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Os contratos de crédito. O contrato de crédito. Existem três razões principais para a necessidade de haver contratos de crédito. O ciclo de vida das pessoas Poder ocorrer um período de “desemprego” ou de despesas acrescidas (e.g., doença) O capital ser produtivo. O ciclo de vida.
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O contrato de crédito • Existem três razões principais para a necessidade de haver contratos de crédito. • O ciclo de vida das pessoas • Poder ocorrer um período de “desemprego” ou de despesas acrescidas (e.g., doença) • O capital ser produtivo
O ciclo de vida • Uma das mais obvias razões para a a existência de empréstimos é o ciclo de vida das pessoas. • As pessoas precisam de consumir sempre • Existem longos períodos em que não têm rendimento (quando crianças e “velhos”)
O ciclo de vida • As pessoas, quando crianças, não têm rendimento suficiente para sobreviver, pedindo recursos emprestados • Em média, é-se “criança” durante 20 anos • Quando trabalham, pagam as dívidas (de criança) e poupam alguns recursos (para a velhice) • Em média, é-se activo durante 45 anos
O ciclo de vida • Quando reformados, não têm suficiente rendimento para sobreviver, mas têm os recursos que pouparam (emprestaram) • Em média, a reforma dura 15 anos • Esses recursos que vão-se esgotando
O desemprego • O trabalho é a fonte mais importante de rendimento das famílias • E, de repente, qualquer pessoa pode ficar desempregada. • A probabilidade será de 10%/ano
O desemprego • E, depois, demora alguns meses a encontrar novo emprego • Em média, 12 meses • E o salário é menor que o anterior • Menos 15% • Será necessário poupar recursos para essa eventualidade. • Deverão ter uma poupança > 12 salários.
Cataclismos • Podem ocorrer imponderáveis • O indivíduo pode adoecer, ficando sem poder trabalhar e necessitando de tratamento médico. • Pode ter um acidente de automóvel, necessitando de pagar a reparação. • Pode ter um incêndio em casa. • É necessário ter uns activos de lado
O capital ser produtivo • O trabalho torna-se mais produtivo se for auxiliado por capital • máquinas e ferramentas, solo agrícola, etc. • Se um indivíduo pedir emprestado dinheiro, pode comprar bens de capital e aumentar o seu rendimento • Mais tarde, pode devolver o dinheiro pedido
O capital ser produtivo • Existem bens que custam “muito dinheiro” e duram muito tempo • Casas, carros, frigoríficos, televisores, etc. • Estes bens “produzem” utilidade • As pessoas, sem dinheiro, estão disponíveis para pedir empréstimos e pagar um pouco todos os meses.
O empréstimo em dinheiro • Numa sociedade “atrasada”, • Armazenam-se bens • Emprestam-se bens e serviços • Numa sociedade monetarisada, empresta-se dinheiro
O empréstimo em dinheiro • O armazenamento de recursos tem custos muito elevados • A roupa passa de moda • A comida estraga-se • Os carros enferrujam • É vantajoso emprestar dinheiro e mais tarde tê-lo de volta para comprar bens e serviços
O empréstimo em dinheiro • Poupar dinheiro não é o mesmo que poupar recursos escassos • Se poupamos dinheiro, nós deixamos de consumir recursos (bens e serviços) • Mas, a quem emprestamos, vai consumir esses recursos que poupamos.
O empréstimo em dinheiro • Como as pessoas são heterogéneas, haverá sempre algumas que precisam de pedir dinheiro • E.g., as criancinhas, os desempregados e acidentados imprevidentes. • Outras que precisam de guardar dinheiro • E.g., os activos previdentes.
A taxa de juro • Quando eu empresto uma quantidade de dinheiro, não vou receber a mesma quantidade • A diferença denomina-se por JURO • O Juro pode ser entendido como a remuneração de eu adiar o consumo
A taxa de juro • Em termos económicos, • quem empresta está a vender bens do presente em troca de bens do futuro • quem pede emprestado está a comprar bens do presente em troca de bens do futuro • Ou vice versa
A taxa de juro • Então, o juro também pode ser entendido • como uma “taxa de cambio” intertemporal 1€ de agora vale 1.1€ do futuro • como um “preço relativo” intertemporal • 1 camisola de agora vale 0.9 camisolas do futuro
A taxa de juro • O raciocínio em termos de “remuneração” é muito mais fácil de compreender que em termos de “preço relativo”
A taxa de juro • O juro, em tese, tanto poderá ser positivo como negativo. • Há razões para justificar ser positivos e razões para justificar ser negativo • Historicamente é positivo
A taxa de juro • Porque é positivo? • Por três razões • A inflação • Haver alternativas remuneradas • As pessoas preferem o presente ao futuro • O capital é produtivo • Haver risco de incumprimento
Taxa de juro positiva • Hoje faço anos e deram-me 1000€ • Hipótese 1: entregam-mos agora. • Hipótese 2: entregam-mos daqui a 10 anos. • Qual das hipóteses será preferível?
Taxa de juro positiva • É preferível a hipótese 1 • A) O dinheiro vai desvalorizar • B) Podia depositá-lo a juros • C) O doador pode morrer (e a oferta falhar)
Inflação • A) O dinheiro vai desvalorizar • O valor do dinheiro resulta de podermos comprar bens e serviços. • Como existe inflação (i.e., o preço dos bens e serviços aumenta com o tempo), a quantidade de bens que posso comprar diminui com o tempo. • O valor do dinheiro diminui com o tempo
Inflação • A) O dinheiro vai desvalorizar • Inicialmente tenho V0 euros • Os preços, em média, aumentam %. • No fim do período terei que ter V1 = V0 (1+ )
Inflação • A) O dinheiro vai desvalorizar • Exercício • Posso ter 1000€ • Sendo que, em média, durante os próximos 10 anos os preços aumentarão 40%. • Quanto terei que ter ao fim deste tempo para ter o mesmo poder aquisitivo?
