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POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DE FONTES ALTERNATIVAS NO BRASIL. Mauricio T. Tolmasquim CENERGIA – COPPE Centro em Economia Energética e Ambiental Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Esta Palestra é baseada no artigo:
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POTENCIAL DE APROVEITAMENTO DE FONTES ALTERNATIVAS NO BRASIL Mauricio T. Tolmasquim CENERGIA – COPPE Centro em Economia Energética e Ambiental Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Da Universidade Federal do Rio de Janeiro Tolmasquim
Esta Palestra é baseada no artigo: Tolmasquim, M. T, Szklo, A S, Soares, J. B (2002), POTENTIAL USE FOR ALTERNATIVE ENERGY SOURCES IN BRAZIL , Annual Petrobras Conference 2002, Oxford, Inglaterra. Tolmasquim
Emissões de CO2 - Combustíveis Fósseis:Brasil e Alguns Países Emergentes e da OCDE, 1995 Tolmasquim
Energia Elétrica • Geração Elétrica contribui com 5% das emissões no Brasil • OCDE – 30% das emissões Supondo que o mix fosse 50% hidro, 25% carvão e 25% témicas a gás • Emissão evitada: 30 milhões tC em 1996, • Cerca de 1/3 das emissões Tolmasquim
Álcool da Cana-de-Açúcar • A produção e utilização de etanol combustível ou misturado a gasolina reduzem as emissões em 9 milhões tC. • Final das década de 80, vendas de carros a álcool – 90% do total – parque: 5 milhões de veículos • Final da década de 90 – vendas: menos de 0,5%. Tolmasquim
Carvão Vegetal • Evita um emissão de mais de 3 milhões tC de CO2 Tolmasquim
Duas alternativas se destacam no atendimento à crescente demanda de eletricidade brasileira 1. Hidroeletricidade - potencial de 260 GW somente 25% está sendo utilizado Contudo: • 10% está localizado no NE do Brasil e • 44% no Norte. e • Maiores centros consumidores estão localizados nas regiões Sul e Sudeste necessidade de instalação de linhas de transmissão de longa distância + Dilema: os beneficiados dos projetos não são os mesmos que sofrem os seus custos sociais Tolmasquim
Duas alternativas se destacam no atendimento à crescente demanda de eletricidade brasileira 2. Termeletricidade a gás natural O governo brasileiro tentou incentivar o investimento privado em centrais termelétricas : • incentivariam a entrada do capital privado no setor • funcionariam como consumo-âncora para o gás importado da Bolívia. Contudo cláusulas take-or-pay dos contratos de gás disponibilidade de energia secundária de base hídrica Nos anos chuvosos teremos de pagar pelo gás sem consumi-lo Tolmasquim
Perspectivas para o uso de fontes alternativas de energia no Brasil
Pequenas Centrais Termelétricas (PCHs) • Definição:1 a 30 MW + área do reservatório igual ou menor que 3 km2. • filosofia de implantação, baseada no uso de quedas naturais, em alguns casos, com pequenos reservatórios menor risco • Custo estimado de construção- US$ 1,000/kW • Potencial Técnico: 7 – 14 GW Tolmasquim
Pequenas Centrais Termelétricas (PCHs) • Em 1998, existiam: • 140 PCHs, • totalizando 775 MW instalados. • Em 2001, existiam: • 864 MW instalado, • equivalentes a 1.1% do total da capacidade instalada de geração no Brasil, • Refletindo um aumento anual médio modesto de apenas 30 MW. Tolmasquim
Pequenas Centrais Termelétricas – Programa PCH-COM • Financiado pelo BNDES • Lançado em fevereiro de 2001 • Compra da energia gerada pela PCH a um valor igual a 80% do VN. • A meta: a compra de 1.2 GW de 2001 a 2003. Tolmasquim
Pequenas Centrais Termelétricas – Programa PCH-COM - Problemas • O número de investidores atraídos por este programa é ainda muito baixo: • até o momento, apenas 100 MW de capacidade instalada deram pedido de entrada dentro do programa, ou seja, ¼ do inicialmente previsto • Principais Barreiras: • preço de compra da eletricidade pela Eletrobrás é apontado como pouco atrativo • burocracia na concessão de licenças ambientais Tolmasquim
