, ao menos em parte, o problema da deficiência de autonomia de estudantes de cursos superiores na condução e responsabilidade sobre sua aprendizagem: • 3. A estrutura econômico-política do ensino no Brasil, também no Ensino Superior, possuiria princípios pautados, o mais das vezes, pela transmissão superficial dos conhecimentos; pela fragmentação entre os diversos saberes científicos; e pela concentração, no papel do professor, da responsabilidade pela aprendizagem dos alunos.
Indícios da Investigação em curso Fatores que, interligados e complexos, causariam, ao menos em parte, o problema da deficiência de autonomia de estudantes de cursos superiores na condução e responsabilidade sobre sua aprendizagem: • 4. A real estratificação curricular X a propalada interdisciplinaridade. • 5. A ausência - na prática - de um projeto pedagógico comum do corpo docente e discente. • 6. A «desorganização política», aliada a uma certa alienação, dos estudantes. • 7. Formas negativas de competitividade entre professores – ainda que por vezes veladas – que, aliadas ao fator ausência, na prática, de um projeto pedagógico elaborado coletivamente, podem dificultar o que seria uma necessária orientação comum de atuação didática docente mais conjunta.
Não há o que fazer [?] • Momento atual: na atualidade a perspectiva da Didática é assumir a multifuncionalidade do processo de ensino-aprendizagem e articular suas três dimensões: técnica, humana e política no centro configurador de sua temática. Para que os estudantes conduzam sua própria formação devem: • a) saber planejar e organizar seu próprio tempo, especificamente para fins de seus estudos; • b) saber ler e estudar textos teóricos; • c) saber redigir um texto próprio.
Não há o que fazer [?] Quanto aos conhecimentos necessários aos estudantes estariam: • a) O que é autonomia individual e coletiva. • b) A estrutura política e didática do ensino superior no Brasil, condicionada pela economia-política global. • c) A origem político-econômica da persistência histórica e mundial da fragmentação dos saberes científicos. • d) A explicação e análise do fato – estrutural - de haver (sim!) concentração, no papel do professor, na responsabilidade pela aprendizagem dos alunos.
Esperança ou hipóteses novas • Se tais habilidades e conhecimentos fossem adquiridos pelos estudantes, sob a perspectiva de teorias críticas, possivelmente eles chegariam a um nível mais elevado, do que o atual, de autonomia sobre seu próprio processo de aprendizagem. • Para o que seria necessária uma verdadeira unidade de ação entre o corpo docente e o corpo discente. • O que produziria um conhecimento, ou a uma aprendizagem mais significativa individual e socialmente.
Conclusões • Aprofundamento da investigação para analisar meios para potencializar a capacidade de o estudante saber: • estabelecer relações entre o conteúdo das aulas com a sua realidade; • relatar as possíveis mudanças provocadas nos seus conceitos; • buscar fontes extras como subsídios para enriquecer sua aprendizagem; • apropriar-se do conhecimento de forma reflexiva; • construir pontos de vista próprios; • realizar, desenvolver e construir, a partir de pesquisa própria, análises críticas e argumentativas; • reconstruir a informação recebida tornando-a significativa para si e para coletivos sociais, com vistas à produção de novos conhecimentos e à aplicação sobre sua realidade. • e, ir além, quem sabe, ajudando a transformar a dura realidade social de seu país?
Conclusões • Desafio: elaborar construtos teóricos consistentes em torno da hipótese de que no ensino superior existe um dado tipo (ou tipos) de analfabetismo funcional. • Elucidar o problema de qual (ou quais) tipo(s)de analfabetismo funcional existiria entre estudantes do ensino superior quiçá contribua com um dos desafios apontados por Litto [13], quando ressalta a necessidade de «identificação dos diferentes fatores que comprovadamente impactam na aprendizagem em EAD». • Mas, a análise está condicionada ao argumento consensual entre teóricos diversos: para o Brasil atingir um patamar de qualidade social na educação, também a distância, teria de se tornar um país desenvolvido.
Conclusões • Assim, dentre outros possíveis elementos, impedindo o acesso digital universal e uma aprendizagem eficaz e qualificada em atividades ou cursos realizados a distância, está a combinação no país de baixa renda e uma enorme desigualdade social, restrição de tempo de acesso (quando há) e baixo nível de escolaridade e nesta, de uma boa aprendizagem, – da maioria da população.] • Se esta estrutura não muda em sua base, o analfabetismo funcional, também no Ensino Superior, persistirá. • Ou será que o analfabetismo funcional seria, na atualidade, necessário às novas formas de alienação econômica (mais-valia relativa) e política? Muito obrigada! Rosilene