Inflação V1 = 1000 x (1 + 0.40) = 1400€ Teria que ter 1400€
Alternativa remunerada • B) Podia depositá-lo a juros • O capital é produtivo. • E.g., um agricultor se cavar com uma enxada consegue produzir mais do que se o fizer com um apenas um pau. • O capital é escasso • Quem precisar de capital estará disponível a pagar uma remuneração pelo seu “aluguer”.
Alternativa remunerada • B) Podia depositá-lo a juros • É preferível consumir hoje. • As pessoas preferem o Presente ao Futuro • No Futuro estamos mortos • No Futuro estamos velhos pelo que não apetecerá • Quem faz o sacrifício de não consumir no presente precisa ser “remunerado”. • Quem tem o benefício de consumir o que não tem (ainda) tem que “pagar”.
Alternativa remunerada • B) Podia depositá-lo a juros • Inicialmente tenho V0 euros • Apesar de os preços, em média, se manterem, = 0%, um empresário de confiança paga-me como juro r%. • No fim do período, terei V1 = V0 (1+ r)
Risco de incumprimento • C) O doador pode morrer • O Futuro é incerto. • A obrigação pode não ser cumprida • Quando eu empresto dinheiro, estou a pensar receber o dinheiro mais os juros • Mas posso não receber nenhum deles • Ou receber apenas parte
Risco de incumprimento • C) O doador pode morrer • Vamos supor que eu emprestei V0 euros e vou receber (penso eu) V1 euros. • Existindo a probabilidade p de eu não receber nada, para, em média, ficar equivalente, terá que V0 = 0 x p + V1 x (1 - p) V1 = V0 / (1 - p)
Risco de incumprimento • C) O doador pode morrer • Vamos supor que eu empresto 1000€ • Existe a probabilidade de 10% de, decorrido o prazo acordado, não receber nada • Qual terá que ser a soma prometida no fim do prazo?
Risco de incumprimento V1 = 1000 / (1 – 10%) = 1111.11€ Teriam que me prometer acrescentar 111.11€ de juros ao dinheiro que eu emprestei.
A taxa de juro • Haverá razões para que a taxa de juro pudesse ser negativa? • O dinheiro que guardo em casa pode ser roubado • Se houver poucas criancinhas e poucos empresários, não há a quem emprestar dinheiro • i.e., se não houver crescimento económico
A taxa de juro • Haverá razões para que a taxa de juro pudesse ser negativa? • Historicamente, os efeitos “negativos” são negligenciáveis face aos efeitos “positivos”
A taxa de juro • AS unidades de juro são em termos de unidades de capital (dinheiro) por unidades de tempo. • e.g., 0.10€ por cada 1.00€ e por cada ano • Seria uma taxa de juro de 10% ao ano
A taxa de juro • Como o juro incorpora 3 elementos • A inflação • A remuneração do capital (o juro real) • O risco de não cobrança • Em termos de taxas temos, num ano Vfinal = Vinicial x (1+ ) x (1 + r) / (1 - p) 1+ i = (1+ ) x (1 + r) / (1 - p)
A taxa de juro • Para valores de r, e p pequenos, é aceitável somas as 3 parcelas:
A taxa de juro • Supondo que eu empresto 1000€, durante 1 ano. • A inflação (prevista) é de 5% ao ano • O juro real (acordado) é de 2% ao ano • O risco de não cobrança é de 3% ao ano • Qual a taxa de juro? • Quanto dinheiro devo acordar receber?
A taxa de juro A taxa de juro seria de10.41%: 1+i = (1+ 0.05) x (1 + 0.02) / (1 – 0.03) i =10.412% Devo exigir receber (daqui a um ano) V1 = 1000 x (1+ 0.05) x (1 + 0.02) / (1 – 0.03) V1 = 1104.12€ Os juros seriam 104.12€.
A taxa de juro A soma das parcelas daria 10% A taxa calculada é 10.412% Quanto mais pequenas forem as parcelas, menor é a diferença
A taxa de juro • Eu tenho 10 galinhas que posso comer (galinhas de hoje) ou emprestar e receber 11 galinhas daqui a um ano (galinhas do futuro). • i) Qual é a taxa de juro? • ii) Qual é o preço das galinhas do futuro relativamente às galinhas do presente?
A taxa de juro • i) A taxa de juro resolve 11 = 10.(1 + i) i = 10%. • ii) Compro 11 galinhas do futuro com 10 unidades “monetárias” (10 galinhas de hoje) pelo que preço de cada galinha do futuro será de 0,909 unidades “monetárias” (i.e., galinhas de hoje).
A taxa de juro • Assumir um juro proporcional à duração do tempo e à quantidade emprestada tem problemas • O risco de grandes somas é mais que proporcional ao risco das pequenas somas • Por causa da diversificação do risco • O risco de longos prazos é mais que proporcional ao risco dos curtos prazos • O futuro distante é menos previsível
A taxa de juro • Mesmo assim, usa-se como referência para o juro uma taxa por unidade de tempo, normalmente o ano. • E.g. 4.47%/ano • Podendo haver ajustamentos ao prazo e ao valor
A taxa de juro • Taxa EURIBOR • É a taxa de juro por ano que os bancos sem risco (first class credit standing) emprestam euros entre si • É uma referência nos contratos com taxa de juro variável (e.g., crédito à habitação).
A taxa de juro EURIBOR a 6 meses desde o início de 2008
A taxa de juro EURIBOR dependendo do prazo do contrato (Escalas: 30-06-2008 esquerda; 30-04-2009 direita)