Álcool • O Programa Nacional do Álcool. • maior programa de combustíveis líquidos alternativos do mundo • impulsionado a partir dos choques do petróleo ocorridos na década de 70 e • também como forma de resolver o problema da flutuação de preços do açúcar no mercado internacional • Benefícos Sociais • abatimento de emissões de CO2, resultando em emissões líquidas negativas • melhoria na qualidade do ar em relação às emissões de CO, hidrocarbonetos e óxidos de nitrogênio, havendo, porém, um aumento das emissões de aldeídos Tolmasquim
Álcool Benefícios Sociais (emprego) • cerca 3% do número total de pessoas envolvidas no setor agricola of the total number of people involved in Brazil's agricultural sector (cerca 800,000 empregos). • 200,000 empregos na fase de industrialização da cana e • 700,000 empregos diretos. • a produção de álcool gera 152 postos de trabalho, para cada posto equivalente gerado na indústria de petróleo . Alcool -US$ 36.000/emprego contra US$ 41.000/emprego para o conjunto dos demais setores produtivo Tolmasquim
Álcool Benefícios Econômicos Economia de divisas e aumento da competitividade da indústria sucro-alcooleira em âmbito internacional Controle de dívida externa • Em 1996, enquanto os subsídios ao álcool foram de US$ 2 bilhões, a economia de divisas proporcionada pelo programa foi de US$ 4,9 bilhões • Assumindo-se 40% de importação de petróleo consumido no país • • a substituição da gasolina entre 1975-1996 proporcionou ao país economizar US$ 33 bilhões (em US$ de 1996), ou US$ 50 bilhões, incluindo correção destes valores Tolmasquim
Álcool Atualmente, o emprego do álcool automotivo ocorre principalmente como aditivo à gasolina (24%v.v.) A outra alternativa, que é o uso do etanol hidratado em motores exclusivamente a álcool, perdeu força nos últimos anos • 1985 - os carros novos movidos a álcool chegaram a participar em 96% • Fim dos anos 90 – contava com menos de 0.5% da venda de carros novos. Principal razão: falta de confiança elevação dos preços do açúcar no mercado internacional, levando os produtores brasileiros a priorizar a produção de açúcar em detrimento do etanol necessidade de importar etanol/metanol para suprir a demanda Tolmasquim
Bagaço Além da produção de etanol para uso automotivo, há também o aproveitamento do bagaço e outros resíduos para geração de eletricidade, como sub-produto do próprio PRÓ-ÁLCOOL Tolmasquim
Bagaço Estes resíduos podem ser utilizados em plantas de cogeração Barreiras relacionadas com a venda do excedente de eletricidade e a preponderancia de hidroeletricidade no Brasil Não encorajou o uso otimizado do bagaço de cana na geração de eletricidade a maioria das unidades do setor sucro-alcooleiro brasileiro está equipada com caldeiras de pequeno porte e turbogeradores que geram entre 10-20 kWh/tonelada de cana, quantidade suficiente apenas para o auto-abastecimento da empresa sucro-alcooleira Tolmasquim
Bagaço Existe potencial de aumento dos níveis de produção de eletricidade através de três alternativas tecnológica; • ·Eficientização do ciclo tradicional de contrapressão, pela substituição das unidades de geração de vapor por outras de maior porte, e substituição de turbinas de simples estágio por de múltiplos estágios - (14-44 kWh/tonelada de cana) • ·Uso de turbinas a vapor de condensação/extração (CEST): • - (80-100 kWh/ton de cana); • Uso de ciclos de geração integrados de gaseificação da biomassa – (200 kWh/ton de cana) Tolmasquim
Bagaço Tolmasquim
Alternativa tecnológica Custo (US$/kW) Eficientização de ciclo de contrapressão 222-667 CEST 1.450-1.650 Gaseificação da biomassa e ciclo combinado 950-1.150 Bagaço Tabela 4: Comparação de custos de tecnologia de cogeração no setor sucro-alcooleiro. Fonte: Neto (2001) Tolmasquim
Uso de resíduos urbanos para geração de eletricidade • Brasil gera cerca de 20 Mt de residuos sólidos a cada ano • Potencial de geração de eletricidade de aproximadamente 25,000 GWh. • Benefícios Ambientais:permitem reduzir os custos com disposição em aterros sanitários, reduzem a emissão de GEE; • Benefícios Estratégicos:contribuem para reduzir a vulnerabilidade do país quanto ao abastecimento de combustíveis fósseis • Benefícios Sociais e Econômicos:a instalação de usinas térmicas movidas a partir da queima de resíduos urbanos constitui também fonte de renda à população de baixo nível de qualificação profissional. Tolmasquim
Uso de resíduos urbanos para geração de eletricidade Tolmasquim
Energia Eólica Dois Problemas Básicos: 1) Baixa densidade energética dos ventosnecessidade de se interceptar uma grande área de corrente de ar para que se possa captar uma quantidade razoável de energia disponível 2)A natureza intermitente dos ventosbaixo fator de capacidade das centrais eólicas Custo de instalação das fazendas de vento: de US$ 900 – US$ 1,400 / kW para fazendas instaladas, e US$ 760 1,000 / kW para a próxima geração de turbinas Mudança das dimensões: no final de 1989, turbina eólica de 300 kW com rotor de 30-m era o estado da arte. Apenas 10 anos após, turbinas de1500 kW com rotor de cerca de 70 m são disponíveis por vários fábricantes many São considerados competitivos os aproveitamentos eólicos em regiões com regime de vento superior a 6,7 m/s, onde os custos de geração estão na faixa de 40 a 50 US$/MWh Tolmasquim
Brazilian Wind Energy Atlas – Preliminary Version 2001 Tolmasquim Fonte: www.cresesb.cepel.br
Potência (MW) Geração (TWh/ano) Fator de Capacidade (%) Norte 12,84 26,45 24% Nordeste 75,05 144,29 22% Centro-Oeste 3,08 5,42 20% Sudeste 29,74 54,93 21% Sul 22,76 41,11 21% Brasil 143,47 272,2 22% Energia Eólica Tabela 7: Estimativa do Potencial de Aproveitamento de Energia Eólica. Fonte: MME/ELETROBRÁS/CEPEL (2001) Tolmasquim
Energia Eólica • Inicio de 2001: Criação do Programa Emergencial de Energia Eólica – PROEÓLICA • Objetivo: Implantar 1050 MW de energia eólica até dezembro de 2003. • Eletrobras deve contratar direta ou indiretamente, através de suas companhias controladas, a compra de energia energia eólica por um período de 15 anos até o limite de 1050 MW. • Valor da compra igual a VN • Em 2001: VN R$ 112/MWh • Problema: Ao contrário de países como a Alemanha foi estabelecido um teto para a entrada da eólica (1050 MW) Tolmasquim
Energia Eólica, Biomassa e PCH • Abril de 2002: criação do PROINFRA – Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. • Objetivo: aumentar a participação das fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas no suprimento ao sistema interligado brasileiro produzida por PIAs. • PIA -Empresa cujo controle acionário não pertence a qualquer concessionária de geração, transmissão ou distribuição. • Fabricantes de equipamentos de geração poderão participar do capital do PIA, desde que o índice de nacionalização dos equipamentos seja de no mínimo 50%. Tolmasquim
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA – Primeira Fase • Acrescentará, em 24 meses, 3.300 MW ao sistema, através de contratos firmados, preferencialmente, entre a Eletrobrás e os PIAs • Assegura a compra de energia no prazo de 15 anos a partir da data de entrada em operação • Os 3.300 MW contratados deverão ser distribuídos igualmente entre as três fontes. • A aquisição será pelo valor econômico de cada fonte (à ser determinado pelo poder Executivo). • Piso 80% da tarifa média nacional de fornecimento ao consumidor final Tolmasquim
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA – Primeira Fase • O valor pago pela energia elétrica será rateado entre todas as classes de consumidores finais • Será dado prioridade para a contratação das instalações que já tiverem a Licença Ambiental Dúvidas: Os projetos hoje enquadrados dentro do Proeólica poderão ser habilitados para o Proinfra ? Existem hoje cerca de 53 projetos correspondendo a uma potencia de 4165 MW em consideração pela ANEEL Eles poderão ser habilitar ao PROINFRA ? Tolmasquim
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA – Segunda Fase • visa garantir que, ao cabo de 20 anos, as fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas atendam a 10% do consumo anual de energia elétrica do Brasil. • Os contratos serão feitos com a Eletrobrás por 15 anos e, • responderão por, no mínimo, 15% do incremento anual do mercado brasileiro de energia elétrica. • Preço dos contratos =equivalente ao valor econômico correspondente = custo médio ponderado da geração de novos aproveitamentos hidraulicos e centrais termelétricas a gás natural. • O produtor fará jus a um crédito complementar a ser pago pela Conta de Desenvolvimento Energético – CDE. • Valor do crédito complementar: valor econômico da fonte – valor recebido da Eletrobras. Tolmasquim
Solar Fotovoltaico • Custos de Instalação = US$7,000/kW, atingindo US$9,000 – 12,000/kW, quando são considerados os custos das trocas de baterias ao longo da vida útil da instalação • Opção convencional: soluções dispendiosas como a extensão da rede elétrica tradicional para um baixo número de consumidores dispersos ou o transporte de combustível para uso em geradores autônomos de comunidades isoladas • a geração de energia elétrica em pequenos blocos para atendimento de comunidades isoladas tem sido a vocação natural das células fotovoltaicas Tolmasquim
Solar Fotovoltaico– Programas Programa Luz no Campo (desde 1999) • objetiva a eletrificação, em 3 anos, de 1 milhão de domicílios e propriedade rurais • Cerca de 25% dos domicílios rurais brasileiros não dispunham de iluminação elétrica, quando se criou o Programa • Os recursos deste programa provêm da Reserva Global de Reversão, financiando-se, a fundo perdido, até 75% do custo total do projeto proposto, com juros de 5%ªa • Em 2000, o valor global gasto no programa atingiu cerca de R$ 2 bilhões, resultando na ligação de 106.791 consumidores à rede • No entanto, a eletrificação rural no Brasil tem privilegiado, sobretudo, a extensão da rede ou a instalação de grupos geradores a óleo diesel Tolmasquim
Solar Fotovoltaico– ProgramasSolar • Programa de Desenvolvimento Energético de Estados e Municípios (PRODEEM) (desde 1995) – • No âmbito deste programa, o custo total de instalação de um sistema fotovoltaico foi de cerca de 20 US$/Wp • Isto resulta num custo de geração de cerca de 370 US$/MWh, incluindo-se os impostos e os custos de reposição • Até 2001, este programa instalou 5.744 sistemas com potência média igual a 535 Wp • Como meta, o PRODEEM planeja atender 100.000 comunidades em localidades remotas, o que representaria um potencial instalado de sistemas de geração fotovoltaica da ordem de 35 MW Tolmasquim
Solar PV • A dispersão dos consumidores e seu consumo real são elementos-chave na definição da alternativa de menor custo para atendimento das demandas energéticas de comunidades isoladas • Adotando a configuração de consumidores eqüidistantes, este autor observou que: • ·Para um cenário conservador, os sistemas fotovoltaicos apresentam sempre um nicho de mercado nas condições de baixa concentração de consumidores – i.e., densidades abaixo de 10 consumidores/km2. • Quando o número de consumidores da comunidade é inferior a 30, a densidade limite para a escolha dos sistemas fotovoltaicos é igual a 20 consumidores/km2. Tolmasquim
Conclusões Tolmasquim
Conclusões • Em linhas gerais, três são os principais papéis das fontes alternativas de energia no país: • ·Diversificação da matriz energética, não apenas a fim de aumentar a confiabilidade da oferta interna de energia, mas também como forma de implementar alternativas de suprimento que dinamizam as potencialidades de cada região·Universalização do acesso aos serviços energéticos: parcela importante da população brasileira não é atendida pela rede de energia elétrica • ·Manutenção do perfil renovável da matriz energética brasileira Tolmasquim